Uma
facada escrita
1982.
O sábio burro falante do país das Fábulas tomou a alcunha de Conselheiro, de Emília, a
boneca de trapo. Porque, pespegava ela, “ele sempre dá bons conselhos”, no “Sítio do pica-pau amarelo”,
(transmitido na RTP 2, quinta-feira 15 de outubro 1981 / 7 de outubro 82). Conselheiros,
em Portugal, acácios houve, há-os pascácios. Sábios, então, sabões são [1]. Quinta-feira, 8 de julho, um sábio escrevente,
Cavaco Silva [2], escreve uma cartinha perfumada
aos militantes do PSD: “a situação económica e financeira tem vindo a
degradar-se de tal modo que pode comprometer, durante vários anos, o
desenvolvimento do país e a melhoria das condições de vida da população e ter
graves consequências nos planos social e político. A limitação das perspetivas
futuras que se oferecem à juventude não pode deixar de ser vista com grande
preocupação, tal como a frequência com que a palavra corrupção surge nos meios
de comunicação social e nas conversas dos cidadãos. A falta de confiança e a
insegurança que se instalaram aos mais variados níveis da vida económica
portuguesa são o principal obstáculo à inversão da tendência que se tem vindo a
desenvolver. Volta a falar-se com frequência em ‘País adiado’” [3].
O
carteiro tocou três vezes. A epístola aos acólitos foi publicada no órgão do
partido, a folha Povo Livre e nos violinos, os jornais Tempo e O Dia. Escrita
em dueto com Eurico de Melo, Cavaco Silva no seu estilo sournoise [4] elogia para esfaquear:
“o dr. Balsemão, que teve a coragem de assumir a liderança do PSD e do Governo
em momento bem difícil da vida do partido e do país, sendo por isso credor do
respeito de todos os militantes, deve agora assumir um sentido nacional e
reconhecer que a sua substituição é necessária e fazer todo o possível para que
ela se processe sem perturbação”. Este dueto da açorda intimava a obliteração
de Balsemão do jogo político por provocar desunião no partido: “ao nível da AD [Aliança
Democrática] têm-se multiplicado os sinais de desarticulação e desconfiança
interna” e a “entrada para o Governo de pessoas que no passado recente
estiveram abertamente ao lado do general Eanes contra o PSD e a AD, numa luta
durante a qual perdeu a vida o líder do nosso partido, fere princípios que
consideramos básicos para a sua estratégia”. E Cavaco lançava perfume aracnídeo
sobre o presidente da República, Ramalho Eanes, que “tem provocado
instabilidade política e criado dificuldades às resoluções dos graves problemas
que o país enfrenta” [5].
Neste
ano, a petizada lê outras coisas, é publicado o primeiro livro da série “Uma
aventura”, de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, irmã de Tozé Martinho [6]. “Uma aventura na cidade”, uma
quadrilha de ladrões que rouba carros para lhes tirar peças, é travada por
cinco alunos de uma escola preparatória. “O pátio estava cheio de alunos, a
jogar à bola, à macaca, ao berlinde. Outros conversavam ou andavam a correr de
um lado para o outro”. Com um corpo docente efetivo. “A professora de Ciências
era alta e magra. Tinha nariz de papagaio e usava uns óculos quadrados de aros
pretos. Vestia geralmente de escuro e trazia sempre um saco de cabedal a
abarrotar de papéis. Raro era o dia em que não distribuía ficha de trabalho”.
Neste ambiente amigo da pedagogia as gémeas, Teresa e Luísa, donas do caniche
Caracol, adicionam amigos de carne e osso para investigarem movimentações
estranhas numa garagem perto do seu prédio. “Sempre as duas, pareciam siamesas.
Baixinhas, magras, muito ágeis, cabelo loiro escorrido e com franja, eram
exatamente iguais. Tinham olhos castanhos, argutos, e nariz arrebitado, o que
lhes dava um ar trocista. Quase ninguém as distinguia e divertiam-se muito com
isso. Vestiam-se sempre de igual para confundir as pessoas. Trocavam de lugar
nas aulas, fingiam ser a outra, baralhavam os colegas e as professoras, mesmo
os vizinhos, até o pai se enganava!”. O Pedro “tem a mania que é bom, até lhe
chamam o Pedro-dedo-no-ar… Está sempre a querer responder”. O Chico “caminhava
a assobiar, sem pressa. Não era divertido andar na escola, mas afinal de contas
em casa era ainda pior. O pai, sempre rabugento porque não encontrava emprego.
A mãe chegava tarde e sempre cansada. O irmão vinha da venda dos jornais e
fazia troça dele por andar na escola. Tomara já chegar aos catorze anos para
não ter de estudar mais!”. E o João, apelidado de Macaco, dono do pastor alemão
Faial. “Macaco? Mas porquê? Não tem cara de macaco! – exclama uma das gémeas. –
Não é por isso, é que tem a mania do Tarzan. Anda sempre a subir às árvores, em
cima dos muros, aos guinchos. Mas é tão pequeno, que parece mais um macaco que
o Tarzan”, explicava a Rita, uma vizinha.
Neste
ano também, os mais graúdos, com liberdade dos pais para saídas noturnas,
assistiram a bons, mal organizados, concertos. Terça-feira, 3 de agosto, numa
instalação, montada por uma empresa inglesa, de 20 mil watts que custou dois
mil contos, num palco com centena de microfones e outra de holofotes, “prossegue
o festival de Vilar de Mouros [7], entre êxitos,
fracassos, especulações, roubos, violência da GNR e, sobretudo, muita juventude
entusiástica”. No cartaz desse dia: a Orquestra Mikis Theodorakis,
os Roxigénio, os Jáfumega, Johnny Copeland Chicago Blues
Band [8] e os U2, uma banda irlandesa desconhecida
sugerida pelo maestro António
Victorino d’Almeida: “foi uma aposta minha. Aconselhei-me com várias
pessoas, porque procurava uma banda internacional boa e barata. Dei a indicação
para serem contratados pela Câmara de Caminha e foi um sucesso total”. No dia
anterior, “nem a desfolhada minhota [9], nem o rock (com The Gist, quase duas
horas atrasados) agradaram. Se a primeira foi um fiasco, os Gist foram uma
clara desilusão. Viu-se pelos objetos arremessados para o palco. Assobios, nem
se fala. Outra coisa não seria, aliás, de esperar para aqueles dissidentes dos Young Marble Giants que
atuaram parcialmente em playback”. A
paparoca era cara: sandes de chouriço a 75$00 e cervejas pequenas a 40$00, no
entanto, enchia-se a barriga barato: “a GNR não pode ter vindo para aqui para
atuar da forma que atuou esta madrugada. Falta-lhe a mesura mínima exigível a
qualquer força de segurança e não é por uma pessoa querer transpor a paliçada
para ver o espetáculo porque está tesa, que vai carregar. Uma jovem de 20 anos,
Isabel Veludo Teixeira Pinto, de Bucelas, Loures, está internada em estado de
coma no hospital de S. João, no Porto, em consequência da agressão de um GNR. Quando
estava já sobre a paliçada, um guarda baixo, de bigode (recusou-se a
identificar-se aos jornalista) carregou com o bastão e ela caiu para o lado de
fora. Cerca de três metros de salto, ficou logo unanimada”. “Na véspera, já de
madrugada também, outro guarda manifestava bem a mentalidade desta força. Um
jovem sangrava de uma perna, era necessário levá-lo ao hospital. A ambulância
demorava. Exclamação do guarda: ‘ah, não faz mal, ele é mestiço, tem muito
sangue”.
Dias
depois em Lisboa. “Quase cinco horas de rock,
ontem à noite no estádio do Restelo, [sexta-feira, 20 de agosto], com duas
bandas inglesas, não bastaram para aquecer o público. Provavelmente por causa
do pessoal que já não vibra com coisíssima nenhuma…mas desconfio que os kids não foram lá (ao êxtase, ao rubro)
por razões alheias à sua vontade. Eles estavam disponíveis, não para qualquer
programa é óbvio, pelo menos recetivos para uns King Crimson descaídos no
universo pop e sobretudo curiosos
perante uns Roxy Music,
o que resta ainda de interessante (apenas isso) dos anos setenta”. Vinte mil pagaram
preço único 600$00 para a opção bancadas ou relvado num dos topos do estádio. Lourdes
Féria, uma fã dos Rolling Stones, no Diário de Lisboa, esteve fora da sua
nuvem, escrevendo. “Abriram as portas do espetáculo os portuguesíssimos Heróis do Mar que foi um
grupo de curta demora, o aperitivo que se bebe a toda a velocidade na mira do
resto chegar mais depressa. Não os vi, por motivo de um atraso provocado pelo
engarrafamento de trânsito e pelo que me contaram não devo lamentar a perda.
