Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

quinta-feira, junho 21, 2007

Caliente

No acolhedor pub da Myfanwy, Daffyd Thomas, envergando um conjunto corpete e calção e boné à bellboy de cabedal azul lustroso, lamenta-se sobre a sua triste sina de ser o único gay na aldeia de Landewi Brefi. (Personagens e lugares da série de humor britânica “Little Britain”). Fecha os olhos à evidência de que, na pitoresca village da Pequena-Bretanha, todos os homens abafam a palhinha e as mulheres gostam de grelos aos molhos. Daffyd pressente através da sua acurada percepção gay que, se houvesse muitos, seria a depravação moral, num estilo cloaca comportamental, como cantavam os Mamonas Assassinas noutro contexto.
(“No mundo animal
Existe muita putaria
Por exemplo, os cachorros
Que comem a própria mãe
Sua irmã e suas tias,
Eles ficam grudados,
De quatro se amando
Em plena luz do dia”).
Um seria o número ideal de gays para Landewi Brefi segundo o simpático larilas. A medida certa, em tempos, era ensinada nas famílias estruturadas. As nossas atiladas avózinhas avisavam que tudo o que é de mais enjoa. Comer muito bolo de chocolate ou compota de morango faz dói-dói na barriga, diziam, por cima dos óculos, ponteando as peúgas do marido.

Empanturrar muito de outra coisa qualquer faz mal noutro órgão algures. Temos o caso de Britney Spears. Durante anos alardeou virgindade. Que se conservava intacta para o momento e homem certos. Mas muita virgindade deu-lhe cabo do juízo. Quando finalmente o motor engatou Britney arranca em alta velocidade. Casou-se. Pariu dois filhos de uma enfiada. Divorciou-se. Associou-se às party girls Paris Hilton e Lindsay Lohan para pintarem a manta na noite americana. Mostrou-se sem cuecas a sair de carros e o mundo ficou a saber que au naturel é melhor que a lingerie Victoria’s Secret. Rapou o cabelo e entrou numa clínica de reabilitação. Mais perto de nós, na Albânia, esse farol do maoísmo na Europa, muita aliança proletariado-campesinato, deu-lhes para outra maluqueira. Para receberem Wbush como um herói. Vivendo agora na abençoada liberdade democrática protagonizaram uma cena inaudita em Fushe Kruje, 25 km a norte de Tirana. Proporcionaram a Wbush o seu banho de multidão (como merece um natural born leader). Abraços, apertos de mão, beijinhos choviam. Parecia o regresso do camarada Enver Hoxha (mas em bom). O contacto físico era tão próximo, que lhe iam palmando o relógio, não fosse o arguto presidente pensar em antecipação, e meter a cebola de luxo no bolso. Duro golpe para aqueles que criticam Wbush por não conseguir prever a sequência de cores num semáforo quanto mais o desfecho de uma guerra.

Em abono da verdade, não está provado pela fast science (a ciência actual, parente pobre da fast food) o cariz prejudicial do excesso, como se pode confirmar empiricamente pelo comportamento português. Muito imposto, muita multa, muita taxa, muita coima, seria de esperar uma reacção violenta. No entanto, com as Finanças a sitiar o cidadão não se ouve um grito às armas contra os canhões marchar. É verdade que está na índole do português escabujar um pouco. Que diabo é dinheiro! Mas tudo acaba em bem. Enquanto o país aguarda pelo seu iceberg para ir ao fundo de vez, não veremos episódios de violência fofinha, como nos cartoons Happy Tree Friends.

