Umas sobre as outras outras sobre umas e os outros
Regabofe! Bródio! Libertinagem! Príapo debagando Messalina, ou Rock Hudson Mae West, ou Jane Vasco* devaneando: “aquilo que me apetecia mesmo era distrair-me com uns shots de tequila e um fim-de-semana com o Brad Pitt… e a Angelina”, – recordam lascivos comboios nas páginas de Henry Miller** ou Catullus 16***, não piedosas escrituras ou beata vida. Nestas, verso e gesto são mele suavius, fabis jucundis (“mais doces do que favas com mel”), como a correspondência entre o devoto Álvaro e Santo Eulóquio; ou não. Um grupo excede-se na salacidade e eróticos arroubos, que coraria, de casta pudicícia, Sasha Grey, – arguta conselheira de “demasiado sexo pode ser uma coisa má”… nos animais –, são esses degenerados: os primeiros cristãos.
----
* Personagem da série “Painkiller Jane” (2007), interpretada por Kristanna Loken, o cinzelado robot T-X (Terminatrix), vindo do futuro, no filme “Terminator 3” (2003), para descabeçar o inimigo das máquinas John Connor; e, a dampira, (sacrílega prol de vampiros com mulheres humanas), na trancada contra as grades no “BloodRayne” (2005), versão cinematográfica de homónimo jogo.
** Nascido na sarjeta contemporânea, a cidade de Nova Iorque, apoiante do poeta Kenneth Patchen – “Patchen: Man of Anger & Light” (1946) – gracioso comensal, industriado no opus penicillu; a franqueza sexual dos seus escritos arvorou ganas de proibir nos defensores da liberdade; e distinto anfitrião para monologar na retrete ◘ parte2 ◘ parte3.
*** Poema banido da tradução, por linguagem demasiado obscena, do poeta romano, admirador da poetisa grega Safo, Gaius Valerius Catullus (século I a.C.).
.
O “Evangelho segundo Eva”, pior fim teve que as audições de Mário Crespo, da mesa nº 12 do Hotel Tivoli, não desenrascou acoito, em papiro amigo, e perdeu-se no pó do oblívio como “o vulcão venezuelano”*. Pouco resta desse evangelho, excepto extractos da pessoa que o baniu da posteridade bíblica. Nele, antes das frescas hippies, apregoava-se o “amor livre”, o coitus interruptus, obstando a procriação do acto, e beber esperma como ritual religioso. Conta Epifânio, bispo de Salamina, que eles seguravam aquela impureza nas mãos levantadas ao céu e rezavam: “nós oferecemos esta dádiva, o corpo de Cristo”; e bebiam-na dizendo: “isto é o corpo de Cristo e esta é a Passagem pela qual o nosso corpo sofre”. Isto era o cúmulo para o fundador da Igreja, as cristãs mereciam melhor iguaria sacramental, e riscou-lhe as hipóteses de figurar na Bíblia. O “Evangelho de Eva” pertencia aos livros sagrados dos borboritas (do grego “borboros”: “lama”, traduzível por “porcos imundos”); Epifânio não engraçava com eles, é possível que abstraísse do sentido metafórico e simbólico dos textos místicos, interpretando-os literalmente, como um coetâneo Saramago.
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* Epíteto comercial de Acquanetta, actriz de filmes série B, de nome verdadeiro Burnu Acquanetta – em arapaho, “burnu” significa: “fogo ardente”, e “acquanetta”: “água profunda”. Nasceu a 21 de Julho de 1921 na reserva índia arapaho, de Cheyenne, Wyoming: mãe índia arapaho e pai índio anglo-franco-cherokee. Dada para adopção, cresceu como Mildred Davenport, na cidade de Norristown, Pensilvânia. Modelo em Nova Iorque, estreou-se no cinema, como figurante no filme “Arabian Nights” (1942), foi a “rapariga gorila” no “Captive Wild Woman” (1943), trepou ao hollywoodesco cume, no papel da sacerdotisa do culto do leopardo, em “Tarzan and the Leopard Woman” (1946); morreu com Alzheimer em 2004.
.
[Entremeada de cultura: Joshua Clover – poeta, crítico de poesia, cinema, música e cultura postou no seu blog as canções de 2009; – e também extractos do seu livro “1989: Bob Dylan Didn't Have This to Sing About”, sobre a ascensão para a hegemonia global da América, (o mundo sob uma potência: a Pax Americana após o chilique da URSS), manifestada na música pop: sem um irado ex-profeta da juventude, como Dylan: hoje, um “weird man” c/guitarra para as crianças, um “complete unknown”, no entanto, um querido ursinho de peluche, manual de citação obrigatória para bófias e políticos e outras meretrizes posicionadas].
