U2 Reloucado
Os jovens portugueses são vistos como o melhor trunfo para uma bem nacional mudança na continuidade. Sem fazerem esforço algum prometem prosseguir a lástima de país que os seus antecessores deixarão em herança. Ultrapassando as discussões académicas de que em Portugal não se pode falar propriamente da existência de jovens, mas, de velhos com pouca idade, a neófita prole não deixa de surpreender pelo obscurantismo de ideias, disfarçado em nefelibata atitude. Sendo de facto uns cabeças ocas passa-se a imagem comercial de que são uns cabeças no ar, para sorte e contentamento de todos os comerciantes, pois, os jovens lusos são uns consumidores exemplares, percorrem de olhos vendados a burundanga das superfícies comerciais à procura do último mexoalho para adubar a sua decepcionante incapacidade para viver, projectando nas promessas de felicidade, associadas pela publicidade aos objectos, a sua natural vontade de existir. (Como seria bom adquirir, no acto da compra, a exultação impregnada na lata de Coca-Cola, ou a liberdade da consola NintendoDS, ou a classe do casaco Armani, ou a ataraxia dos buracos de Filipinos, ou o sentido de humor Super Bock, ou a pele fresca da Nívea, ou a saúde Danone, ou o acordar com uma mulher bonita dos cafés Delta, ou conseguir com o cartão American Express, ou saltar de pára-quedas directamente na casa que se procura depois de clicar bpiimobiliario. pt no laptop, ou …).
A Europa tem dificuldade em absorver os jovens portugueses. Excepto para rezarem na comunidade Taizé, pouco préstimo lhe encontram. Nem para fazer camas ou colocar tijolo nas obras servem como os seus papás antes. E o que vemos nos dias de hoje? A geração “Portugal, Portugal”, oriunda do Euro2004, enganada pelo marketing político nas suas reais capacidades, num gracioso gesto, dormiu dois dias numa bomba de gasolina, para garantir ingresso em mais um dos milhentos concertos de música pimba, que se realizam todos os anos nos arraiais, organizados pelo padre da paróquia, pelo país fora. (Se a fome era música é só estar atento aos cartazes na porta da igreja). Desta vez não, dirão os fãs, este grupo não é desses. Disseram-lhes que os “Udois” tinham qualidade, que eram bons, com consciência política, humanitários, ecológicos e tudo. E todas as outras modas do momento, que servem de paregórico aos desejos de ser actuante numa sociedade em que a única liberdade garantida que temos é… a de ir ao shopping. E os jovens, que de espírito crítico, nicles, acreditaram. Os querubínicos jovens pegaram nas cadeiras e nas mantas, num frio de rachar, dormiram dois dias ao relento para assistir ao correspondente irlandês do Tony Carreira (ou melhor, do Toy dos solos à Van Halen).
O gosto pelo pimba atravessa todas as gerações, mas fixou-se agora nos jovens que ensaiam os passos dos seus pais (que gostavam de Marco Paulo e Dino Meira, e constituíam aquela temulenta turba que dançava de braços no ar, e, ao som da rabeca e do acordeão, viravam o baile). Mas, a sacramental irreverência da juventude virou-os para outro lado, querem viola eléctrica e unguinoso som de amplificador. São modernos, p’ra´ frentex, distantes do xaboco e pouco urbanizado progenitor, e abanam o corpo encimado por uma cachimónia vazia. Nem lhes passou pela cabeça que, perante as condições péssimas que lhes ofereciam para adquirir bilhetes por uma exorbitância absurda, a atitude mais correcta seria, pura e simplesmente, recusar-se gastar o dinheiro. (E desta forma obrigariam os empresários a trabalhar melhor para a próxima vez que se metessem a organizar espectáculos).
Já que os empresários portugueses não têm capacidade para organizar coisa alguma (nem casamentos e baptizados), compete-nos a nós, os consumidores, sermos mais exigentes. A qualidade e os preços baixos não surgem da concorrência (como dizem) mas da atitude consciente dos consumidores que detêm o verdadeiro poder no seu bolso. Enquanto existirem consumidores passivos, os empresários continuarão a descarregar no mercado os dejectos da sua suinicultura. Veja-se o exemplo dos festivais de Verão. Uma dor de alma para tirar o dinheiro aos tolos e impingir-lhes serviço de terceira qualidade. A publicidade e os que vivem da crítica musical (e têm entrada na zona VIP criada de propósito para eles produzirem aperaltada prosa) encarregam-se de dourar a pílula e apresentá-los como os momentos mais importantes da nossa vida. Para esta imagem ficar no imaginário contam com o álcool e a ancestral falta de inteligência dos jovens portugueses. (E no ano seguinte lá estão caídos outra vez a serem mal servidos e maltratados).
Por seu lado, Paul Hewson - que muito lhe falta para ser Bono Vox - é bom para lengalengar no Fórum de Davos ou servir à mesa na sua natal Dublin. E, se os fãs dos “Udois” lhes querem prestar uma verdadeira homenagem, o melhor mesmo é formarem uma confraria, assim sempre poderiam vestir saias (ou aproximado) sem ser no Carnaval. E, por tabela, cumprem o único desejo do homem português que perpassa todas as idades, ou seja, enfiar-se num vestido por tudo e por nada.
