Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

quinta-feira, maio 19, 2011

Jardim de begónias hortênsias azáleas

Na pequena aldeia da Lusitânia, sôbolo povo que vai, por Poceirão, lhe acharão, onde sentado, lhe governarão. Brando remanso, desperta calipígia invídia, e todos querem arrimar-se aos cabrestos de seu destino [1]. Fado elementar, entretido com enxada, lar, pão [2]. – Matada a gualtaria, o grau de governabilidade de um povo ensoalheira [3]. O ex-sindicalista Torres Couto elucidava, sobre possíveis sublevações, por falta de cheta nos cartões Multibanco populares: “violência social? Felizmente não vai haver porque… não somos gregos… os portugueses sentem-se vingados com uma greve geral, com uma boa manifestação. Eu penso que esse papel dos sindicatos é muito importante… que é o papel… o do enquadramento orgânico, exactamente”, umas febras, um tintol, uns estandartes, umas palavras de ordem e haja saúde! Escandaleira, só de Paris [4]. Do berço ao esquife, os lusos resinificam vasto brio nacional, que profliga montanhas e estorvos [5]. Uns votos são cautério, nos hematomas, para o progresso económico, embora o povo não vote sempre nos certos. Por José Sócrates ainda apresentar boa posição nas sondagens, o ilustre foliculário, João Pereira Coutinho, pôs a mão na sarda: “não podes, não podes também excluir a estupidez do eleitorado. Não! Quer dizer, como elemento de análise”, (no programa da tvi24, “a Torto e a Direito”). Felizão povo, que por ti eletrificam sábios, que melhor sabem, as encóspias para teu par de botas folgar [6]. Que se vendem, não por baça bacia de barbeiro, mas por um punhado de ricos “troikinhos”: é estrangeiro? escrito em inglês? é bom! Aplaudem o sebastiânico programa da troika que esmoncará o país dos entulhos ao crescimento. – Porque o programa do próximo Governo já está cozinhado, os líderes vestem avental de estraga-molhos, uns prometem orégãos, outros coentros, outros salsa frisada, outros cebolinho, nas próximas eleições, caveat emptor (= “cautela comprador”, “comprar por conta e risco”) [7]. Archie Bunker, da série “All in the Family” (1968-1979), explicava ao genro, a filosofia política de Nixon: “não esperem nada do vosso Governo. Façam pela vida”. E o povo que todos, finlandeses, alemães, franceses, belgas, apátridas, querem governar, ainda espera que desta vez é que vai acertar na eleição. Mas, quem topava os lusos, era José Manuel de Mello…

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[1] As alcatras lusas excitam desejo de poder, desejos de campanha, fome de votos, de gerir o Estado, na democrática Inglaterra, causam apreciação. No casamento real, a esposa ajoelhou, porém os olhos focaram-se no essencial e fundou-se a Sociedade Apreciadora do Rabo de Pippa Midleton, a irmã da noiva, Catherine: duquesa de Cambridge, enamorada do príncipe muito antes de o ver em carne e sangue azul: “ela até tinha um poster do seu dream boy na parede”, de quem os súbditos já entreviram as cuecas. Na party as nobres inglesas desfilaram a estranha maluquice por chapéus estrambólicos: a rainha; as filhas de Sarah Ferguson, as princesas Eugenie e Beatrice, na criação de Philip Treacy: “a minha inspiração é a beleza e a elegância. É um casamento real do século XXI”, sobretudo a carapuça de Beatrice prouve tanto, que o leiloaram para caridade, god save seu british traseiro; Victoria Beckham. E, para os plebeus, uma cerveja: Royal Virility Performance.

[2] Salazar arengava: “não devemos ser imodestos de considerar, lançar, executar o nosso plano para os próximos seis anos. Mas podemos sentir orgulho em afirmar que é filho dos mesmos princípios e se integra no nobre pensamento de alcançar, não com frases literárias, mas com realidades concretas atingíveis, para cada braço uma enxada, para cada família o seu lar, para cada boca o seu pão”.

[3] Como uma tarde com Rita de La Rochezoire, “23 anos, de Linda-a-Velha, licenciada em Sociologia, escreve argumentos para TV. Bandas preferidas: Pink Floyd, Pearl Jam. Desportos que pratica: ginásio”; com Chris Isaak em Cascais; na girl band MaxGirls: “quando conheci o futuro da banda em termos de som e de imagem, desisti. Eu, que até prefiro o rock ao pop, fui ficando cada vez mais distante do projecto”.