‘Para não variar foram uma porcaria…’ comentou uma jovem, sentada ao meu lado,
cabelo à punk. (…). Entram os King
Crimson, com o seu líder Robert Fripp discreto e apagado a um canto, na recusa
sistemática do vedetismo. Já no aeroporto tinha virado as costas à câmara da TV
e fugido a sete pés dos jornalistas. Nele não se descobre a mínima ponta de
sedução. Nunca foi nem será a rock star à conquista da imagem mítica.
Extraordinariamente banal, fiel ao preto no vestuário, mal se notava no palco,
entre os músicos que o acompanhavam. Quanto à música (…) julgo que não encantou
por aí além o público. Muito ingleses, sofisticados e distantes falta-lhes, e
isso é nítido, agora dez anos depois do seu aparecimento na cena rock, o fogo da paixão. (…). Os King
Crimson que têm os seus adeptos, normalmente europeus, deixaram-me desde o
primeiro dia em que os ouvi na maior das indiferenças. São demasiado cool para o meu gosto. Vieram, depois,
os Roxy Music, ansiosamente aguardados. Outra história, esta a da desilusão.
Bryan Ferry e Andrew Mackay, fundadores do grupo tinham um projeto em mente que
era o de atingir o rock simples com
ligações aos pioneiros à mistura com rasgos de audácia intelectualizante. O que
obtiveram não se parece com a produção musical dos King Crimson, elaborada até
ao aborrecimento e um tanto próxima da fraude (blasfémia) nem com a loucura
delirante do rock americano. É assim
uma coisa limpinha, elegante, matizada de um relativo humor. (…). Na televisão
ao ser entrevistado Bryan Ferry deu-me a impressão de um homem atencioso,
educado, sorriso suave, naturalidade postiça, sem tensão. No palco também se
revelou assim. (…). A tendência maneirista da banda, em que Bryan Ferry
atua como um mestre-de-cerimónias desagradou-me, confesso. E da ideia de
integrar no espetáculo três vocalistas do grupo de disco sound
norte-americano Chic
nem falo. Um pavor!” [10].
Na
década de 80 o rock francês pelejou pelas
terras
de S. Jorge: com os UHF na primeira parte, os Téléphone – Jean-Louis
Aubert (voz, guitarras), Louis Bertignac (guitarra), Corine Marienneau (baixo) e
Richard Kolinka (bateria) – no mês de março de 1981, dia 11 no Porto, 12 em Coimbra,
14 e 15 em Lisboa; os Dogs com cinco
concertos; e em março de 1982, dias 8, 9, 10, 11, 12 e 13 os Bijou – Vincent Palmer
(guitarra), Philippe Dauga (baixo) e Dynamite (bateria) – “o palco de receção
para o seu primeiro concerto foi a cidade da Guarda, a que se seguiu Coimbra e
ontem Braga. Hoje, será a vez dos Bijou atuarem no Porto de onde seguirão para
Lisboa com uma escala por Aveiro. O concerto de despedida terá lugar no
pavilhão da Tapadinha, já depois de amanhã”.
De
Dublin, duas bandas em 82, os Lookalikes, uma “pseudo-funk
ultra-technical new wave band”
e Phil Lynott, “o primeiro preto irlandês a alcançar sucesso comercial no campo
do hard rock”, nos Thin
Lizzy, segunda-feira 8 de março, pelas 21:30, no pavilhão Alvalade, para o
concerto marcado para o domingo e adiado por causa da final do campeonato de
basquetebol. E também nesse ano, de Dún Laoghaire, Irlanda, os Boomtown Rats, com os Roxigénio, 400$00, quarta-feira
7 de Abril no pavilhão Dramático de Cascais e dia 8 no pavilhão Infante Sagres,
Porto.
___________________
[1] Ricardo Vilas: “Lá no
terreiro o burro vai falar / É o burro sábio ninguém quer acreditar / Ei gente
não se espante é o burro falante / Ei gente não se espante é o
burro pensante”. No futuro (2013), conselheiros pensantes, cartomantes, refundarão,
d.afonsohenriquesmente, o Estado; o altifalante António Borges falou: “deixe-me
dizer que isso é um corte relativamente marginal, nós já fizemos cortes muito
maiores até agora, nestes nestes dois últimos anos. Portanto, já estamos na
ponta final… portanto a questão dos 4 mil milhões, para mim, é uma questão
acessória. A grande questão, a questão de fundo, é saber se vamos fazer
reformas. Porque os grandes cortes que se fizeram até agora, que foram cortes
brutais na despesa pública foram relativamente horizontais, sem muita
seletividade. (…). Se queremos ter um Portugal, um estado social que, gasta
dinheiro com tudo e com todos, sem grande critério, duma forma, às vezes
extremamente injusta, e ao mesmo tempo permitir esbanjar biliões de euros em
capital mal gasto. [Na sua definição de “interesses instalados” não se
encurralam os seus patrões]: são sindicatos que têm condições que não são
acessíveis à grande generalidade dos trabalhadores portugueses, são corporações
profissionais que têm estatutos profissionais que lhes permitem rentabilidades
altíssimas. [Consequência dos seus sapientes conselhos ao Governo na economia]:
aceleração para uma tendência que pode ser 3, 4, 5% a prazo. (…). A crise é
sempre um momento de grande limpeza (destruição criativa? Alvitra o jornalista),
exatamente! em que há muita ineficiência que desaparece. E já é absolutamente
visível na sociedade portuguesa atualm, na economia portuguesa atualmente. E
portanto, agora vamos partir, ‘tamos a criar espaço p’a um grande conjunto
doutras empresas, ino inovadoras, criativas, exportadoras, competitivas, que já
começa a aparecer por todo o lado”. – No “Sítio do pica-pau amarelo”
(2007), Elias Turco, dono da venda de Arraial dos Tucanos, assalaria uma empregada,
Da Graça, interpretada
pela bem-aventurada atriz Flávia Rubim:
“minha sensualidade está nas covinhas e não no peito aberto. É muito melhor o
homem imaginar o que tem em baixo da roupa”.
Flávia não vê telejornais.
{Site}. {Foto blog}.
[2] No futuro, em janeiro de
2011, Cavaco Silva recandidata-se às pantufas de Belém. O casal Lourenço tem
3000 bandeiras para distribuir; Fernanda Lourenço: “agora ‘tá a ver o que eu
tenho que enfiar”; Francisco, seu esposo, prepara as bandeiras do professor há
27 anos, é funcionário do partido: “a candidatura mandou vir, não é? e depois
entregou-me para, para eu fazer a distribuição delas ao longo do país”. Entre as
elites sonantes nacionais será chiquérrimo cavacar silvamente. Na sua Comissão
de Honra soam: Ruy de Carvalho, mandatário para os velhos, Manoel de Oliveira,
Nicolau Breyner, Simone de Oliveira, Vasco Rocha Vieira, ex-governador de Macau,
Luís Campos Cunha, ministro das Finanças de Sócrates e mandatário por Lisboa,
Fernando Seara, Manuel Luís Goucha, Filomena Gonçalves, Eunice Muñoz, Bagão
Félix, Miguel Albuquerque, autarca do Funchal, Kátia Guerreiro, Joana Carneiro,
mandatária para a juventude, e Eusébio abastecia os tremoços: “Portugal é a
nossa equipa. Cavaco Silva é o nosso grande treinador. No dia 23 vamos ganhar”.
E ganhou. No seu 1º mandato, Cavaco Silva inventou a frase de orelha: “cooperação
estratégica”, e para o 2º: “magistratura ativa”. – Em 1991, na segunda visita apostólica
de João Paulo II, Maria Cavaco Silva foi a única que beijou a mão do Papa, o
marido era primeiro-ministro e Mário Soares, o presidente da República.
