Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Ólh’as n’tícias fresquinhas, freguês!

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Parte 9

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Os quiosques dos grandes povos engonçam os fiapos da auto-estima, espessam a raigota de tremelicadas genealogias, ventanejam anélito pátrio sobre esmorecidos cidadãos [1]. Zote povo, lendo jornais, príncipes da Pérsia, faraós do Egipto, princesas Disney, é. É, obviamente, no cavaqueado Portugal – (faraute da gestão, português de sucesso no estrangeiro, Horta Osório, presidente do Lloyd’s em Londres, explica numa vinda à santa terrinha: “a pergunta, que toda a gente me faz é: Portugal vai, requerer, ajuda, externa? Esta é a pergunta que neste momento se pergunta em Londres”) – que a confusão na tabacaria, para comprar diários, aumentou com a zaragalhada de juízes recolhendo indícios para análise, na deslindação do “caso” dos voos da CIA [2]. Os jornais caprificam os magistrados lusos: jornal, bica, biscoitos, garrafinha de água, gentileza do contribuinte, amadurece-os na investigação. E, na Itália, molinham “a coisa Berlusconi” [3].

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[1] O jornal egípcio al-Ahram alterou digitalmente uma foto, posicionando o seu presidente Mubarak, na dianteira de Obama. Uma insinuação de que Mubarak é um líder, o condutor do archote das conversas de Setembro para paz no Médio Oriente, conversadas na Casa Branca.

[2] Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, divulga a maranha dos segredos da peritagem judicial: “obviamente o DCIAP tem feito, ou está a fazer, a análise da documentação, enfim, das notícias que têm vindo a lume a propósito dos voos da CIA… até sábado. Hoje ainda não li a imprensa, apesar de a ter ouvido, mas não li com cuidado, até sábado, enfim, eram informações genéricas, tinha a ver com o regresso de Guantánamo e não da ida para lá. Portanto, e aliás, sempre foi assumido o papel de Portugal na recepção de pessoas que tinham de, enfim, de ter um país e se quisessem optar por ele, portanto isso não tem nada a ver com os voos da CIA. O problema é para lá, até sábado não havia nada. Hoje eu sei que vêm notícias novas, vou lê-las e obviamente que serão objecto de análise”.

[3] José Saramago: “desde há vários anos, a coisa Berlusconi comete delitos de gravidade variável mas sempre provado. E que mais é, ele não transgride as leis, mas bem pior, com efeito fabrica-as para proteger os seus interesses públicos e privados, o do político, do empresário, e do acompanhador de menores”.

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Berlusconi: “a Esquerda não tem gosto, mesmo quando se trata de mulheres”, apalpou a via da Direita. Os seus meetings políticos decorriam a céu aberto, nos jardins da Villa Certosa, Porto Rotondo, na Sardenha, decoração feminina, com a qualidade Gianpaolo Tarantini. Tarantini, um lúcido empresário de Bari: “a prostituição e a cocaína são a chave do sucesso na sociedade”, elucidava ele o juiz Giuseppe Scelsi, defendendo-se das acusações de corrupção, tráfico de droga e proxenetismo. Berlusconi papa mas de borla. Tarantini confirma: “apresentei-as como minhas amigas, e não disse que às vezes lhes pagava”. Num desses meetings, o paparazzo Antonello Sapparu fotografou o ex-primeiro ministro checo Mirek Topolanek, de Direita, de pau direito. Berlusconi bloqueou a publicação das fotos na Itália e Sapparu refugiou-se na Colômbia. E foi Bernard Cahen, advogado de Berlusconi em França, quem arrematou: “os métodos deste fotógrafo sardenho não conhecem escrúpulos e põem em risco a paz de espírito do Sr. Berlusconi, que pensa que a imprensa o persegue em questões do foro privado. A minha opinião? não têm qualquer impacto no panorama político italiano”, registando a “sencionalização” da imprensa dita séria: “processei o Nouvel Observateur, como já fiz à Voici, à Gala e ao Closer. Porquê? (…) O Nouvel Observateur escolheu o populismo, escolheu efectivamente aparecer como concorrente destes jornais tablóides”.