[4] Portugal também estava sem vintém em 1664. Mas não foi a falta de ouro na fazenda que trouxe a rainha enfurecida à rua. D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, prima de Luís XIV, pelo arranjinho do conde de Castelo Melhor, casara com D. Afonso VI, rapaz impotente, amante de comida, putas e raids pelas ruas de Lisboa, com o seu gangue, partindo cabeças de incautos cidadãos que se lhes cruzassem. Certo dia a rainha, os calores da falta de assistência, desesperaram-na, com um grupo de barulhentas damas da corte, saiu à rua e armou um escarcéu, que o rei não era homem, que não levantava o pau, que ela preferia o cunhado, o futuro D. Pedro II, na cama. A Igreja concedeu a separação e ela casou e foi feliz. Prenderam D. Afonso VI nos Açores, depois no palácio de Sintra, onde morreu. Na corte de Paris foi o escândalo e Portugal vítima de chacota.

[5] Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto demissionário, exemplifica esse orgulho: “eu acho que nós temos todos a obrigação de olhar para esta final (taça da Liga Europa) como um dia de festa, um dia de festa para o futebol português, um dia de festa para os dois clubes que participam nessa final, e um dia de festa p’a Portugal. (…). Que devo valorizar é o facto de haver dois clubes portugueses nessa final e o facto dessa taça vir p’a Portugal. E o facto, e o facto, de ser um momento alto de afirmação do futebol português”: afirmado por grandes portugueses no Porto: Hulk, Falcão, Fucile, Helton, Sapunaru, Maicon, Otamendi, Cristían Rodriguez…; em Braga grandes portugueses afirmam: Artur Moraes, Marcos Alberto, Rodriguez, Paulão, Vinicius, Leandro Salino, Keita, Meyong….

[6] Kat (Linsey Shaw) personagem da série “10 Things I Hate About You” (2009-2010): “uma feminista de língua afiada, com um forte sentido de si mesma e um sagaz desprezo pelas armadilhas do liceu”, concorria para a Associação de Estudantes, no Padua High School, ignorando que a câmara estava ligada, desabafa: “bom, a verdade é que todas as manhãs acordo e penso quem são estas pessoas? Porque sou eu a única que se preocupa com algo que interessa? E todas as manhãs lembro-me de que eles são idiotas. Têm o cérebro do tamanho de uma ervilha, que só conseguem processar informação por Twitter, toque de telemóvel ou uma atualizaçao no Facebook. E se eles não pensam por eles, então precisam de alguém como eu para pensar por eles”.

[7] Foi o que fizeram os espectadores do último concerto dos Sex Pistols na América, 14 de Janeiro de 1978, no Winterland Ballroom, em S. Francisco, primeira parte pelas bandas punk locais, The Nuns e os Avengers.

