Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

terça-feira, maio 19, 2009

Sim we can… e muito

Outro embuste morde o pó. Durante 70 anos, a História da
Segunda Guerra Mundial boiou por personagens 101% cinematográficos. Entre pipocas e linguado zuniam os nomes de Roosevelt, Churchill, Stalin, Eisenhower ou Marika Rökk (Hitler chamava-lhe “minha hungarazinha”) conduzindo os acontecimentos, mais tarde somados nos livros. Mas isso foi antes dos portugueses atingiram a fase do “sangrarei para que a bandeira avermelhe, manjerico cultivarei para que esverdeie, ensaboarei o mastro para que suba ao firmamento”. A temporada “espectacular” do, se é português? apoda-se-lhe um “emoticon”, uma medalha, uma comenda, um crachá porque fez, pela Virgem Maria e São Dom Nuno, obra.
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Nesta estação radiosa do “abana a árvore que só cai português” era estranho que um descendente dos celtiberos não “mudasse o curso da História”. Finalmente, os serviços secretos ingleses desclassificaram o ficheiro com o nome de código
KV 2/2946 – 2947, destapando “o facto” fundamental, sem o qual tudo seria diferente. Gastão de Freitas Ferraz, radiotelegrafista do Gil Eanes, navio hospital de apoio à pesca do bacalhau, foi preso por transmitir, aos alemães, os movimentos das bravas naus aliadas. Continuasse ele a espiagem e Rommel estaria à coca do desembarque de Patton nas areias do norte de África e a “Operação Tocha” morreria na praia.
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Jucifer – formados em 1993, por Amber Valentine e o namorado Edgar Livengood, para acompanhar o cortejo musical que conduz o psicadelismo para a corte de Satanás, onde a música de câmara é muito melhor do que no céu. Na realidade, a música pop moderna começou com os Black Sabbath, os Beatles, vulgarmente santificados como patronos dessa proeza, eram apenas acerca de fatiotas apertadas, sapatos bicudos para matar baratas nos cantos, cabelos para esconder os enormes abanos de George Harrison, gritinhos histéricos ofensores dos tímpanos dos bófias nos concertos, Ravi Shankar, baldes de dinheiro, Meditação Transcendental do Maharishi Mahesh Yogi (a lua-de-mel metafísica terminou por causa de uma tentativa do Mestre para comer a Mia Farrow, que ela própria, no seu estado de “consciencialização”, não tem a certeza, se as intenções do Guru eram sexuais ou espirituais, quando ele tentou abraçá-la numa caverna escura), e canções para bebés e punks e arqueólogos e Patty Boyd, (modelo da Mary Quant e mulher de Harrison, que lhe inspirou a composição de “Something” e, ao mesmo tempo, objecto de assolapado desejo erótico de Eric Clapton que lhe escrevia “Layla”, “Bell Bottom Blues”, “Wonderful Tonight” pelos cantos, até que ela lhe abriu o tal “cofre”, casaram-se e… divorciaram-se. Ó felicidade!).
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Vindos da cidade de Atenas, no estado da Geórgia, os Jucifer são um duo do dito “
sludge metal”, som agressivo, distorção e palavras gritadas contra a “beatlice” das celestiais harmonias certinhas – When She Goes Out” z “Superman” z “Queen B” z “A Partridge in a Pear Tree” z em concerto z parte2].
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Guy Liddell, director da contra-espionagem do MI5, entre 1940 – 45, relata o caso Gastão: “conversei com Lamplough (do sub-comité Conjunto de Informações do Gabinete de Guerra) acerca do Gil Eanes que, segundo cremos, a 4 e 5 de Agosto, comunicou aos alemães os movimentos dos nossos navios, a partir de S. João da Terra Nova”. O Lamplough, funcionário de sangue na guelra, propôs logo “abalroar o Gil Eanes, que assim se tornaria ‘spurlos versenkt’ (“afundado sem deixar vestígios”) e sem sobreviventes”. O luso