[3] Uma missiva, altruísta,
inocentada de desejo de poleiro: “é assim absolutamente indispensável dizer aos
militantes do PSD que não aceitaremos substituir o dr. Pinto Balsemão na chefia
do Governo ou do partido, nem aceitaremos qualquer lugar num novo Governo que
venha a ser formado”. Após a morte de Sá Carneiro, com o partido órfão de Pai, o jornal Expresso, era diretor
interino Marcelo Rebelo de Sousa, anunciava a 13 de dezembro de 1980 que
“Cavaco Silva é hipótese forte” para pater
familiae laranja. O Conselho Nacional
do PSD optou por Pinto Balsemão, e Cavaco Silva optou pela atitude da raposa da
fábula perante apetitosas uvas: “estão verdes… já vi que são azedas e duras. Só
os cães podem pegá-las”. Cavaco Silva escreveu: “interiormente, eu sentia que
não tinha as qualidades nem a força psicológica necessárias para substituir um
político de exceção como Sá Carneiro, a que se juntava o meu desejo de
regressar à vida profissional”.
[4] Significa “apunhalar
pelas costas”, forma traiçoeira de condução da atividade diplomática de Luís XI de França,
rei sem escrúpulos e que acreditava que os fins justificavam os meios. Os seus
inimigos deram-lhe o cognome de “a aranha universal”. O Papa Sisto IV deu-lhe o
título de Rex christianissimus.
[5] Ramalho Eanes, o
libertador do Alentejo. Na campanha eleitoral para a presidência da República
em 1980, Ramalho Eanes em Moura, a multidão que enchia a praça principal exigia
uma primeira intervenção política que não estava prevista: “é apesar de tudo
com agrado que passo hoje por este Alentejo e ao passar por ele constato que
homens hoje olham pra os homens com olhar de maior fraternidade, olham uns para
os outros como se devem olhar os portugueses”. O libertador do Alentejo era recebido
nas bermas das estradas e com foguetes, forçando a caravana a paragens
imprevistas como sucedeu em Alçaria da Serra; para os jornalistas: “é
efetivamente uma campanha difícil, ‘tou convencido que eu vou vencer. De
qualquer maneira aquilo que é mais importante é o imperativo moral que me
determina e é o julgamento popular que me vou submeter”. Assim, já presidente,
na terça-feira 4 de maio de 1982, Eanes fica estupefacto durante uma visita ao
Instituto Superior Técnico, alguns estudantes fazem a saudação fascista e chamam-lhe
traidor.
[6] Filho da “Tareca”, a
atriz Maria Teresa Guerra Bastos Gonçalves. O maior ator da sua geração, estreou-se
na “La guérilléra” (1982) de
Pierre Kast, filmado em Portugal, c/ Agostina
Belli, Jean-Pierre Cassel, Victoria Abril, Maurice Ronet, Sérgio Godinho…
Ronet era casado com Josephine Chaplin, a filha mais nova de Charlot, e
convidavam-no muitas vezes. Ronet explicou-lhe as vantagens e desvantagens da
profissão de ator incitando-o a prossegui-la. Aos 17 anos era forcado amador e
toureiro, partiu um pé, danificou os ligamentos e desistiu. Estudou veterinária
por ser semelhante a medicina. Na família, os homens são todos médicos, é
tradição. Quando teve de fazer um esfregaço a um cão, tirar sangue da orelha,
entregou a bata ao professor e desistiu. Licenciou-se em direito. Escreve
telenovelas, a sua receita: a) fazer a storyline,
um parágrafo onde se conta a história; b) construir as personagens, têm de ser
pessoas normais e depois é escrever o que aconteceria na vida.
[7] Um programa
de nove dias de festival, no primeiro dia, sábado, 31 de julho, com os Heróis do Mar, (cancelado),
Echo & The Bunnymen
e The Stranglers e no
último, domingo, 8 de agosto, Serenata Monumental, Homenagem ao Fado de Lisboa
e de Coimbra e Fogo de Artifício. E no dia 4 estreou-se em Portugal a Sun Ra
Arkestra. Assinatura todos espetáculos: 1300$00 até 15 de julho. Depois de
15 de julho: espetáculos de 31 julho, 3 agosto, 4 agosto de 7 agosto, 400$00
restantes dias, 150$00. – Jorge lima
Barreto, organizador da programação de jazz
e do rock do festival, formou nesse
ano com Vítor Rua os Telectu,
editaram “Ctu Telectu” (1982), como o disco não vendeu corno, a Valentim de
Carvalho derreteu-os.
[8] Pai de Shemekia
Copeland: “Maried to the
Blues”.
[9] “Fiasco foi também a
desfolhada à minhota. Valeram as maçarocas, que a assistência pôde levar depois
para assar. Bela ceia… De resto, nem se compreende como é que uma desfolhada
daquelas é feita num palco. Parecia uma atuação para turistas, daquelas cheias
de ranço. Outro efeito teria certamente se tivesse sido lá bem no centro da
plateia, com as pessoas a participarem quer na desfolhada do milho quer nas
danças, juntamente com os grupos etnográficos”.
[10] No futuro (2013), Neno,
“na veia dele”, aperfeiçoará ao ponto máximo da perfeição, “Slave to Love”, no
programa do Paulo Futre e Júlio Magalhães, “Dupla improvável”, no Porto Canal.
na sala de cinema
“La boum” (1980), motor de arranque dos
lábios de Sophie
Marceau para o beijo técnico. “Escrito por Danièle Thompson e Claude
Pineteau, o filme é sobre uma rapariguita francesa de 13 anos a ambientar-se
numa nova escola e lidando com problemas domésticos”, e ensinando ao mundo que,
para o roço nas festas, o ideal é o “Reality” do Richard
Sanderson. Na segunda festa, “La boum 2” (1982), filme estreado
no Nimas sexta-feira 17, junho, 1983, os protagonistas, Sophie, 16 anos, e
Pierre Cosso, 19, apaixonaram-se. Furo jornalístico constante na revista Bravo e na Paris
Match; “não é cinema. É o meu primeiro grande amor”, disse ela,
“como todas as raparigas de 16 anos, vou à escola, retorno a casa à noite, lavo
a loiça e os meus pais gritam-me. A única coisa que mudou desde ‘La boum n.º
2’: tenho o Pierre perto de mim o mais frequentemente possível”. Sophie casou-se
com Andrzej Zulawski, que a dirigiu em “L’amour
braque” (1985), uma despida versão de “O idiota” de Dostoievski e em “Mes
nuits sont plus
belles que vos
jours” (1989): “informático condenado pela medicina, Lucas encontra
Blanche, que usa uns óculos grandes, num café em Montparnasse”.
Sophie foi uma bond girl em 1999 e foi fotografada por Mario Testino para a
Vogue em 2007. “Cenerentola ‘80” (1983), telefilme italiano com Lory “Bonnie” Bianco
e Pierre Cosso, transmitido na RTP1 aos sábados à tarde, 8 / 22 de agosto de 1987. “Nesta versão contemporânea da história da Gata Borralheira,
uma arreliada nova-iorquina ítalo-americana de 18 anos chamada Cindy Cardone,
que deseja ser cantora apesar da oposição do
seu pai, é recambiada para Roma, para a sua irascível madrasta e as vãs meias-irmãs.
No caminho, ela conhece e apaixona-se pelo vagabundo de mochila ‘Mizio’, que eventualmente
acaba por ser Miguel Eugitio Marc Antonio Gherardesch da nobreza italiana. Há
uma fada na forma de uma astróloga maluca, um baile e ela até perde um sapato”. Quatro anos depois, o
filme, fracionado em quatro, atualizado para “Cinderella ’87”, foi uma mini-série
de profuso sucesso na Alemanha e os protagonistas, uma constante cacha alta,
autocolantes e posters na revista Bravo.
no aparelho de televisão
“Gente fina é outra coisa” (sexta-feira, 5,
novembro, 1982 / sexta-feira, 28, janeiro, 1983) na RTP 1, uma ideia original
de César de Oliveira e Nicolau Breyner. Uma série sobre um tema muito atual: as
boas práticas de empreendedorismo em tempos de crise: “os Penha Leredo,
completamente arruinados, precisavam de dinheiro. O empreendedor da família tem
então a ideia de receber na sua mansão, hóspedes ricos que pagassem pelo
privilégio do convívio com uma família brasonada e ajudassem a recompor as
finanças. Mas havia um problema: a matriarca da família, a sra. dona Matilde
Francisca Eufrosina de Santo Eustáquio Penha Leredo e Solomón Bentorrado
Corvelins, não podia saber que eram hóspedes e portanto, eles tinham que se
fazer passar por parentes distantes que vinham de longe”.
