Um
ano na ópera
1982.
Os dias do loureiro são corridos a perfumar as frontes dos heróis. Dias de loureiro
metamorfose da ninfa Dafne. Seu pai, o rio-deus Peneu, seu corpo endurou em
casca e galhos, pés sepultados na terra, num arbusto, o loureiro, sua virtude resguardando
da paixão de Apolo que perdido, enfeitiçado, pelas diabruras de Cupido, abraça
o tronco: “já que não podes ser a minha esposa serás a minha árvore” [1]. Desde esse dia as folhas de louro enfeitam as
cabeças dos homens, – e da lenda de Apolo
e Dafne desenterrou-se na casa de Jacopo Corsi no Carnaval de 1598 o tema
para a primeira ópera [2]. As coroas de louro nas
cabeças dos homens cativam viris iscas os amores femininos; outro assim através
dos tempos: “a história de
galantear os homens” - o emcee
Akinyele ft. Kia Jefferies: “Put it in my mouth / She said put it in her mouth / I said my motherfuckin
mouth / I mean her motherfuckin mouth” (1996) - homens-heróis [3], expulsam do Olimpo os deuses, e eles deuses e
meio serão enredos para óperas; outro assado da brumosa anciã Álbion: “seis
mitos sobre os pobres: que eles são preguiçosos, são viciados em álcool e
drogas, não são realmente pobres, burlam o sistema, têm uma vida fácil e que
causaram o défice” [4].
Portugal
teve casa de ópera [5], desmoronou-se em sete
meses, as operísticas personagens endógenas, essas, não ruíram, são mais que as
cantoras carecas e do fragueiro bufam cosmopolitismo. Numa ópera lusa the important
é o papelão e o vioxene dos cenários. Segunda-feira, 11 de outubro de 1982, o
programa da RTP 2, “Clube de Imprensa”, transmite pelas 22:00 horas uma peça
dramática desempenhada em canto de pardaloca, um debate entre Mário Soares e
Álvaro Cunhal. “A pontualidade de Mário Soares, e que o próprio considerou de britânica,
ficou demonstrada com a chegada do líder socialista aos estúdios do Lumiar às
21:11 horas. A acompanhá-lo, Isabel Soares, sua filha, José Manuel Santos, dos
serviços de imprensa do PS e Jorge Lacão, chefe do seu gabinete. Primeira
preocupação: as regras do jogo. Ainda Soares não tinha dado mais de dois passos
e já falava a José Eduardo Moniz, que iria moderar o debate, da necessidade de
se definirem as ditas regras. (…). Este tranquilizava-o, dizendo-lhe: ‘não se
preocupe. Está tudo previsto, doutor’. (…). Álvaro Cunhal, sem pressa mas a horas , chegaria aos estúdios
do Lumiar cerca de quinze minutos depois de Soares. Com ele, Victor Dias e Pina
Moura, da CP do PCP”. “Terminado o debate, os humores de cada um deferiam dos
iniciais. O líder socialista mostrava-se algo enervado, enquanto o líder
comunista exibia uma beatitude serena”. Das palavras ditas, Soares: “Cunhal
mete medo às pessoas. Fez mais pelo anticomunismo que Salazar e Caetano”;
Cunhal: “apoiar a candidatura de Mário Soares a Belém? Não sei que bicharoco
teríamos de engolir vivo para dar esse apoio” (era um sapo, engoliu-o, na 2ª
volta da eleições presidenciais de 1986). Soares, intriguista como um Iago de
Verdi, é essencialmente uma opereta, Natália Correia apelidava-o de “le roi
soleil”, e Herman José bosquejava-o: “adora ver o povo bem tratado, mas adora
ver os amigos com dinheiro” [6].
Quarta-feira,
1 de dezembro, Jorge Jardim “morre em Libreville, no Gabão, onde residia.
Contava 64 anos e foi vítima de um ataque cardíaco quando participava numa
reunião do Interbanque, de que era administrador”. Jardim era uma cortesã de
Salazar que não se assoava nas camélias. Empossado em 16 de outubro de 1948
como subsecretário de Estado do Comércio e Indústria; num dia chuvoso, foi com
António Castro Fernandes, ministro da Economia, a uma audiência com Salazar, no
final, o presidente do Conselho inquire o jovem Jardim pela sua falta de
sobretudo e chapéu. Responde-lhe que não usava, Salazar diz-lhe: “então passa a
usar. Vá, tenha juízo, compre um”. E comprou. Uma remodelação ministerial trava-lhe
a carreira política, discute com o novo ministro da Economia Ulisses Cortez e
demite-se em 1952. Raspou-se para Moçambique, de Lourenço Marques escreveu a
Salazar: “posta de parte a hipótese de aceitar uma ‘arrumação’, generosamente
amiga, nos quadros oficiais ou de inspiração oficial, só me restava o caminho do ultramar”. No
verão de 1952 administrava na Beira a filial da fábrica de fibrocimentos
Lusalite, de Raul Abecassis. Para divulgar Moçambique criou o concurso local de
misses: c/ Íris
Maria de Jesus, miss Moçambique e
miss Portugal 1972. Trocou centenas
de cartas com Salazar contendo informações sobre África “que obtinha dos seus
amigos poderosos (como Hastings Banda, líder do Malawi) e da rede de espionagem
que criou naquele continente. Nas suas respostas, Salazar fazia sugestões e
enviava roupa para os seus filhos recém-nascidos”, na revista Sábado n.º 448.
Jardim teve 12 filhos, nove fêmeas: Patucha, Kanicha, Xenica, Carmo, Mituxa,
Cinha, Luísa, Xandinha e Rosarinho, que se suicidou aos 33 anos. Em 1954 Jardim
está infiltrado entre os canecos “para passar despercebido, pediu ao alfaiate
do primeiro-ministro Nehru para lhe fazer um fato de cerimónias igual ao dele.
Usou-o em jantares com indianos que defendiam a autonomia de Goa”. Reportou a
Salazar: “tive de dominar muito os nervos para ouvir as coisas mais
desagradáveis a nosso respeito (…) quando tinha vontade de os desancar a
cavalo-marinho” [7].
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[1] “Metamorfoses” do poeta
latino Ovídio: “Diz-lhe o deus: já que não podes ser a minha esposa, / serás a
minha árvore, sempre a terei / nos cabelos, na cítara e aljava, ó loureiro; /
entre os chefes do Lácio ouvirás os alegres / cantos e as triunfais pompas no
Capitólio. / Serás fiel guardiã do palácio de Augusto, / e às portas estarás
protegendo o carvalho; / como jamais corto os cachos juvenis, / com perpétua
folhagem, serás sempre honrada. / Peã calou-se, e, inclinando a copa, feito /
fronte, o loureiro, com seus ramos, anuiu”.
[2] O primeiro é sempre uma paragem
arqueológica. Sobre a primeira ópera: “a resposta dos manuais é fácil. A
primeira ópera foi ‘Dafne’, tocada pela primeira vez em 1598 durante o Carnaval
na casa de Jacopo Corsi (m. 1604) em Florença, música de Corsi e Jacopo Peri
(1561-1633), libreto de Ottavio Rinuccini (1562-1621). (…). A partitura não
sobreviveu”. Antepassados
da ópera foram os intermezzi. “No
espírito da Renascença, peças romanas eram representadas nas ocasiões festivas
nas cortes dos príncipes italianos. Talvez demasiado pesadas para alguns dos
convidados. Era costume ter entretenimentos mais luxuosos (intermezzi ou peças intermediárias) entre os actos, com efeitos
cénicos espetaculares, bonitos figurinos e muito cantar e dançar. (…). Os
primeiros intermezzi preservados para
a prosperidade foram tocados para celebrar um casamento na corte dos Medici em
Florença”, na História da Ópera. Intermezzi
de Girolamo Bargagli “La
Pellegrina” para o casamento entre Ferdinando I de Medici e Cristina de
Lorena, dia 2 de maio de 1589.
