Falta de oó
Outros países têm mestres pensadores, nós, temos mestres cozinheiros, que se reuniram no dilúculo do século XXI para escabechar a pátria de Henrique Sá Pessoa, (nosso premiado cozinheiro, numa explicação simples, ele faz com tachos e panelas o que Cristianão Ronaldão faz com as bolas), e, pelo sabor ácido, abusam do vinagre que tresanda. Foi de partir o coração ver o alto líder da oposição, muito para além do seu bedtime, em frente de um nu microfone, não maior que um taco de golfe, desgabar as explicações de Sócrates sobre o seu tormentoso percurso académico. Se, os esclarecimentos do primeiro-ministro, não interessam ao menino Jesus, os comentários de Marques Mendes fazem chorar um Cristo.
Quem vive no Portugal real, e não no reino da fantasia da Barbie Rapunzel, não se pasma que um certificado vagueie um ano pelas secretarias antes de chegar ao requerente, ou que conste na Assembleia da República dois registos biográficos diferentes, ou que estes contenham rasuras. Não lamuria como um Octávio Machado, (inventor do famoso “sistema”, popularizado por Dias da Cunha), sobre uma viciosa maquinação no subterrâneo do poder instituído (que poderá ser o dele, se a maré das eleições lhe tocarem a praia). Não pensa que vem aí um crime sem solução como os clássicos, quem matou Bambi? quem tramou Roger Rabbit? ou quem penteia Herman José? para clamar aos céus por entidades independentes de investigação. Um português normal, no Portugal normal, sabe que dois certificados, notas diferentes, erros nas datas, equivalências mal alinhavadas, são mais normais que a sandes de paio ou o iPod. O país nunca foi simplex, mas também não quer dizer que seja complicadex, antes, funciona na área do patetex, gerido por burocratas trapalhões. (Para aqueles com sentido de humor, entrar numa repartição dedicada à papelocracia, é como participar num filme dos Três Estarolas. Quanto aos que não acham graça, nem na factura da EDP, após consultarem os lucros da empresa durante a bica escaldada da manhã, devem sentir-se num livro de Franz Kafka, encadernado a pele de carneiro, e ilustrado por Frank Miller).
Pôr o país de escabeche, para que não se estrague e dure mais, não custa muito. Temos uma longa tradição histórica na política e nos meios académicos. Ó os meios académicos, ninguém lhes pode fugir, como se dissessem com Fernando Pessoa, “não haver um deus é um deus também”. De que serve não frequentar uma universidade, se toda a nossa vida será aporrinhada por um licenciado em qualquer coisa (como se vivêssemos num telenovela mexicana). Desde os lentes de Condeixa ao desovar de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP, aquela instituição faz-nos dar razão ao Vasco Santana, no filme “A canção de Lisboa”, em preferir namoriscar a filha do alfaiate e cantar fado do que ir às aulas. (Marcelo é sobejamente conhecido como a sombra longa - do fim da tarde - de Marques Mendes, e tarameleiro profissional. “Os lentes de Condeixa” é um educativo episódio da História. D. Miguel chega do exílio, na Áustria, para assumir o cargo de regente do reino e casar com D. Maria da Glória, sua sobrinha de nove anos, conforme acordara com o irmão D. Pedro, primeiro imperador do Brasil e legitimo rei de Portugal, que, deslumbrado pela bunda e desbunda brasileira, abdicara em favor da filha. Em Coimbra houve festa. O reitor manda um lente de cada faculdade - seis no total - louvar D. Miguel. Dois deles, partiram atrasados, e foram assassinados por uma seita de estudantes auto-intitulada “divodignos”, quando chegou de Lisboa a notícia de que D. Miguel dissolvera as Cortes e acabara com a monarquia constitucional. O crime não ficou sem castigo. Por sorte, uma mulherzita, a Mariana, testemunhara este hediondo acto de degolar intelectuais e chamou a soldadesca). Como uma praga bíblica que não se consegue exterminar, como que saídos do lugar onde o diabo guardava os frades no “Decameron”, de Boccaccio, “peritos” e “especialistas” são despejados pelas universidades nas águas turvas do país.