Quando falamos da administração americana a música é outra. Mais ao jeito de “The boys are back in town” de Phil Lynott e os Thin Lizzy. Os ventos de Washington são uma suave brisa, soprada por Éolo, para esgraminhar o universo das ervas daninhas. Por vezes para cumprir tão árdua missão é preciso esticar a corda. Encolher o pé para caber no sapato. Cortar no vestido para entrar na limusine. Uma personagem importante para que os Estados Unidos mantenham uma boa forma física é o Procurador-geral (U. S Attorney General). Ele é responsável por eliminar o mau colesterol daquele corpo Lone Ranger (o Zorro que acompanhava com o Tonto) incumbido de policiar o mundo e, ainda, de dar o seu melhor para que o presidente não seja apanhado em ceroulas. O actual U. S. Attorney General, Alberto Gonzales, por ter entrado nos EUA antes da construção da Grande Muralha do México, tem de mostrar serviço a dobrar. Foi entalado pelo despedimento de vários procuradores por não serem o suficientemente bushies, mas safou-se muito bem perante as comissões de inquérito repetindo a convincente frase “não recordo”. E a coisa resolveu-se com demissões em cadeia (menos a dele). Do seu chefe de gabinete, Kyle Sampson e da assessora que fazia a ligação com a Casa Branca Monica Goodling. Do seu vice, Paul McNulty, e do chefe de gabinete deste, Mike Elston. Mas outra nuvem se acercava no horizonte. Previa-se que o relatório do FBI sobre o crime traria números embaraçosos para o seu departamento e o patrão Wbush. (Houve um aumento de 1,3 % no crime violento). O desespero é o pai do engenho. E como consegue um ilusionista bons espectáculos? Faz desviar a atenção da assistência do sítio onde executa o truque.

A manobra de diversão mais caliente nos EUA nos dias de hoje é o atentado terrorista frustrado. Agentes do FBI e procuradores do Departamento de Justiça vestiram fatos de gala para apresentar o atentado que veio das Caraíbas. Objectivo: explodir os tanques e condutas de combustível no aeroporto internacional John F. Kennedy em Nova Iorque. Um ex-bagageiro teve esta ideia amalucada quando, na execução das suas funções, viu material bélico sendo embarcado para Israel. Deduziu que os mísseis seriam destinados para matar muçulmanos e decidiu “fazer algo para apanhar esses bastardos”. O cérebro desta ignóbil tramóia contra o império da liberdade chama-se Russell DeFreitas, 63 anos, nascido na Guiana e naturalizado americano. (Presumo que os anti-americanos torcem o nariz. Russell DeFreitas? Mas que diabo de nome para um terrorista. Calma, o homem também é conhecido por Mohammed. O FBI e Gonzales não são tolos). DeFreitas recrutou uma tropa de choque. Adbul Kadir, 55 anos, pai de nove filhos e com 18 netos, também da Guiana, ex-membro do Parlamento local e ex-presidente da Câmara de Linden, Kareem Ibrahim, 56 anos, da Trinidad e Tobago e Abdel Nur, 57 anos, da Guiana igualmente. Como é óbvio o agente infiltrado – um traficante de droga alistado no FBI – teve um papel crucial para deslindar este diabólico plano. Tanto, que DeFreitas considerava-o um enviado de Alá para cumprir, em seu nome, este anelo de matar mais uns americanos.

Concordo que é um atentado atípico. Mais parece um ataque da brigada do reumático. Mas nunca devemos subestimar os velhos. Bicos de papagaio, cataratas e reumatismo não são impedimento para praticar a maldade. E os factos comprovam-no. O ponto alto da debelação desta célula terrorista foi a prisão da filha de Adbul Kadir. Os agentes toparam umas fotografias de Sauda Kadir, juntamente com o pai e os irmãos, empunhando armas que pareciam de grande potência, como os blasters usados por Luke Skywalker e Han Solo contra o Império Galáctico ou os phasers do capitão Jean-Luc Picard no “Caminho das Estrelas”. Salim, um dos irmãos, veio garantir que as armas são de brinquedo, e, inadvertidamente, confirma que o grupo estava em fase de treino (quando são usadas espingardas de pau ou cabos de vassoura). E, até o motorista de Gonzales sabe que uma banal pistola de água Splash, nas mãos erradas, pode causar prejuízos incalculáveis.