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“As pequenas borboletas” de Berlusconi: Verónica Lario: a esposa, nos tribunais, por um divórcio com “pagamento de 4,95 milhões de dólares por mês”. Nicole Mineti: higienista dental, que lhe consertou a boca, depois dos estragos da catedral de Milão. Graziana Capone: “a Angelina Jolie de Bari”, formada em Direito. Elena Russo: actriz, “ela está praticamente desempregada”, angariava-lhe Berlusconi emprego. Karima Keyek: dançarina erótica, 17 anos, humedecida com dinheiro, um colar de diamantes de 7 000 € e um Audi desportivo. Naomi Letizia: “chamo-lhe papi, mas com certeza, ele é um segundo pai para mim”. Angela Sozio: concorrente do Big Brother que sentou no colo do papi. Mara Carfagna: modelo topless, ministra da Igualdade de Oportunidades. Barbara Matera. Patrizia D’Addario [1]. As gémeas Marianna e Manuela Ferrera. Camilla Ferrant. Eleonora Gaggio. A modelo venezuelana Aída Yéspica: “contigo vou para qualquer lado, mesmo para uma ilha deserta”, confidenciou-lhe Berlusconi.

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[1] Call girl no portefólio de Tarantini.

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Pergunta: “teve algum tipo de relação precisa e pessoal com o proletariado?”; resposta de Rainer Werner Fassbinber: “relações eróticas, quer dizer, suponho? Sim, com certeza!”. Proletários na cama com realizadores de cinema. “Nas cidades capitalistas, o cinematógrafo faz actualmente parte integrante da vida quotidiana, ao mesmo nível que os banhos públicos, os restaurantes locais, a igreja ou outras instituições necessárias, louváveis ou não. A paixão pelo cinematógrafo é ditada pelo desejo de se divertir, de ver qualquer coisa de novo, de desconhecido, de rir e mesmo de chorar, não sobre os nossos próprios infortúnios, mas sobre os dos outros” Leon Trotsky em “As Questões do Modo de Vida”:

Annette Kellerman (1887-1975) – “sofrendo de uma fraqueza nas pernas que requeria pinos de sustentação, Annette começou a nadar como terapia para superar a sua deficiência, aos 15 anos, já dominava todos os cursos de natação e venceu a sua primeira corrida”. Apelidada de a “sereia australiana”, “a Vénus do mergulho”, “a mulher mais perfeitamente moldada do mundo”, “rebelou-se contra o rígido código de vestuário predominante nos fatos de banho, no início da sua carreira, argumenta que um vestido de banho longo ou calças apertadas, é pesado para a natação”. Em 1907, quando a sua tournée “chega a Bóston eventos conspiram para disparar Kellerman numa fama ainda maior. Ela é presa por vestir um revelador fato de banho, apertado, de peça única, na Revere Beach e acusada de indecência e atentado ao pudor”. O Dr. Dudley A. Sargent de Harvard, após estudar 3 000 mulheres, declarou-a em 1908 a Mulher Perfeita, pelas similitudes dos seus atributos físicos com a Vénus de Milo. Os seus filmes, fatalmente, metiam água: “A Daugther of the Gods” (1916), filmado em Kingston, Jamaica, continha a “primeira cena nua por uma grande vedeta, que ocorreu durante uma cena numa queda de água”, os seus longos cabelos ocultando as impúdicas zonas. – “Map of the Sounds of Tokyo” (2009) de Isabel Coixet: “... Ferran Adrià que o outro dia escreveu um artigo dizendo que depois de ‘Ratatouille’ era o filme que melhor mostrava a comida”, onde também se come a Rinko Kikuchi. Coixet explica a nutriente génese: “eu ‘vi’ a história (não quero soar como uma espécie de visionária, mas assim é como eu senti que aconteceu) no mercado de peixe de Tsukiji em Tóquio”. – “Smokin’ Aces 2: Assassin’s Ball” (2010) com matadoras badass; a actriz mexicana Martha Higareda como Ariella Martinez: “uma assassina mortal com lábios venenosos”, e a ex-vedeta infantil Autumn Reeser como Kaitlyn “AK-47” Tremor. – “Black Swan” (2010), Natalie Portman na cena dos dois dedos: “tão nojento. Era semelhante à experiência de ver o filme com os meus pais sentados ao meu lado, deixe-me dizer-lhe”; e no expansível safismo com Mila Kunis: “cenas de sexo lésbico estão por toda a parte. Mas por que sou eu, as pessoas ficam chocadas. Eu vejo o valor da persona de uma boa rapariga, é tão fácil subvertê-la”. – “Your Highness” (2011) com Natalie Portman, de seu little ass dentro de um fio dental, digitalmente tapado, no trailer, para todas as audiências americanas. Nascida em Jerusalém: “tentei sempre ficar afastada de representar judeus. Recebo tipo 20 argumentos sobre o holocausto por mês, mas eu detesto o género”. A nudação não a amedronta: “definitivamente não sou puritana sobre o sexo ou nudez”, contrafê-la no Hotel Raphaël, Paris, na curta-metragem “Hotel Chevalier” (2007), amimada ao som de Peter Sarstedt.