Hoje vivemos na época supersónica. Contada ao segundo. Trinta segundos chegam para engatar uma rapariga toldada pelos shots. Trinta segundos bastam para entregar a declaração do IRS pela Net. Trinta segundos é o tempo que demora a derreter 210 metros cúbicos de gelo polar ou a libertar 34,8 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Um segundo apenas é suficiente para confirmar o luso crédito de pedigolho da Europa. Se não vejamos. A sala do Senado, na Assembleia da República, engalanou-se para receber a visita de Durão Barroso vangloriando-se (no bom sentido) de ser um pedinchão, mas com argumentos. Segundo este nosso orgulho nacional não teria sido possível Portugal pôr a mão nos fundos comunitários de 21,5 mil milhões de euros, (que irão pingar até 2013), se ele não fosse um convicto defensor da coesão. Coveiro da Europa para a campanha de Ségolène Royal, paioleiro para nós, fornecendo-nos foguetes e bichas-de-rabear quase de borla para continuarmos a festa por mais uns anos. José Manuel é excelente produto dos meios académicos que não diz, como o insigne grupo punk, Mata Ratos, “estou-me a cagar” para os que vivem trancados nos ordenados auferidos no país. Ele é um exemplo das teorias da transpiração (segundo as quais os portugueses suam as estopinhas no trabalho excelente e competente). Ele não é um atabalhoado burocrata com um invejável tacho. “Durau”, como lhe chamam os políticos mais próximos, é um agudíssimo operário da ópera europeia que não dorme em serviço. Num piscar de olhos (50 milésimos de segundo) tem soluções sobre a mesa.
Custa a crer que Durão Barroso transporte em si os genes disponíveis actualmente em Portugal. Como sabem os mais atentos este material não têm combinado muito bem nos últimos tempos (excepto para produzir a Carla Matadinho). Não tem criado os dinâmicos trabalhadores que dizem a economia necessita para crescer. O Governo culpou a baixa escolaridade. No ensino estaria o Viagra para robustecer as nossas capacidades intelectuais. Tomando como exemplo a ex-União Soviética que tem fornecido mão-de-obra qualificada à Europa – empregadas de limpeza com curso de Psicologia e trolhas com o de Medicina – foi lançada a campanha “Novas Oportunidades”. Numa série de anúncios bem bolados vemos o hipotético futuro de alguns dos nossos benquistos heróis caso não tivessem estudado. Maria Gambina iria passar a ferro numa lavandaria. Carlos Queirós varreria estádios de futebol. Judite de Sousa venderia livros sem os saber ler. Que triste sina! Mesmo sem mostrarem os diplomas (para confirmar) destas figuras ficamos aterrorizados. Qual seria o futuro de Zezé Camarinha se soubesse falar inglês? Por certo um CEO de uma empresa de casa & jardim e não usaria a expressão “put-a-cream” para engatar “camones”.
Esta febre da qualificação através do ensino dará frutos para além da nossa imaginação. Num futuro breve julgaremos ter entrado na “Quinta Dimensão”. Seremos capazes de ler a Nova Gente de fio a pavio. As universidades chamarão “revelações bombásticas” à taralhoquice que se vive nas secretarias. Nas repartições ouvir-se-ão cordiais frases como “passe por cá amanhã para falar com o funcionário encarregado do caso” ou “os seus documentos foram extraviados, peça uma segunda via”. E, graças ao conhecimento informático, poderão dar explicações exactíssimas sobre os (poucos) enganos que eventualmente surjam: “foi um erro informático mas já alertamos o técnico”. Se o nosso sistema de ensino se apropinquar do americano (deve ser o melhor porque toda a gente morre para o frequentar), o quinto dos portugueses que vive no limiar da pobreza compreenderá melhor a sua situação, através de científicos conceitos da Sociologia ou da Economia Política. E todos nós ficaremos a saber que Marques Mendes, e os outros figurões que, de uma maneira ou de outra, seguram no leme do país, não estão com falta de um sono reparador. Falta-lhes somente a qualificação. Mas graças ao ensino a música está a mudar. Tarapantão, tarapantão toca o tambor do futuro!