.
A convivência cristã autoriza, preliminares dos criados*, aos ricos gestores de impérios, económicos; esmolas de qualquer coisita, rápida e sem suor**, nos casais monogâmicos; nas solteiras catequizadas, tocar, mas não chafurdar: “I Touch Myself” (dos australianos Divinyls); e… nas freiras, admissão de culpa para a absolvição: – a irmã Norma Giannini, 79 anos, confessou, em 2007, que abusara, na década de 60, de dois jovens, 13-14 anos, da St. Patrick's School, Milwaukee: a justiça dos homens condenou-a a um ano de cadeia, por que essa é idade das revistas porno e não de freiras. Os cristãos apologizam “o apelo ao compromisso e ao diálogo paciente e frutuoso”, mas, o vinho azeda, se a pessoa humana envilece em pessoa animal, se uma “Bad Little Woman” (dos Shadows of Knight) meneia tentadora maçã, encapuzada de traidora serpente ou de intelectual ar ingénuo, restabelecendo o culto da primitiva depravação, para essas, que o cinto de castidade já a honra não defende, reservam a fava-de-santo-inácio***.
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* Para contento dos sexos alternativos, a nova série de Sam Raimi, “Spartacus: Blood and Sand” (2010), com a actriz e cantora neozelandesa Lucy Lawless: a indefectível princesa guerreira “Xena” (1995).
** Philomena Briggs desimpede a via láctea ao namorado Connor McKnight: “finalmente ela despe-se e deita-se de costas na cama como a Olympia de Manet, entediada e arrogante, como uma odalisca aborrecida. – Depressa, – ordena, – e sem transpirar.
O narrador aceita o que lhe dão, como um grato consumidor”, Jay McInerney, no livro de contos “Modelos”.
*** Planta donde se extrai a estricnina.
.
Outra Boa Nova cristã cantaria, caso os textos dos borboritas, fintassem a cautelar providência de Epifânio. Volvidos dois milénios viveríamos como viciosas bacantes e não como sadios espectadores de futebol*. O báquico regalório irmanar-nos-ia aos ratos**, inventariamos geringonças para desencorajar o sexo ou robots para suprir a escassez de mulheres, e haveria rapidinhas contra a máquina de fotocópias ou nas escadas do prédio para desopilar. As mulheres deslaçariam o beijo lésbico***, os homens lésbicos ambicionariam ser, ou por gays os tomassem; felizmente, esse universo alternativo foi travado por São Epifânio. A nossa realidade pulula de poesia pelo género feminino: “eu não sei bem quem tu és / sei que gosto dos teus pés”****: o homem, esse “Strange Animal” (do canadiano Gowan), esbarra na bela agarena, eternamente à espera do príncipe, nos serviços de encontros via vídeo.
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* Leah Catherine Spencer, americana, mostrou as mamas num jogo de futebol do campeonato mexicano; numa atitude de saudável empreendedorismo leiloa a camisola e o gorro na net.
** Outros projectos de Jon Haddock circundam coqueluches da nossa sociedade: a violência e um autómato sobre o “don’t tase me bro’”: pedido do estudante Andrew Meyer, aos bófias armados de tasers, durante um comício do boneco de corda John Kerry.
*** A quente Megan Fox, com a aquecida Amanda Seyfried, no filme “Jennifer’s Body” (2009).
**** Os melhores versos da poesia portuguesa – “um não sei quê” de dama pé-de-cabra e moda – de Jorge Palma, para o filme “A Bela e o Paparazzo” (2010).
.
[Vince Taylor – (1939-1991), David Bowie alistou duas influências na feitura da sua personagem Ziggy Stardust: uma) cerca de meia hora de gratificante confabulação com Lou Reed, no final de um concerto dos Velvet Underground nos EUA, no início da década de 70, – dias depois um amigo corrigiu-o: “não… não… Lou deixou o grupo no ano passado. Falaste com Doug Yule, o seu substituto, que é quase a sua cara chapada”; duas) o pré-beatlíco apocalíptico rocker Vince Taylor*. Joe Strummer (1952-2002), vocalista dos Clash, elogiou-o: “Vince Taylor foi o começo do rock ‘n’ roll inglês. Antes dele não havia nada. Ele foi um milagre”. Um milagre! saldado, não em ouro e fama, mas em Preludin, anfetaminas, LSD, álcool e uma dieta apenas de ovos.
