Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Na União das Dispendiosas Fadas

Era uma vez uma floresta encantada, habitada por políticos sem ideias originais, que se dedicavam a imitar os Estados Unidos. Encontravam-se em fóruns e clubes exclusivos para trocarem postais do país do coração – amiúde ouvíamos algo semelhante a conversas de putos trocando cromos: “Grand Canyon?”“Já tenho”. “Caeser’s Palace?” “Não tenho, troco pelo The Alamo”. “Castelo Hearst?” “Já tenho”. “Hotel Venetian?” “Não tenho. Se juntares uma foto da Martha Stewart no seu garden, troco pelo Monument Valley com pegadas do John Ford e do John Wayne quando lá filmaram o Stage Coach”… e esticavam as trocas até chegarem às fotos de Madonna e Anna Nicole Smith para a Playboy.

Os políticos europeus borboleteavam desculpas de terem valores e princípios comuns e sacudiam as suas varinhas mágicas para criarem na Europa umas terras iguaizinhas às do tio Sam. Os pós de perlimpimpim usados surtiam efeitos quando os ventos estavam de feição e havia grandes perigos pairando sobre a nossa cabeça. Como quando, na década de oitenta, a ameaça de uma “hard rain is gonna fall” (da canção de Bob Dylan, referente aos mísseis de Cuba, mas actual para qualquer coisa vinda do céu ou outro sítio indefinido) e Ronald Reagan mandou os mísseis Pershing para a Europa para proteger a nossa forma de vida de um destino pior que um concerto dos Exploited. O “alzheimerizado” Presidente americano era “o mais que tudo” da então Primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. E o resto da tropa fandanga que governava a Europa na altura deliciava-se com os cartões de anedotas que a ex-superstar de Hollywood carregava para todas as reuniões entre pares. Muito se ria e… aceitava com reverência desabrida, aquilo que o tranquiberneiro ianque trazia na mala (da política americana para o mundo).

A autonomia da Europa – segundo parece – situa-se antes de Cristóvão Colombo ter empreendido a sua viagem para as Índias. Navegando para Ocidente tropeçou por acaso num verdadeiro tesouro imobiliário. Que depois daquelas peripécias da tea party, em Bóston, para se livrarem dos ingleses, e da redução do número dos peles-vermelhas com os paus de fogo e aguardente… alguns arranha-céus mais tarde resultou na construção do actual centro do mundo. Desde o início os presidentes americanos baterem o pé que quem mandava nos assuntos internacionais eram eles. Essa posição de supremacia estabeleceu-se permanentemente com a Primeira Guerra Mundial. Mais que uma guerra foi uma autêntica caricatura militar. Os generais europeus, uns velhaças das classes altas que ascendiam aos postos por herança familiar, desprezavam os soldados oriundos do povo considerando-os como carne para canhão, e nem se deram ao trabalho de actualizar o seu conhecimento bélico. Apesar da metralhadora ter sido estreada na guerra Rússia/Japão, em 1904/05, continuaram a usar tácticas de infantaria como se nada fosse. Os soldados caíam como tordos ao saírem das trincheiras e o capital e quem tinha dois dedos de testa fugiram para os Estados Unidos. Nessa altura a luz da Europa apagou-se e os seus habitantes tornaram-se nos hilotas da novel potência.

As sucessivas castas políticas que se sucederam nos poleiros europeus foram-se degradando até chegarmos à subserviência de capacho dos actuais “líderes”. Como verdadeiras bruxas boas perguntam: “espelho meu, espelho meu, quem é mais americano do que eu?”. E o espelho responde: “é o dirigente inglês, é o dirigente alemão, é o dirigente português, é o dirigente polaco, é o futuro dirigente francês…”. Não haveria mal algum, se esta última geração de políticos sonhasse com a Quinta Avenida e Rush Limbaugh, e governasse o território que lhe cabe com ciência e esmero. É desejável até uma dose de devaneio na cachimónia para olear os neurónios. Mas não é isso sucede. Para os americanos reservam a vénia, para os seus povos o ferrete do imposto com única forma de endireitar a economia.