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José Manuel de Mello nasceu “rico e em pequeno queria ser playboy”. Pipas de massa, fê-lo observador dos seus conterrâneos, em 2005, dizia: “acho que o português é o mais provinciano que há. Somos periféricos. O português é essencialmente pouco evoluído. Vive longe da realidade. Tem uma posição quase de espectador permanente. Mesmo todas as ligações com o mar, que é um dos meios de comunicação mais antigos, não tiveram em nós grande influência. Somos burgessos. Temos uma atitude meio saloia. Sinto-me incomodado com o país. Basta assistir a uma sessão da Assembleia da República. Fico maldisposto durante 8 dias. A primeira coisa que faço é pegar num avião e sair daqui, para ver se refresco” [1]. Mansos [2] e burgessos [3]. Seus jardineiros cavaram-lhes um bem granado futuro: a dívida pública será 101,7% do PIB em 2011, e 107,4% em 2012; recessão de 2,2% em 2011, e 1,8% em 2012; 13% de desemprego; 500 pessoas, por mês, entregam as chaves aos Bancos por incumprimento; falências; aumento de criminalidade e, se as estatísticas são apenas a matemática politizada, o jardim será ainda mais florido. E o povo escapulir-se-á da piranguice com uma boa manifestação. – Contra a Seleção, de mau resultado no Mundial da África do Sul, um popular de megafone, numa açougada, no aeroporto: “exacto. Então? Só tenho mais é que fazer. Então isto é uma vergonha. A Seleção é uma vergonha. Não vale a pena a Seleção. É, é, é o Queiroz não ‘tá lá a fazer nada. Ainda por cima assinou mais dois anos para quê? Para quê? Eh eh eh”. Os líderes, por seu lado, ainda gélidos pelo ataque de moca de Dominique Strauss-Kahn em Nova Iorque [4], e que não foram educados na escola protestante alemã para esconder a ereção, não aventuram sortudos lançamentos de dados, “Roll a D6[5], em direções para seus povos, não olvidam a Indira Gandhi do bom tempo: “o pão é mais importante do que a liberdade”, e por carestia do papo-seco investem no Estado policiado. – Na pequena aldeia lusitana, os líderes fofam com orelhas de gato e garras de tigre, porque apatetados sem soluções, libertarão os zetetas sobre o povo. O ministeriável Paulo Portas, numa concentração-churrasco de motards bófias, deliciava-se: “tenho muito apreço pela Polícia e se eles gostam de motas”. A imprensa noticiou a tendência [6] desta legislatura: Correio da Manhã: “ministro promove 1 500 polícias”; Diário de Notícias: “Estado gasta cinco milhões sem concurso para a PSP”; o director nacional da PSP, Oliveira Pereira, explica o negócio dos carros blindados para a Cimeira da NATO: “estes veículos serão utilizados em todos os incidentes tático-policiais e em cenários de grande desordem pública, como podia ter acontecido durante a Cimeira”; Jornal de Notícias: “GNR já tem carros anti-motim que Governo quer comprar para a PSP”; Correio da Manhã: “novo blindado de prevenção no clássico”, num dos jogos Benfica - Porto. Correio da Manhã: “meia centena protesta contra detenção de cinco jovens, em Odivelas. Lançadas pedras e garrafas. PSP limpa local”, e porque esta limpeza não foi das pedras e garrafas, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, jurou: “não serão postos em causa os vencimentos, os direitos, dos elementos que servem nas forças de segurança”.

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[1] Mal geral da Humanidade. The Doctor (Christopher Eccleston, na série “Doctor Who”): “são capazes de acreditar em algo invisível, mas se lhes aparecer à frente já não vêem. Há uma explicação científica para isso: vocês são burros”.

[2] Ferro Rodrigues enviado do PS à manifestação do 1º de Maio da UGT e da CGTP. Na primeira, passeou aprazível. Na segunda, ouviu: “vai trabalhar para França”, “são uns traidores da classe operaria!”. Ferro pacifica: “temos que compreender, que há muita gente que têm uma situação difícil, e portanto aproveitam os momentos para se exprimirem. Eu acho que isso é uma, um sintoma de que a nossa democracia está viva”. Já Vital Moreira ouvira na campanha para o Parlamento Europeu: “traidor, desgraçado, filhodaputa”.

[3] A maior piada nacional é os musiquins lusos, auto-arrogados “bitóvens”, culparem a pirataria por não venderem as suas sinfonias. Entregam IPs, de quem partilhe ficheiros, na Procuradoria da República e fazem romarias ao Parlamento. Virgul: “fui lá precisamente manifestar-me o meu descontamen… des… descontentamento e e e tentar que que a gente consiga de alguma forma lutar contra a a pirataria”. Ele explica curioso pseudónimo: “Virgul era era uns desenhos animados que dava, do género Vitinho, já há alguns anos, há muitos anos, que era o Virgul, um bebé safado, fugia do berço e fazia muitas asneiras e eu adorava esses bonecos … mas tivesse o que tivesse a fazer, abandonava o jogo de futebol, ou o que tivesse, ia para casa só para ver”. Ora, os consumidores, apesar da propaganda de editoras e críticos, não lhes compram as obras porque é chinfrineira intragável. Desde D. Sancho I que as únicas obras-primas da música portuguesa são o “Laranjas e Bananas” e as 4 Gatinhas.

[4]Ode to Women”, dos Your Best Friend’s Ex; o rapper Troy Dunnit descreve-a como “uma faixa jocosa, mas uma canção muito séria, de uma banda muito séria”. No vídeo participam várias vedetas do porno: Wendy Fiore, Jordan Carver, Veronica Ricci e Mina Stefan: “a chave para o seu coração: cereais e videojogos”.

[5] Paródia de jogadores de Dungeons and Dragons de “Like a G6”, dos Far East Movement; G6 é o Gulfstream 650, “o jato executivo de longa distância mais rápido” construído pela Gulfstream Aerospace, preço: 58.5 milhões de dólares.