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Os derradeiros Ferrero Rocher de Natal: hot girls nos filmes de Natal: Lauren Graham e Billy Bob Thornton dentro do carro: “fuck me Santa. Fuck me Santa. Fuck me Santa…”, “no filme “Bad Santa” (2003) ou K. D. Aubert, a “Angelina Jolie preta”, em “Friday After Next” (2002). O Natal na Playboy. Ou o festivo girl on girl na publicidade: o anúncio, vagamente lésbico, ao Twingo Miss Sixty da Renault, proibido na Mediaset de Berlusconi e na RAI também.

O balancete dos anos: os melhores álbuns nos últimos 25 anos; com “Achtung Baby” (1991) dos Udois, no primeiro lugar, impõe-se uma exorcização auditiva com o mapa do metal, para os 10 melhores discos nacionais de 2010 não há macumba que lhe fade. As piores 20 canções roçam pelo melhor: “Who’s Your Daddy”, Joss Stone e o beatle genial Ringo Starr. Nos vídeos com a imprópria nudez: realizado por Michael Reich, “Rubber”, dos Yuck, Ariela Marin encharcada com cães: “então, foi apontado por alguém uma vez que eu estou sempre nua”.

Um ano, que as vedetas suprimiram as roupas: Paris Hilton topless num iate; por ela ter contactado com CRonaldo, a Amália da democracia, simboliza o luxo e a riqueza do Portugal século XXI. Os notáveis rabos de 2009, rachados em arredondadas batalhas: Jessica Alba vs. Kate Hudson: readquirem este ano a sua função fisiológica primária; melhores nádegas do ano: Karissa Gilham ou a brasileira Aryane Steinkopf? A beleza americana sobrevalorizada: Ashley Tisdale, exceptuada. Os fascinantes americanos: por causa dos étnicos lábios, pelos europeus tão venerados, Will Smith aconselhou o filho, Jaden, protagonista de “Karate Kid” (2010): “tenta não manteres a tua boca aberta. Se abres a boca demasiado pareces uma baleia”. A filha, Willow, sacode a cabeça: “Whip My Hair”.

As 11 fotos sexy do desporto: porque a Espanha é campeã mundial e Portugal é… Ronaldo. As novas áscuas: de Brno, República Checa, Petra Cubonova. A mulher mais escaldante: a escocesa-australiana Isla Fisher. Calendários 2011: os mais sexy, a flotilha feminina russa e… Vikki Blows, pin-up sensação britânica: site, Myspace, Twitter.

Colheita do ano: Hollywood longos 18 anos expectante [1] pela sua vitis vinifera (vinho de mesa e… de cama), mas 2010 é de vindima vitis labrusca: as vedetas do canal Disney: Demi Lovato, Selena Gomez, Brigit Mendler, Meaghan Jette Martin [2], estão legais para consumo. E, também, Kaya Scodelario, a perturbada Effy Stonem, na série inglesa de TV “Skins”: – Effy: “quer que diga às pessoas que só tirei vintes?” – Mr. Blood, o director da escola: “ pela minha experiência, miss Stonem, estamos todos a viver mentiras. A realidade, como os sofistas nos informaram de forma tão elegante, é relativa”.

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[1] Taylor Momsen (17 anos), vocalista dos Pretty Reckless, embora ainda ilegal, já vangloria não vãs tetas em palco.