Para dissipar dúvidas sobre uma inconcebível suspeita de que o FBI anda a estoirar a massa dos contribuintes, temos o trajecto do mastermind, feito à sorrelfa como mandam os “Estudos Militares para a Jihad contra os Tiranos” (afamado manual da al Qaeda). DeFreitas deu-se mal nos Estados Unidos e radicou-se por uns tempos no North Conduit Boulevard na Jamaica e, para não dar nas vistas, vivia como indigente, sem-abrigo, vendendo livros, incenso e outros artigos da mala do terrorista em low profile. O seu disfarce, pensado ao pormenor, era perfeito. Ainda morando no Brooklyn, certa manhã, o seu carro não pegava e ele, em vez de levantar a capota, e mostrar destreza mecânica, pediu ajuda a um vizinho. Este ficou convencido que DeFreitas era um nabo. Nunca lhe passou pela cabeça que estava em presença de um tipo, com conhecimentos técnicos suficientes, para estoirar uns tanques, que não explodem com fósforos e lixa. E, por isso, não o denunciou ao FBI.

Por Nicolas Sarkozy ter aparecido numa conferência de imprensa, durante a cimeira do G8, com aspecto caliente, um jornalista belga afirmou que ele estava bêbedo. Como Sarkozy saíra directamente de uma reunião com Vladimir Putin compreende-se a confusão do periodista. É proverbial a tendência russa para a piela de caixão à cova. Esta propensão alcoólica está contemplada na própria língua russa. É a única língua no mundo com uma palavra específica para “bebedeira contínua” (durando mais de dois dias no mínimo). Chamam-lhe “zapoi”. O gabinete de Sarkozy apressou-se a desmentir. O presidente francês só bebe água Evian e não entra em coboiadas. Então devemos procurar outra explicação para aquele ar alegre meio descoordenado. O olhar apurado de um português constata que o riso de Nicolas é escarninho. Ele mofava interiormente. Sinais evidentes de que Putin lhe terá contado, segundos antes, a anedota sobre a licenciatura de Sócrates.

7 Comments:

  • At 5:08 da tarde, Blogger A Chata said…

    A propósito de tudo o que é demais:

    As confissões do Khalid Sheikh Mohammed à CIA
    "Mohammed's claims to have been fully responsible for the 9/11 attacks on New York and Washington, the murder of Daniel Pearl, the 2002 Bali disco bombings and a host of lesser plots, both hatched and fully realised"

    Pela fotografia do homem, acho que ele confessaria até mais se lhe dessem mais tempo (e mais umas aplicações de técnicas de interrogatório autorizadas).

    Será que a Albania faz parte deste planeta?
    O país sempre viveu muito isolado mas, aquilo pareceu-me um nadinha de mais.

    Havia um episódio da serie Yes Minister em que, numa visita a um país arabe, o engenhoso Humphrey resolve criar na sala ao lado da recepção a que o ministro iria comparecer uma reserva de bebidas alcoolicas para que os ingleses pudessem, sem ofender os anfitriões, beber uns copitos.
    Será que se passou o mesmo com Sarkosy e Putin?
    Será que havia lá um Humphrey?

     
  • At 10:23 da manhã, Blogger Táxi Pluvioso said…

    Dei uma vista de olhos por essa confissão de Khalid Sheikh Mohammed, cheia de partes censuradas, por serem segredo para a carneirada votante. Parecia aquela “investigação” “jornalística” que Bernard-Henri Lévy fez sobre a morte do jornalista americano Daniel Pearl, no Paquistão. No fim do “livro”, Omar Sheikh, muçulmano britânico, 30 anos, condenado como autor, já era considerado, pelo milionário “filósofo” francês, como própria al Qaeda em pessoa. Um chorrilho de idiotices. Ainda hoje o Paquistão continua a prender tipos acusando-os dessa morte.


    (A edição portuguesa do “livro” tem prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa. O que diz tudo sobre a sua qualidade. Quando o comprei, ao ver o nome do andarilho do PSD, desconfiei, mas, contra o meu melhor julgamento, gastei a massa na mesma. Deveria ser possível exigir o dinheiro de volta quando somos ludibriados por desonestos intelectuais. Que Marcelo é um, não tinha dúvidas. Lévy suspeitava, depois de ler o que ele escreveu sobre Baudelaire, agora tenho a certeza).