Para além da família, era parte da enobrecida mansão a cabra Ludovina. Didascalicamente,
lusitanizando: a criada de fora, Emília (Mariana Rey Monteiro): “e os criados
hoje em dia? A senhora sabe lá, para se arranjar gente de vergonha e de
trabalho, só com pedidos ao Governo e novenas a santa Rita, se um falhar,
vale-nos o outro” / os Gomes de Preciosas do
Vouga, Henriqueta da Piedade Silva Costa e Gomes (Fernanda Borsatti): “ser
construtor civil e andar na natação não são coisas que deem um nome”, seu
marido, Eduardo Gomes (António Montez): “nós temos um nome. Gomes!”,
Henriqueta: “Gomes não é nome, é apelido” / a
neta de D. Matilde, Isabel (Margarida Carpinteiro): “ah, sim! É aquele senhor a
quem abrimos a porta, eu vi logo que ele tinha de ser da família”, outra neta, Marta
(Filipa Trigo): “essas coisas sentem-se logo, é a voz do sangue, logo um Bentorrado,
cá prefiro os bem torrados” / D. Matilde (Amélia
Rey Colaço): “os Bentorrados! Os Bentorrados, são a nódoa da família. Esses
taberneiros aragoneses que não hesitaram de misturar vinho com o sangue da
nossa nobre família” / a filha de D. Matilde, Piedade
(Luísa Barbosa): “gosta dos nossos móveis? Foram todos comprados na Mobiladora
Estilo, móveis para todas as casas e todas as bolsas”, a nora de D. Matilde, Leonor
(Simone de Oliveira): “à rua da Princesa, 45-47, telefone: 0567890” , o filho de D.
Matilde, Afonso (Carlos César): “aberta aos domingos, vendas a prestações” / Roberto Pineda (Carlos Cabral): “curioso, reparei
que no vosso brasão de armas, figuram duas cabeças de cabra”, D. Matilde: “é
certo, sim! Elas foram incluídas pelo nosso antepassado D. Tancredo de Almeida
Tanquelide Alonso que se viu uma vez cercado pelos sarracenos na torre de Penha
Leredo e conseguiu resistir alimentando-se unicamente com leite de uma cabra
que ele tinha consigo”. “Origens”
(segunda-feira, 4, abril, 1983 / terça-feira, 20, setembro, 83) um novela de
Nicolau Breyner, Francisco Nicholson e Thilo Krasmann em 120 episódios. A 2.ª
telenovela portuguesa, e a primeira com um pendor musical. Didascalicamente,
lusitanizando: Luís Martinho (Nicolau Breyner): “uma cidade tão bonita e com
tanto barulho. Não há arquiteto que resista a isto, homem”, José Dourado (Tozé
Martinho [1]): “´tá-te a faltar a inspiração,
é?”, Luís: “não, a inspiração nunca me falta. Falta-me a pachorra, falta-me a
paciência, falta-me dinheiro a maior parte das vezes, agora inspiração, não.
Olha, por acaso ontem, apareceram lá uns putos em casa à noite com umas músicas
do caraças, umas coisas novas”, José: “isso é um género musical novo?”, Luís:
“o quê?”, José: “isso da música do caraças” / Teresa
(Lia Gama): “por favor, Luís, trata-se da tua filha!”, Luís: “que por acaso me
adora”, Teresa: “olha grande coisa, adora-te, foi criada no culto do pai, na
veneração do pai, na admiração do pai”, Luís: “ah, sim, porquê?”, Teresa: “por
causa da mãe” / a mamã da Máli (Maria Salomé
Guerreiro): “só no Canadá e nos Estados Unidos tenho a certeza que a minha
filha vai vender milhares de discos”, Aníbal (Asdrúbal Teles Pereira): “‘tamos
a contar com isso”, Henrique (Jorge Nery): “porquê? há lá muitos surdos, é? Não
faça caso, eu estou a brincar”, a mamã: “brincadeira tem horas”. “Lá em casa tudo bem” (terça-feira, 20,
outubro, 1987 / terça-feira, 2, agosto, 1988) na RTP2. “Horácio Pires Peres, (Raul
Solnado), português, bom chefe de família, honesto, trafulha, dinâmico,
preguiçoso, autoritário, dócil, conservador, com ideias avançadas”, presidente
do Desportivo Sport Clube, na Carregadinha, um importante agregado populacional
do concelho de Alhos Verdes, com 5 mil habitantes, cujo presidente da Junta de
Freguesia é Adelino Lopes (Armando Cortez); criação de Mário Zambujal, Nuno
Teixeira e Raul Solnado, programa gravado ao vivo nos Estúdios Edipim. Didascalicamente,
lusitanizando: Horácio: “Sabes o que são 25 anos? Um quarto de século. Sabes
que a eternidade mede-se aos séculos, portanto, nós hoje passamos os umbrais da
porta da eternidade”, Esmeralda (Margarida Carpinteiro): “Credo homem! Eu só
quero morrer quando chegar a minha hora”, Horácio: “Não percebes nada de
engenharia civil, minha amiga, mas eu adoro-te” /
dr. Francisco Leonardo Pêro Adalto de Freitas (Nicolau Breyner): “O seu trisavô
vem diretamente da progénie de Afonso Martim Peres, 12.º varão de Martim Afonso
Peres, que morreu bravamente a bater-se na batalha de Aljubarrota, na ala dos
namorados”, Horácio: “Coitado”, dr. Freitas: “É, esse foi o pai do seu trisavô.
O seu trisavô que casou, no primeiro matrimónio não teve filhos, casou segunda
vez com a filha do capelão, e daí nasceu o seu bisavô, Luís de Almeida Peres,
1.º morgado de Olival de Basto”, Horácio: “Tem piada, eu pensava que nem sequer
tinha trisavô” / Marta: "O presidente da Câmara que vem cá às 7 horas falar com o pai, que traz para ele um vinho tinto reserva, para ti um perfume francês." Esmeralda: "Ai, um perfume, um perfume, um perfume francês?" Marta: "Pra mim, imagina." Esmeralda: "Sim." Marta: "O último álbum dos Gogos!" ... dr. Teodoro Lourenço (Herman José): “Eu fico aqui à
espera, porque a sua companhia é um bálsamo para um guerreiro extenuado como eu
de tanta luta política. Aaaah, não queira saber… ah! esqueci-me, tem aqui uma
garrafinha p’o papá”, Marta (Natália Luísa): “Muito obrigada”, Teodoro: “Um petit rien p’a a mamã”, Marta: “Muito obrigada”, Teodoro: “E para si, um
LP [2]”, Marta: “Ah, é muito gentil, sr.
presidente”, Teodoro: “Presidente, não, Teodoro, os meus amigos tratam-me por
Teodoro, simplesmente, Teté, não, Teodoro”.
___________________
[1] O melhor ator da sua
geração, advogou-se o melhor advogado da geração x, e recém-advogadado assistiu
em janeiro de 2003 Vítor Espadinha contra Sam The Kid no estranho caso de um sample de uma frase de Espadinha, “quando
eu era novo havia uma coisa muito bonita, que era a sedução”, de uma entrevista
na TV, inserido por Sam The Kid na canção “Sedução”, do CD “Beats Vol.
1: Amor” (2002). Acusava Espadinha, de usurpação de direitos de autor, o juiz
decidiu contra, fundamentando que um exceto de uma entrevista na TV não está
protegido pelos direitos de autor. Sam The Kid espadeirou de volta em “À procura da perfeita
repetição”, incluindo um exceto de uma entrevista de António Pinho Vargas.
P: “gostava de se ver daqui a uns tempos num CD do Sam The Kid, recriado num CD
do Sam The Kid?”, R: “acho que sim, por um lado quer dizer que ele tinha achado
que podia fazer qualquer coisa com a minha música, nesse sentido seria uma
honra”. E a irmã, Catarina Mira, nessa mesma canção, perguntando no final: “ó
mano, quem é o Vítor Espadinha?”.