[2] Miley Cyrus publicitava aos 15 anos: “tenho de me manter em forma, então bebo leite”; aos 17 anos, no Rock in Rio Lisboa 2010, as objectivas dos fotógrafos fixavam-lhe as mais rentáveis partes… da idade adulta; na party da maioridade fumava, não marijuana, mas salvia divinorum (“ska María pastora”, “erva de Maria”, “erva dos deuses”): “quero mais dessa merda”; planta de efeitos psicotrópicos, legal na Califórnia, que se vendeu mais do que merchadising da Hannah Montana, depois de ela chupar no cachimbo.

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[Thomas McIntosh: “arquitecto e artista de instalações” e Emmanuel Madan: “compositor e artista de som” compõem [The User]: “retira o nome de um termo utilizado pela nossa sociedade tecnológica, especialmente nas zonas relacionadas com o design, como engenharia, arquitectura e desenvolvimento de software. O termo ‘utilizador’ objectiva e reduz a individualidade a um ideal abstracto e genérico. Esta redução é empregada sempre que a metodologia abstracta racional é aplicada a situações envolvendo pessoas reais. Os preceitos da produção em massa e as economias de escala necessitam de uma ebulição baixa da individualidade do sujeito, uma redução ao anonimato genérico e um constrangimento da diligência do sujeito e da sua possibilidade criativa” }}}}___ “Os projectos em que o duo colabora re-imagina as relações entre os sistemas tecnológicos, a cultura e as experiências humanas em formas marcantes” }}}}___ Em 1997-1999 “recrutaram três especialistas para operar um programa de computador através de um servidor que sincronizava as impressoras dot matrix e lia complexos ficheiros de texto ASCII para criar composições musicais”: resultado: “Symphony # 1 For Dot Matrix Printers* & “Symphony # 2 For Dot Matrix Printers”: “é um trabalho que transforma tecnologia de escritório obsoleta** em instrumentos para performances musicais”*** }}}}___ Em 2000: “Silophone”: “transformaram o silo #5 num instrumento musical, instalando microfones e altifalantes no interior de quatro câmaras do elevador de armazenamento de cereais vazio, tornando-o acessível ao mundo exterior através da Internet, telefone (+1.514.844.5555) …” }}}}___ Em 2008: “Coincidence Engines”: “primeira de uma série de homenagens a György Ligeti” »»»» “Coincidence Engines One. Audio Environment 2008-9” %-- “Coincidence Engines Two. Audio Environment 2008-9” %-- “Symphony # 2 For Dot Matrix Printers”.

A música computorizada já tem chips brancos. O CSIR Mk1 / chamado CSIRAC: “um dos primeiros computadores com programa de armazenamento digital electrónico”, construído na Austrália, por Trevor Pearcey e Maston Beard, nos finais dos anos 40 do século XX, foi programado pelo matemático Geoff Hill para tocar melodias populares no início dos anos 50. A primeira gravação de música gerada por computador, de um programa escrito por Christopher Strachey, reproduziu em 1951, num Ferranti Mark 1, “God Save the King”, “Baa Baa Black Sheep” e um trecho de “In the Mood”. Max Mathews foi o primeiro a sintetizar a voz humana em 1961, num IBM 704, na canção “Daisy Bell”; Arthur C. Clarke, presente durante a demonstração, impressionou-se e propô-la a Stanley Kubrick para o filme “2001: Odisseia no Espaço” (1968): quando o Dr. David Bowman desliga as funções de HAL 9000.

Outras portas USB 2.0: David Cope criador de Alice (ALgorithmically Integrated Composing Environment): no seu livro “The Algorithmic Composer” (2000): “com Alice tentei iniciar estratégias que, conquanto muito provavelmente não legitimassem a inteligência (ver Turing 1950), usa processos que eu acredito paralelos a alguns dos que conduziram à inteligência”. Em 1985, noutro programa de computador, Emmy (carinhoso de EMI: Experiments in Musical Intelligence), concebeu a ópera “Cradle Falling”, desconhecendo-lhe a paternidade cyborg, os críticos rejubilaram: “obra-prima!”. Nos anos 90, Emmy pariu “a brilhante filha mais nova”, Emily Howell: “uma interface interactiva que permite comunicação musical e linguística”, que “escreve música moderna original, em vez de simplesmente recriar o estilo de uma época passada”. Cope numa entrevista sobre computadores versus humanos: “hoje, o meu programa produz música que soa como uma criação humana e que é significativa, ao menos para algumas pessoas. No futuro, haverá menos preconceito com esse tipo de coisa. Na música popular isso já acontece: muitas vezes não sabemos quem compôs certas canções, e garanto que não foram humanos. Já há artistas a ganhar muito dinheiro com elas” »»»» “Glasswork for Two Pianos and Computer-Generated Tape”.

