Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

terça-feira, agosto 23, 2011

Ai cachopo se queres ser bonito arrebita, arrebita a economia

E numa grande vitesse, os portugueses sentarão no Chez Henri para terrina de rabo de boi [1]. Não mais compaixões de Fernando Assis Pacheco: “Eu vi gelar as putas da Avenida / ao griso de Janeiro e tive pena”, nem choros de que não vale a pena molhar a pena pelos portugueses. Comprida pena, cumprirão e, com o melhor da vida [2]. Como um povo com IVA a 23% (em vias de 25) espulgará mais um prodígio de longos anos de riqueza? Fazendo o pino? [3] – “Ó Portugal hoje és luzeiro. É pra ontem”, escantilharia Fernando Pessoa, a sua “Mensagem”, se lhe privatizassem uns Correios [4] – a resposta é os “programas de ajustamento” gratificar-lhe-ão pelo seu corpo [5]. Na porta de Tebas enigmava a Esfinge, vedando passagem aos forasteiros, o pórtico do “crescimento económico”, o povo com IVA a 23% (em vias de 25), transpõe-lo com a segunda escolha do dilema de Jimmy Shoeshine [6], elegendo Governo cheio de genica que até arrebita. O colossal ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, aparava rente: “a administração da RTP ficou até 15 de Setembro, portanto nos próximos 30 dias, de preparar um plano de reestruturação er er er do grupo RTP, rádio e televisão, que nos permita abordar, no futuro recente, com com maior otimismo e também com maior er er er eficiência, que é isso que se pretende. Estamos a fanar, a falar, dum canal de televisão e de rádio públicos que têm também que ter objetivos de eficiência. Os investimentos aqui são feitos, são investimentos feitos com o dinheiro dos contribuintes portugueses e esse grau de exigência tem que existir” [7]. Dirão uns foi lapso, outros que se lhe retesou uma corda vocal para a verdade, a sabedoria do povo do IVA a 23% (em vias de 25) atrema que homem sem beiças não mente [8]. Deles esbarrocam políticos veros, de fé cega num sistema económico, pesponteado com o dinheiro dos contribuintes, de desbragamento do Capital e esganação do Trabalho, fracassado nos países “ricos”: que seus líderes amortiçam os olhos nas comunicações aos povos e mercados, ruído branco das suas bocas, e que depressa amnesiaram a sua única solução: a regulação [9]. Apalavra o colossal ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares, que, para o povo IVAdo a 23% (em vias de 25), este sistema de, menos Estado, mais sopas dos pobres, será o piloeretor da economia: “este Governo já vai ficar na História...”. Já cheira a século XXI e ainda não é manhã [10]. Entrementes, Alberto João Jardim…

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[1] “É esplêndida”, aprecia Frasier (1993-2004), sobre a dispendiosa iguaria do seu restaurante preferido: “é a minha chez longe de chez”.

[2]Conan the Barbarian” (1982); General mongol: “vencemos novamente! É bom, mas qual é a melhor coisa da vida?”, guerreiro mongol: “as vastas estepes, um cavalo veloz, falcões no nosso pulso e o vento a soprar no cabelo”, general mongol: “errado! Conan, qual é a melhor coisa da vida?”, Conan: “esmagar os nossos inimigos, vê-los mortos aos nossos pés e ouvir os lamentos das suas mulheres”.

[3] O industrioso presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, rezingava: “e então o que é que as agências de rating querem mais? Que, permitam-me a expressão, que façamos o pino? Por amor de Deus! Há condições de estabilidade, de objetividade de promovermos o crescimento económico e entretanto levamos, permitam-me também a expressão, este murro no estômago. Sozinhos não iremos lá é necessário que a União Europeia se defenda rapidamente destes ataques cirúrgicos”. A Moody’s sujara a cotação da dívida portuguesa para quase lixo quando o Governo, recém-eleito, arrebitava a economia, esbaganhando os contribuintes. Saraiva e o primeiro-ministro Passos Coelho repoltreavam-se, em São Bento, num diálogo de jardim-escola. – Passos: “é o chamado murro no estômago”, Saraiva: “exatamente”. Da praxe, o ministério das Finanças pateteou uma patetice qualquer: “a decisão da Moody’s ignora os efeitos da sobretaxa extraordinária, em sede de IRS, anunciada pelo Governo durante o debate do programa de Governo no final da semana passada”. E Durão Barroso tonteou: “parece difícil de compreender, visto não haver nenhum facto novo que justifique um downgrade, pelo contrário, Portugal está agora a aplicar um programa e vamos agora fazer uma análise objetiva da execução desse programa, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. As agências de rating são atores no mercado, que se guiam obviamente por tendências do mercado, e já vimos no passado que muitas vezes há exageros e há decisões que são tomadas que não são depois confirmadas pela evolução”.