[2] “True Colours” (1980),
5.º álbum do grupo neozelandês Split Enz: “Quando mais
tarde foi lançado pela editora A&M, formas e padrões, agrestes,
imaginativos, cobriam o vinil usando uma técnica conhecida como ‘gravação a
laser’. Quando a luz atinge o disco, estes desenhos sobressairiam e girariam pelo
quarto. O álbum foi o primeiro a alguma vez usar esta técnica, originalmente
desenhada para desencorajar a criação de cópias falsificadas”.
na aparelhagem stereo
No
planeta dos homens, retalhos da vida de um país e um diálogo de machos. Os Klaxons, em Paredes de
Coura, 2010, e o locutor Luís Oliveira, perguntão: “acabaram de comer. Foi uma
boa refeição portuguesa ou comida rápida reles?”, James Righton (co-vocalista,
teclista): “quer uma resposta sincera? Foi francamente má, sem ofensa para a
vossa comida, claro”, Oliveira: “nem o vinho?”, Righton: “o vinho é ótimo”. Art Sullivan: “quando vim
a Portugal em 1976, vivia-se a revolução, eu trazia as minhas canções de amor e
foi isso que atraiu o público”. “Se não tivesse sido cantor, teria sido
condutor de autocarro”, porquê? “É uma paixão”. Bob
Dylan, no Optimus Alive 2008, proibia que o filmassem, mesmo para o video wall, depois de muito soprarem num
cabeça de vento, acedeu só com meia dúzia de câmaras e só de certos ângulos,
diz-se: “muito rigoroso com a imagem”. Katy Perry, no Campo
Pequeno, 2009: “sim, o lado da minha mãe é português. Estou muito excitada por
ver quão bem-vinda serei na minha pátria”, Luís Oliveira: “achas que tens
alguma ligação a Portugal? Sabes alguma coisa de nós?”, Katy: “sei que posso
usar o cabelo escuro, porque vocês são morenos. Não sei falar a língua, mas
gostava de saber. Ensina-me alguma coisa”, Oliveira: “o que queres saber?”,
Katy: “quero saber como se diz: dá-me o teu número, em português”. Marco Paulo, anfitrião do
seu próprio talk show, “Eu tenho dois amores” (1994-95): “vai ser um programa muito
pessoal, em que procurarei levar as pessoas a descobrirem aspetos da minha
carreira que ainda não foram revelados. Além disso irei inverter os papéis e
passar de entrevistado a entrevistador”, e num episódio bem recebeu Herman
José. Marco beija-o na bochecha esquerda, conversam. Marco: “ainda gostas de
fazer anos?”, Herman: “anos? com ‘o’?” (faz um ‘o’ com o polegar e indicador esquerdos
introduzido o indicador direito), Marco: sim (ri-se desbragado) ah ah ah ah ah,
Herman: “ a n o s, eh, sabes que há uma coisa que me preocupa…?”, Marco: “… se
quiseres”, Herman: “não sejas porco…”, Marco (ri-se zombeteiro) ah ah ah ah,
Herman: “sabes que há uma coisa que me preocupa … que eu queria compartilhar
aqui com vocês que é, desde o meu último aniversário para este, passou muito
depressa”, Marco: “e cada vez passa mais depressa”, Herman: “e ‘tá-me a fazer
um bocado de confusão. Ou seja, ontem, fiz 40, hoje ‘tou a fazer 41 e o
buraqui… ele eh aquele aquele buraquinho…”, Marco: “o espaço”, Herman: “dos
anos, pelo meio, passou numa rapidez extraordinária”. Convergem. Herman:
“geralmente gosto de dormir nu, completamente nu”, Marco: “eu também gosto de
dormir nu”.
Na
cidade nua:
Radar Kadafi, 1984, Lisboa, “antes
de se chamarem Radar Kadafi, Luís Gravato (voz), Tiago Faden (baixo), Fernando
Pereira (guitarra), Luís Sampaio (teclados) e Zé Bruno (saxofone), foram
conhecidos por Cosa Nostra, uma banda que surgiu nos Olivais em 1984 sob o
impulso de um grupo de vizinhos adolescentes, que se encontravam à noite no
café. Quando surgiu a oportunidade de apresentar o trabalho ao público, os Cosa
Nostra mudaram o nome para Radar, ao qual acrescentaram Kadafi, nome do
presidente líbio, que na altura era frequentemente notícia, por sugestão de um
amigo da banda. Foi como Radar Kadafi que se apresentaram na edição de 1985 do
Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous, onde foram apurados para a
final com o tema "Prima Donna", acabando classificados em terceiro
lugar, atrás do projeto do guitarrista João Cabeleira e de Marco Sousa Santos,
chamado THC, e dos URB, um grupo onde tocavam os gémeos Zézé e Nini Garcia”; editaram
apenas o LP, “Prima Donna”, 1987, Polygram, com Guli (bateria, precursão) e
Patrícia Lopes (coros), na capa tinha o aviso: “Este álbum é vivamente
aconselhado a todos aqueles que estão tocados pela fremência da paixão, sendo
próprio para acompanhar os momentos inebriantes na presença do ente amado. Pode
também ser bailado, recomendando-se que seja escutado bem alto para que ambos
os corações possam bater em plena sintonia” → “Eu sei
que não sou sincero”: “Ela é uma rapariga que nunca está feliz controla
descontrola gostava de ser actriz / Ele é um rapaz que nunca se dá por vencido
luta trabalha quer ser conhecido / Mas eu, eu não sou assim... / Prefiro não,
não não não... não saber o fim! / Oh, eu sei que eu não sou sincero eu sei que
eu não posso tentar fingir que posso ser...” ♣ “40º Graus à Sombra”: “Aihaiah/
Mediterrâneo agosto / Em pleno verão / Aihaiah / O sol a pino e eu faço / Uma
revolução / Aihaiah”. Porvir: Luís Gravato é ilustrador e designer gráfico;
Tiago Faden foi executivo da Sony Music e embrulhou-se na Portugal Music
Export. Uma “agência de apoio à internacionalização e exportação da música
portuguesa [que] vai receber cerca de um milhão de euros no triénio 2011-2013,
acrescentado por cerca de 150.000 euros da Sociedade Portuguesa de Autores e da
Gestão dos Direitos dos Autores, anunciou a ministra da Cultura”, a 15 de fevereiro
de 2011, Gabriela Canavilhas, que folgou: “um importante contributo para a
criação de riqueza e emprego, e para a afirmação da língua portuguesa no mundo”.
José
Jorge Letria, presidente da SPA, apatetou: “os artistas sonham, o Estado
decide e a obra nasce”; Guli é um dos arq.
Aires Mateus, o Francisco; Luís Sampaio nadou para os Delfins em 1988 ♫ Vodka Laranja, “Nuno Magalhães e João Cabeleira
estudavam no liceu Rainha Dona Leonor, em Alvalade, e frequentavam os mesmos
cafés, como o Sul América e o famoso Vá-vá. Os dois juntaram-se a
Tá (baixista), Paulo (vocalista) e Orlando (guitarra) para formar os Etos,
banda que apenas fazia versões. Os Vodka Laranja aparecem após o fim dos Etos.
A formação inicial incluía Marco Sousa Santos (voz), João Cabeleira (guitarra),
Jaimito (baixo) e Nuno (bateria). (…). Em 12 de outubro de 1979, os Vodka
Laranja atuaram na Alunos de Apolo com os Minas e Armadilhas e Corpo
Diplomático. Concerto em
que João Cabeleira tocou com os Minas e Armadilhas. Depois
entrou o teclista Pedro Queirós que ficou pouco tempo. O local de ensaios mudou
tendo passado para o quarto de João Cabeleira. Entretanto Marco Sousa Santos
saiu e entrou Gimba para o seu lugar”. Gravaram um single → “O papel” ♣ “Terra de ninguém”, 1981,
Edisom. Porvir: João Cabeleira chuta nos Xutos & Pontapés; Marco Sousa
Santos é designer, autor do “x” e de várias capas desse grupo; Gimba forma os Afonsinhos do Condado e
irmana nos Irmãos Catita
♫ THC, 1984, Marco Sousa Santos (teclas,
voz) e João Cabeleira (guitarra), divulgados no programa A Cor do Som, duas
horas diárias, entre as 16:00-18:00 horas, no FM da Rádio Renascença, apresentado
pelo Rui Pêgo. “O grupo participa no 2º Concurso do Rock Rendez Vous que acaba
por vencer. Em outubro de 1985 gravam, com produção do grupo e de Manuel
Cardoso, os dois temas do single
correspondente à vitória no concurso do RRV e outros dois para um novo single ou para uma colectânea. O grupo
contava com a participação de outros músicos como o saxofonista Gui (convidado
fixo) e o baterista Luís San Payo”. Gravaram o single → “Leve impulso” ♣ “Nada mudou”, 1986, Dansa
do Som. Porvir: Gui sopra nos Xutos; Luís San Payo, irmão de João San Payo dos
Peste & Sida, cascará peles nos Croix-Sante, Pop Dell'Arte, Moby Dick, Sei
Miguel, Ref, Rádio Macau, Entre Aspas, Xana, Casino, Los Tomatos, Rodrigo Leão
Cinema Ensemble, Double Bind Quartet, Irmãos Catita, Sétima Legião, UHF, Belle
Chase Hotel… ♫ URB, “vocalista João Alexandre
(Chana), guitarrista José Garcia (Zezé), baterista António Garcia (Nini) e
baixista Rodrigo Pacheco (Chói). Participaram no 2º concurso de música moderna
do Rock Rendez Vous onde obtiveram o 2º lugar logo atrás dos THC. Em fevereiro
de 1986 entraram em estúdio para gravar dois temas, com produção do grupo e de
Moz Carrapa, que seriam incluídos nas duas compilações com temas do 2º concurso
do RRV. (…). O grupo terminaria pouco tempo depois. Entretanto os irmãos Zezé e
Nini Garcia foram para os Mler Ife Dada”
→ “Levante” ♣ “Pecados”, 1986, Dansa do
Som. Porvir: João Alexandre vagueou nos Bye Bye Lolita Girl
(1986), nos Inocentes
(1998), nos Clark
(2012).