[6] A Arte imita esta tendência no filme “Inimigo Sem Rosto” (2010) de José Farinha: “isto é um filme de intervenção er er er ao jeito do, da música de intervenção dos anos 70 e 80, portanto é um filme de denúncia”, “um realizador não pode fazer rigorosamente nada er er er pode é er er dar alguma auto-estima à Polícia Judiciária no sentido de continuarem er er no seu bom trabalho, trabalho er er na procura da verdade e de de novos casos”. Outro que também defende a obrigatoriedade do consumidor gramar-lhe a “Arte”: “que se fizesse uma lei, semelhante à lei da rádio, que obrigasse as distribuidoras a passar mais filmes em português”.

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Václav Klaus, alcunhado “a Margaret Thatcher da Europa central”, presidente da república Checa, é uma figura de ação. Jorra-se-lhe bordoada de cinema pelos interstícios. Em Abril de 2010, lecionava numa conferência em Praga, para um mediano professor de Economia, eleito pelo povo português seu chefe por dois mandatos, Cavaco Silva: “para mim é inimaginável que os países possam admitir um tal défice como aconteceu nos últimos tempos. Como ministro das Finanças e como primeiro-ministro, eu nunca admitiria tal défice”, para Václav se admitiu tem que pagar. E pagá-lo em juros, altos, altíssimos, Louboutins [1]. Controlar o défice, para não aleitar dependência de dinheiro emprestado, e quem empresta, aos de corda ao pescoço, imporá juros cada vez mais altos, é sensatez governativa. Quando se descobriu que uma grande fatia da riqueza capitalista era falsa, ou existia em dívida incobrável, só os países com dirigentes poupadinhos se safaram: no Chile, em 2011, Václav palma uma caneta. Uma caneta cerimonial, incrustada com pedras semipreciosas, lápis-lazúli chilenas: “Tudo o que tenho a dizer é que não é uma caneta mas apenas uma esferográfica”, esclareceu Václav. – “Phone Sex Grandma” (2006): “uma avó de 60 e tal anos opera uma linha erótica numa pequena cidade fantasma sulista”, é na realidade um falso documentário interpretado por Opal Dockery, escritora, oradora, atriz e cineasta, durante 20 anos, dançarina de burlesco e autora de “Thoughts of a Stripper: A Mother's Story”, mãe do realizador desta curta-metragem Jack Truman, sobrinho-neto do presidente Harry Truman, cineasta, diretor de teatro e cinema, ator e escritor, e realizador de vários filmes com a mãe, como “The Old Bitch” (2007). – Laya Raki, sex-symbol alemão dos anos 50, nascida em Hamburgo, Brunhilde Marie Alma Herta Jörns, admiradora da bailarina austro-germânica La Jana: em Indira, uma dançarina indiana, no filme “The Indian Tomb” (1938) – e apreciadora de raki, a bebida nacional turca, assumiu o nome artístico de Laya Raki. Também ela dançarina, o seu corpo 96-58-91, 1, 63 cm, 49, 90 kg, de radiância erótica atraiu o cinema: o seu primeiro papel: um número de dança em “Der Rat der Götter” (1950) (= “O Concílio dos Deuses”); um dos seus últimos filmes foi “Poppies are Also Flowers” (1966); em 1962 gravou a canção “Oh Johnny, Hier Nicht Parken”, proibida por um tribunal de Nuremberga, porque os seus gemidos imitavam o coito, acordaram os juízes. – Estaladas: ninguém arreou melhor do que Steve McQueen, na Ali MacGraw, em “The Getaway” (1972), nem Ronald Reagan no seu último soco no cinema, na Angie Dickinson, em “The Killers” (1964). – “The Hangover Part II” (2011), filme com Jamie Chung, noiva para casar, e a despedida de solteiro do futuro marido descarrila em Banguecoque; Chow: “nós tivemos uma noite doida suas cadelas”. – Cenas nuas: Ali Larter com creme em “Varsity Blues” (1999). – “Le Journal Érotique d'une Thaïlandaise” (1980), “Emmanuele 3”, com a ex-atriz de culto do porno francês Brigitte Lahaie: “Paul, um fotógrafo, parte para a Tailândia com duas modelos, para uma reportagem. Lá, apaixona-se por uma bela tailandesa que encontrou numa casa de massagens. Ele tenta então tirá-la das garras da máfia local”. – “Storie di Vita e Malavita” (1975): “raparigas jovens (13-20 anos) são atraídas para uma rede de prostituição onde são compradas e vendidas como escravas”, organização mundial do comércio livre com Cinzia Mambretti, Cristina Moranzoni, Anna Curti, Annarita Grapputo e Lídia di Corato. – “Tokyo Gore Police” (2008): “situado num Tóquio futurista. Um cientista louco, conhecido por “Key Man”, criou um vírus que transforma os humanos em monstruosas criaturas chamadas ‘Engenheiros’, que fazem brotar bizarras armas de qualquer ferida. A Polícia de Tóquio foi privatizada para lidar com esta nova ameaça de ‘engenheiros’. Assim, um esquadrão especial, chamado ‘Caçadores de Engenheiros’, é criado para lidar com eles. No entanto, ao contrário da polícia macaca, os Caçadores de Engenheiros são uma força privada paramilitar que usa violência, sadismo e execuções na rua, para manter a lei e a ordem”. Esta é a história de uma bófia, Ruka (Eihi Shiina), uma espadachim samurai, e a sua missão de vingar o assassinato do pai. – “Vampire Girl vs Frankenstein