Outros países têm mestres pensadores, nós, temos mestres cozinheiros, que se reuniram no dilúculo do século XXI para escabechar a pátria de Henrique Sá Pessoa, (nosso premiado cozinheiro, numa explicação simples, ele faz com tachos e panelas o que Cristianão Ronaldão faz com as bolas), e, pelo sabor ácido, abusam do vinagre que tresanda. Foi de partir o coração ver o alto líder da oposição, muito para além do seu bedtime, em frente de um nu microfone, não maior que um taco de golfe, desgabar as explicações de Sócrates sobre o seu tormentoso percurso académico. Se, os esclarecimentos do primeiro-ministro, não interessam ao menino Jesus, os comentários de Marques Mendes fazem chorar um Cristo.
Quem vive no Portugal real, e não no reino da fantasia da Barbie Rapunzel, não se pasma que um certificado vagueie um ano pelas secretarias antes de chegar ao requerente, ou que conste na Assembleia da República dois registos biográficos diferentes, ou que estes contenham rasuras. Não lamuria como um Octávio Machado, (inventor do famoso “sistema”, popularizado por Dias da Cunha), sobre uma viciosa maquinação no subterrâneo do poder instituído (que poderá ser o dele, se a maré das eleições lhe tocarem a praia). Não pensa que vem aí um crime sem solução como os clássicos, quem matou Bambi? quem tramou Roger Rabbit? ou quem penteia Herman José? para clamar aos céus por entidades independentes de investigação. Um português normal, no Portugal normal, sabe que dois certificados, notas diferentes, erros nas datas, equivalências mal alinhavadas, são mais normais que a sandes de paio ou o iPod. O país nunca foi simplex, mas também não quer dizer que seja complicadex, antes, funciona na área do patetex, gerido por burocratas trapalhões. (Para aqueles com sentido de humor, entrar numa repartição dedicada à papelocracia, é como participar num filme dos Três Estarolas. Quanto aos que não acham graça, nem na factura da EDP, após consultarem os lucros da empresa durante a bica escaldada da manhã, devem sentir-se num livro de Franz Kafka, encadernado a pele de carneiro, e ilustrado por Frank Miller).
Pôr o país de escabeche, para que não se estrague e dure mais, não custa muito. Temos uma longa tradição histórica na política e nos meios académicos. Ó os meios académicos, ninguém lhes pode fugir, como se dissessem com Fernando Pessoa, “não haver um deus é um deus também”. De que serve não frequentar uma universidade, se toda a nossa vida será aporrinhada por um licenciado em qualquer coisa (como se vivêssemos num telenovela mexicana). Desde os lentes de Condeixa ao desovar de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP, aquela instituição faz-nos dar razão ao Vasco Santana, no filme “A canção de Lisboa”, em preferir namoriscar a filha do alfaiate e cantar fado do que ir às aulas. (Marcelo é sobejamente conhecido como a sombra longa - do fim da tarde - de Marques Mendes, e tarameleiro profissional. “Os lentes de Condeixa” é um educativo episódio da História. D. Miguel chega do exílio, na Áustria, para assumir o cargo de regente do reino e casar com D. Maria da Glória, sua sobrinha de nove anos, conforme acordara com o irmão D. Pedro, primeiro imperador do Brasil e legitimo rei de Portugal, que, deslumbrado pela bunda e desbunda brasileira, abdicara em favor da filha. Em Coimbra houve festa. O reitor manda um lente de cada faculdade - seis no total - louvar D. Miguel. Dois deles, partiram atrasados, e foram assassinados por uma seita de estudantes auto-intitulada “divodignos”, quando chegou de Lisboa a notícia de que D. Miguel dissolvera as Cortes e acabara com a monarquia constitucional. O crime não ficou sem castigo. Por sorte, uma mulherzita, a Mariana, testemunhara este hediondo acto de degolar intelectuais e chamou a soldadesca). Como uma praga bíblica que não se consegue exterminar, como que saídos do lugar onde o diabo guardava os frades no “Decameron”, de Boccaccio, “peritos” e “especialistas” são despejados pelas universidades nas águas turvas do país.