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* Bowie rememora-o: “esteve em Londres, um par de semanas, e conheci-o. Ele era realmente maluco, julgava-se um misto entre o Filho de Deus e um extraterrestre. A coisa que nunca esqueci, foi ele espalhando mapas do mundo no chão, em frente da estação de Metro de Tottenham Court Road, na hora de ponta, nós ajoelhados olhando e ele mostrava-me onde todos os OVNIs iriam aterrar”.
.
Nascido Brian Maurice Holden, em Isleworth, na Inglaterra; aos 7 anos a família emigra para Nova Jérsia, EUA; em 1955 a sua irmã Sheila casa com Joe Barbera (futura metade dos estúdios de animação Hanna-Barbera) e mudam-se todos para a Califórnia. Brian estudou rádio, meteorologia e tirou o brevet. Pelos 18 anos, homiziado na música de Bill Haley e Presley, canta em concertos amadores, festas e bailes de liceu. Joe Barbera protege o cunhado e, numa viagem de negócios a Londres, arrasta-o para verificar a cena musical britânica. Indicaram-lhes o 2i’s Coffee Bar, na Old Campton Street, onde Tommy Steele tocava, e Brian misturou-se com músicos amadores, clientela residente do local. O seu nome, Brian Holden, não coincidia com o estrépito do rock ‘n’ roll; então, da expressão latina “In hoc signo vinces”, nos maços de Pall Mall, Joe e Brian concordam no Vince; a admiração do rebaptizado Vince, pelo actor Robert Taylor, proveu o apelido: e nasceu Vince Taylor and the Playboys.
.
Gravaram dois singles em 1958: “I Like Love / Right Behind You Baby” e “Pledgin’ My Love / Brand New Cadillac*”: para a Parlophone-Odeon, que insatisfeita com o resultados monetários, despedi-os; a Palette Records contratou-os, editando “I'll Be Your Hero / Jet Black Machine”, em 19 de Agosto de 1960. O comportamento errático de Vince valeu-lhe uma ordem de expulsão pelos Playboys: que, sob o nome The Bobbie Clarke Noise foram contratados para actuar, no Olympia de Paris, em Julho de 1961: e levaram Vince. Ele, artilhado do seu cabedal preto, medalhão de Joana D’Arc, comprado em Calais, ao pescoço, arrasou no sound check: os organizadores, impressionados, incluíram-no cartaz: do sucesso dos espectáculos resultou um contrato de seis anos de Eddie Barclay; no final de 1962 eram a atracção no Olympia com a rockista yé-yé Sylvie Vartan na primeira parte.
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* Sem multiplicar as libras da editora, a canção de Vince, “Brand New Cadillac”, multiplicou-se noutros bardos: The Clash ♪ Brian Setzer Orchestra ♪ no power psychobilly dos brasileiros: Os Catalépticos ♪ pelas punks escocesas: The Hedrons ♪ no rockabilly de Barcelona de Loquillo y los Trogloditas.
.
Granjeou alcunha de “Presley francês”, mas o vinho, o speed e o LSD esboroaram-lhe o juízo; no dia 23 de Maio de 1965 flipou perante o público do clube parisiense La Locomotive: “vocês pensam que sou Vince Taylor, não é? bem, não sou, o meu nome é Mateus, sou o novo Jesus, filho de Deus”. Encasquetou-se-lhe delírios de religião e extraterrestres: quando, em 1966, Bowie se cruzou com ele, em Londres, estava completamente passado: de lupa, apontando nos mapas os lugares de aterragem dos discos voadores. Acalmou-se com o casamento (1983) e a profissão de mecânico de aviões na Suiça; confessa: o tempo mais feliz da sua vida. Por lá morreu com 52 anos ► “Baby Let’s Play House” ♪ “Too Much” ♪ “What I'd Say” ♪ “20 Flight Rock” ♪ “There's a Whole Lotta Twistin' Goin' On” ♪ “Shakin' All Over” ♪ “Peppermint Twist” ◄ depois de enloucado, a Barclay edita o álbum “Vince is alive, well and rocking in Paris” (1972); e ele, esporadicamente, regressava do hotel dos espectros para concertos – “Blueberry Hill” (1979) ♪ “Whole Lotta Shaking Going On” (1979) ♪ “Fever” (1980)].
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No país do feeling*, a desdita bate à porta, dura, duramente, como quem chimpa as tabuletas da casa do revés campo de Ourique. O azar é tamanho que os melhores espíritos não escolhem a carreira política. Que galo! Tarrenego! Cruzes! Cavaco Silva, presidente da República, discursou: “muitas das leis produzidas entre nós, não têm uma adequação à realidade portuguesa. Correspondem a impulsos do legislador, muitas vezes ditados por puros motivos de índole política, ou ideológica, mas não vão ao encontro das necessidades reais do país, nem permitem que os portugueses se revejam no ordenamento jurídico nacional”. Ó infortúnio! Ó desgraça! Ó maquinação de Mefistófeles que o não trouxeste mais cedo para a vida pública. Quisera a teia da serapilheira do Destino que ele tivesse sido ministro das Finanças ou primeiro-ministro e nas Ilhas Afortunadas, hoje, residiríamos… mas colados a Espanha.