Girl” (2009): “o filme decorre numa escola secundária de Tóquio seguindo a vida de uma adolescente perpetuamente jovem, Monami (Yukie Kawamura), que se apaixona pelo seu colega, Mizushima (Takumi Saito), que é o relutante noivo da filha do vice-diretor/professor de ciências, Keiko (Eri Otoguro)”. – “Mutant Girl Squad” (2010): “Rin (Yumi Sugimoto), uma jovem estudante do liceu, é uma rapariga desajeitada e despretensiosa, que é maltratada na escola. Um dia, quando leva uma esfrega, sente uma dor aguda na mão. Mais tarde, Rin descobre que é descendente do antigo clã Hiruko, cujos membros são mutantes dotados de superpoderes”. – Irrealistas cenas de ganza: “Reefer Madness” (1936): “originalmente financiado por um grupo religioso, sob o título ‘Tell Your Children’, o filme destinava-se a ser mostrado aos pais como um conto moral, tentando ensiná-los sobre os perigos do consumo da cannabis”, “medonha estatística da ameaça da nova droga que está a destruir a juventude na América”, mas a circulação no circuito exploitation, atribuiu-lhe estatuto de culto de um pungente drama dos efeitos da marijuana, loucura, suicídio por defenestração, apodrecer na prisão. – Rainhas dos guinchos: a “rainha do grito” Sheri Moon Zombie, mulher de Rob Zombie, “apanha agrafos nos joelhos, sonda o corpo de uma mulher com uma pistola, parece pateta quando anda por aí com um fantasmagórico cavalo branco”, por amor ao esposo realizador de cinema. É ela nos vídeos: “Living Dead Girl do cônjuge; “Stillborn”, dos Black Label Society”; “Rude Awakening”, dos Prong. – “Transformers: Revenge of the Fallen” (2009), o realizador, Michael Bay, é o saco de boxe dos críticos [2] que lhe incriminam desperdício de ziliões de dólares e pouca uva, críticos desconhecedores de que o cinema é uma experiência visual: “‘Transformers: ROTF’, recebeu no geral críticas horríveis, mas isso é por que as pessoas não entendem que este não é um filme no sentido convencional. É um assalto aos sentidos, uma louca enxurrada imagética”. Some-se-lhe Megan Fox, a sua primeira aparição no filme, de calções e botas, debruçada sobre uma mota, não é menos histórica que o descruzar de pernas da Sharon Stone no “Basic Instinct” (1992) ou a sumária teta de Julie Andrews no “Darling Lili” (1970). É um filme integrado no espírito do tempo, em que os prémios Nobel da Paz, de cabelo cortado à escovinha, estoiram corpos, como Comandos. “Mais do que nunca, Bay deixa claro que o seu verdadeiro amor não é realmente os brinquedos Transformers, mas os brinquedos dos adultos: o equipamento militar. Os Autobots estão estacionados na base aérea militar da ilha de Diego Garcia, no oceano Índico (…). Diego Garcia é uma possessão britânica alugada ao exército dos Estados Unidos”. As paródias: “My Little Pony” e “Big Ass Badgers”. E o terceiro filme vem com Rosie Huntington-Whiteley: “Transformers: Dark of the Moon” (2011). – Sheree North: em 1954, a 20th Century Fox contratou-a com planos de a moldar como substituta de Marilyn Monroe. Ela aloirou o cabelo, o plano saiu furado, mas ela prosseguiu longa carreira no cinema, TV e teatro. No filme “The Best Things in Life Are Free” (1956) canta “Black Bottom” e dança “Birth of the Blues”. Ainda foi uma das Elvis women em “The Trouble with Girls” (1969); a sua tiger dance. – Cabeleiras púbicas: desenhada por encomenda, para Kate Winslet em “The Reader” (2008): “o filme passa-se na década de 50, eu não podia ter uma pista de aterragem! Tive que crescer cabelo lá em baixo. Mas por causa de anos de depilação, como todas nós, raparigas, sabemos, ele não volta bem da forma como era. Eles fizeram-me uma cabeleira, porque estavam muito preocupados que eu não pudesse crescer o suficiente”. “As atrizes frequentemente têm contratos que estipulam aumentos, se forem obrigadas a usar uma vulva prostésica de pêlo”; diz Nicki Ledermann, diretora de maquilhagem: “elas geralmente divertem-se com isso”, que concebeu o cadáver de farta pentelheira falsa no banco da morgue, na série de TV “Boardwalk Empire” (2010) de Martin Scorsese. As peludas próteses compensam, no meio artístico da representação, algo que já não há, e na linguagem, nas metáforas inguinais, passado o umbigo, vai-se direto ao assunto, daí a correção referencial dos pentelhos do Catroga. Dr. Eduardo Catroga estava a falar de um situação técnica de economia no programa eleitoral do PSD: “como tornar o Estado sustentável financeiramente, como tornar o Estado amigo dos cidadãos e das empresas”, “como garantir o Estado social, apresentamos medidas das mais importantes que alguma vez foram apresentadas neste país” [3], “como é que vão reforçar o ensino técnicoprofissional que é, que vai ser uma revolução no programa”, “em vez de andarem a discutir as grandes questões que podem mudar Portugal”, discutem, não são bagatelas, é algo que já não existe, ou existe sob forma de capachinho. Os pentelhos do Catroga, o chinês do Futre, o milagre 2011 de Fátima são indicadores evidentes de recuperação económica.