[4] O desatualizado verso é: “Ó Portugal hoje és nevoeiro. É hoje”.

[5] D. Dinis, como era costume na época, esticou-o para o lado da formosa fidalga D. Branca Lourenço, ela pariu-lhe vários filhos, para pagamento de seu corpo el-rei doou-lhe a vila de Mirandela. Na recompensa, pelo cumprimento do programa da troika, nem todos os portugueses engravidarão, nem todos parirão, mas todos gozarão mais que fidalga medieval em passadio de rei.

[6] No filme “Joshua Tree” (1993), Santee (Dolph Lundgren): “podes abrir o cofre com os tomates ou sem eles?”, Jimmy (Michael Paul Chan): “a primeira escolha”.

[7] De cebolada, foi refogada a óbvia “comissão”, não de boys, mas gabaritada, de estudo sobre serviço público de comunicação social, presidida pelo no boy João Duque e outros no boys: Eduardo Cintra Torres, Francisco Sarsfield Cabral, José Manuel Fernandes. O colossal primeiro-ministro Passos Coelho “desboyzou”: “quero aqui dizer que ser militante dum partido não é penalização para não se poder ser indicado seja para que sítio for” (…) “a ideia de que há boys que são nomeados para lugares para os quais não têm, nem currículo, nem experiência, seja académica ou profissional, é uma ideia que não está presente neste Governo e que não está patente nas nomeações que foram feitas para a Caixa Geral de Depósitos”.

[8] Passos Coelho antes do cargo executivo: “se fosse primeiro-ministro vendia a golden share que o Governo, que o Estado português, tem na PT. Como vendia as golden shares em outras empresas. É isso que se espera de uma economia avançada, uma economia de confiança e madura”. Em português de Portugal, “vender” significa: “ceder, mediante preço convencionado”, a pagar pelo vendedor, ao comprador.

[9] Foi miraculoso bálsamo para todos os males, económicos, políticos, financeiros, sociais, alopecia.... Paulo Portas: “o mercado das sondagens deve ser regulado e e e e sobretudo quando, sucessivamente, essas sondagens se enganam relativamente ao CDS e dão ao CDS sempre menos do que aquilo que os eleitores lhe atribuem. Eu acho que o bom princípio, incluindo o bom princípio académico, é quando há um erro procurar corrigir esse erro, ora historicamente os erros em relação ao CDS sucedem-se e não há consequências disso. Nós entendemos que este debate tem de ser feito”, torrificava ele nas eleições legislativas de 2009. As sondagens desmoralizavam-lhe os partidários com chãos 3%, e as urnas recompensavam-no com subidos 10%.

[10] João Loureiro, filho de major, empreendedor de futebol, vocalista: “na altura, começamos a perceber que estávamos a fazer um som naturalmente do século XXI, e falamos entre nós sobre evidentemente o que é que pretendíamos caso viéssemos a fazer um CD, e a ideia que, que, que se consensualizou era que devíamos fazer um CD deste tempo e não um CD revival dos Ban”. Som século XXI: “Mod Girls”; “Funk it”; “Cool and Cruel”.