36 Comments:
At 9:18 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Este é o 4.º post sobre 1982, enganei e tinha numerado o anterior como 4.º, e pelo andar da carruagem ainda há boa história portuguesa para mais três. Já estou com medo de 83 e seguintes, quando o FMI veio ensinar a governar, então é que haverá momentos muito graciosos. Não tão graciosos como hoje, porque, por milagre, sorte, magia, ainda não percebi porquê, temos atualmente os melhores governantes da história que sabem quais são as soluções para o país não estar falido dentro de 10 anos (isso também sucederá porque a falência virá muito antes). O trocadilho inicial é entre falante e escrevente e não entre Cavaco Silva e burro, (ou António Borges e burro), que ele, como toda a elite lusa é só génios que nem cardumes de sardinhas.
Cavaco Silva é um tipo vingativo, quando lhe fazem alguma, como sucedeu com Balsemão que lhe mandou uns insultos sobre Salazar na altura da mudança de poleiros depois da morte de Sá Carneiro, retira-se, fica na sombra, remói, espera, e quando surge a oportunidade espeta a bandarilha. Foi o que aconteceu com a carta que ele escreveu aos militantes do PSD a pedir a demissão de Balsemão. E como fez com Santana Lopes ou nos livros no acertar de contas com Sócrates ou no discurso de tomada de posse, etc.
Não tenho a certeza que o primeiro livro de “Uma aventura” seja de 1982, no livro que tenho diz 1984, a Wiki diz 82, optei por este ano não por causa da boa informação da Wiki, mas porque a Magalhães, irmã do grande ator Tozé Martinho, numa entrevista disse que foi em 82, é possível que a idade lhe troque as datas. Este foi o ano de mais um grande festival de Vilar de Mouros, um Woodstock com cheirinho nacional com debulhada de milho, ranchos folclóricos e fado, e a GNR cascou como só eles sabem. É pena ter acabado a moda dos bigodes, o tufo de pêlos ficava tão bem com os bonés.
É muito curiosa a reação da jornalista do Diário de Lisboa ao concerto dos King Crimson e Roxy Music, ela era fã dos Stones e vinha entusiasmada com um concerto que vira em Espanha, e naquela altura as pessoas defendiam camisolas, apanhou com uma música menos bluesy e não lhe entrou. Eu estava lá e não foi bem aquilo que se passou, as pessoas mais novas que já não conheciam os King Crimson ficaram espantadas com a forma do Fripp tocar guitarra, e houve um certo ressurgimento do interesse pelos Crimson. E o que ela diz sobre o disco sound era o sentimento dos rockistas. Dos Heróis do Mar não me lembro, na altura havia uma tendência natural de ir para o bar enfrascar uns copos quando tocavam os portugueses. Só mais tarde quando se escreve a história é que os grupos se tornam muito importantes.
O Neno melhorou muito os Roxy Music, ainda bem que temos futebol. Dos anos 80 a grande revista era a Bravo, e sim, como intelectual, era o que eu lia, ler é um forma de falar pois aquilo era em alemão e a preguiça de ir buscar o dicionário falava maia alto. A série “Gente fina é outra coisa” é um exemplo de empreendedorismo, porque afinal na década de 80 e anteriores, Portugal estava falido. Foi uma iniciativa interessante a Portugal Music Export, como o nome indica, para exportar lusos sons, no Governo de Sócrates, mais interessante foi o dito do Letria: “os artistas sonham, o Estado decide e a obra nasce”.
At 4:39 da tarde, Anónimo said…
O Neno!
Devia mudar o nome para Nenez!
At 5:49 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Il castello del sogno: pois devia, Slave To Love cantado por ele, é outro patamar, é pena que o Futre não se candidate às autárquicas junto com o carequinha do Benfica, como foi noticiado.
At 10:51 da manhã, São said…
Ai, como eu achava piada ao "Sítio do Picapau Amarelo", rrss
Agora , ´só têm desenhos amimados que até assustam!!
Por isso (e por outras), as crianças crescem desequilibradas e se tornam políticos( e não só) capazes de tudo
Bisous
At 10:12 da tarde, Táxi Pluvioso said…
São: realmente o capitalismo deve estar muito mal, ainda há malta que se dá ao trabalho de meter publicidade em blogs, será que não perceberam que isso já não existe, que as massas estão noutros lados? O que a malta não tem que fazer para ganhar uns trocos, depois que os banqueiros blindaram os bancos e já não é possível assaltá-los.
Não me parece que os desenhos animados estejam mais violentos, os olhos inocentes das crianças não veem isso, haveria coisa mais violenta do que o Pica-pau (Woody Woodpecker)? Aquilo era porrada de criar bicho e de uma violência extrema. Ou do Bugs Bunny contra o Elmer, ou as patifarias do Duffy Duck? Ou nos Transformers. Mas naquele tempo havia a família, que ensinavam que aquilo era um desenho animado, porque tinham outras atividades em conjunto. Atualmente, com o fim do pai, é apenas um marinheiro que passou pelo porto, e agora com o fim da mãe, que é uma deprimida que transfere para as crianças o fim último da sua vida, perdeu-se a noção de realidade, e a TV é a mãe e a Internet o pai. Não há dúvida de que os políticos e cidadãos em geral do futuro serão mui buenos. bfds
At 11:12 da manhã, São said…
O capitalismo acabará, como acabaram todos os sistemas. Porque, ao contrário do que uma inteligência rara qualquer afirmou, a História ainda não acabou, rrss
Visto assim, não posso deixar de concordar contigo, mas seria bom ainda assim voltar à antiga maneira de mostrar violência.
Esta violência é violenta demais, passe a redundãncia.
AS crianças crescem cada vez mais entregues a si mesmas e têm como baby-siter as tecnologias, sim.
Para serem compensadas da falta de atenção , cobrem-nos de tudo quanto é possível adquiir, mas o essencial (amor, atenção, modelos de comportamento,regras ...)falha redondamente.
Como se não bastasse , existem crianças a levar trabalhos de casa em inglês no Jardim de Infância!!
Ah, e com a crise temos crianças muito pequenas a viver sózinhas, literalmente...mas nada de preocupante: "todos os ajustamentos são dolorosos" Passos dixit!
Consequentemente, Portugal prepara-se para um futuro brilhantissimo.
Desculpa o testamento e passa um excelente fim de semana.
At 1:19 da tarde, Tétisq said…
Gostava muito do “Sítio do pica-pau amarelo” mas, perdeu piada com o tempo. O burro Borges não para de dizer asneiras…
Antigamente o Cavaco escrevia cartinhas, agora deu em escrever roteiros, que devem estar cheios de páginas vazias – o homem não sai de casa!