Jóhann Jóhannsson, músico, compositor, produtor islandês: “um dos mais ambiciosos projectos é inspirado no primeiro computador trazido para a Islândia – o IBM 1401 Data Processing System – em 1964, e baseado numa gravação no computador IBM que o seu pai fez” »»»» “IBM 1401, a User's Manual Part I - IBM 1401 Processing Unit” %--“The Rocket Builder”.

Música produzia na HP ScanJet 4c's SCL (Scanner Control Language) »»»» Star Wars %-- Vivaldi %-- Beethoven %-- Nightwish }}}}___ Ou na drive de disquetes 1541 do Commodore 64.

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* Uma faixa de “Symphony #1”: impress@ pelos Radiohead em “Skyscape [10]”.

** Bandas de tecnologia obsoleta: “Nude”, pelo artista de vídeo James Houston: instrumentos: ZX Spectrum, impressora Epson LX-81 Dot Matrix, HP Scanjet 3c e uma matriz de discos rígidos }}}}___ Younnat, projecto do teclista da banda ucraniana Luk, Oleg Serdyuk »»»» “Dot Matrix Printer Etude}}}}___ Mistabishi »»»» “Printer Jam}}}}___ a australiana Sue Harding: “a minha música cresceu de um interesse contínuo nas qualidades musicais dos sons ambiente” »»»» “Dot Matrix Music}}}}___ Cornelius »»»» “Toner}}}}___ &&& outros periféricos }}}}___ & os Tree Wave: Paul Slocum e a vocalista Lauren Gray: instrumentos: consola Atari 2600 de 1977, computador Commodore 64 de 1983, portátil 286 PC de 1986 e uma impressora Epson Dot Matrix de 1985, todos re-programados como geradores de som »»»» “Sleep” %-- “May Banners”.

*** Aplicação para controlar a impressora].

sábado, dezembro 18, 2010

Ólh’as n’tícias fresquinhas, freguês!

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Parte 8

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A suprema função do jornalismo: ronquear o cidadão para o enlatar [1], verteu de dois maciços pilares de construção massiva [2]. Primeiro, no estertor do século XIX, Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst caboucaram o edifício desta indústria: como indústria, a exclusiva parangona é “os lucros aumentaram!”, a informação é um dano colateral, a água-ruça separada do virgem azeite: o dinheiro. Segundo, a função e deontologia do operário dessa indústria são assentadas pelo caso Watergate: dois otários do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, são titereados por W. Mark Felt [3] para destituir Nixon do poder. O bucolismo do jornalista, comido um “máriocrespiano” bife no Snob, desnovelando arrevesadas tramóias, deslindando verdades ocultas, desofuscando a mente do espectador é um caderno de intenções, camuflagem do propósito dos média: a manipulação; debicada por Benjamin Franklin: na descrição dos falsos crimes ingleses na Guerra da Independência e Mark Twain: na falsa crónica do homicida Philip Hopkins. Desde meados do século XX que a manipulação é prato principal temperado pela credulidade do cidadão eleitor. Noam Chomsky escreveu a receita de “10 etapas para a manipulação da verdade”: a 5ª: “o uso da coloquialidade nos discursos para o grande público, argumentos, personagens, e uma entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma criança de pouca idade ou um deficiente mental” [4].