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Regabofe! Bródio! Libertinagem! Príapo debagando Messalina, ou Rock Hudson Mae West, ou Jane Vasco* devaneando: “aquilo que me apetecia mesmo era distrair-me com uns shots de tequila e um fim-de-semana com o Brad Pitt… e a Angelina”, – recordam lascivos comboios nas páginas de Henry Miller** ou Catullus 16***, não piedosas escrituras ou beata vida. Nestas, verso e gesto são mele suavius, fabis jucundis (“mais doces do que favas com mel”), como a correspondência entre o devoto Álvaro e Santo Eulóquio; ou não. Um grupo excede-se na salacidade e eróticos arroubos, que coraria, de casta pudicícia, Sasha Grey, – arguta conselheira de “demasiado sexo pode ser uma coisa má”… nos animais –, são esses degenerados: os primeiros cristãos.
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* Personagem da série “Painkiller Jane” (2007), interpretada por Kristanna Loken, o cinzelado robot T-X (Terminatrix), vindo do futuro, no filme “Terminator 3” (2003), para descabeçar o inimigo das máquinas John Connor; e, a dampira, (sacrílega prol de vampiros com mulheres humanas), na trancada contra as grades no “BloodRayne” (2005), versão cinematográfica de homónimo jogo.
** Nascido na sarjeta contemporânea, a cidade de Nova Iorque, apoiante do poeta Kenneth Patchen – “Patchen: Man of Anger & Light” (1946) – gracioso comensal, industriado no opus penicillu; a franqueza sexual dos seus escritos arvorou ganas de proibir nos defensores da liberdade; e distinto anfitrião para monologar na retrete ◘ parte2 ◘ parte3.
*** Poema banido da tradução, por linguagem demasiado obscena, do poeta romano, admirador da poetisa grega Safo, Gaius Valerius Catullus (século I a.C.).
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O “Evangelho segundo Eva”, pior fim teve que as audições de Mário Crespo, da mesa nº 12 do Hotel Tivoli, não desenrascou acoito, em papiro amigo, e perdeu-se no pó do oblívio como “o vulcão venezuelano”*. Pouco resta desse evangelho, excepto extractos da pessoa que o baniu da posteridade bíblica. Nele, antes das frescas hippies, apregoava-se o “amor livre”, o coitus interruptus, obstando a procriação do acto, e beber esperma como ritual religioso. Conta Epifânio, bispo de Salamina, que eles seguravam aquela impureza nas mãos levantadas ao céu e rezavam: “nós oferecemos esta dádiva, o corpo de Cristo”; e bebiam-na dizendo: “isto é o corpo de Cristo e esta é a Passagem pela qual o nosso corpo sofre”. Isto era o cúmulo para o fundador da Igreja, as cristãs mereciam melhor iguaria sacramental, e riscou-lhe as hipóteses de figurar na Bíblia. O “Evangelho de Eva” pertencia aos livros sagrados dos borboritas (do grego “borboros”: “lama”, traduzível por “porcos imundos”); Epifânio não engraçava com eles, é possível que abstraísse do sentido metafórico e simbólico dos textos místicos, interpretando-os literalmente, como um coetâneo Saramago.
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* Epíteto comercial de Acquanetta, actriz de filmes série B, de nome verdadeiro Burnu Acquanetta – em arapaho, “burnu” significa: “fogo ardente”, e “acquanetta”: “água profunda”. Nasceu a 21 de Julho de 1921 na reserva índia arapaho, de Cheyenne, Wyoming: mãe índia arapaho e pai índio anglo-franco-cherokee. Dada para adopção, cresceu como Mildred Davenport, na cidade de Norristown, Pensilvânia. Modelo em Nova Iorque, estreou-se no cinema, como figurante no filme “Arabian Nights” (1942), foi a “rapariga gorila” no “Captive Wild Woman” (1943), trepou ao hollywoodesco cume, no papel da sacerdotisa do culto do leopardo, em “Tarzan and the Leopard Woman” (1946); morreu com Alzheimer em 2004.