O povo do IVA a 23% (em vias de 25) é parvajolas. Afável. Premiativo. Não elegeu o blandíloquo Cavaco Silva, como presidente “de todos os portugueses” [1], premiou-o por ele ter encarreirado o país no passo da desgraça, rampeando agricultura e pescas, quando era primeiro-ministro, e o seu ministro do cimento e alcatrão arredondava fortunas dos fundos europeus no motor da economia: a construção civil [2]. Tal como José Malhoa [3], Cavaco Silva está no Facebook – a ferramenta perfeita para os políticos, onde dissimulam uma comunicação direta com os eleitores, enquanto os assessores atualizam a página – e, como qualidade internáutica, posta, idiotizando. A tagantada dos mercados afoita os líderes europeus aos saldos de ideias. Angela Merkel e Nicolas Sarkozy ressumbraram uma: um limite constitucional para o endividamento. Uns por, outros contra, enquanto os mercados encolhem os ombros: who cares?. Cavaco Silva pronto teclou: “constitucionalizar uma variável endógena como o défice orçamental - isto é, uma variável não directamente controlada pelas autoridades - é teoricamente muito estranho”. A falha institucional, ele não ser presidente “de todos os portugueses”, o representante da Nação, mas um gajo que ganhou uma rifa, safa-o de descalçar cilhadas pantufas. No dia 12 de Agosto, a primeira visita da troika destapa uma derrapagem de 227 milhões de euros nas contas da Madeira. Alberto João Jardim, consoante os jornalistas lhe escarvavam um comentário, lia um comunicado indoors, outdoors, on wood: “para defender o povo madeirense, a alternativa às medidas financeiras político-partidárias do anterior Governo socialista, que visavam parar a vida do arquipélago, foi a de não se render, resistir mesmo à custa do aumento da dívida pública” [4]. Nesse dia, Cavaco Silva não acedeu ao Facebook, nem para rabiscar um vocábulo muito prezado dos políticos: “inaceitável”. Que governações destas contra o Governo do país são inaceitáveis. Entrementes, na Europa…

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[1] Cavaco Silva, sonsonete, endromina uma criança que lhe perguntara: “Sr. presidente como é que consegue coordenar este país?”, numa entoação Vasco Granja, disserta, ainda José Sócrates era primeiro-ministro: “é uma coisa muito difícil. Este país não é um país fácil. Mas como eu sou presidente de todos os portugueses eles compreendem esta minha posição e a minha vida fica um pouco facilitada. É preciso milhares de pessoas a coordenar, uns são presidentes da República, outros são membros do Governo, outros são presidentes de Câmara, portanto existem milhares de pessoas a coordenar. Há como que uma mão invisível a fazer a coordenação e no fim de tudo isto acaba por funcionar”.

[2] Em 1991, Ferreira do Amaral, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, obrava: “eram as obras sempre por acabar. Os projetos que não saíam do papel. O país sempre adiado. Criticava-se, como todos nos lembramos, por não se fazer e por não se acabar. Hoje tudo mudou. Só se critica por se fazer e por se acabar. Ainda bem! Quer dizer que se faz, quer dizer que se acaba”.

[3] No clássico vídeo “Meta Meta no Forró”. Patriarca de “Três Gerações”, a filha Ana e a neta Índia. A filha explode: “Bomba Latina” e a neta ensurdece: “Dj Aumenta o Som”.

[4] Jardim vangloria-se: “a Madeira tem muito património graças a Deus. O património que a Madeira tem é mais do que suficiente para cobrir muitas vezes a sua dívida, o problema é liquidez, e nós precisamos urgentemente dessa liquidez para poder pagar os fornecedores em atraso, para poder terminar as obras que estão em curso”. Liquidez é o problema do mundo “rico”, que os políticos (e empresários) solucionaram com dívida, e agora não têm solução. A Áustria anunciou o leilão de dois picos rochosos no Tirol, o Grosse Kinigat e o Rosskopf, base de licitação 120 mil euros, o povo protestou, e anularam o leilão.