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[1] Lady GaGa subiu mais alto com uns tacões dildo.

[2] Mark Kermode critica os filmes de Bay de uma só vez. (Uma crítica na língua Hulk).

[3] As “medidas” são o novo gadget dos políticos. Todos tiram as medidas ao Zé-povinho. Alberto João Jardim: “a troika ouviu atentamente. Ficou muito surpreendida com o boicote que tinha sido feito à zona franca, porque a intenção deles é tomar medidas duras, mas no sentido de alavancar a economia e dissemos que a parte fiscal aceitávamos, desde que fosse para alavancar a economia e não para continuar a engordar este Estado socialista que temos”. Já José Sócrates mensurava: “eeee, ele (Passos Coelho) eee fala em, desculpe, desleixo e má governação, não percebo aonde? Nós temos uma execução orçamental de dois meses, Janeiro e Fevereiro, não há na História política portuguesa uma redução significativa da despesa, como a que tivemos em Janeiro e Fevereiro. Em 2010, Portugal conseguiu atingir o melhor resultado do que aquilo que estava no nosso objetivo abaixo dos 7,3. O dobro do crescimento económico. Onde é que está a má governação? Onde é que está o desleixo? (pausa dramática). Provavelmente, fala de desleixo e má governação quem nunca governou, nem, quem nunca foi capaz de tomar medidas difíceis. Eu não posso aceitar essa crítica. Essa crítica é profundamente injusto, injusta”.