    Não possível levar os americanos a sério. O que estão a fazer em Guantánamo é mais um monumento á Justiça. Já nem eles acreditam. Agora apareceu um militar e advogado a criticar os Combat Status Review Tribunals criados para tramar, de qualquer maneira, os detidos na baía de Cuba. Diz o tenente-coronel que as provas são “genéricas” e não se aguentam num tribunal de verdade. Quando um tipo entra num tribunal, por regra, está condenado. Tanto na América como aqui a rotina é a mesma. Mas a administração Wbush quer ter a certeza que eles não escapam por terem um advogado esperto ou caro (como O. J. Simpson). Querem que sejam aceites confissões conseguidas através de tortura, e provas que, por serem sigilosas, a defesa não tem acesso (mostradas por um agente secreto nas chambers do juiz) e, sobretudo, que se considere “o diz que disse” como verdades.

    Por acaso “o diz que disse” (depoimentos por ouvir dizer) é a pedra basilar da Justiça portuguesa. Viu-se como a provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, consumiu meses de ordenado dos doutos juízes, com aquilo que alunos lhe disseram. Ela andou pela instituição a leste durante anos. Não sabia de nada e nunca ouviu falar do sexo (ou do abuso deste) pelos putos. De repente, abriu a porta do gabinete, colocou uma tacinha com rebuçados, mesmo rebuçados, e toca a ouvir as histórias que eles tinham para contar. E lá vai ela ao tribunal recontar as terríveis coisas que se passavam nas suas barbas (depiladas). Enfim, é o que há, para não admitirem que existe, de facto, um problema de homossexualidade masculina na sociedade portuguesa.

    Li uma bela exposição daquilo que os americanos chamam Google stalking. Orwell pode ter dado a terminologia mas o big brother é muito diferente daquilo que ele imaginou. Tenho que recolher mais alguma informação para poder escrever um post sobre este futuro (já presente).

     
  • At 2:50 da tarde, Blogger A Chata said…

    Quem foi processado?
    O professor que há anos andava a tentar denunciar o facto.
    Os jornalistas porque falaram demais.
    O Eanes, que admitiu ter sido informado pelos alunos na sua visita à Casa Pia, o que é que fez?
    Diz ele que achou que o caso tinha sido resolvido(?).
    A senhora defensora da familia, de quem nunca me lembro do nome, que diz ter entregue o caso à policia e, a partir desse momento não se interessou mais pelo assunto até ele vir à baila.
    Talvez no próximo século (se ainda houver raça humana) se saiba o que realmente se passou e passa neste ( e noutros) processos.

    1984 foi um dos poucos livros que não consegui acabar de ler. Não por o achar desinteressante mas, porque a violência psiquica me dá, literalmente, voltas ao estomago.

    Por isso, tenho até medo de aprofundar aquilo que de me apercebo através das noticias (às vezes, aparentemente sem grande importância) que vou lendo.
    Aquilo, de que muita pouca gente fala, o aumento da população, a concentração urbana e o desiquilibrio crescente da distribuição de riqueza não me parece que anunciem nada de bom.

    Todos os dias continuam a chegar à Europa grupos de pessoas que fogem à miséria da fome e das guerras em África e no Médio Oriente.

    A última vez que fui a Barcelona, há 3 ou 4 anos, vi como os bairros da parte antiga estavam transformados em zonas de tensão latente.
    Os arredores de Paris e de várias cidades francesas é o que se sabe.

    Qual a única maneira que os governos parecem conhecer para tentar controlar estas situações?
    A repressão policial.
    Ainda não aprenderam que esta só resulta durante um tempo limitado e que, mais tarde ou mais cedo, quanto mais não seja pela vantagem numérica, os reprimidos revoltam-se e as consequencias são normalmente "desagradaveis".

     
  • At 5:21 da tarde, Blogger Táxi Pluvioso said…

    O problema com o Processo Casa Pia é terem confundido pedofilia com prostituição masculina. O que se passava lá dentro, entre alunos internos, é fácil de imaginar. Quem andou numa escola sabe que são dos lugares mais violentos do mundo (dada a proporção física e intelectual dos que lá andam). Onde se aprende a defesa e a política social. Ou uma pessoa é forte e sabe defender-se, ou tem amigos importantes e fortes, ou leva nos cornos, não há volta a dar-lhe. Agora querem meter câmaras nos recreios. Veremos como será uma geração vigiada.

