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segunda-feira, janeiro 02, 2023

O que é o SWIFT, a “opção nuclear” das sanções económicas anunciada, e os danos colaterais que daí podem advir










Foi acionada a arma mais destrutiva direcionada a Putin: cortar o acesso dos bancos russos ao sistema de pagamentos internacional
Desde 2014 – quando a Rússia anexou a Crimeia – que há vozes a defenderem que se ordene à SWIFT que desligue as instituições bancárias russas deste sistema que é essencial para o funcionamento do setor financeiro. Finalmente, foi hoje anunciada a medida por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Esta rede é uma espécie de internet dos bancos e sair dela seria ficar desconectado da economia global, já que este sistema liga mais de 11 mil instituições financeiras de 200 países. E no passado esta arma nuclear das sanções económicas já foi usada – entre 2012 e 2016 – contra os bancos do Irão, impedindo-os de ficarem ligados ao sistema de pagamentos internacional.

É na pequena cidade belga de La Hulpe que se situa o quartel-general de uma empresa que pode protagonizar a mãe de todas as sanções económicas, caso a tensão entre a Rússia e o Ocidente por causa da Ucrânia continue a escalar. A Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês) controla a rede global na qual bancos e algumas empresas trocam as mensagens eletrónicas necessárias para realizar de forma segura operações como transferências bancárias ou ordens de pagamento.

Em 2014, Alexei Kudrin – antigo ministro das Finanças russo – apontava para uma quebra de 5% do PIB. Mas também há danos colaterais para quem ativar esta arma. As empresas ocidentais com presença na Rússia – em especial algumas instituições financeiras – são potenciais vítimas da decisão. Há bancos europeus com exposições de dezenas de milhares de milhões de euros ao mercado russo e esta economia é a quinta maior cliente das exportações das empresas da UE, tendo um peso significativo na Alemanha, por exemplo.

Outra possível consequência da ativação da opção nuclear nas sanções será a de levar Putin e também Xi Jinping a acelerarem as redes alternativas à SWIFT que têm tentado desenvolver nos últimos anos, especialmente após a retirada de bancos iranianos dessa redeMoscovo lançou, em 2014, uma rede alternativa – a SPFS – que conta atualmente com 400 bancos, a maioria dos quais russos ou de algumas antigas repúblicas soviéticas. No entanto, as maiores instituições financeiras do país continuam a usar preferencialmente a rede SWIFT, caso das sucursais de bancos ocidentais presentes no mercado russo. Ainda assim, apenas um quinto das transações domésticas são feitas na alternativa russa à SWIFT, segundo um artigo de Maria Shagina, investigadora do Centro de Estudos da Europa de Leste da Universidade de Zurique. Também a China está a desenvolver um rival do SWIFT – a CIPS –, mas igualmente com uma dimensão global muito reduzida. No entanto, no encontro entre Putin e Xi Jinping no início deste mês de fevereiro, os dois países acordaram em intensificar as suas ligações financeiras.

A internet dos bancos

A SWIFT é essencial para as instituições financeiras realizarem transferências e pagamentos

  • O que é a rede SWIFT?
        É uma rede de mensagens financeiras essenciais para os bancos globais trocarem informações para realizarem transações e é indispensável no sistema de pagamentos global. Há cerca de 11 mil bancos de 200 países a usarem a SWIFT, que é gerida pela Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais.
  • Quem controla?
        A SWIFT funciona como uma cooperativa de cerca de 3 500 bancos. Tem um conselho de 25 diretores que representam instituições financeiras, que atualmente inclui um representante russo. A sua atividade é supervisionada pelos maiores bancos centrais do mundo.
  • Influência dos EUA
        A sociedade que gere a SWIFT é neutra em questões de geopolítica, mas opera sob a legislação belga. No caso do Irão, após a UE ter decidido desligar os bancos desse país, a Bélgica aprovou legislação que teve de ser seguida pela SWIFT. Apesar de não estar sujeita à lei norte-americana, os EUA têm uma influência importante na rede devido ao domínio global do dólar. Washington pode forçar decisões através da ameaça de sanções ou de retirada dos seus próprios bancos da rede.

Fonte: Visão, 26 de fevereiro de 2022

Foto: “Bankable” (2002), realização Chi Chi LaRue, com Briana Banks, Darla Crane, Dasha, Maya Divine, Kylie Ireland, Lola…

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2 Comments:

  • At 10:54 da manhã, Blogger Mariazita said…

    Demorei uns (largos) minutos a ler, mas agradou-me muito esta postagem.

    E, com passas, (sem serem do Algarve, desta vez) lá demos o salto para o novo ano.
    Peço a todos os deuses do Olimpo que o façam sereno e com alguma coisinha de bom - para variar.
    Feliz Ano para si e todos os seus.

    Bom Fim de Semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

     
  • At 7:54 da manhã, Blogger Táxi Pluvioso said…

    No final, são os americanos que controlam a circulação do dinheiro e, por isso, controlam o mundo tornando os europeus uma irrelevância absurda.

     

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