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[Entremeada de cultura: Joshua Clover – poeta, crítico de poesia, cinema, música e cultura postou no seu blog as canções de 2009; – e também extractos do seu livro “1989: Bob Dylan Didn't Have This to Sing About”, sobre a ascensão para a hegemonia global da América, (o mundo sob uma potência: a Pax Americana após o chilique da URSS), manifestada na música pop: sem um irado ex-profeta da juventude, como Dylan: hoje, um “weird man” c/guitarra para as crianças, um “complete unknown”, no entanto, um querido ursinho de peluche, manual de citação obrigatória para bófias e políticos e outras meretrizes posicionadas].
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A convivência cristã autoriza, preliminares dos criados*, aos ricos gestores de impérios, económicos; esmolas de qualquer coisita, rápida e sem suor**, nos casais monogâmicos; nas solteiras catequizadas, tocar, mas não chafurdar: “I Touch Myself” (dos australianos Divinyls); e… nas freiras, admissão de culpa para a absolvição: – a irmã Norma Giannini, 79 anos, confessou, em 2007, que abusara, na década de 60, de dois jovens, 13-14 anos, da St. Patrick's School, Milwaukee: a justiça dos homens condenou-a a um ano de cadeia, por que essa é idade das revistas porno e não de freiras. Os cristãos apologizam “o apelo ao compromisso e ao diálogo paciente e frutuoso”, mas, o vinho azeda, se a pessoa humana envilece em pessoa animal, se uma “Bad Little Woman” (dos Shadows of Knight) meneia tentadora maçã, encapuzada de traidora serpente ou de intelectual ar ingénuo, restabelecendo o culto da primitiva depravação, para essas, que o cinto de castidade já a honra não defende, reservam a fava-de-santo-inácio***.
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* Para contento dos sexos alternativos, a nova série de Sam Raimi, “Spartacus: Blood and Sand” (2010), com a actriz e cantora neozelandesa Lucy Lawless: a indefectível princesa guerreira “Xena” (1995).
** Philomena Briggs desimpede a via láctea ao namorado Connor McKnight: “finalmente ela despe-se e deita-se de costas na cama como a Olympia de Manet, entediada e arrogante, como uma odalisca aborrecida. – Depressa, – ordena, – e sem transpirar.
O narrador aceita o que lhe dão, como um grato consumidor”, Jay McInerney, no livro de contos “Modelos”.
*** Planta donde se extrai a estricnina.
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Outra Boa Nova cristã cantaria, caso os textos dos borboritas, fintassem a cautelar providência de Epifânio. Volvidos dois milénios viveríamos como viciosas bacantes e não como sadios espectadores de futebol*. O báquico regalório irmanar-nos-ia aos ratos**, inventariamos geringonças para desencorajar o sexo ou robots para suprir a escassez de mulheres, e haveria rapidinhas contra a máquina de fotocópias ou nas escadas do prédio para desopilar. As mulheres deslaçariam o beijo lésbico***, os homens lésbicos ambicionariam ser, ou por gays os tomassem; felizmente, esse universo alternativo foi travado por São Epifânio. A nossa realidade pulula de poesia pelo género feminino: “eu não sei bem quem tu és / sei que gosto dos teus pés”****: o homem, esse “Strange Animal” (do canadiano Gowan), esbarra na bela agarena, eternamente à espera do príncipe, nos serviços de encontros via vídeo.
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* Leah Catherine Spencer, americana, mostrou as mamas num jogo de futebol do campeonato mexicano; numa atitude de saudável empreendedorismo leiloa a camisola e o gorro na net.
** Outros projectos de Jon Haddock circundam coqueluches da nossa sociedade: a violência e um autómato sobre o “don’t tase me bro’”: pedido do estudante Andrew Meyer, aos bófias armados de tasers, durante um comício do boneco de corda John Kerry.
*** A quente Megan Fox, com a aquecida Amanda Seyfried, no filme “Jennifer’s Body” (2009).
**** Os melhores versos da poesia portuguesa – “um não sei quê” de dama pé-de-cabra e moda – de Jorge Palma, para o filme “A Bela e o Paparazzo” (2010).
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[Vince Taylor – (1939-1991), David Bowie alistou duas influências na feitura da sua personagem Ziggy Stardust: uma) cerca de meia hora de gratificante confabulação com Lou Reed, no final de um concerto dos Velvet Underground nos EUA, no início da década de 70, – dias depois um amigo corrigiu-o: “não… não… Lou deixou o grupo no ano passado. Falaste com Doug Yule, o seu substituto, que é quase a sua cara chapada”; duas) o pré-beatlíco apocalíptico rocker Vince Taylor*. Joe Strummer (1952-2002), vocalista dos Clash, elogiou-o: “Vince Taylor foi o começo do rock ‘n’ roll inglês. Antes dele não havia nada. Ele foi um milagre”. Um milagre! saldado, não em ouro e fama, mas em Preludin, anfetaminas, LSD, álcool e uma dieta apenas de ovos.