[3] Nem Péricles, nem Cícero,
nem Napoleão, os heróis do Iluminismo mesmo iluminado são economistas. “A
questão social não pode ser iludida, e eu julgo também que, embora não
possa ser, não deva ser iludida, não nos deve obscurecer, digamos, a nossa
clarividência. Ou seja, não podemos pelos nossos sentimentos cristãos e pela
nossa pela nossa compaixão pelos mais pobres e pelas pessoas que mais sofrem, e
isso eu julgo que não podemos estar a medir-nos desse ponto de vista, isso não
nos deve obscurecer, digamos, a clareza do raciocínio. Ou seja, eu julgo
que há um lugar para discutir a forma de distribuição da austeridade, ou seja,
é necessário fazer cortes, é necessário reduzir o consumo, isso para mim é
evidente, porque o nosso consumo é exagerado face à nossa produtividade, face
ao nosso PIB, o consumo tem que ser reduzido. Tem vindo a ser reduzido mas tem
que ser reduzido ainda ain ainda mais. Agora, outra coisa é nós discutirmos
entre nós quais são as classes sociais, quais são as esferas da sociedade que
devem ser mais afetadas e provavelmente haverá lugar à discussão e eu poderia
entrar nisso nou noutra ocasião, sobre a justiça e sobre a forma como isso
está-se a fazer. Uma coisa é, como redistribuir como distribuir a austeridade,
outra coisa é a necessidade de a fazer. Ou seja, são duas coisas diferentes. O
consumo face às nossas necessidades de desenvolvimento tem que ser reduzido,
claramente. Nós temos que ter mais exportações, temos que ter mais capital
acumulado (…) se nós consumimos demasiado, acumulamos pouco capital”, Avelino
de Jesus, no programa da tvi24 “Olhos nos olhos” (2013).
[4] Épica ópera moderna “Anna Nicole”. “A vida de Anna Nicole Smith, a ex-coelhinha da Playboy,
morta
em 2007 por um cocktail letal de drogas, advém uma ópera. O espetáculo, que
será encenado na Royal Opera House de Londres em Fevereiro de 2011, é esperado
como um dos ‘maiores do calendário artístico do Reino Unido’, é assinado pelo
compositor Mark Anthony Turnage e pelo escritor Richard Thomas. Na estreia será
protagonista a soprano Eva Maria Westbroek”. – Anna
Nicole Smith, 1,80 m ,
64 kg ,
97(realidade aumentada c/ silicone)-66-97, sapato 42, olhos cor de avelã,
sovacos barbeados, pêlos púbicos aparados, morto, seu corpo, valorizou-se: “Larry
Birkhead pagou quase 3000 dólares num leilão (2008) por lingerie usada pela sua falecida ex, Anna Nicole Smith, numa
produção da Playboy. Birkhead explicou que pagou 1800 dólares por um corpete
cor-de-rosa e 1000 por uma combinação branca, porque ele queria dar à sua filha
de um ano de idade, Dannielynn,
uma lembrança da mãe”.
Anna Nicole sofreu agruras de heróis trágicos: “Daniel,
20 anos, morreu de overdose acidental
nas Bahamas em setembro de 2006, apenas três dias depois de a sua mãe, Anna
Nicole, dar à luz a sua filha Dannielynn”. E o cadáver de Anna dinamizou a
indústria advocatória: “Stern, 40 anos, parceiro de longa data de Smith e o
advogado, compareceram diante do juiz (2009) sob acusação de conspirar com dois
médicos para fornecer drogas
a Smith antes da sua overdose fatal
em 2007”.
A “acusação apresentou uma gravação
como prova de que Howard K. Stern e dois médicos [Khristine Eroshevich, 61
anos, Sandeep Kapoor, 40 anos] conspiraram para manter Anna Nicole Smith num
torpor narcótico dois anos antes da sua morte. (…). Stern gravou o vídeo de 45
minutos na casa de Smith nas Bahamas a 12 de agosto de 2006, na festa de
aniversário dos nove anos de Riley Shelley, a filha de um amigo”. – Corpo de
Anna no cinema: “The
Hudsucker Proxy” (1994); “Naked Gun 33 1/3: The Final
Insult” (1994); “To
the Limit” (1995); “Skyscraper”
(1996); “Anna Nicole
Smith: Exposed” (1996); “Wasabi Tuna” (2003); “Be Cool” (2005) e o
póstumo “Illegal Alliens”
(2007). Corpo de Anna nos videoclipes: Brian Ferry
“Will You Love Me Tomorrow”
(1993); Supertramp “You Win, I Lose” (1997); e
cantou, letra e música de Cole Porter, vídeo
filmado em França por Nicolai Lo Russo, “My Heart Belongs To Daddy”
(1997).
[5] A Real Ópera do Tejo, capacidade:
600 pessoas, entre plateia e 48 camarotes. Ou Teatro Real do Paço da Ribeira,
obra do arquiteto italiano Giovanni Carlo Galli da Bibbiena, paga pelos cofres
de D. José. Situado entre a praça do Comércio e o cais do Sodré, foi inaugurado
dia 31 de março de 1755, com uma superprodução que teve 25 cavalos em palco, “Alessandro
nell’Indie”, composta por David Perez, Mestre de Capela e professor de
princesas reais, a viver em Lisboa desde 1752, com libreto de Pietro Metastasio.
A programação do teatro ainda propiciou aos cultos nobres de Portugal mais duas
óperas: a 6 de junho “La clemenza di Tito” e “Antigono” a 16 de outubro,
compostas durante a sua permanência em Lisboa, por Antonio Mazzoni, libretos de
Pietro Metastasio. No dia 1 de novembro de 1755 pelas 09:45 Lisboa treme, o
terramoto estremeceu o coração de Voltaire em Paris e na devastação o fausto
foi-se por esse rio abaixo, sobejaram apenas as pedras derribadas da Real Ópera
do Tejo.
[6] Antes dos amigos está a própria pele. Em fevereiro de 1975, Álvaro Cunhal precipitava uma política de esquerda:
“se formos ver as conclusões das comissões, quase todas elas concluíram pela
necessidade de nacionalizações”. “Na ordem de trabalhos, está inscrito ainda
outro assunto mais, e esse assunto adquire, no momento em que vivemos, um
profundo significado para os trabalhadores rurais: é a reforma agrária. A
liquidação dos latifúndios tornou-se um objetivo profundamente sentido pelas
mais amplas massas trabalhadoras”. Em 19 de maio, Raul Rêgo, acusado de
transformar o jornal
República, no órgão oficioso do Partido Socialista, é expulso da direção pelos
trabalhadores. Mário Soares lucra: “a ocupação do República jogou, nessa
mutação psicológica, um papel decisivo: a história do assalto ocupou as
primeiras páginas dos principais jornais internacionais, foi a primeira grande
‘campanha de alarme’ tocada no exterior, anunciando que a democracia portuguesa
estava em perigo”. Com o país na rota da esquerda, a direita amotina-se,
incendiando sedes do PCP sob a sotaina do cónego Melo, um padreca bombista, que
lutava contra “os inimigos da Pátria”, os comunistas, coadjuvado pelo MDLP (Movimento
Democrático de Libertação de Portugal), cujos operacionais escondera num
seminário de Braga. Era o Verão
Quente de 1975.