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[1] Cavaco Silva, no Museu Municipal de Portimão, antiga fábrica de conservas de peixe, interrogava uma ex-trabalhadora: “e trabalhava em que área? nesta área?” (…) “mas estava na parte de cortar a cabeça? a senhora, não?”; vespertino, antes do voo da ave de Minerva, filosofava de esquina: “os cargos políticos são temporários. São efémeros. Cada um ocupa os cargos por vontade do povo, durante algum tempo, e deve estar sempre consciente que esses cargos são sempre transitórios e temporários. Acho que isso é bom. Que é para cada um, enquanto está lá, fazer o seu melhor e poder depois, em consciência, cabeça levantada, submeter-se ao julgamento, ao julgamento do povo. O que vai acontecer agora comigo próprio”. Em Janeiro, o seu eleitorado ejaculará, de esguicho, na introdução do voto na… urna.

[2] Ortega y Gasset apontou o retrocesso da idade mental nas sociedades de massas: “… no diagrama psicológico do homem-massa actual dois primeiros traços: a livre expansão de seus desejos vitais, portanto, da sua pessoa, e a radical ingratidão a tudo quanto tornou possível a facilidade da sua existência. Um e outro traço compõem a conhecida psicologia da criança mimada”, em “A Rebelião das Massas”.

[3] Número dois do FBI, de patriótico currículo: “leal ao veterano director do FBI, J. Edgar Hoover, apoiou as escutas ao reverendo Martin Luther King durante a administração Kennedy. Opôs-se às decisões de (L. Patrick) Gray de contratar mulheres para o FBI, liberalizar o código de vestuário e as restrições no peso dos agentes do FBI”. “Em 1980, foi condenado pela aprovação dos arrombamentos ilegais “saco negro” (rusgas sem mandado judicial) nas casas de pessoas suspeitas de ligações aos radicais do movimento violento Weather Underground. Foi perdoado por Ronald Reagan”. Apenas Woodward conhecia a sua identidade; em 2005, doente de Alzheimer, confessa ser ele o “garganta funda”, sem nunca explicar as razões do seu acto. Se agiu por iniciativa própria, ou manipulado por alguém (ou grupo), embaraçado com a doença mental de Nixon.

[4] O mestre na manipulação, o presidente Báráque, na sua Cimeira da NATO 2010, em Lisboa: “e soube que tem havido muito interesse cá sobre como a minha família foi enriquecida também por Portugal, mais especificamente, por Bo, o nosso cão. É o membro mais popular da Casa Branca”.

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A inflexão infantil [1] na voz é o mais apreciado apelativo dos líderes portugueses. Idolatrados pelo povo por isso, como o presidente Cavaco Silva: “tirando o ovo estrelado, aquecer o leite, fazer as torradas, acho que é melhor não me aproximar do fogão, porque posso fazer asneira. Já uma vez aconteceu um caso lá em casa, quando eu meti na cabeça que era capaz de fazer fatias douradas, que eu gostava imenso de fatias douradas. Não houve um incêndio mas quase”. Líderes fazedores de História: o último facto: a organização da Cimeira da NATO de reconfortantes tons de azul: orgulhou! A bófia estabeleceu perímetros, talvez, áreas, ou provas dos nove, e outras bichas-de-sete-cabeças matemáticas. Os jornais noticiavam-lhes os andares: “PSP recusa dormir em camaratas e exige hotéis”, “Polícias à fome nas patrulhas da cimeira”. As delegações conciliaram em segurança: a da Geórgia contratou 80 rameiras [2] e convidaram os colegas da Arménia para molharem o bico, Sarkozy, um empata todas, não dormiu com a barulheira da festa. Terabytes de análise esbandulharam-se de ornados cérebros, mas a mais abalizada foi, após opinião sobre os cuidados botados pelos “teatros de operações”, na tvi24, a do general Garcia Leandro: “posso ir à casa de banho agora?”.

O homem dentro de 50 milhões de anos lerá o seu jornal, obviamente, graças aos portugueses. Portugal na linha da frente preservará a imprensa. O Correio da Manhã comunicava: “escolas sem dinheiro para papel higiénico”, a velha utilidade do jornalismo, cortar as folhas dos jornais aos quadrados, furá-las e prendê-las por uma guita num prego na parede da casa de banho e limpar a “Super Pooosey” (2010) [3].

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[1] Contrasta com a inflexão pedagógica da actriz porno Kirsten Price na demonstração do Microsoft Kinect: sensor de movimento, explorado pela indústria porno para sexo virtual, “vai permitir simular actos sexuais podendo através de comandos de voz mudar posições”. – A zona real de trabalho de Kirsten em borracha.