No dia 20 de Março de 2009, o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück, declara, numa conferência de imprensa, para aquietar mercados: “nenhum membro da Zona Euro tem dificuldades no pagamento ou em refinanciar a dívida pública. No caso pouco possível disso acontecer, a Zona Euro estará pronta para passar à ação”, comenos, a dívida grega incendiava. “Ação” é uma graçola de político, houve umas reuniões secretas dos figurões com curso de Economia. Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, aponta-os: “reuníamo-nos regularmente. A Sra. Lagarde, o Sr. Steinbrück, na altura, ministro das Finanças alemão, Jean-Claude Trichet, o comissário Almunia, e eu próprio (…) nunca falámos nessas reuniões publicamente”. Christine Lagarde, na época ministra das Finanças francesa, no TGV entre Bruxelas e Paris, resume que afinal andavam a apanhar chapeaux: “contemplamos, sobretudo, a hipótese de uma crise de liquidez, não uma crise de solvabilidade. Nem ao nível de um Estado soberano, nem ao nível do tecido bancário”, quando topetaram na realidade grega: “lembro-me de uma discussão que tive com um colega, do outro Governo, isto é, do que não foi reeleito. Passou-se em Atenas, pois estava lá para uma reunião. Pelo canto da mesa, deu-me uma lista das medidas que iam tomar, aumento do preço do tabaco, aumento do IVA, congelamentos, reduções salariais em alguns sectores etc.”. A esquerda vence as eleições gregas em Outubro de 2009. O novo ministro das Finanças, Giorgos Papakonstantinou, enfanica: “antes das eleições sabíamos que os números que nos entregavam não estavam certos. Dissemos claramente ao povo grego que a situação era muito mais grave. Porém, há uma diferença enorme entre isso e o que descobrimos. Descobrimos um sistema completamente podre” (…) “os números que tinham sido apresentados pelo Governo falavam num défice de 6%, finalmente vimos que o défice era de 13,6%”. Soaram alarmes nos mercados financeiros, o crédito para o Governo grego declina e os juros disparam. E serem cobrados em euros agrava o problema. Outros acontecimentos enegreciam esta moeda órfã:

“Em 2004, o Irão anunciou planos para desenvolver uma Bolsa iraniana de petróleo, uma troca de commodity, que se tornaria numa rival do Médio Oriente às principais Bolsas em Nova Iorque, Londres e Singapura, que estabelecem os preços de referência do petróleo. A Bolsa iraniana também desafiaria o petrodólar definindo os preços do petróleo em euros”. Os três mercados de petróleo, só em dólares, são: o West Texas Intermediate (WTI), o North Sea Brent Crude e o UAE Dubai Crude. O plano iraniano era sediar um quarto mercado de petróleo na cidade de Kish, dominado pelo rial iraquiano, o euro e outras moedas. Em Fevereiro de 2009, “‘o dólar foi totalmente removido das transações de petróleo no Irão’ – disse o ministro do Petróleo, Hojjatollah Ghanimifard, à televisão estatal – ‘concordamos com todos os nossos clientes de crude para fazer as nossas transações em divisas não-dólar’”. No mês de Setembro de 2009, outro golpe na reputação do euro: “o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou a substituição do dólar pelo euro nas contas do país em divisas. (…) Desde que foi introduzido pela União Europeia, o euro ganhou internacionalmente popularidade e há agora mais euros em circulação do que dólares”. Saddam Hussein ensaiou igual maluqueira, desalinhando-se do dólar, e finou-se enforcado, filmado num telemóvel, e a última coisa que ouviu foram gritos de “viva Muqtada al-Sadr!”. Na sua filosofia retorcida e humorística dizia em 2005 George W. Bush: “esta ideia de que os Estados Unidos estão a preparar-se para atacar o Irão é simplesmente ridícula (…) dito isto, todas as opções estão sobre a mesa”. Um ataque ao Irão estava para além do poder militar e político dos Estados Unidos, por isso o elo mais fraco, o euro, vai à guerra, leva e não dá.

cinema:

Renee Rea, ou Samantha McConnell, veludo bragantino – dizia Garcia de Resende que o veludo de Bragança era tão doce como uma carícia feminina – carinha laroca e corpo, dos filmes eróticos série B, desaproveitado e injustamente olvidado. Em “The Seventh Sense” (1999), o seu corpo, como Tracy, desabrocha Frances, uma violoncelista cega insegura de sua arte; Ivan: “Frances, quero apresentar-te a Tracy. É uma amiga muito especial e concordou em ajudar”; Frances: “ajudar em quê?”; Ivan: “quero que relaxes. Quero que te prepares para esta experiência de prazer. Todo o tipo de prazer. Desfruta deste momento e transporta-o para a música”. “Fast Lane to Malibu” (2000), como a amorável Monica: “Bryan, queria demonstrar-te o quanto gosto de ti. Vais ser um bom rapaz. Estudar Direito e passar o resto da vida comigo. Queria dar-te um presente especial”, Bryan: “ela?”, Monica: “eu sei que disse que nunca faria isso mas… esta noite, só por esta noite, poderás ver-me com outra rapariga. Já combinei tudo”, Bryan: “o quê?”, Monica: “é assim. Mas se preferires, e falo a sério, ficas tu com ela e eu assisto. Ou um ou outro. Não faremos um trio”. “Stolen Kisses” (2001), atua com a guapa Tracy Ryan. “Thrills” (2001). “Personals: College Girl Seeking” (2001), como Juliette: “tenho 22 anos. Não sabia muito sobre sexo, paixão ou sedução e seguramente não sabia que estava prestes a viver o meu próprio despertar sexual”, uma estudante que escreve a sua tese: “a função sexual e a necessidade de relações interpessoais. Explora todas as coisas relativas aos motivos por que as pessoas precisam de sexo, desejam sexo e passam por tantas maquinações para o conseguir”. “Embrace the Darkness 2” (2002), como a vampira recém-mordida Jennifer Slane; Jen: “reparei que estou muito mais forte do que era. Graciosa. Isso sabe bem. Sensual”, Lizzie: “sem dúvida. Que mais?”, Jen: “nada que me ocorra”. “Beauty Betrayed” (2002), no papel das gémeas Lily e Lisa Sampson; Lily é assassinada no chuveiro por ex-colega ciumenta; Lisa: “sim, Kira, ela era a rival da Lily. A Lily era popular e a Kira tinha raiva disso. Ela tentava estar sempre um passo adiante. Ela foi muito maldosa em várias ocasiões”. “Passion’s Peak” (2002), como Bait; Sophia: “bem, o Hank e tu estão envolvidos? São noivos?”, Bait: “não, não, realmente apenas gostamos de fazer sexo”, Sophia: “muito pragmático e muito refrescante”. “Forbidden” (2002). – “The Madmen of Mandoras” (1963), citado entre os piores filmes de sempre, realizado por David Bradley: “é um realizador com uma carreira um pouco estranha. Autor de uma adaptação, em 16 mm, de ‘Peer Gynt’, em 1941, o primeiro papel de Charlton Heston. Filma novamente o ator em ‘Júlio César’, em 1950. Mudança de velocidade em 1952 com ‘Talk About a Stranger’, um filme negro com a Nancy Reagan. Silêncio até 1958, quando ele regressa à série B com ‘Dragstrip Riot’, para nunca mais deixar o departamento B, com o seu filme falhado de ficção científica ‘12 to the Moon’, e o seu último filme em 1963, este famoso ‘Madmen of Mandoras’”; “cientistas nazis removeram a cabeça de Hitler” que está a viva e a dar ordens. – “Girl For Girl” (2002), dois sócios testam a lealdade das namoradas, com Kelli McCarty (Caitlin) e Tracy Ryan (Sara); Caitlin: “gosto de ti como amigo mas não estou atraída por ti”, Jeff: “o quê?”. Jeff: “eu não sabia que havia algo como pizza caseira”, Sara: “eu também faço guacamole”. – “Barb Wire” (1996), remake de “Casablanca” (1942), melhor que o original, com a canadiana Pamela Anderson, como Barbara Kopetski; Barb: “miss Kopetski morreu na guerra. Eu sou Barb Wire”; apresenta ela o chefe da polícia: “Willis, chefe da polícia de Steel Harbor, ele era um bêbedo corrupto, mas ao menos era honesto. Admitia ser um mentiroso e um ladrão”; Courtney Love, viúva do “nirvanado” vocalista dos Nirvana, galhofava numa entrevista, que o seu ponto mais baixo como toxicodependente, fora cheirar coca no rabo da Pamela Anderson. – Piores filmes: “Darkness” (2002): uma família americana muda-se para uma casa em Espanha. Realizado pelo espanhol Jaume Balagueró, pouco rentável nos EUA, logo, imperceptível no continente do Governo económico duas vezes por ano. – Piores filmes: "Ballistic: Ecks vs. Sever” (2002), fracasso de bilheteira, recupera pouco mais de 19,9 milhões de dólares do seu orçamento de 70 milhões. – Piores filmes favoritos, por escritores: “The Perils of Gwendoline in the Land of the Yik Yak” (1984), do realizador de “Emmanuelle” (1974), Just Jaeckin. Com Tawny Kitaen: as pernas na capa do EP (1983) dos Ratt, na época, namorada do falecido guitarrista Robbin Crosby, gatinhou na capa do álbum “Out of the Cellar” (1984). Rodou Tommy Lee, O. J. Simpson, Jerry Seinfeld, Chuck Finley e Jon Stewart. Casou (1989-1991) com o vocalista dos Whitesnake, David Coverdale, que esparramou inveja e cobiça pelo bem alheio no mundo ao roçá-la pelos Jaguares no vídeo de “Here I Go Again”, antes de ela ir porta fora: “Is This Love”. – Frases finais de filmes: “The Italian Job” (1969), Michael Caine, o autocarro equilibrado sobre um precipício, de um lado, eles, o grupo de ladrões, do outro, as barras de ouro: “aguentem rapazes, tenho uma grande ideia”. – Frases iniciais de filmes: “Oliver!” (1968), algo que, de malga na mão, os portugueses aos pés (Programa de Emergência Social), muito dirão: “por favor, senhor, quero um pouco mais” [1]. – Frases de filmes em 200 segundos.