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[John Downland – (1563-1626) compositor (1), cantor e tocador de alaúde, nascido um ano antes de Shakespeare (2), cultor da “engenhosa profissão da música” desde a infância. Converteu-se ao catolicismo em Paris, cerca de 1580, aquando de serviço aos embaixadores ingleses na corte francesa, Sir Henry Cobham, e do seu sucessor, Sir Edward Stafford. Em 1594 concorre a uma vaga para tocador de alaúde na corte de Isabel I, uma corte protestante, não lhe concedem o cargo, reclama ele que por causa da sua religião, a rainha terá comentado: “era um homem para servir qualquer príncipe no mundo, mas era um papista obstinado”. Talvez a razão fosse o seu feitio irascível, pois outros compositores católicos, como William Byrd, frequentaram a corte da “rainha virgem” com sucesso. De 1598 a 1606 foi um dos funcionários mais bem pagos na corte do rei Cristiano IV, da Dinamarca, um melómano que lhe abria os cordões da bolsa, mas Downland baldava-se, ausentando-se para a Inglaterra por períodos bastante longos, até que o despediram. Em 1612 contrataram-no como um dos tocadores de alaúde de Jaime I. As maiores influências de Downland foram “as canções consort populares e a música de dança do dia”. O tenor inglês Mark Padmore (3) escreveu no Guardian: “já houve um compositor mais melancólico – poderíamos mesmo dizer extremamente infeliz – do que John Downland? Morrissey nem chega lá perto”, um homem do Renascimento, “esta era uma época em que a melancolia foi desenvolvida como arte, Hamlet (4) é o maior exemplo”, que calibrou a dose de tristeza “uma canção típica de Downland dura cerca de quatro minutos que é, provavelmente, o limite em que podemos sentir um paroxismo de dor” ▬ vídeosMP3 ♫ “Flow My Tears” ♫ “Saw My Lady Weep” ♫ “In Darkness Let Me Dwell”.
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(1) As letras das suas canções ainda renascem: no grupo austríaco de darkwave Die Verbannten Kinder Evas (= “os filhos exilados de Eva”) ▬ “In Darkness Let Me Dwell” ♫ “Praise Blindness Eyes” ♫ “Virtues Cloak” ♫ “Mistrust”; – os eletrónicos ingleses Banco de Gaia, formados por Toby Marks em 1989, antes “Marks mudou-se para Portugal em 1986 e tocava música dos Beatles para os turistas” ▬ “Flow My Tears, the Android Wept”; – ou na deslembrada banda de metal sinfónico de Minneapolis Aesma Daeva em “Darkness”, a voz de Rebecca Cords sobre versos de “Flow My Tears” ♫ vocalista substituída, no segundo CD, pela extraordinária Melissa Ferlaak: “Ancient Verses” ♫ “D’Oreste” ♫ “Since the Machine” ♫ “The Tisza”.

(2) Thomas Thorpe, em 1609, publicou os sonetos de Shakespeare, talvez sem a sua autorização, com o chamativo título comercial “SHAKE-SPEARES SONNETS: Never before imprinted”. “Os primeiros 17 sonetos, tradicionalmente chamados sonetos de procriação, são supostamente escritos para um jovem, incitando-o a casar-se e a ter filhos, de modo a imortalizar a sua beleza, transmitindo-a para a próxima geração. Outros sonetos, expressam o amor do narrador por um jovem, meditam sobre a solidão, a morte, e a transitoriedade da vida; parecem criticar o jovem por preferir um poeta rival; expressam sentimentos ambíguos pela amante do orador; e faz um trocadilho com o nome do poeta”. Clinton Heylin, autor de “So Long as Men Can Breathe: The Untold Story of Shakespeare's Sonnets”, defende que o “adorável rapaz”, é o lascivo William Herbert, duque de Pembroke, e que os sonetos foram escritos para matar o tempo e lidar com questões pessoais, como algumas tendências larilas do poeta, no soneto 20, e nunca para publicação. Justifica Heylin que, se hoje apanhar na regueifa é normal, no século XVI, incorria-se num crime grave.

(3) Exemplos de seu mester: “Waft Her, Angels, Through the Skies”, do oratório de Handel, “Jephtha” ♫ “Magnificat em ré maior, BWV 243”, de Johann Sebastian Bach.

(4)Hamlet 2” (2008), a sequela musical, melhora o dramalhão de Shakespeare: “Rock Me Sexy Jesus” ♫ “Raped in the Face” ♫ “You’re Gay as the Day is Long”. Mas a melhor interpretação hamletiana de sempre é addamsiana: Wednesday Addams (Chistina* Ricci) e Pugsley Addams no 5º acto (abreviado): “ó orgulhosa morte, que banquete é servido na tua cela eterna? Doce esquecimento, abre os teus braços”, no filme “The Addams Family” (1991). ___ * “Eu penso que a razão principal pela qual uma quantidade de crianças estrelas não singram, é que é difícil ver alguém tão fofinho e, em seguida, de repente, vê-las como tendo mais profundidade. Eu acho que apenas tive sorte, que, quando era pequena, ninguém achava que eu era fofinha”. Imagem do filme “Black Snake Moan” (2007)].