Mário
Soares declarava, politicamente: “o PS não tem armas e não tem a vocação de
formar milícias armadas”. Verdadeiramente: “no dia 25 de novembro de 1975, o
então tenente-coronel Ramalho Eanes mandou entregar aos elementos de ligação no
PS um lote de 150 espingardas automáticas G3, para o que desse e viesse.
Edmundo Pedro, um dos dirigentes socialistas ligado ao setor da ‘segurança’,
recebeu nesse dia, ‘de Manuel Alegre, a indicação para ir ao Centro de
Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa, a Cascais, receber as 150 G3’. A
entrega foi discretamente feita pelos militares pouco depois da meia-noite e
Edmundo recebeu instruções de um dos oficiais que lhe entregaram as G3 para não
revelar ‘a quem quer que fosse a origem das armas’ e para ‘apagar o número
identificador gravado nas espingardas metralhadoras’”, no jornal O Diabo , nº 1880. Edmundo
transporta-as para a sede nacional do PS em Lisboa: “tinha muita gente à minha
espera. A maioria dos que ali se encontravam tinha sido avisada pela rede
partidária do setor de segurança que eu estava a chegar com a encomenda que
lhes era destinada”. Mário Soares antes mexera cordelinhos: “pouco antes do 25
de novembro entrevistei-me, na Grã-Bretanha, com [James] Callaghan, a quem
disse que ia produzir-se um golpe comunista e que era preciso contra-atacar. Os
Nove e os que organizavam a resistência tinham medo de que não houvesse
suficiente gasolina no país, nem bastantes armas. Callaghan enviou-me um
oficial do serviço de espionagem britânico, que pus em contacto com os Nove [Melo
Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco
Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo]. A sua missão era estudar
a maneira como nos poderia ajudar a Inglaterra nas primeiras horas, no caso de
o país ficar dividido ao meio. No estudo da situação, chegou-se à conclusão de
que eles nos fariam chegar armas ao norte, no caso de ser necessário”.
“Em
1975, durante um jantar na embaixada alemã em Washington, Willy Brandt procurou
convencer Kissinger de que Portugal não era uma causa perdida. Um dos convivas
presentes nesse jantar descreveu esta troca de informações. Kissinger começou
por traçar o seu cenário pessimista, afirmando que a única forma de travar a
maré comunista seria com o envio de marines.
Segundo nos confidenciaram, Brandt teria retorquido: ‘Henry, por favor, deixa
serem os europeus a tratar do assunto, nós saberemos lidar com ele e sairemos
vitoriosos’. Irritado, Kissinger replicou que Brandt não percebia a realidade
portuguesa. Portugal está perdido. Foi-nos dito que Brandt o contrariou,
afirmando: ‘que mesmo que seja a última coisa que os sociais-democratas façam
na Europa, fá-lo-ão: salvaremos Portugal’”, Juliet Antunes Sablosky, em “O PS e
a transição para a democracia em Portugal”.
O
Regimento de Comandos da Amadora de Jaime Neves, coronel promovido a
antifascista, arrefeceu o verão quente. E as fuscas do PS não deram um tiro.
Foram arrecadas num armazém da empresa de eletrodomésticos de Edmundo. No dia
11 de janeiro de 1978, a
Guarda Fiscal intercepta na zona de Almada uma carrinha com 36 armas, Edmundo
supervisionava a sua devolução aos militares, atrás, no seu carro, intrépido,
responsabiliza-se pelo carregamento e é preso. “O dirigente socialista e
presidente do conselho de administração da RTP Edmundo Pedro foi detido no
decurso de uma operação desencadeada pela Guarda Fiscal. Fonte próxima de
Edmundo Pedro disse que a prisão teve lugar às 13 horas. Sabe-se, igualmente,
que a Guarda Fiscal estava há cerca de uma semana para desencadear esta
operação, esperando que a Polícia Judiciária a dirigisse”. Seria um caso de
contrabando de eletrodomésticos, junto com as G3 estavam alguns gira-discos,
que depois se provou estarem legalizados, outra detenção fora a sobrinha,
Adelaide Pedro, gerente da Tecno-Bazar, na rua Oliveira Martins, 41-C, Lisboa. No
dia 12, de manhã, o Secretariado Nacional do PS conjurar-se na casa de Mário
Soares no Campo Grande para o comunicado de ratos a abandonar o navio: G3?
“decerto relacionadas” com tarefa “antifascista” e “antitotalitária” de
Edmundo, “o Secretariado Nacional do PS, independentemente da solidariedade
que, no plano pessoal, deve a Edmundo Pedro, não pode deixar de reprovar, no
plano político, um comportamento de que não tinha conhecimento e a que é
absolutamente alheio”. Caía Edmundo como contrabandista para não manchar outras
reputações. Ramalho Eanes era presidente da República e Mário Soares primeiro-ministro.
Edmundo
Pedro cumpriu “seis meses de vexatória prisão condicional” de bico calado.
Manuel Alegre e Tito de Morais visitam-no. “Não tinham vindo visitar-me para me
apoiarem moralmente e para me comunicarem que iriam assumir, perante o juiz, as
suas próprias responsabilidades. Tinham vindo para se eximirem a elas,
deixando-me mais afundado do que estava. O principal objetivo da visita era,
afinal, convencer-me a não referir o nome de Manuel Alegre no processo que me
estava a ser instaurado”. O seu amigo Manuel Alegre temia o cárcere: “Edmundo,
espero que não fales de mim (…). Não queres que eu seja preso, pois não?”. O PS
pagou advogados caros Francisco Sousa Tavares e Proença de Carvalho. “Sousa
Tavares tinha acompanhado de perto a entrega das armas aos socialistas e era
membro do PS”. Aconselharam-no a contar toda a história ao juiz, Edmundo não se
chibou. Escreveu nas suas “Memórias, um combate pela liberdade, III volume”: “se
tivessem reivindicado a legitimidade da posse das armas, esclarecendo que,
tendo deixado de ser necessárias, estavam a ser por mim recolhidas para serem
devolvidas às Forças Armadas, todo o desenvolvimento do processo teria sido
outro”. Muitos anos depois, almoça com Ramalho Eanes no hotel Altis,
descreve-lhe o seu currículo, dez anos no Tarrafal, participação no 25 de
novembro, porque raio o então presidente da República lhe negara a condecoração
da Ordem da Liberdade? Eanes faz-se desentendido: “peço-lhe desculpa pela
decisão que então tomei. Estava mal informado. Ninguém nem no seu partido, nem
no Governo, desmentiu essas versões altamente caluniosas”.
[7] “Quando vivia em Lisboa,
era habitual ir no dia 13 de cada mês a Fátima com o amigo Baltazar Rebelo de
Sousa, pai de Marcelo. Partiam depois do jantar e à meia-noite estavam na
capela das Aparições a rezar”. Depois do 25 de abril, foi emitido um mandado de
captura contra ele, refugiou-se na embaixada do Malawi, na rua dos Navegantes,
na Lapa. Vinte e três dias depois, às 05:32 do dia 13 de junho de 1974, retirou
a cavilha de uma granada ofensiva, “disposto aos últimos extremos”, e fugiu
para Espanha. João Braga, um berrador de fado, também escapulido de Portugal e
a conspirar em Espanha, recebeu um telefonema de Jardim: “yo soy el comandante
Pereira y quería hablar com usted”. Marcaram no estacionamento do prédio no
centro de Madrid onde vivia Braga: “parecia um mexicano. Tinha um bigodinho, o
cabelo muito empastado e usava botas de tacão alto”. Seriam dois parceiros na
maquinação para retroceder a rota de Portugal. “Com medo de estar a ser
vigiado, Jardim entrava no rés-do-chão de João Braga em Madrid pela varanda”.