Mata Hari, interrogado, com bons modos e civilidade, no Camp 020, contou o seu fado: “foi sondado por um Fernando Rodrigues, que o convidou a encontrar-se com um alemão chamado Schmidt, que lhe ofereceu 1 500 escudos por mês para enviar mensagens via rádio, relatando o que observasse enquanto no mar”. Andava ele, afinal, no proverbial desenrascanço, apartado do tabuleiro da guerra: “era a forma de eu ganhar mais algum dinheiro. Como estava com a vida atrapalhada”.
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Bongzilla – grupo de stoner metal formado em 1995 em Madison, no estado de Wisconsin, promotor do consumo e legalização da marijuana. Uma posição cívica contaminadora de políticos mortos (mas ainda não enterrados), como o ex-Vincent Fox do México, o ex-Fernando Henrique Cardoso do Brasil ou o ex-César Gaviria da Colômbia, que nos seus geriátricos chás canastas alvitram ideias, que lhes escassearam nos dias de poleiro. A palavra “bong” celebrizou-se recentemente com as fotos de Michael Phelps, agarrado ao modelo ROOR Ice Fairmaster 5.0, um cachimbo high tech para fumar marijuana ou outras ilegalidades – “Greenthumb z “Amerijuanican z “Grim Reefer].
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O espião Gastão assemelha-se ao
Zé Carioca que também “mudou o curso da História”. Nos anos 30, a administração de Franklin Roosevelt acarinhava o programa “Bom Vizinho” destinado ao seu quintal privado: a América Latina. Que consistia em substituir a traulitada militar por uma, mais deleitosa e menos dolorosa, penetração cultural. Nesta política de boa vizindade, quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial, os grandes estúdios de Hollywood foram encorajados a situarem a acção dos filmes em países sul-americanos ou incluírem temas dessa região. E, também, as estrelas de cinema foram recrutadas para excursionarem, seduzindo os indígenas com charme e glamour, mas a sua pouca paciência para aturar subdesenvolvidos e mosquitos, exigências de vedeta emproada e má educação, inquinou a iniciativa.
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No Verão de 41,
Walt Disney, a mulher, e vários artistas dos seus estúdios, partiram numa comitiva conhecida como “El Grupo”, para uma tournée na América do Sul. Oficialmente promoviam o filme “Fantasia” e pela porta do cavalo deveriam atrair Governos e povo para o lado certo da guerra. As autoridades americanas inquietavam-se com a recepção, mas o poder do rato Mickey sobrepôs-se e, quando Walt desceu no aeroporto do Rio de Janeiro, uma multidão (mais de 1 000 pessoas) aguardava para lhe tocar as mágicas mãos. John Hay “Jock” Whitney, responsável pelo programa “Bom Vizinho”, desfez-se em elogios ao desenhista: “o seu comportamento público é irrepreensível. Mantém-se sereno perante a adulação e pressão – apenas assina cada autógrafo e continua a sorrir”. Em 1942, os estúdios Disney estreiam “Saludos Amigos”, introduzindo o Zé Carioca na sequência “Aguarela do Brasil”, o herói que conteve o avanço da influência alemã da América Latina.
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[Opeth – grupo sueco desovado da maléfica ninhada do “death metal escandinavo”, embastecido com ingredientes do folk, do rock progressivo, do jazz. O nome provém de “Opet”, uma cidade lunar, no livro “Sunbird” de Wilbur Smith. Principiaram a carreira em 1990, em Estocolmo, quando o vocalista David Isberg convida Mikael Åkerfeldt para assumir o cargo de baixista da banda, como ele não avisara os outros elementos, inclusive o actual baixista, quando Åkerfeldt apareceu nos ensaios, eles não gostaram, e partiram para outros cozinhados. Muitos músicos desfilaram pelos Opeth mas Åkerfeldt, intercalando com os seus projectos paralelos – Bloodbath / Steel / Katatonia / Sörskogen –, mantém-se no timão da metrópole da lunática – “Porcelain Heart” z “Burden” z “The Grand Conjuration].