Muito politicão europeu ambiciona uns estados unidos da Europa. O primeiro a falar disso com alguma convicção foi Léon Trotsky. Por razões óbvias foram as recomendações no mesmo sentido da Comissão de Acção para os Estados Unidos da Europa, de Jean Monnet, que singraram. Os políticos não queriam perder o vagão do poder. Sobre um processo de união que seria natural, com a evolução tecnológica, o melhoramento das condições de vida e a interacção dos povos, criaram um supra-estado chamado União Europeia. Que aparece na cena internacional esticando o pescoço mas ninguém leva a sério. E que sustentar não sai barato.

Em Bruxelas existe uma terra encantada onde as fadas parecem boas, cobertas com o pó de arroz, de centenas de assessores de imprensa. Mas a crua realidade é outra. Mais negra que o lado negro descoberto por Anakin Skywalker. Políticos incapazes no seu país são incapazes em qualquer lado. Esta modernaça classe estadista do fato Armani e Dolce & Gabbana encolheu o mester de governar à venda de património público e invenção de impostos. Um dos últimos é dos bons. Vai render uma pipa de massa. Vão taxar 1% sobre as mensagens SMS para pagar os gastos com o Parlamento Europeu. Aquela malta do ar condicionado e da renovação periódica da alcatifa tem um futuro risonho.

O cidadão europeu continuará a sustentar inutilidades dentro e fora das fronteiras do seu país. Como, por exemplo, o Alto Representante da União Europeia para as Relações Externas e séquito. Este cargo só se compreende como um tandem de tachos, porque as directivas para lidar com outros povos vêm do Departamento de Estado americano. Que muito bem poderia fazer o trabalho directamente poupando uns dinheiros ao contribuinte europeu. A novela sobre “os aviões da CIA” é reveladora desse poder dos “líderes” da União Europeia face aos verdadeiros donos do mundo. Lemos nos estupefactos jornais que “o Governo recusa colaborar na investigação dos voos da CIA”. A realidade é mais comezinha. Não é um acto de vontade mas de impotência. Os Governos não têm poder, nem autorização, para interferir com os aviões da agência de espionagem americana. Para pôr os bois no curro, Condoleezza Rice já esteve na Europa com o aviso para estarem calados e desviarem a atenção do assunto, ou seria tornado público o seu nível de conivência.

E no alfobre à beira-mar plantado, durante o recente bombardeamento do Líbano, pudemos ver como complemento ao “Gato Fedorento” e “A Revolta dos Pastéis de Nata”, mais um extracto de alta comédia. Levantaram-se suspeitas sobre a carga dos aviões israelitas que fizeram escala nas Lajes. Material militar não bélico, seja lá qual for o significado disso, serviu como explicação. A triste verdade é que o Estado português não tinha poder para fiscalizar esses aviões. Neste e noutros casos semelhantes deve limitar-se a conceder as autorizações de voo e mais nada.

3 Comments:

  • At 6:02 da tarde, Blogger A Chata said…

    Maravilhoso mundo mágico...

    Não está certo é esquecer-se dos Elfos.
    Aqueles seres pequeninos, sub-répticios e fugidios que se dedicam a fazer milagres económicos pessoais fornecendo ao mundo armas, drogas, materiais radioactivos, escravos e enchendo os bancos de dinheiro para 'emprestar' a rodos.
    Estes seres, tenho a sensação, que manipulam as Fadas a seu belo prazer.

     
  • At 1:11 da manhã, Blogger Klatuu o embuçado said…

    Que se foda os aviões!! :)=

    __________FELIZ NATAL__________

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  • At 10:36 da manhã, Blogger Táxi Pluvioso said…

    É o que eu digo. Para pararem com as passeatas das comissões de investigação.
    Feliz Natal.

     

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