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[1] O colossal ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, escodeia: “é essencial garantir às famílias o acesso a refeições, para que esta resposta seja efetiva é importante garantir que estas refeições possam ser consumidas não só como tradicionalmente no local, mas também para puderem ser consumidas em casa dos beneficiários”. “Temos de dar uma resposta a quem não consegue hoje ter para si ou para a sua família duas refeições diárias”.

música:

[Música algorítmica – “os algoritmos têm sido aplicados para compor música durante séculos; por exemplo, os procedimentos usados para traçar a voz principal no contraponto ocidental, muitas vezes, pode ser reduzido a determinação algorítmica”. Em 5 500 a. C., um deus chamado Deus, criava do “tohu wa bohu” (do hebreu: “sem forma e vazio”), um universo completo: “e Deus disse: haja luz … E Deus disse: haja um firmamento no meio das águas … e Deus disse: que as águas debaixo dos céus se juntem num mesmo lugar e deixa a terra seca aparecer … e Deus disse: haja luzes no firmamento dos céus … e Deus disse: que as águas tragam enxames de seres vivos e que voem as aves acima da terra … e Deus disse: que a terra produza seres vivos … e Deus disse: façamos o homem à nossa imagem”. “O acto da Criação, trabalho de seis dias, é realizado por batimentos sucintos, por meio da fala, a palavra, e, portanto, por meio do timbre”. Esta propriedade, com a qual a orelha humana diferencia as fontes sonoras, produzindo sons da mesma frequência, desmembrou a boy band, il divo, do princípio dos séculos: Enlil (Babilónia): “a palavra, acima / faz tremer o céu; a palavra, abaixo / faz vacilar a terra; a palavra que faz os Annunaki (divindades sumérias) / nada”; Ahura Mazda (Pérsia): “deves voltar para mim, proclamando a palavra, da minha condição inicial, que era toda luz”; Prajapati (Índia): “assim, embora não se veja o Atman (alma), podemos observá-lo (ouvi-lo interiormente) através da palavra Om”; Kneph (Egipto): “ele (Ptah, o segundo criador) criou todos deuses, Atem, e a sua verdadeira divindade, cada palavra divina emerge do pensamento do coração e o mandato da língua”; e o último membro da banda Deus (algures). E, mesmo a qualidade de vibração vocal deste cantor, singrado numa carreira a solo, é devorada pelas famintas orelhas humanas com variações: “Diana Deutsch, em 1992, mostrou que quando um par de notas separadas por meia oitava é ouvido, um humano tem a perceção que as duas notas estão centradas numa certa altura (frequência). Só que essa altura central varia de lugar para lugar: para o mesmo par de sons, no sul de Inglaterra a maioria das pessoas ouviam um Ré, enquanto na Califórnia ouviam um Sol”.