“Numa noite, sentados numa das mesas de gamão de uma discoteca, Jardim
contou-lhe o seu plano: pegar fogo às 318 sedes de partidos do que chamava
‘esquerda radical’, da Lourinhã até São Pedro da Torre, durante o verão quente
de 1975. João Braga tornou-se operacional desse plano, mas Jardim não chegou a
entrar em Portugal”, na revista Sábado, n.º 448.
“Jardim
passaria os seus últimos anos no Gabão como banqueiro associado do presidente
Omar Bongo. (…). O banco tinha alguns problemas de capitalização e, talvez por
isso, o seu médico e amigo Carlos Graça [foi primeiro ministro de São Tomé]
sentia-o angustiado. (…). Jardim estava numa reunião com o seu filho Carlos Frederico
e caiu com a cabeça sobre a mesa”. Morreu. Com descendência certificada. Filha
de Cinha, a sua
neta Pimpinha
Jardim: “quando estou
grávida fico com o olfato superapurado, pareço um cão de fila lá em casa”.
na sala de cinema
“Roba da ricchi” (1987), realização Sergio
Corbucci, filme com três pares de hipertrofiadas glândulas mamárias all’italiana [1]:
Serena Grandi, 1,70 m , 100-60-100, sapato 35, olhos cor de avelã,
cabelo castanho, corpo laureado “em virtude do seu compromisso com a
implementação dos ideais mais nobres e valores da vida, confere-se a nomeação
de académico honoris causa a Serena Grandi”
[2]; Laura Antonelli
1,72 m ,
58 kg ,
91-58-88, sapato 38, olhos cor de avelã, cabelo castanho, corpo subestimado: “sou
baixa, um pouco magra e tenho as pernas bastante curtas, quem sabe porque
agrado?”. [3]; Francesca Dellera, 90-58-90,
olhos castanhos, cabelos castanhos, corpo esfaimado: “às vezes acho que
gostaria de dois homens, um não é suficiente”
[4]. Dédalo: “sob o pano de fundo de Monte Carlo
desenvolvem-se três histórias diferentes. 1ª história: Attilio Carbone (Paolo
Villaggio) é um empregado trapalhão de uma seguradora, que foi despedido por
ter aceitado o seguro de um cão, contra os danos causados pelo animal. Encontra
Dora (Serena Grandi), que o vai
convencer a vender ao marido (Maurizio Micheli) um seguro de vida e depois
matá-lo, dividindo ambos o dinheiro. 2ª história: o ‘commendator’ Aldo
Petruzzelli (Lino Banfi) é um rico empresário que não hesita em trair a mulher
Mapi (Laura Antonelli), com diferentes mulheres. Ao reunir-se com a família em Monte Carlo , descobre
que a esposa perdeu a cabeça por Napoleon (Maurizio Fabbri), um músico de rua;
a conselho médico (Milena Vukotic) e para vencer a depressão, aceita reunir-se
com a mulher e o amante desta. 3ª história: ‘Don’ Vittorino (Renato Pozzetto) é
um sacerdote que, de volta de uma viagem a Lourdes com alguns paroquianos, é
retido em Monte Carlo
por ser a cópia exata do homem que perturba os sonhos da princesa Topazia
(Francesca Dellera). Sobre pressão do futuro marido desta, de um monsenhor (Vittorio
Caprioli) e do próprio Papa João Paulo II, é obrigado a concordar em fazer-se
passar pelo tal homem que aparece nos sonhos da princesa”.
___________________
[1] E uma ainda adolescente Claudia Gerini,
1,68 m ,
86-55-86, olhos verdes, cabelo castanho. Em 1985, aos 13 anos, vence o concurso
de beleza Miss Teenager.
Esse corpo insuflará para filmes como: “Padre e figlio” (1994); “Sono pazzo di Iris Blond” (1996); “Il
gioco” (1999) c/ Susan Lynch; “Desafinado”
(2001) c/ Ariadna Gil; “Non
ti muovere” (2004); “Viaggio
segreto” (2006); “La
sconosciuta” (2006); “Una
famiglia perfetta” (2012). Claudia também é cantora “Maniac” ♫ “Teorema”; e dança no varão embalada
por “El tango de Roxanne” da banda sonora do filme “Moulin Rouge”, no programa
de variedades da RAI 1, “Riusciranno i nostri eroi” (2013).
[2] Serena Grandi “é o nome
artístico de Serena Faggioli nascida em Bolonha a 23 de março de 1958. Formada
em programação de computadores, ela foi inicialmente empregada num laboratório
de análise científica. Começou a sua carreira na representação em 1980
interpretando um papel secundário na comédia ‘La compagna di viaggio’
de Ferdinando Baldi. Antes tivera uma breve aparição no filme ‘Ring’ (1978) de Luigi
Petrini. No mesmo ano de 80, sob nome de Vanessa Steiger, fez o papel de Maggie
no controverso filme ‘Antropophagus’,
realizado por Joe D’Amato. (…). Depois de vários papéis menores ganhou o papel
principal em ‘Miranda’
(1985), de Tinto Brass, que lhe deu estatuto de sex symbol na sua nativa
Itália e lançou-a no caminho do estrelato”. Serena noutros
filmes: “Desiderando
Giulia” (1985), inspirado no romance Selinità de Italo Svevo, que Mauro
Bolognini traduziu numa versão mais literal no filme “Selinità” (1962) c/ Tony
Franciosa e Claudia Cardinale; “La
signora della notte” (1985), “Simona, uma jovem professora de aeróbica,
descobre os prazeres do sexo extraconjugal, mas acaba por regressar para o
marido para um final, católico, reprodutivo, para em nome do amor verdadeiro terem
um filho. O único objetivo do filme é mostrar a abundante Serena Grandi a lidar
com variados e fogosos amantes. Assinala-se uma masturbação com o cano de uma
arma”; “The Adventures of
Hercules” (1985) c/ Lou Ferrigno, o Hulk na série de TV “The Incredible
Hulk” (1977-1982); “Rimini
Rimini” (1987), realizado por Sergio Corbucci, várias histórias de engano e
sedução entrelaçam-se em Rimini. “Ermenegildo Morelli (Paolo Villaggio) é um
juiz em férias, severo defensor dos bons costumes e absolutamente contra a
pornografia, é seduzido por Lola (Serena Grandi), e por ela começa a fazer
loucuras. O objetivo de Lola é vingar-se dele porque no passado ele tinha-a
fechado num local rígido”. Diálogo no filme - médico: “você viu um gato sem
olhos, negro, encaracolado, peludo… não compreendo!”, Gildo: “doutor, o gaaato
era um… um ‘acessório’… de uma mulher nua”; “L’iniziazione”
(1986), da novela “Les exploits d'un jeune Don Juan” (1911) de Guillaume
Apollinaire, com a estreia cinematográfica de Virginie Ledoyen aos 10
anos de idade; “L'insegnante
di violoncello” (1990), “chega o verão e, para escapar ao tédio, um jovem
de boas famílias decide ter aulas de violoncelo”; “Monella” (1998),
realização Tinto Brass, c/ Anna
Ammirati,
Edith
Rozanyai, Serena
Grandi, Francesca
Nunzi… “O filme passa-se na Itália dos anos 50, mais precisamente numa
pequena cidade na fronteira com a província de Emilia Romagna e perto de Véneto,
para ser exato estamos em Pomponesco, e narra a história de Lola, uma rapariga
muito sexy, que está preste a casar
com Masetto, padeiro ciumento, que decidiu ‘respeitá-la’, sendo a moça ainda
virgem”. “Brass encontrou a
sua protagonista, Anna Ammirati, quando acidentalmente chocou nela com o carro enquanto
ela andava de bicicleta. Embora saísse ilesa, Anna disse na brincadeira a Tinto
que a menos que ele a contratasse para seu último filme, ela denunciá-lo-ia à
polícia”. Anna cantou para a banda sonora “Monella”, música Pino
Donaggio, letra Tinto Brass. – O
título do filme repetiu no grupo italiano de rockabilly Go-Go
Monellas.