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* Bowie rememora-o: “esteve em Londres, um par de semanas, e conheci-o. Ele era realmente maluco, julgava-se um misto entre o Filho de Deus e um extraterrestre. A coisa que nunca esqueci, foi ele espalhando mapas do mundo no chão, em frente da estação de Metro de Tottenham Court Road, na hora de ponta, nós ajoelhados olhando e ele mostrava-me onde todos os OVNIs iriam aterrar”.
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Nascido Brian Maurice Holden, em Isleworth, na Inglaterra; aos 7 anos a família emigra para Nova Jérsia, EUA; em 1955 a sua irmã Sheila casa com Joe Barbera (futura metade dos estúdios de animação Hanna-Barbera) e mudam-se todos para a Califórnia. Brian estudou rádio, meteorologia e tirou o brevet. Pelos 18 anos, homiziado na música de Bill Haley e Presley, canta em concertos amadores, festas e bailes de liceu. Joe Barbera protege o cunhado e, numa viagem de negócios a Londres, arrasta-o para verificar a cena musical britânica. Indicaram-lhes o 2i’s Coffee Bar, na Old Campton Street, onde Tommy Steele tocava, e Brian misturou-se com músicos amadores, clientela residente do local. O seu nome, Brian Holden, não coincidia com o estrépito do rock ‘n’ roll; então, da expressão latina “In hoc signo vinces”, nos maços de Pall Mall, Joe e Brian concordam no Vince; a admiração do rebaptizado Vince, pelo actor Robert Taylor, proveu o apelido: e nasceu Vince Taylor and the Playboys.
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Gravaram dois singles em 1958: “I Like Love / Right Behind You Baby” e “Pledgin’ My Love / Brand New Cadillac*”: para a Parlophone-Odeon, que insatisfeita com o resultados monetários, despedi-os; a Palette Records contratou-os, editando “I'll Be Your Hero / Jet Black Machine”, em 19 de Agosto de 1960. O comportamento errático de Vince valeu-lhe uma ordem de expulsão pelos Playboys: que, sob o nome The Bobbie Clarke Noise foram contratados para actuar, no Olympia de Paris, em Julho de 1961: e levaram Vince. Ele, artilhado do seu cabedal preto, medalhão de Joana D’Arc, comprado em Calais, ao pescoço, arrasou no sound check: os organizadores, impressionados, incluíram-no cartaz: do sucesso dos espectáculos resultou um contrato de seis anos de Eddie Barclay; no final de 1962 eram a atracção no Olympia com a rockista yé-yé Sylvie Vartan na primeira parte.
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* Sem multiplicar as libras da editora, a canção de Vince, “Brand New Cadillac”, multiplicou-se noutros bardos: The Clash ♪ Brian Setzer Orchestra ♪ no power psychobilly dos brasileiros: Os Catalépticos ♪ pelas punks escocesas: The Hedrons ♪ no rockabilly de Barcelona de Loquillo y los Trogloditas.
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Granjeou alcunha de “Presley francês”, mas o vinho, o speed e o LSD esboroaram-lhe o juízo; no dia 23 de Maio de 1965 flipou perante o público do clube parisiense La Locomotive: “vocês pensam que sou Vince Taylor, não é? bem, não sou, o meu nome é Mateus, sou o novo Jesus, filho de Deus”. Encasquetou-se-lhe delírios de religião e extraterrestres: quando, em 1966, Bowie se cruzou com ele, em Londres, estava completamente passado: de lupa, apontando nos mapas os lugares de aterragem dos discos voadores. Acalmou-se com o casamento (1983) e a profissão de mecânico de aviões na Suiça; confessa: o tempo mais feliz da sua vida. Por lá morreu com 52 anos ► “Baby Let’s Play House” ♪ “Too Much” ♪ “What I'd Say” ♪ “20 Flight Rock” ♪ “There's a Whole Lotta Twistin' Goin' On” ♪ “Shakin' All Over” ♪ “Peppermint Twist” ◄ depois de enloucado, a Barclay edita o álbum “Vince is alive, well and rocking in Paris” (1972); e ele, esporadicamente, regressava do hotel dos espectros para concertos – “Blueberry Hill” (1979) ♪ “Whole Lotta Shaking Going On” (1979) ♪ “Fever” (1980)].