Num sentido mais estrito, o termo composição algorítmica, “reserva-se ao uso formal de procedimentos para produzir música sem intervenção humana, quer introduzindo o acaso ou computadores”. Brian Eno espreguiçou-lhe prática: “visto que sempre preferi fazer planos a executá-los, gravitei para situações e sistemas que, uma vez postos em ação, pudessem criar música com pouca ou nenhuma intervenção da minha parte”. Este tipo de composição musical maneja algoritmos harmónicos para produzir música.

“Os princípios dos harmónicos foram descobertos por Pitágoras c. 587 – c. 507 a. C. durante viagens pelo Egipto e por todo o mundo antigo. Pitágoras começou a ensinar aos 50 anos. As suas teorias foram introduzidas ao mundo ocidental no ‘Timeu’ de Platão, cap. 6, a Alma do Mundo na forma do Tetraktys (o triângulo perfeito)”. “‘Harmónicos’ vem de ̔αρμονικός (= harmónico), mas a sua raiz é o verbo ̔αρμόττω (= unir, organizar). Este arranjo, constituído de tom e número, fluindo numa harmonia do mundo (cosmos), é o conceito original de ‘harmónico’ como Pitágoras e os seus sucessores”, Filolau de Crotona ou Arquitas de Tarento, entendiam, e que segredaram ao “pato Donald na terra da matemágica”. E pela música curavam doenças variadas. Para Platão e Aristóteles a “akróasis” (= ouvir), “não era apenas uma arte, mas sentiam o canto e a ordem do cosmos no fenómeno do timbre”, divergiam nos órgãos, “fisiologicamente, o olho era mais espiritual para Platão, para Aristóteles, o ouvido”. Aristóteles critica a especulação pitagórica sobre os números “desconhecendo a base concreta dos harmónicos pitagóricos”. Platão “procura, nos fenómenos acústicos em questão, uma ascensão para o espiritual, para a Ideia”. “Na maioria dos livros de referência modernos ‘harmónicos’ é explicado simplesmente como o ‘estudo da harmonia’, ou seja, o estudo dos acordes na música”. Exemplos:

Algoritmos musicais (algoritmos de animação) ■ Drew Lesso: “foi aluno de Karlheinz Stockhausen. Foi membro no conselho fundador da Associação dos Compositores Independentes”; “em 1975 lembro-me de apanhar o autocarro para as ventosas estradas montanhosas que levavam à casa de campo de Stockhausen para lhe afinar os pianos”; compositor de música algorítmica. ■ E outros exemplos de matemática sonora: The 5.6.7.8’s: trio feminino japonês de rockabilly → “I Walk Like Jayne Mansfield”, descalças num izakaya – (regra pitagórica: “sacrifica e adora descalço”) – no filme “Kill Bill Volume 1” (2003); “I'm Blue”; “Motor Cycle Go-Go-Go!”; “(I’m Sorry Mama) I’m a Wild One”; “Bomb the Twist” ■ Steve Reich: retira a capa do seu novo disco “WTC 9/11” → “Eight Lines” ■ Philip Glass → “Lightning”, do álbum “Songs from Liquid Days” (1986); “Geometry of Circles”, para a “Rua Sésamo” ■ Tristan Perich → “1-Bit Symphony”: “um circuito eletrónico completo – programado pelo artista e montado artesanalmente – toca a música através de uma entrada de auscultadores montada na própria caixa” ■ The Number Twelve Looks Like You → “Godfather”; “Like a Cat” ■ Natasha Barrett → “Sub Terra” ■ Laurie Spiegel → “Improvisations on a 'Concerto Generator'”; “Appalachian Grove I” ■ Autechre → “Gantz Graf” ■ Aphex Twin → “Schottkey 7th Path”; “Come to Daddy].