[3] “A trajetória de Laura Antonelli
declina bruscamente na noite de 27 de abril de 1991, quando são encontrados na
sua vivenda em Cerveteri 36
gramas de cocaína depois de uma rusga motivada por uma
denúncia anónima. A atriz é presa alguns dias e colocada sob prisão
domiciliária. É condenada em primeira instância a 3 anos e 6 meses de cadeia
por tráfico de droga. Em 2000, após nove anos de recursos, o tribunal da
relação de Roma retém a acusação de posse para uso pessoal mas não a de tráfico
de droga. Laura Antonelli é absolvida de todas as acusações contra ela. (…).
Durante a preparação de ‘Malizia
2000’ (1991), Laura Antonelli submeteu-se aos cuidados de um cirurgião
plástico que lhe injeta colagénio na cara para esconder algumas rugas, mas o
efeito, inesperado e dramático, provoca-lhe uma alergia grave que deixa
sequelas mais ou menos irreversíveis. Uma ação cível opõe a atriz e o cirurgião.
Depois de treze anos de litígio, o tribunal de Roma rejeita o seu pedido de
danos e prejuízos e acorda que os distúrbios dermatológicos sofridos por Laura
Antonelli não são devidos à injeção de substâncias, mas a uma reação alérgica
chamada edema de Quincke. Por conseguinte, as acusações contra o cirurgião são
arquivadas, assim como sobre o produtor e realizador processados eles também
por a terem forçado a seguir o tratamento. A lentidão excessiva da justiça
provocou um estado de sofrimento mental profundo em Laura Antonelli
que é admitida no manicómio de Civitavecchia, o que leva os seus advogados a
acusar o ministério da Justiça e a exigir uma justa reparação do Estado
italiano pelo prejuízo sofrido. O desgastante processo judicial termina
finalmente. O tribunal da relação de Perugia, por despacho de 23 de maio de
2006, reconhece uma compensação de 108 000 euros, correspondentes aos prejuízos
sobre a sua saúde e a sua imagem”. Luchino Visconti
catalogou-a “a mais bela mulher do universo”, entre 1972 e 1980 Jean-Paul
Belmondo circum-navegou-a, em 1980
a Playboy
italiana paginava-a. O implacável tempo retalhou-a:
“hoje eu não preciso de dinheiro, vivo com pouco, leio, rezo e faço o bem”,
vive com 510 euros de pensão. Laura gravou alguns anúncios da Coca-Cola para o
programa de TV “Carosello” (1957-77), fotografou-se para as difundidíssimas fotonovelas,
e estreia-se no cinema em pequenos papéis como em “Il magnifico cornuto”
(1964) ou “Le
sedicenni” (1965). Outros filmes: “Le spie vengono dal semifreddo” (1966), Franco Franchi e Ciccio Ingrassia contra ameaças ao
Ocidente e aos generais da NATO; “Venere in pellicia” ou “Le
malizie di Venere” (1969), o filme, uma transcrição demasiado literal da
novela “A Vénus das peles” (1870) de Leopold Sacher-Masoch, foi “lançado na
Alemanha em 1969 sob o título ‘Venus im Peltz’, na Itália, o filme não passou
na censura por causa das cenas de sexo consideradas demasiado escabrosas. A
película, despojada das cenas mais fortes, foi reintroduzida em 1973 sob o
título ‘Venere nuda’, mas esta versão cortada foi proibida e a obra não foi
distribuída nas salas de cinema. O filme poderá sair nos cinemas italianos, em
formato altamente censurado e alterado, apenas em 1975 sob o título ‘Le malizie
di Venere’ (título concebido propositadamente para aproveitar a onda de
popularidade que colheu Antonelli depois do sucesso de ‘Malizia’ dois anos
antes)”; “A Man Called
Sledge” (1970), um western spaghetti c/ James Garner; “Incontro
d’amore a Bali” (1970), “realizado por Ugo Liberatore em 1970, com o título
emblemático de ‘Bali’,
por insucesso comercial, foi relançado nos cinemas em 1972 com o título de ‘Incontro d’amore’ e ainda
mais tarde como ‘Incontro d’amore a Bali’. O projeto inicial de 1970 manteve a
estrutura geral, mas adicionou-se a sequência de abertura do filme dirigida por
Paolo Heusch que, em teoria, devia ser usada para completar o enredo, mas
realmente acrescentando pouco ao filme, exceto o elemento dúbio representado
pela presença de algumas cenas de nudez rodadas por Ilona Staller, com o
pseudónimo de Elena Mercury”; “Il
merlo maschio” (1971), “situado na cidade de Verona, em particular no
ambiente da Orquestra Filarmónica da Arena, conta a história do frustrado
violoncelista Niccolò Vivaldi (Lando Buzzanca), bloqueado na sua carreira e
negligenciado pelo seu maestro, que começou a fotografar a sua amantíssima
esposa, a cantora Costanza
(Laura Antonelli), em poses cada vez mais ousadas, para depois mostrar as
imagens, primeiro, ao melhor amigo Cavalmoretti (Lino Toffolo), e depois aos
colegas, num crescendo de exibicionismo que a levará ao nu integral
(aparentemente casual) diante de toda a plateia da Arena durante a
representação da Aida”; “Trappola
per un lupo” (1972), de Claude Chabrol, “o dr. Paul Simay (Jean-Paul
Belmondo), médico de província, sedutor inescrupuloso de mulheres feias, porque
são as mais fáceis, diz ele, trai a sua feia mulher Christine Dupont (Mia
Farrow), com quem casou para impulsionar a sua carreira, com a bela irmã dela, Martine
(Laura Antonelli). Acabou com as pernas partidas no hospital devido a um
acidente de viação, quando um médico amigo, o dr. Berthier (Daniel Ivernel),
lhe diz que perdeu a virilidade, tenta o suicídio. Ajuda-o a mulher que
confessa ser amante do seu amigo”; “Malizia” (1973), de
Salvatore Samperi, “Acireale, final dos anos 50. O industrial têxtil Ignazio La Brocca , viúvo com três
filhos para criar, encontra na empregada doméstica Angela La Barbera , contratada pela
defunta esposa e que chegou no dia do funeral, a mulher ideal para casar, um
perfeito anjo do lar, de maneiras modestas e mamalhuda”. Samperi falhou o mesmo
sucesso comercial com uma replicação de argumento e atores em “Peccato veniale” (1974);
“Sessomatto” (1973),
filme de Dino Risi em vários episódios sobre sexo e perversões sexuais; “Mio Dio, come sono caduta inbasso!” (1975), “na Sicília, no início do século, Eugenia di Maqueda (Laura
Antonelli) e Raimondo Corrao, marquês de Maqueda (Alberto Lionello), depois de
se casarem descobrem na noite de núpcias que são irmãos, o que impossibilita a
consumação do matrimónio. Por questões de herança e decoro da casa, os dois
decidem não revelar a ninguém a verdade. Perante todos representam o papel de
marido e mulher, mas na sua intimidade vivem em absoluta castidade como irmão e