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No país do feeling*, a desdita bate à porta, dura, duramente, como quem chimpa as tabuletas da casa do revés campo de Ourique. O azar é tamanho que os melhores espíritos não escolhem a carreira política. Que galo! Tarrenego! Cruzes! Cavaco Silva, presidente da República, discursou: “muitas das leis produzidas entre nós, não têm uma adequação à realidade portuguesa. Correspondem a impulsos do legislador, muitas vezes ditados por puros motivos de índole política, ou ideológica, mas não vão ao encontro das necessidades reais do país, nem permitem que os portugueses se revejam no ordenamento jurídico nacional”. Ó infortúnio! Ó desgraça! Ó maquinação de Mefistófeles que o não trouxeste mais cedo para a vida pública. Quisera a teia da serapilheira do Destino que ele tivesse sido ministro das Finanças ou primeiro-ministro e nas Ilhas Afortunadas, hoje, residiríamos… mas colados a Espanha.
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* Muito apreciada canção dos Black Eyed Peas, recreada pelos fãs, que despoletou, ensaiadíssimas, danças espontâneas no programa da Oprah.
18 Comments:
At 5:24 da tarde, Unknown said…
Gostei muito de ver Cavaco e Lucy Lawless no mesmo post, além de outros ilustres artistas. Bom carnaval!
At 6:50 da tarde, Carmo said…
Passei para desejar bom carnaval e bom fim de semana
Beijinhos
Carmo
At 12:09 da manhã, Mariazita said…
Esta passagem rapidinha é só para dizer que amanhã - agora já é amanhã :) - domingo, dia 14,
A CASA DA MARIQUINHAS
completa dois anos de vida.
Gostaria de contar com a tua presença. Tem presentinho para trazer...
Uma noite feliz.
Beijinhos
Mariazita
At 12:25 da manhã, Anónimo said…
A Acquanetta!!!
At 9:15 da manhã, Táxi Pluvioso said…
António Rosa: Cavaco é como a roupa preta, vai bem em todas as ocasiões.
E pensar que nos "tempos das escutas a Belém" lhe deram como morto politicamente. Não consegui perceber onde doutos observadores da coisa política chegaram a essa conclusão. Não só.
Ele vai candidatar-se e vai ganhar as eleições. O momento Alegre passou. O tempo passa, mas parece que a mente humana, não se adapta a essa passagem, e pensa que as coisas se repetem. Pois não se repetem. Hoje, a situação é complemente diferente de há cinco anos.
At 9:19 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Carmo: toda a gente fala no Carnaval, neste momento ando um pouco a leste destas efemérides, tenho de consultar um calendário. Regra geral sei que é Carnaval, quando levo com um balão de água, ou vejo muitos, para além do normal, homens vestidos de mulher :-)))))
At 9:30 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Mariazita: dois anos. Nem sei há quanto tempo escrevo isto, mas o blogger lá se vai lembrando e desejando os parabéns do costume.
Quero deixar o meus parabéns pelos dois anos. Vou tentar dar um passagem por lá. Tenho uma carta para escrever à Meo, que vai consumir algum tempo: estas personagens todas da PT tornam difícil escrever sem as saudar a todas. E quando penso que a coisa está encerrada, lá aparece mais um luso génio da administração que realizou algum glorioso feito.
Se houvesse escritores em Portugal este caso do "controlo" dos média daria um muito belo romance.
At 9:43 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Manuel: e o robot T-X. É a melhor chegada à Terra de sempre.
Havia alguns links a ver, vou tentar não esquecer nada: tens a Joplin em hippies; a Lucy nos preliminares dos criados, as tetas da Catherine Spencer, é curioso que o IE não abre o vídeo. E o Miller já idoso que ainda não vi tudo.
Eu já tinha metido o "Touch Myself", já conheces, mas o "Bad Little Woman" ou o "Strange Animal" não estão maus. E a história de Vince Taylor é edificante.
At 10:30 da manhã, Táxi Pluvioso said…
... (esqueci-me)... aquele blog em rockabilly e a versão "Brand New Cadillac" dos Catatépticos.
At 10:51 da tarde, xistosa, josé torres said…
Acabo de chegar, depois de ter posto a barriga ao sol que não apareceu, para fazer a digestão da bruta feijoada que não comi.
Por tudo isto e para esquecer o que não aconteceu, juntando as máscaras que não utilizei, vou esquecer que nem só a cerveja é amarelada e de copo na mão, ir à fonte.
Henry Miller foi, há bastantes anos, (+ de 45) literalmente devorado.
Mas para "atacar" um post deste tamanho, vou mesmo ter que procurar algo que se trinque.
Vamos ver.
Que séries, quer palpáveis, quer imaginárias, não são o meu forte.
Não gosto de esperar pela cadência das imagens ou cenoas.
Ou segue-se o filme completo, ou ...
Sim que uma mulher com a espada desembainhada não deve dar muita segurança ao adversário.