[2] Hierodulas e senhoras de todas as profissões agora mais atractivas com os novos papos, testados pela Kelly Brook.

[3] Filme com Lupe Fuentes, nome artístico de Zuleydy Piedrahita, colombiana, educada em Madrid, “porn star ethicist”, escreve uma coluna, “Ask Lupe”, no Complex.com e é empresária: “no porno, se você não está no comando, todos a exploram e fazem dinheiro com a sua rata, mas a minha rata é como uma máquina e eu quero ficar com todo o dinheiro”. O pseudónimo Little Lupe, a compleição petite, sobressaída pelo manejo de enormes bisarmas, confundiu bófias e juízes. Em 2009, prenderam Carlos Simon-Timmerman, no aeroporto de San Juan de Porto Rico, acusando-o de posse de pornografia infantil, por transportar na bagagem dois filmes de Fuentes. Ela apressa-se ao tribunal salvando-o de 20 anos de cadeia. – (Twitter). Namora com Evan Seinfeld, vocalista e baixista dos Biohazard. – E para o Natal o PussyLolly.

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Christian Metz “filmou” no seu livro “Le Signifiant Imaginaire” (1977): “a racionalização de um gosto numa teoria, sob as suas diversas formas, numerosas e correntes, obedece a uma lei objectiva que não varia muito nas suas grandes linhas. Pode-se descrevê-la em termos lacanianos, como uma ligeira flutuação entre as funções do imaginário, do simbólico e do real; em termos kleinianos, como um ligeiro transbordo dos fantasmas inconscientes; em termos freudianos, como uma ligeira insuficiência de secundarização” ou, o objecto real, (o filme “que agrada”) e a teoria que o simboliza, confunde-se com o objecto imaginário (o filme “tal como ele agrada”) e os encantos destes últimos projectam-se nos primeiros. Sem teoria, a ditadura do gosto:

Zombie Strippers!” (2008), com Jenna Jameson: nos seus dias de liceu não pressupunha carreira académica, mas não se afundou no mercado de trabalho, fundou a empresa de produção de filmes porno ClubJenna (30 milhões de dólares de lucro), comprada pela Playboy em 2006; cotada entre as mais inteligentes vedetas porno, e das mais bonitas, autora publicada; com algumas parecenças da personagem de BD Lady Death; em 2001 derrota, num debate, na universidade de Oxford, os defensores de uma proposta de lei britânica contra a pornografia. – “Bitch Slap” (2009), segundo a coordenadora de duplos, Zoe Bell, inclui “the longest, the badest, bitch fight in cinema history”; com Erin Cummings, a Sexbomb: a actriz que “kicked a lot of ass” como Sura, a mulher de Spartacus, na série de TV “Spartacus: Blood and Sand” (2010) – (Twitter); America Olivo, a Psycho-Slut: “sou a foliona do grupo”, explica ela – podcast no Blood, Bullets and Broads – filha da miss Canadá 1959, esgrimiu duas armas brancas no filme “Friday the 13th” (2009), e canta na girlband Soluna (do espanhol: sol + lua) – (Twitter); e a canadiana Julia Voth, a Stripper. – “Run! Bitch Run!” (2009) “as coisas dão para o torto, quando Catherine e Rebecca, duas alunas de liceu católicas, batem à porta errada, para vender bugigangas religiosas”, uma “excelente reminiscência do mau gosto dos anos 70”; com a experimentada actriz Christina DeRosa, da série de TV “Zane’s Chronicles” (2008), dos filmes “Extreme Movie” (2008) e “The Grind” (2009), e do pior vestido dos Emmys 2008: DeRosa ou Jennifer Love Hewitt?; e com Cheryl Lyone e Cream Cabahug. – “TRON: Legacy” (2010) música de Daft Punk e eventualidade de fashion; a versão de 1982 aliou arte e ciência: “os artistas TRON estavam nos estúdios Disney, em Los Angeles. E os programadores estavam no Mathematics Applications Group, Inc., em Nova Iorque… usaram-se modems para enviar testes de movimento de baixa resolução para o director da Disney antes de inserir as imagens no filme”.