irmã. Mas as necessidades carnais da bela Eugenia, ainda virgem, são cada vez
mais prementes”;
“Divina
creatura” (1975), “na alta sociedade de Roma nos anos 20, o duque Daniele
di Bagnasco (Terence Stamp) é um dos homens mais proeminentes, brilhante e charmoso
conquistador de corações femininos. Quando se arrebata pela burguesa Manuela
Roderighi (Laura Antonelli), compartilhando-a e depois roubando-a ao seu
ingénuo namorado Martino Ghiondelli (Michele Placido), aquela que deveria ser apenas
a sua enésima aventura de curta duração, transforma-se numa paixão ardente,
submetida a dura prova quando ele descobre que esta senhora frequenta
habitualmente o bordel da infame sra. Fonés (Doris Duranti), e sente-se
atormentado, perguntando-se se ela corresponde verdadeiramente aos seus sentimentos”; “L’innocente”
(1976) de Luchino Visconti, “na Roma de Umberto I, em 1891, o aristocrata
Tullio Hermil (Giancarlo Giannini) não tem escrúpulos em expor publicamente a
sua relação extraconjugal com a condessa Teresa Raffo (Jennifer O’Neill). A
dócil esposa Giuliana (Laura Antonelli) parece resignada a uma convivência
limitada à ‘estima e respeito’ recíproco”; “Mogliamante” (1977), “no
início do século XX, Luigi De Angelis (Marcello Mastroianni), rico comerciante
de vinhos da província de Véneto, tem uma esgotada relação conjugal com a
mulher Antonia (Laura Antonelli), que sofre de distúrbios histéricos e está acamada
com calmantes e soníferos. Num período de acesa disputa política, ninguém
suspeita dele como anarquista e autor (sob o pseudónimo de Ulisse) de opúsculos
clandestinos incitando à revolta. Testemunha involuntária de um homicídio,
Luigi acredita ser procurado e é forçado a esconder-se no sótão da casa de seu
primo Vincenzo (Gastone Moschin). O desaparecimento do marido obriga Antonia a
vencer a sua doença imaginária e a cuidar dos negócios da família: na charrete,
começa por dar uma volta pelos clientes e, no decorrer destas visitas, não só
descobre as simpatias anarco-libertárias de Luigi, mas também as suas relações
extraconjugais”; “Casta e pura” (1981),
“Antonio (Fernando Rey) é o marido de uma rica herdeira que, pouco antes da
morte da mulher, compreendendo os riscos de ser expulso do património, convence
a moribunda a pedir um voto de castidade à jovem filha Rosa, de modo a que esta
não pudesse casar até à morte do pai”; “Porca vacca” (1982),
“Primo Baffo (Renato Pozzetto) é uma espécie de cantor de cabaré que entretém o
povo com canções e sátiras durante a guerra. Faz de tudo para evitar ser recrutado
para a guerra. Todavia, no final do último espetáculo, é levado à força diante
do coronel para o alistamento. Primeiro finge ser homossexual para esquivar a
incorporação, mas o coronel mete-o na ordem pedindo-lhe para inserir um
dispositivo no reto para provar a sua homossexualidade. No dia seguinte, Primo
Baffo parte para a frente, mas depois de alguns quilómetros de patrulha numa
aldeia cruza-se com uma rapariga indigente chamada Marianna (Laura Antonelli)
que, seduzindo-o, despe-o, e ajudada pelo cúmplice Tomo Secondo (Aldo Maccione)
rouba-lhe toda a roupa e objetos pessoais”; “La
venexiana” (1986), de Mauro Bolognini, “no século XVI, em Veneza, decorrem
as festas. Angela (Laura Antonelli), uma bela viúva, está mal de amores.
Durante um passeio de gôndola apercebe-se de um belo jovem, Jules (Jason
Connery, filho de Sean Connery e da falecida atriz australiana Diane
Cilento), que erra nas estreitas ruas. Ela cai no seu feitiço. Nessa noite,
durante uma procissão, este belo estranho apaixona-se perdidamente por Valeria
(Monica
Guerritore), uma outra mulher soberba”.
– Laura Antonelli tem uma sósia, Kristen
Pyles i. é. Hailee
Rain, 1,70 m ,
52 kg ,
88-60-88, sapato 37,5, olhos azuis, cabelo castanho, nascida dia 18 de março de
1991, modelo de Nova Iorque, foi Cyber Girl em março
de 2011. Kristen diz:
“estou apenas a divertir-me e a viajar por aí. Estou a conseguir papéis em
filmes em Atlanta, eles são pequenos, mas quem sabe onde eles levarão!”. “Gosto
de namoriscar, sou muito sociável e divertida. É difícil não me notar!”.
[4] Francesca
Dellera nascida na
província de Latina, Lazio, dia 2 de outubro de 1965, “concluído o liceu
muda-se para Roma onde começa a trabalhar como modelo. A sua beleza física,
nesta fase da sua carreira, aterrou-lhe a imagem nas capas de
publicações nacionais e internacionais. Foi fotografada pelos maiores nomes da
fotografia, incluindo Helmut Newton, Dominique Isserman, Greg Gorman, Michel
Comte, André Rau, Annie Leibovitz e muitos outros”. Alguns filmes: “Grandi magazzini” (1986) ainda
como Francesca Cervellera, c/ Laura Antonelli, Simonetta Stefanelli, Ornella
Muti, Eva Grimaldi e a Sabrina Salerno
como larápia de roupas; “Capriccio”
(1987) de Tinto Brass. Francesca: “eu não tinha 20 anos ainda. ‘La Chiave’ (1983) tinha
acabado de sair, um grande sucesso, e toda a gente queria o papel principal no
novo filme. Eu fui escolhida numa discoteca e convocada para um teste. Sendo anarquista,
não levei o assunto muito a sério e continuei a dormir. Eles ligaram-me outra
vez. Eu fui sem grande entusiasmo”; “La
romana” (1988), mini-série televisiva do romance de Alberto Moravia
realizada por Giuseppe Patroni Griffi. Na “La
romana” cinematográfica (1954) de Luigi Zampa, uma macia Gina Lollobrigida interpretava
o papel de Adriana, na TV, engelhada pela velhice, contrataram-na para mãe. Francesca:
“a sua hostilidade causou-me muito sofrimento. Eu era muito jovem e ingénua.
Junto de mim encontrei uma pessoa altamente competitiva, nada humana ou
generosa. Ainda me pergunto hoje por que concordou ela em desempenhar o papel
da mãe quando era claro que ainda queria ser a filha”. “Houve uma cena em que
ela, como mãe, tinha de me bater. As bofetadas que ela me deu eram reais,
magoaram-me realmente. Justificou-se dizendo ‘eu uso o método da verdade’.
Noutra cena ela devia atirar-me uma tesoura. Patroni Griffi deteve-a. Ele
compreendeu tudo”; “La
carne” (1991) de Marco Ferreri que lhe chamou “a mais bela pele do cinema
italiano”. Francesca sobre Ferreri: “a nossa foi uma imediata compreensão entre
dois anarquistas. Ferreri era um homem livre, um cosmopolita como eu. Acho que
o defeito de certos realizadores italianos é ficarem fechados dentro dos seus limites.