    O que se passava cá fora era algo diferente. Eles prostituíam-se. Que alguns eram menores é verdade, mas isso é uma barreira artificial que não se compadece com a necessidade de massa para comprar coisas. Toda a sabe que os putos dos bairros sociais e pobres que rodeavam Lisboa iam fazer esse serviço a Lisboa. Chamava-se ir aos picolhos. Muitas vezes era para roubá-los.

    Eu sempre andei nas ruas e nunca a dormir. A actividade era visível para quem quisesse ver. Na década de 60 circunscrevia-se à avenida de Roma. A meio da década de 70 passou para o Imaviz. Na década de 80 andava pelos Restauradores, depois o parque Eduardo VII, e pelos vistos, o jardim de Belém, nos anos 90 mas isso já não é do meu tempo.

    Nunca tinha pensado o 1984 como violência psíquica. O que acho mais piada no livro é o refazer da História quando alguém caía em desgraça. A sua pessoa era apagada e os acontecimentos eram reescritos. É mais o menos o que os historiadores fazem hoje. Vestem a bata da imparcialidade mas descrevem os acontecimentos em função dos interesses prevalecentes no seu tempo. Até porque uma descrição do passado não pode ser feita, pois as noções de espaço e tempo dessas sociedades perderam-se. E quanto a mim essas duas categorias são fundamentais para se perceber uma sociedade

     
  • At 5:23 da tarde, Blogger Táxi Pluvioso said…

    O problema com o Processo Casa Pia é terem confundido pedofilia com prostituição masculina. O que se passava lá dentro, entre alunos internos, é fácil de imaginar. Quem andou numa escola sabe que são dos lugares mais violentos do mundo (dada a proporção física e intelectual dos que lá andam). Onde se aprende a defesa e a política social. Ou uma pessoa é forte e sabe defender-se, ou tem amigos importantes e fortes, ou leva nos cornos, não há volta a dar-lhe. Agora querem meter câmaras nos recreios. Veremos como será uma geração vigiada.

    O que se passava cá fora era algo diferente. Eles prostituíam-se. Que alguns eram menores é verdade, mas isso é uma barreira artificial que não se compadece com a necessidade de massa para comprar coisas. Toda a sabe que os putos dos bairros sociais e pobres que rodeavam Lisboa iam fazer esse serviço a Lisboa. Chamava-se ir aos picolhos. Muitas vezes era para roubá-los.

    Eu sempre andei nas ruas e nunca a dormir. A actividade era visível para quem quisesse ver. Na década de 60 circunscrevia-se à avenida de Roma. A meio da década de 70 passou para o Imaviz. Na década de 80 andava pelos Restauradores, depois o parque Eduardo VII, e pelos vistos, o jardim de Belém, nos anos 90 mas isso já não é do meu tempo.

    Nunca tinha pensado o 1984 como violência psíquica. O que acho mais piada no livro é o refazer da História quando alguém caía em desgraça. A sua pessoa era apagada e os acontecimentos eram reescritos. É mais o menos o que os historiadores fazem hoje. Vestem a bata da imparcialidade mas descrevem os acontecimentos em função dos interesses prevalecentes no seu tempo. Até porque uma descrição do passado não pode ser feita, pois as noções de espaço e tempo dessas sociedades perderam-se. E quanto a mim essas duas categorias são fundamentais para se perceber uma sociedade

     
  • At 5:32 da tarde, Blogger Táxi Pluvioso said…

    Bolas esta porcaria ficou repetida e eu não sei apagar...

     
  • At 12:44 da tarde, Blogger A Chata said…

    A policia do pensamento, a proibição de escrever e de se exprimir mesmo em privado, o desfazer do passado, a vigilância continua da grande "teletela" conseguiram agoniar-me mais do que a violência fisica.

    No livro que tenho (ainda com preço 45.00 escudos) na contracapa diz:
    "Onde começa e onde acaba a liberdade de cada homem? As vertiginosas conquistas da ciência, o quase inacreditável progresso material, verificado no decurso deste nosso século XX, coincide com uma real libertação e dignificação da pessoa humana? Ou erguem-se novos Senhores, novos deuses, crúeis e indiferentes, agora verdadeiramente sobre-humanos?..."

     

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