Li todos os evangelhos naquele tempo em que nada havia para fazer depois de entrarmos em férias.
Como nunca gostei de banda desenhada, (nunca soube se se liam as letras primeiro, se as figuras e na dúvida não lia).
Há mais evangelhos e parece-me que li mais um do nosso Eusébio da literatura (não sou benfiquista, mas o que é ou foi grande ...)
Também gostava que o M. Crespo se evangelhisasse um pouco mais, mas é um caso perdido.
Perdido, perdido não foi, só a espinha de uma posta de cherne grelhado, que substituiu a feijoada dos prazeres pantagruélicos.
A Lucy Lawless, está na idade "xis" e até parece mentira tê-la reconhecido.
Se bem que a música para mim me faça um pouco de confusão.
Como os anos passam e até Vince Taylor (hoje uma cana rachada) me pareceu um jogador de basebal.
As voltas que a memória memoriza.
O feeling não será para jogadeiros de futebol?
É que o nosso cavaco, qual ser bíblico olha-nos do cimo do seu pedestal e consegue chegar a todos, é que as Ilhas Afortunadas estão a seus pés, mesmo que só com água por dois lados.
Ainda bem que temos este presidente.
E quando todos os domingos não vou à missa, num recanto, oro para que se conserve muitos anos no poleiro, porque parece-me que ninguém o vai tirar de lá, a não ser vergado pela mulher ou pelo tempo.
Que belo país este de longas prais que o mar teima em destruir.
Será que temos de imigrar? ou emigrar?
At 10:52 da tarde, xistosa, josé torres said…
É que deixei umas coisas por dizer, mas agora que fechei a carta já não as consigo "entremear".
Uma boa semana.
At 12:11 da manhã, casos reais said…
de repente pareceu-me que tinhas junto os 2 posts_é muito link e muita informação junta para este cerebro cansado. Primeiro vou ali comer uma bifana
um abraço
At 8:39 da manhã, Táxi Pluvioso said…
José Torres: seguir séries de TV é, de facto, uma chatice, mas com Meo é mais fácil. Grava-se, nem sempre bem, pois por vezes não apanha o início ou o final, e vê-se nos dias de lazer.
Foi pena que a recolha de textos para formar esse belo livro, a Bíblia, deixasse de fora os melhores, e a vinda do Papa seria outra coisa. Em vez de ir para Fátima rezar, ia lá comer umas gajas (no sentido espiritual). Tenho que estar a pau com as datas, pois há um post alusivo a visitas para escrever.
Pois, Cavaco veio para durar. Quando os comentadores lhe davam a carreira como finda, por causa do chamado caso das escutas a Belém, nunca percebi onde foram buscar essa ideia. Talvez lhes paguem a metro para falar, então dizem qualquer coisa para fazer tempo. Manuel Alegre, desta vez, apanha uma rabecada, que volta para os seus campos de caça, com uma bela derrota.
O tempo dele passou, foi há cinco anos, e os socialistas tramaram-no com o velho Soares, por que era melhor Cavaco em Belém do que Alegre. Passados estes anos, a coisa inverteu-se. Talvez agora fosse melhor que o Alegre lá estivesse, podia dar uma ajuda ao Governo.
A Lucy Lawless parece ainda enxuta. Claro que as imagens de hoje enganam... mas em tempo de guerra fiscal não se limpam impressos (de IRS).
At 8:49 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Casos reais: até eu tenho dificuldade, depois, em ver tudo. Estou a usar os posts como uma espécie de arrecadação de informação, na vã esperança de, algum dia, ter tempo para consultar. Só há dias é que reparei que existe uma janela de pesquisa no canto superior, a aplicação ideal para mim, que muitas vezes tenho de dar a volta a tudo para encontrar algo.
At 11:20 da tarde, Anónimo said…
Um blues cavalar:
http://www.youtube.com/watch?v=gGZwmelwnBU&feature=related
At 2:31 da manhã, À PÉ ATÉ ENCONTRAR said…
Post rico em informações hein?!
Confesso que no princípio li com certa "forçação", mas no decorrer, adorei, fui me despreocupando.
Bom fds!
At 10:55 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Manuel: bolas! tenho que ligar o Mozilla, o Tubo diz para actualizar por um navagador mais moderno. Já nem sei se este IE é 7 ou 8, pelos vistos é 7. Tenho que usá-lo para postar, não consigo com o Mozilla.
Será que nunca ouviram falar no Vasco da Gama. Não se pode ser mais moderno.
At 10:56 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Ana Paula Duarte: ai! ainda vou ter que atribuir um prémio para quem conseguir ler isto tudo. :-))))
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