Não procurarem novos desafios”. “Marco Ferreri baseou esse filme em mim, ele
vinha a minha casa com a argumentista para inspiração. ‘Só tu podes fazer este
papel’, costumava ele dizer”; “L’orso
di peluche” (1994) c/ Alain Delon e Francesca como a roliça Dj Holly.
no aparelho de televisão
“Passerelle” (terça-feira 4 de outubro de
1988 / sexta-feira 17 de março 1989) na RTP1, original de Ana Zanatti e Rosa
Lobato Faria, 120 episódios, segundo elas, para “mostrar as coisas bonitas de
Portugal, não só na moda como também na culinária e no turismo”, c/ Carmen
Dolores, Manuela Maria, Maria David, Filipe Ferrer, Armando Cortez, Alexandre
de Sousa, Carlos Daniel, Guida Maria, Lídia Franco, Manuela Carlos, Helena
Isabel, Margarida Carpinteiro, Virgílio Castelo, Vítor de Sousa, Luísa Barbosa,
Natalina José, Rosa do Canto, Fernando Mendes, participação especial Florbela
Queiroz, Júlio César, Ana Padrão, Isabel Gaivão, Julie Sergeant, Filomena
Gonçalves, Paula Cruz, Paulo Trindade, Ana Bola, Cláudia Cadima, Dulce
Guimarães, Inês Vaquinhas, João de Carvalho. Telenovela “descrita pelas autoras como
‘a história de duas irmãs que seguem caminhos diferentes’, Passerelle
mostra-nos o agregado familiar de Luís Cardoso (Filipe Ferrer), casado com
Maria do Carmo (Carmen Dolores), uma mulher submissa e acomodada que vive para
as lides domésticas. O casal tem dois filhos: Gil (Paulo Trindade), estudante
de Arquitectura, e Catarina (Ana Padrão), cujo sonho é ser modelo. (…). Outra
família central é a de André Guimarães (Alexandre de Sousa), dono de uma
fábrica de confeções. André enviuvou muito cedo e a sua filha Rosarinho (Julie
Sergeant) foi criada com a ajuda da governanta Amélia (Manuela Maria). Esta não
resiste aos galanteios do contabilista da fábrica, o senhor Teixeira (Armando
Cortez), a quem considera ‘um homem muito fino’. Rosarinho namora com Gil, mas
o romance fica atribulado com a chegada da prima Céu (Helena Isabel), cujo
principal passatempo é semear intrigas no seio da família”. Curiosidades Passerelle:
“na trama, Célia e Lurdes eram rececionistas do consultório do professor Senna
Rocha, médico de Maria do Carmo. O
jornal Se7e publicou um artigo sobre estas personagens,
entrevistando duas rececionistas reais, que as classificaram de ‘ridículas’,
por lerem fotonovelas e bisbilhotarem a vida particular dos clientes. (…). A
menina Ritinha foi vivida por Inês Vaquinhas, sobrinha de Guida Maria (sua mãe
na novela). A pequena intérprete confessou à revista Maria não gostar de Nuno Teixeira,
o realizador. Porquê? ‘Porque é um chato. Obriga-me a decorar muita coisa e não
me deixa tossir’. (…). Também a criada Luzia despertou algum sentimento de
antipatia do público. Embora não fosse uma vilã, Luzia desejava tudo o que
Rosarinho tinha, desde as roupas ao namorado, Gil. Isabel Gaivão, a sua
intérprete, chegou mesmo a ser ameaçada na rua!”. Mário Castrim desfilou-se: “a
imagem do primeiro capítulo pareceu-me de muita qualidade, de grande
transparência, utilizando em força cores básicas da TV: verde, azul e vermelho.
Pessoalmente prefiro os suaves tons intermédios de que a televisão inglesa tem
o segredo”. “Arroz
Doce” (segundas-feiras à noite de 8 de abril / 5 de agosto de
1985), “que era para se chamar ‘Amigo público’. O estúdio era uma sala de estar
e a porteira do prédio era a dona Rosa (Eunice Muñoz). Era designado pelo seu
autor como ‘Talk e Humour Show’”. O programa
editava um jornal, o Pau
de canela: “o
órgão oficial do Arroz Doce, o único semanário que o não faz chorar ao fim de
semana, à sexta-feira nas bancas”. Teve o passatempo Hula-Lois, uma ressuscitação
do hula hoop pela marca de jeans
Lois; apontamentos humorísticos com Rufina e Baltazar, Ana
Bola e Maria Vieira, os gatos que vivem no apartamento do Júlio; e números
musicais como, na estreia, os Odisseia Latina com
Isabel-Victoria da Motta. Ou Márcio
Ivens e as Tetéias – um cantor brasileiro de estrondoso êxito nos anos 70
com “Bilú tetéia”, e cronista
de duas páginas na Crónica
Feminina, a revista da mulher portuguesa, publicada pela Agência Portuguesa de Revistas
às quintas-feiras, custo 1$50; as Tetéias, as
bailarinas, que foram dezenas, regeneravam-se consoante envelheciam ou
casavam-se. “Bogi” Beatriz agora tem 80 anos, casou com o maestro Vasconcelos,
Wanda Kritiscaya casou com o pianista Mário Simões…
na aparelhagem stereo
Anthony
Bourdain, no seu programa enfarta-brutos de javardice culinária mundial, “No
Reservations” (2012), confabulava com um aborígene: “Tozé Brito é um lendário
produtor de música, compositor, músico e contador de histórias. Ainda se lembra
da altura em que a expressão artística era censurada pela polícia política de
Salazar”; Tozé Brito amostarda o seu profile:
“pertencia a um dos grupos mais famosos daquele tempo, por causa disso, tínhamos
um historial político, muitos discos foram proibidos pela polícia política,
tirados das lojas… Decidi que não iam pôr-me no exército a lutar uma guerra que
não era minha”; Bourdain: “o que fez?”; Tozé: “desertei. Fui-me embora. Fui
para a Inglaterra e depois da revolução voltei”. Não é congénita esta versúcia para
desentranhar espírito de gola alta na linha rasa da vida de cada um, arrosta de
muita educação com vara e pau que bussola a barcaça de ossos pelos alísios dos
altos valores adquiridos. O alcaide (Costinha): “é o que tem uma pessoa
casar-se na tua idade. Na tua idade deve-se estar viúvo, pelo menos, de uma.
Olha, eu estou de quatro: Rosa, Manuela, Visitação e Henriqueta Gomes, que foi
a última. Todas boas raparigas. Gostavam muito de dançar e de água fresca.
Todas, sem exceção, provaram muitas vezes esta vara. Na minha casa… na minha
casa, coser e cantar”, na peça “A sapateira prodigiosa”
(1968), de Frederico García Lorca, tradução Carlos Wallenstein, encenação
Varela Silva, música García Lorca, c/ Amália Rodrigues; um DVD que a berradeira
de Lisboa via incontáveis vezes, recorda o guitarrista Mário Pacheco: “ela
achava aquilo muito ternurento”.
O
declínio instrutivo advertiu-o Camilo Castelo Branco: “já não há pais que
saibam criar as filhas com pão e pau…”, e mesmo já não havendo pais, as filhas,
floridíssimas, água benta e alecrim, propugnam. Os Funkylicious: “Rigth To Be Wrong” E “Superwoman” (2010) c/ Catarina
Feio, segunda filha de António Feio, a primeira, Bárbara, desenha moda. Alimentada
pelo pai a montante Powered by Seat a jusante a cantora
de alma Áurea: “porque
eu quando era pequenina não, não gostava nada do nome, porque não havia ninguém
com, com, com o nome de Áurea, e portanto nós quando somos pequeninos gostamos
de ter mais alguém, gostamos de ser acompanhados em tudo o que fazemos e não
conhecia nenhuma Áurea em
Silves. Então queria mudar o nome pró da minha melhor amiga,
pronto. Que era Sónia”. Planos de vida: “eu queria fazer nascer bebés, que era
o que eu dizia, queria ser parteira. O meu pai gostava que eu fosse advogada,
na altura, e eu queria seguir Psicologia. Acabei por entrar em Linguística, em
Lisboa, e não gostei, não me identifiquei com o curso, de todo, e alterei pra
teatro”. A vida acontece: “foi um, um amigo, um grande amigo meu, o Rui
Ribeiro, que estudava música na mesma universidade e então ouviu-me cantar… ele
ouviu-me cantar na brincadeira e então aquilo chamou-lhe à atenção e ele pensou:
‘fogo! tenho que que ouvir isto melhor’. Foi-me ouvindo mais vezes…”.