Cenas de sexo em gravidade zero: o strip de Jane Fonda no genérico de “Barbarella” (1968) ♦ os piores / melhores filmes: o mongol John Wayne em “The Conqueror” (1954) ♦ perseguições de carros: Burt Reynolds no Pontiac Firebird em “Smokey and the Bandit” (1977) ♦ intervalos: publicidade de pipocas ♦ sonhos: o secador de Geena Davis em “Earth Girls Are Easy” (1988) ♦ naves espaciais: os invasores de “Skyline” (2010) ♦ na terra dos cowboys, actrizes com sangue índio: + coreano + irlandês = Moon Bloodgoodfilmes de Natal: cowboys, ninjas e Kate Bosworth em “The Warrior’s Way” (2010).

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[Van Shipley – aventurado como o primeiro guitarrista eléctrico indiano* falecido dia 8 de Março de 2008. “O homem da guitarra dourada e do violino mágico”, nasceu na cidade de Lucknow, no estado indiano de Uttar Pradesh; a peculiaridade do seu nome deriva de ele ser metodista e não hindu. Em Saharanpur, sob Mestre Bande Hassan Khan e do seu filho Mestre Zinda Hassan Khan, reverenciados cantores de Khyal, estudou música clássica indiana, também frequentou aulas de música ocidental, de um americano chamado Dr. Wizer. O seu primeiro instrumento foi o violino; mas nos anos 40 desenhou uma steel guitar (de oito cordas**), uma moda que, por sua mestria, pegará em 1978 com Brij Bhushan KabraKazi AniruddhaS. HazarasinghSunil Ganguly ♦ Batuk Nandy ♦ Mohon Bhattacharya ♦ Nalin Mazumdar ♦ Robin Paul ♦ Sujit Nath. O realizador e produtor Raj Kapoor, depois de o ver num espectáculo em Bombaim, contrata-o para tocar violino na banda sonora do filme “Barsaat” (1949); introduzirá a guitarra eléctrica na cena do sonho de “Awaara” (1951); e actuará em “Cha Cha Cha” (1964). Em 1955, com o acordeonista Enoch Daniels, agrupa uma longa parceria; o seu primeiro álbum chamar-se-á “The Man with the Golden Guitar” (1962) ▬ instrumental de “Jaane Kahan Gaye Woh Din”, da banda sonora do filme “Mera Naam Joker” (1970)guitarra havaiana***: “Chaudhween Ka Chand Ho” ♦ violino: “Dil Jalta He To Jalne De” ♦ “Goriya Kahan Tera Desh Re” ♦ “Aawara Hun” / “Mujhe Kisi Se Pyar Ho Gaya”.

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* A música popular da Índia alastrou-se como Filmi – a música da indústria cinematográfica, da qual Van Shipley foi o primeiro a tocar versões instrumentais; todavia, outros sons contagiaram a terra dos óculos de Gandhi: a cena jazz de Goa, nos anos 50-60, ou a taquicardia ocidental estimulada pelos maços de tabaco Simla, nas bandas das compilações Silma Beat (1970-71), produto do concurso anual All-India Simla Beat, patrocinado pela tabaqueira India Tobacco Company Limited: The EruptionsThe ConfusionsHypnotic EyeThe DinosaursThe FentonesX’lentsGenuine SparesBlack Beats...

** Para atingir o pedal: “o som prolongado sobre o qual se sucedem diferentes acordes” comum da música clássica indiana. Os outros guitarristas tocavam a National Dual Six Console.

*** A origem da guitarra havaiana reparte-se por Joseph Kekuku, James Hoa, um havaiano de prole portuguesa, ou Gabriel Davion, um marinheiro indiano, raptado por navegadores portugueses e exportado para o Havai em 1876, o primeiro a tocar slide guitar: a técnica de deslizar um tubo nas cordas; introduzida na Índia, na tournée de 1919, de Ernest Ka’ai and his Royal Hawaiian Troubadours, e popularizada pela música de Tau Moe e um dos primeiros havaianos a gravar (1915-30) slide guitar Frank Ferera. Para além de Van Shipley, outros prosperaram a guitarra havaiana na música indiana: Debashish BhattacharyaSri Jaywant NaiduDra. Kamala Shankar; – e a lenda do blues e da slide guitar: o “guitarrista, anarquista, antropólogo” Bob Brozman].