O ‘País adiado’ não chegou a acontecer…
Nunca fui fã dos livros ‘Uma aventura’ li apenas 1 e achei uma porcaria, os putos da minha idade mereciam ter tido uma produção infanto-juvenil melhor…
São fã dos U2, apesar de não me custar nada admitir que a sua música não tem muita qualidade…
‘A paparoca era cara’? Não! A paparoca era caríssima, encontrei, ontem, num blog de ideologia liberal uma pessoa afirmar que não era necessário aumentar o salário mínimo porque se os que recebem o salário mínimo escolherem um habitação barata como é possível uma pessoa alimentar-se o mês todo por 55€ sobra muito dinheiro, enfim ‘Gente fina é outra coisa’…
Achei o episódio Espadinha & Sam The Kid, muito pitoresco…
At 7:50 da tarde, oquemevierarealgana said…
A respeito dos lembrados concertos, hove memorável - me contam amigos - que assim se tornou pela prestação do senhor Robert Fripp, k até fazia, ele e a sua banda, aos senhores do crtaz. Coisas.
bfds
At 5:31 da tarde, Anónimo said…
Escreves demasiado e principalmente sem fazer qualquer sentido. O que é engraçado não fazer sentido, mas isso só quando existe um sentido maior que não o de apenas ser ridículo. Quanto à publicidade, são bots, ou seja programinhas que o fazem automaticamente não dando qualquer trabalho ao publicitário. És um nabo portanto.
PS: Não afiliado de nenhuma companhia de publicidade, encontrei o blog por acaso e não podia deixar de chamar burro a alguém dado que surgiu a tão flagrante oportunidade. Não voltarei.
At 9:38 da manhã, Táxi Pluvioso said…
São: a nossa história, essa sim, acabará antes da História, e ao sermos governados por arquitetos dotados de um determinismo básico, manipulado a variável A obtenho o resultado B, esse fim aproxima-se. Depois do napalm fiscal, está para ser lançado outro: a enorme redução das pensões, primeiro, são as da Caixa Geral de Aposentações, que são as mais elevadas. A justificação desse facto, por serem das pessoas com mais qualificação, o velho curso, não serve de nada, pois esses cursos foram perda de tempo, não são competitivos, não são do tempo dos cursos à Relvas. Mas as outras também irão. Ainda oiço inteligentes explicações sobre a expressão “descontei uma vida para ter reforma”, e Medina Carreira é um deles: que esses descontos não estão guardados, são gastos no pagamento das reformas daqueles que já não estão no ativo, e que as pessoas ao se reformarem serão os que estão ativos que lhes pagarão a reforma. Varreu-se-lhes da memória que os fundos de pensões dos bancários, dos CTT, da PT, que existiam, foram malbaratados, e esses reformados foram fazer pressão nos gastos da segurança social.
Marcelo Rebelo de Sousa já fala de Durão Barroso na presidência da República, tal como Cavaco ficou em stand by até Sampaio acabar os mandatos, também Durão andou a arranjar fama e prestígio no estrangeiro para voltar como um emigrante de sucesso que pasma os autóctones.
At 9:40 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Tétisq: o Borges é exemplo de um padrão bem português, de o tipo que emigra e nas férias regressa no seu carrão, roupa da moda, um mix de palavras portuguesas e estrangeiras, cheio de cagança, de que na Alemanha é que é, ou na Inglaterra é que as coisas funcionam, ou na Suiça é que eles sabem fazer, e nós todos sabíamos que eles andavam lá por fora a lavar escadas e fuçar nos esgotos. Assim, Borges, Gaspar ou Álvaro, regressam iluminados à terrinha, quando lá por fora ninguém deu pela sua presença.
A malta liberal vive num mundo ideal da física do século XVI, em que ações provocam sempre determinadas reações, nem perceberam que depois disso já veio Heisenberg, a mecânica quântica, as teorias do caos, e que a noção de determinismo primário que pensam que existe, afinal não existe.
O caso Sam The Kid é um exemplo da inteligência de que é pródiga o país. Gastou-se dinheiro para justificar a existência de um número excessivo de advogados e juízes.
At 9:40 da manhã, Táxi Pluvioso said…
oquemevierarealgana: é verdade, os Crimson causaram uma impressão muito maior do que os Roxy, as pessoas ficaram espantadas com Fripp, mas a jornalista de serviço viu outra coisa.
At 9:42 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Anónimo: para se alcançar o sentido é necessário em primeiro lugar saber ler, não basta ligar as letras, isso chama-se soletrar, que muito pessoa toma por saber ler. Saber ler pesa muitos anos de prática, e não a vã pretensão de que se é inteligente. E podemos caminhar léguas terrestres e nunca encontrar um inteligente, que se deveria chamar desburro, mas por milagre ainda os há. Quando se escreve “um sentido maior”, é um inteligente que encontramos, quem muito bem ficaria numa bandeirita de manjerico.
Vejo que é pessoa viajada, sabe de bots, sabe-o à portuguesa, pela rama, aprendido na Milton Wisconsin University, e que não é avaro em partilhar conhecimentos. E pessoa de grandes empresas: encontrar-se um blog por acaso é tão difícil como encontrar o Canadá no mapa ou um português nas montadas dos frades. Quanto ao verbo voltar, nunca o deixe de conjugar, sobretudo na sua forma reflexa.
At 2:53 da tarde, José said…
Eu acho que esta ausência do Cavaco, tem tudo a ver com a escola António Arroies. E depois como ele não gosta desta música para políticos, ficava mal perante os amigos que ele tem espalhados pelo mundo, ser vaiado em cada canto um amigo.
E aproveitou esta ausência para tratar dos aposentos dos gajos da Tróika,aproveita os seus serviçais, a assim poupa algum dinheiro sempre dá para encurtar a despesa, e para lhes pagar, eles vieram devagarinho foram ficando ficando.
At 6:29 da tarde, Mariazita said…
Olá, Táxi
Confesso que li apenas até ao número 8 - o tempo escasseia...
Mas confesso que gostei do que li.
Vou apenas fazer um pequeno comentário: Mário Soares teria muito que caminhar até chegar aos calcanhares de Ramalho Eanes - pessoa íntegra e honesta qb.
Uma boa semana. Tudo de bom.
Beijinhos
At 10:16 da manhã, São said…
Não gosto de te dar razão(neste caso, perceba-se), mas sou sou obrigada a concordar contigo em tudo que aí dizes.
Medina já me irrita, diz as coisas pela metade e parece que . tal como o comentador que caiu aqui por acaso - só ele é inteligente. Além disso um esconde-se sob o anonimato e outro sob a falta de contraditório, o que acho pouco honesto.
Fica bem
At 3:00 da manhã, Anónimo said…
O Anomalos (1975):
http://www.youtube.com/watch?v=zqxGC_joX-k
At 3:52 da manhã, Anónimo said…
A colecção "enigma":
http://largodamemoria.blogspot.pt/2011/06/noite-antes-do-fim.html
At 10:06 da manhã, Táxi Pluvioso said…
José: toda a gente espera que Cavaco fale e diga coisas importantes, soluções, iniciativas, se nunca o fez até agora, dentro de uma longa carreira política, é muito improvável que o que ele possa dizer interesse para seja o que for. É a sina dos dirigentes que têm como função defender uma ordem económica, no fundo defender os seus amigos, num momento de mudança de mãos das fortunas. Até o Hollande tem o barco em águas agitadas e anda a apanhar bonés.
At 10:06 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Mariazita: Soares e Ramalho eram unha com carne, são matéria da mesma marquise, só depois de Edmundo Pedro publicar as suas memórias é que compreendi a extensão dessa amizade. Realmente, não conheço a integridade de Eanes, só lhe conhecia o cabelo da mulher, coisa muito vistosa.
At 10:06 da manhã, Táxi Pluvioso said…
São: o programa do Medina não é bem informação, é uma tribuna de onde ele explana as suas ideias, alguns dados que ele apresenta são interessantes, mas o problema é a matemática ter perdido o estatuto de ciência exata para se tornar numa justificação de políticas e base de uma pseudo-ciência, a economia. A economia, tal como a astrologia, é uma massiva acumulação de dados empíricos tratados por métodos ditos científicos, e os resultados são aproximados, ou, como muito boa vontade, para os crentes, exatos. César das Neves tem obtidos resultados muito exatos, creio eu.
Medina tem uma coisa a seu favor, foi o único que ficou na história da economia portuguesa, se fosse escrito um livro sobre tão sublime assunto, teria apenas uma frase: Medina Carreira proibiu concerto de Júlio Iglesias, não autorizou que se gastassem as divisas pois Portugal estava de tanga.