Hoje vivemos na época supersónica. Contada ao segundo. Trinta segundos chegam para engatar uma rapariga toldada pelos shots. Trinta segundos bastam para entregar a declaração do IRS pela Net. Trinta segundos é o tempo que demora a derreter 210 metros cúbicos de gelo polar ou a libertar 34,8 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Um segundo apenas é suficiente para confirmar o luso crédito de pedigolho da Europa. Se não vejamos. A sala do Senado, na Assembleia da República, engalanou-se para receber a visita de Durão Barroso vangloriando-se (no bom sentido) de ser um pedinchão, mas com argumentos. Segundo este nosso orgulho nacional não teria sido possível Portugal pôr a mão nos fundos comunitários de 21,5 mil milhões de euros, (que irão pingar até 2013), se ele não fosse um convicto defensor da coesão. Coveiro da Europa para a campanha de Ségolène Royal, paioleiro para nós, fornecendo-nos foguetes e bichas-de-rabear quase de borla para continuarmos a festa por mais uns anos. José Manuel é excelente produto dos meios académicos que não diz, como o insigne grupo punk, Mata Ratos, “estou-me a cagar” para os que vivem trancados nos ordenados auferidos no país. Ele é um exemplo das teorias da transpiração (segundo as quais os portugueses suam as estopinhas no trabalho excelente e competente). Ele não é um atabalhoado burocrata com um invejável tacho. “Durau”, como lhe chamam os políticos mais próximos, é um agudíssimo operário da ópera europeia que não dorme em serviço. Num piscar de olhos (50 milésimos de segundo) tem soluções sobre a mesa.
Custa a crer que Durão Barroso transporte em si os genes disponíveis actualmente em Portugal. Como sabem os mais atentos este material não têm combinado muito bem nos últimos tempos (excepto para produzir a Carla Matadinho). Não tem criado os dinâmicos trabalhadores que dizem a economia necessita para crescer. O Governo culpou a baixa escolaridade. No ensino estaria o Viagra para robustecer as nossas capacidades intelectuais. Tomando como exemplo a ex-União Soviética que tem fornecido mão-de-obra qualificada à Europa – empregadas de limpeza com curso de Psicologia e trolhas com o de Medicina – foi lançada a campanha “Novas Oportunidades”. Numa série de anúncios bem bolados vemos o hipotético futuro de alguns dos nossos benquistos heróis caso não tivessem estudado. Maria Gambina iria passar a ferro numa lavandaria. Carlos Queirós varreria estádios de futebol. Judite de Sousa venderia livros sem os saber ler. Que triste sina! Mesmo sem mostrarem os diplomas (para confirmar) destas figuras ficamos aterrorizados. Qual seria o futuro de Zezé Camarinha se soubesse falar inglês? Por certo um CEO de uma empresa de casa & jardim e não usaria a expressão “put-a-cream” para engatar “camones”.
Esta febre da qualificação através do ensino dará frutos para além da nossa imaginação. Num futuro breve julgaremos ter entrado na “Quinta Dimensão”. Seremos capazes de ler a Nova Gente de fio a pavio. As universidades chamarão “revelações bombásticas” à taralhoquice que se vive nas secretarias. Nas repartições ouvir-se-ão cordiais frases como “passe por cá amanhã para falar com o funcionário encarregado do caso” ou “os seus documentos foram extraviados, peça uma segunda via”. E, graças ao conhecimento informático, poderão dar explicações exactíssimas sobre os (poucos) enganos que eventualmente surjam: “foi um erro informático mas já alertamos o técnico”. Se o nosso sistema de ensino se apropinquar do americano (deve ser o melhor porque toda a gente morre para o frequentar), o quinto dos portugueses que vive no limiar da pobreza compreenderá melhor a sua situação, através de científicos conceitos da Sociologia ou da Economia Política. E todos nós ficaremos a saber que Marques Mendes, e os outros figurões que, de uma maneira ou de outra, seguram no leme do país, não estão com falta de um sono reparador. Falta-lhes somente a qualificação. Mas graças ao ensino a música está a mudar. Tarapantão, tarapantão toca o tambor do futuro!
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