As
filhas já não se educam com pão. A neo-fadista Carminho: “o meu primeiro cachê
foi uma piscina da Barbie” – vídeo “A Bia da Mouraria”,
realização João Botelho. E o pau amoleceu-se em alegorias, Ana Free: “foi
simplesmente um projeto que achei, que achei interessante que, eu normalmente,
não, não me enfio em coisa que não, da qual não gosto, não é? é uma regra
minha, mas eu gostei mesmo do projeto”. Projeto: “Summer Love” com a dupla
brasileira Claus e Vanessa. “Claus
Fetter e Vanessa Marques conheceram-se há doze anos nos bares de Porto Alegre.
Influenciados por ídolos da infância e adolescência que vão de Elis Regina a
John Mayer, resolveram apostar na música em 2001. ‘Conheci a Nessa dando uma
palhinha em um bar de Poa. Quando a ouvi cantando falei, ela tem que cantar
comigo’, afirmou Claus. ‘Fazíamos vários formatos de shows no circuito de bares
e baladas, que chegavam a ser até nove por semana. Numa casa noturna de praia
eram cinco mil pessoas vindo abaixo. Alguns leigos achavam que havia uma banda
por trás da gente tamanha a animação do público’, lembra Vanessa”.
No
ocaso da educação paterna irroga-se o poente da língua materna. O cómodo degrau
da escrita carunchou na guerra dos trinta anos, numa batalha de letras, uma
zargunchada brigada por peritos da lusitana glote, perdida! amaro Acordo
Ortográfico, com os doídos cortes nas letras, caladas, mudas, mortas, da vivedoura
língua de Portugal. Os sabidos, e uma moura encantada em Belém também, alcantilaram-se,
aprumados de razão, confundidos entre signo e significado, sarapatel, onde não
há uniformização ortográfica praticável quando, a boca de um português, mesmo
nos coros, pronuncia: “moça eu não tenho pressa p’ra te conquistar / o braço da
viola vai-me consolar até você abrir de vez o seu coração”, “Amor de violeiro”, da dupla
luso-brasileira Marcelo e Alex.
Aldemenos,
a linguagem do amor ilibou-se deste desentendimento. Camilo one more
time: “e as mulheres mais bonitas de
Portugal. Se o senhor visse as camponesas da Maia, as padeiras de Valongo e
Avintes, as lavadeiras de S. Cosme e Fânzeres, as varinas de Espinho e Ovar!
Não leu em Virey que as mulheres mais lindas que ele vira nas suas viagens
foram as de Guimarães?”. Ó filhas da nação! Ó mães de Portugal! medi-vos,
pesai-vos, fotografai-vos, empreendei vós mulheres de espavento, no site Apartado
X ponde-vos na posição missionária de faular amor honesto e imaculado nos
homens. Que, legitimadas diante de Deus e do civil, os seios aflantes, o
averdugado ventre, as frescuras íntimas, serão açacalados em núpcias no Motel
Dunas: Dj Mia Ferrero ft.
Canuco Zumby: “esta noite eu quero sexooooo / eu quero muito sexooooo”, Mia:
“qual é a tua? hummm, fica, fica, ai tão bom (risos)”.
E dia e noite nos anos 80:
Teresa Maiuko nasceu em Lourenço Marques ,
Moçambique, “em 1985 estreou-se como cantora nos Trópico, conjunto de baile que
não deixou rasto. Depois prosseguiu como cantora de bares. No Xafarix conhece
Luís Filipe, o autor e produtor do seu primeiro single, ‘Under
Cover Lover’. O seu segundo single,
editado em Novembro de 1986, é ‘Do You Wanna Spend The Night’. Enceta uma
digressão por Portugal e pelo estrangeiro. Participa no Festival da OTI de 1987
com ‘Não me tirem este mar’,
música de Carlos Mendes, letra de José Jorge Letria, arranjos do maestro José
Calvário. Em 1988 grava para a MBP o seu primeiro álbum que foi um fiasco
comercial”. Em 1991 troca Lisboa por Londres: “fui estudar arte moda mas também
tinha a ver com música”; e ainda canta “Break Down the Walls” ♫ Diva, 1985, “três elementos dos Odisseia Latina
decidem formar uma nova banda com o objetivo de participar no II Concurso de
Música Moderna do Rock Rendez Vous. Para vocalista escolheram Tucha que era
presença assídua nos ensaios do grupo. Acabam por não participar no concurso do
RRV mas conseguem arranjar contrato com a Metro-Som, editora mais ligada ao
folclore e à música popular mas que tinha sido a responsável pelas primeiras edições
de nomes como UHF, Jafumega e Aqui d'El Rock. O grupo estreia o estúdio
‘Metrópolis’ de Manuel Cardoso onde estiveram duas semanas e meia. Em Novembro
de 1985 é editado o primeiro single
com os temas ‘Chuva’
(lado A) e ‘Saudade e
Raiva’ (lado B). Devido a um erro gráfico lamentável os temas aparecem
indicados como ‘Saudade’ e ‘Raiva’. O grupo era constituído por Natália ‘Tucha’
Casanova (voz), Pedro Solaris (guitarra), João Vitorino (bateria), Diamante
(baixo) e João Marques (teclas)”.
Conheceram Ricardo Camacho num espetáculo das Manobras de Maio, que lhes
produzirá o álbum “Ecos de
Outono” (1990). No programa de Marco Paulo, “Eu tenho dois amores” (1994-95),
os Diva apresentaram “Mariana”.
– Marco Paulo não avelhenta, em abril de 2010 esgueira-se de surpresa no
programa Curto Circuito da SIC Radical: “querem saber uma coisa? uma novidade,
é eu ser espetador e assistente em minha casa deste programa, do Curto
Circuito”. Ele é um galã, um ladies killer, o mais macho português, despe-o com
o intelecto Lili Caneças: “é uma pessoa que transmite uma imagem de alegria, de
bem estar e boa disposição”, e é um beijoqueiro experiente do corpo feminino,
quando afinfou a cantora brasileira Joana no seu programa, murmurava: “hum que
doçura, hum que coisa tão boa”. Na entrevista a Natália Casanova, a rebelde
alça do vestido preto cai, Marco repõe-a no sensual ombro, enquanto ela
desfiava a biografia da banda: “eu lembro-me que o primeiro espectáculo que eu
dei era num bar do Bairro Alto que já não existe, que era o Ocarina, foi antes
de nós gravarmos o nosso primeiro single
e que foi num espaço tão pequeno quase como este ou então mais pequeno… que eu
via as pessoas mesmo à minha frente, eu ‘tava tão nervosa, tão nervosa que não
me conseguia sair a voz, eu só dizia meu Deus, eu não vou conseguir cantar”. C/
Adolfo Luxúria Canibal “E o verbo criou a mulher” (1996).