Os jovens portugueses são vistos como o melhor trunfo para uma bem nacional mudança na continuidade. Sem fazerem esforço algum prometem prosseguir a lástima de país que os seus antecessores deixarão em herança. Ultrapassando as discussões académicas de que em Portugal não se pode falar propriamente da existência de jovens, mas, de velhos com pouca idade, a neófita prole não deixa de surpreender pelo obscurantismo de ideias, disfarçado em nefelibata atitude. Sendo de facto uns cabeças ocas passa-se a imagem comercial de que são uns cabeças no ar, para sorte e contentamento de todos os comerciantes, pois, os jovens lusos são uns consumidores exemplares, percorrem de olhos vendados a burundanga das superfícies comerciais à procura do último mexoalho para adubar a sua decepcionante incapacidade para viver, projectando nas promessas de felicidade, associadas pela publicidade aos objectos, a sua natural vontade de existir. (Como seria bom adquirir, no acto da compra, a exultação impregnada na lata de Coca-Cola, ou a liberdade da consola NintendoDS, ou a classe do casaco Armani, ou a ataraxia dos buracos de Filipinos, ou o sentido de humor Super Bock, ou a pele fresca da Nívea, ou a saúde Danone, ou o acordar com uma mulher bonita dos cafés Delta, ou conseguir com o cartão American Express, ou saltar de pára-quedas directamente na casa que se procura depois de clicar bpiimobiliario. pt no laptop, ou …).
A Europa tem dificuldade em absorver os jovens portugueses. Excepto para rezarem na comunidade Taizé, pouco préstimo lhe encontram. Nem para fazer camas ou colocar tijolo nas obras servem como os seus papás antes. E o que vemos nos dias de hoje? A geração “Portugal, Portugal”, oriunda do Euro2004, enganada pelo marketing político nas suas reais capacidades, num gracioso gesto, dormiu dois dias numa bomba de gasolina, para garantir ingresso em mais um dos milhentos concertos de música pimba, que se realizam todos os anos nos arraiais, organizados pelo padre da paróquia, pelo país fora. (Se a fome era música é só estar atento aos cartazes na porta da igreja). Desta vez não, dirão os fãs, este grupo não é desses. Disseram-lhes que os “Udois” tinham qualidade, que eram bons, com consciência política, humanitários, ecológicos e tudo. E todas as outras modas do momento, que servem de paregórico aos desejos de ser actuante numa sociedade em que a única liberdade garantida que temos é… a de ir ao shopping. E os jovens, que de espírito crítico, nicles, acreditaram. Os querubínicos jovens pegaram nas cadeiras e nas mantas, num frio de rachar, dormiram dois dias ao relento para assistir ao correspondente irlandês do Tony Carreira (ou melhor, do Toy dos solos à Van Halen).
O gosto pelo pimba atravessa todas as gerações, mas fixou-se agora nos jovens que ensaiam os passos dos seus pais (que gostavam de Marco Paulo e Dino Meira, e constituíam aquela temulenta turba que dançava de braços no ar, e, ao som da rabeca e do acordeão, viravam o baile). Mas, a sacramental irreverência da juventude virou-os para outro lado, querem viola eléctrica e unguinoso som de amplificador. São modernos, p’ra´ frentex, distantes do xaboco e pouco urbanizado progenitor, e abanam o corpo encimado por uma cachimónia vazia. Nem lhes passou pela cabeça que, perante as condições péssimas que lhes ofereciam para adquirir bilhetes por uma exorbitância absurda, a atitude mais correcta seria, pura e simplesmente, recusar-se gastar o dinheiro. (E desta forma obrigariam os empresários a trabalhar melhor para a próxima vez que se metessem a organizar espectáculos).
Já que os empresários portugueses não têm capacidade para organizar coisa alguma (nem casamentos e baptizados), compete-nos a nós, os consumidores, sermos mais exigentes. A qualidade e os preços baixos não surgem da concorrência (como dizem) mas da atitude consciente dos consumidores que detêm o verdadeiro poder no seu bolso. Enquanto existirem consumidores passivos, os empresários continuarão a descarregar no mercado os dejectos da sua suinicultura. Veja-se o exemplo dos festivais de Verão. Uma dor de alma para tirar o dinheiro aos tolos e impingir-lhes serviço de terceira qualidade. A publicidade e os que vivem da crítica musical (e têm entrada na zona VIP criada de propósito para eles produzirem aperaltada prosa) encarregam-se de dourar a pílula e apresentá-los como os momentos mais importantes da nossa vida. Para esta imagem ficar no imaginário contam com o álcool e a ancestral falta de inteligência dos jovens portugueses. (E no ano seguinte lá estão caídos outra vez a serem mal servidos e maltratados).
Por seu lado, Paul Hewson - que muito lhe falta para ser Bono Vox - é bom para lengalengar no Fórum de Davos ou servir à mesa na sua natal Dublin. E, se os fãs dos “Udois” lhes querem prestar uma verdadeira homenagem, o melhor mesmo é formarem uma confraria, assim sempre poderiam vestir saias (ou aproximado) sem ser no Carnaval. E, por tabela, cumprem o único desejo do homem português que perpassa todas as idades, ou seja, enfiar-se num vestido por tudo e por nada.
1 Comments:
At 1:40 da manhã, Tétisq said…
Isto podia ter sido escrito hoje...bastava alterar a banda!
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