A cerimónia de apresentação das novas medidas de austeridade (agora já não têm esse nome, não sei como lhe chamam) deverá ser mais bonita que a entrega de Óscares, embora entregue bilhetes para as cantinas sociais. Estou desejoso de ver como se apresentarão os atores políticos nessa cerimónia, quem fica ao lado de quem, o cenário, a dicção, ou se será apenas o Passos a ler de enfiada como foi no caso dos cortes dos subsídios.
At 10:07 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Il castello del sogno: os gregos a gastar mal o dinheiro, de forma não reprodutiva, e ainda por cima parecem estar a golpear senhoras de bens alemãs, não admira que os povos ricos lhes secassem o dinheiro, quando virem a cinematografia de Manoel de Oliveira vamos pelo mesmo caminho.
Nessa dos policiais só comprava o que estivesse ligado à TV, a séries da TV, tinha um TV eye. Só existe o que aparece na TV, o resto são sombras chinesas (que agora nos estão a comprar).
At 10:47 da tarde, Anónimo said…
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=621270
At 9:16 da manhã, Pedro said…
http://www.youtube.com/watch?v=3YWA-f8CVW4
Não digo mais nada
At 11:19 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Il castello del sogno: c'um caraças! na flor da idade, e depois admiram-se que a Holanda tenha que cortar 4.3 mil milhões na despesa, permite que os seus melhores espíritos não estejam no telhado a uivar ao Ginsberg, isto é, na montra a piscar ao turista gerando impostos. Se artrite é motivo de reforma? nenhuma junta médica em Portugal o aceitaria (por isso é que só temos de cortar 4 mil milhões).
At 11:21 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Panurgo: Este Canuco anda a comer os nossos melhores frutos. Genial! o sensual nacional sobre patamares na excelência, é, com certeza, resultado da ação do governo sobre a economia.
At 11:42 da manhã, São said…
Não sabia dessa do Medina, rrss
João César das Neves, não suporto de maneira nenhuma: não lhe avalio a competência técnica, que não tenho conhecimentos para isso e nem ele foi ministro(e espero que não seja), mas é criatura catolicamente fanática e intolerante e eu detesto facciosismos em qualquer domínio.
Quanto à cerimónia gasparense ontem , é um filme de terror!!
Bom fim de semana
At 11:57 da manhã, Ana Casanova said…
Olá Táxi, não venho comentar e por isso te peço que depois, elimines a mensagem, porque não tenho outra forma de te contactar. Penso...
Tenho andado pouco ou nada pelos blogues e centrado a minha actividade no face.
A minha mãe faleceu em Janeiro e estive ocm ela no Natal aqui em casa cheia de escaras com feridas que chegavam ao osso. Esqueceram que ela não tinha só pulmões e cabeça mas também um corpo. Fiz o que não sabia que tinha coragem e muito menos preparação para o fazer mas se o estado não a podia ter no hospital... Acabou por ir embora e seria um egoísmo querer tê-la aqui mas está a ser difícil para mim. Não imaginas quanto... Só agora coloquei os eventos de Genève no blogue. Agradeço-te a presença e comentários sempre tão especiais e que me colocam um sorriso nos lábios, apesar dos pesares, no meu blogue e do César.
Um abraço muito forte e por favor não desapareças. Junto mais um beijinho. Uma boa Páscoa.
At 9:04 da manhã, Táxi Pluvioso said…
São: naquele tempo era preciso autorização para gastar divisas, não se gastava à parva, porque ela eram escassas, para consumo interno a malta tinha escudos e esses bastava pedir à Casa da Moeda para fazer mais.
Os cortes, perdão, as poupanças, já não são os 4 mil milhões, fala-se de 5 e tal, mas ainda está incorreto, o valor é de 10 mil milhões, enquanto não fizerem as contas a partir da sociedade e economia reais, as contas vão falhar sempre.
Hoje é o grande dia de subida de audiências na RTP, o povo anda meio atontado, já não se lembra do que foi Portugal nestes últimos 40 anos, como se desenhou o desenvolvimento económico, quem assaltou a economia, e qual era o clima quando a "crise" chegou, e Sócrates é o bode expiatório.
O César devia aparecer mais na TV, perde-se génio, parece que começou uma guerra por pessoas a falar, depois das novelas, dos reality shows, temos agora os comentadores, acho que foi a TVI que contratou a Ferreira Leite. Estou muito curioso por ver quem contrata Cavaco.
At 9:08 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Ana Casanova: não grande necessidade de apagar o comentário, tenho apagado alguns mas é spam, e aqueles que têm links ativos para não haver tentação para carregar, estou a ver que tenho de meter a verificação de palavras para conter esta coisa, que em princípio deveria atingir blogs com muita audiência, e não algo perdido na net, com menos audiência que Marques Mendes, depois das televisões reforçarem a sua dose de comentadores.
At 12:05 da tarde, São said…
Por favor não ponhas as abstrusas palavras verificatóris, que horror!!
O César Neves é bom economista, é?
Sabes o que tenho receio, entre outras coisas ? è que nos acontela igual ao Chipre : um roubo desavergonhado e sem qualificação!!!
Falas no Borges, esse funcionáro do omnipresente Goldman e Sachs? É impressão minha ou esse grupo de ladrões é judeu?
Uma Semana Santa com muitas amêndoas.
At 9:19 da tarde, Anónimo said…
Estreado ontem em Barcelona:
http://vimeo.com/59183353
At 9:29 da manhã, Táxi Pluvioso said…
São: no caso do César das Neves, a ironia, é que: se existisse o mercado como ele pensa que existe, ele não existiria, teria sido varrido pela concorrência.
Ah, o Borges, le borgés, até apetece falar francês que oiço seu nome, um português de sucesso, que tem uma visão de que do caos nasce uma ordem melhor que a antiga. Ontem, Sócrates explicou esta diferença, para ele austeridade chamava-se PEC, nestes chama-se cortes, perdão, poupanças, e que a causa desta situação foi de facto um bando de incapazes, que nunca tiveram vida, terem tomado conta do governo.
Ao Sócrates só lhe podemos apontar a falta de visão. Não é um Cavaco. Quando a Europa mandou Cavaco destruir as pescas, a agricultura, certas indústrias, Cavaco deu um murro na mesa e disse: NÃO! Eu sou economista e a linha correta para o país é apostar nos bens transacionáveis, e recusou-se a enveredar pela política do betão e construir a ponte sobre o Tejo, o Centro Cultural de Belém… Sócrates já não foi assim, quando chega a crise de 2008, e os líderes europeus estavam todos excitados pelo Obama, imagine-se um preto na presidência, que coisa maravilhosa, vamos imitá-lo, ele é o Messias, e a solução para a crise era a americana: era lançar dinheiro sobre a economia, distribuir dinheiro aos mais pobres, ajudar os desempregados, aumentar ordenados, obras públicas, Sócrates não tinha visão como Cavaco e não soube dizer NÃO, não faço isso, esse caminho vai endividar o país e levá-lo à falência.
At 9:33 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Il castello del sogno: holy vaca! já me tinha esquecido que o Jess ainda está vivo (também poderia ser: "que Jesús ainda está vivo", mas não fica muito bem, literariamente, na Páscoa). Nem sabia que ainda se fazia cinema na Europa.
At 4:16 da tarde, São said…
Mas se queres que te diga, eu - que não aprecio Sócrates e só votei nele a primeira vez e muito contrariada - desprezo infinitamente mais Passos e a sua quadrilha do que a ele, apesar de todos os erros que cometeu.
Cavaco é um medíocre hipócrita e coberde, que conseguiu convencer grande parte do povo português a elegê-lo para tudo quanto quis e aindaestou pera saber como: as pessoas não percebem nem recordam?!
Para ti, os meus votos de doce Páscoa
At 4:28 da manhã, Táxi Pluvioso said…
Passos não está a cometer erros, ele não sabe o que faz, navega à vista. Tem aquela ideia dada pelo Borges que o mercado é sacrossanto, então vamos criar mercados e retirar o Estado. Mercado de arrendamento, desregula-se tudo, que depois os proprietários e inquilinos chegarão a acordo nas rendas. Mercado de trabalho, desregula-se tudo para despedir a peste grisalha e os empregadores e os colaboradores chegarão a acordo sobre o salário, e por aí fora.
A destruição que o PSD fez do país nestes últimos dois anos levarão décadas e décadas a reparar, acho que nem vindo outra vez um professor de Finanças de Coimbra, será possível concertar isto.
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