Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

sábado, junho 23, 2012


Um advérbio de encher

Cabrião! Cabrião! Vocês são todos uns cabriões! ululam os povos esmagachados pelos motores de nações [1]. Nefas! A prima de todas as injustiças, quando, nuptiae demonstrant, demonstrado pelas ininterruptas núpcias, eleitorais, os eleitos bandeiam a bem do Bem superior [2]. No carteio dos povos, cada qual enaipou cada uma das qualidades, o Orgulho, a Luxúria, a Bebedeira, a Paixão, como trunfos nacionais: “O Orgulho, primeiro Par e Presidente do Inferno, / Teve em quinhão a Espanha, a província maior… // A Luxúria escolheu a zona tórrida da Itália, / Onde o sangue fermenta em violações e sodomias… // A Bebedeira, cara favorita do Inferno, / Escolheu a Germânia para seu domínio… // A Paixão desenfreada morou primeiro em França, / Onde as pessoas vivem à pressa, prosperam por acaso. / Nação dançarina, volúvel e mentirosa”, Daniel Defoe, em “The True-Born Englishman” (1701). Dormentes nos temperamentos os povos pouco “Wake Up” (pop rock de Nova Iorque, Someday Static ▬ “I Would” ♫ “Paparazzi”).
Nicolas de Fer, geógrafo de sua majestade católica Luís XIV e de sua alteza, Luís, o Grande Delfim, em 1708, desenhava outras europeias caraterísticas: “os polacos são corajosos, gostam das letras e das artes, um pouco da pândega e são todos católicos”. “Os húngaros são bem feitos, gostam da guerra e dos cavalos, são ousados, intratáveis e grandes beberrões. As suas pessoas gradas são magníficas, as mulheres são belas e ajuizadas”. “Os suecos são boas pessoas e valentes, e gostam das artes e das ciências”. Os suíços são corajosos, sensatos, leais, de estatura robusta, dão bons soldados, mas querem ser bem pagos, “sem dinheiro não há suíços”. Os alemães são agressivos, excelentes soldados se se disciplinarem. Com queda para o negócio e atinados no trabalho. São dóceis, pouco dispostos à revolta, afeiçoam-se ao tipo de governação a que estão habituados [3]. Nas raias da Europa, Madonna amostrou a teta direita aos turcos [4], Bossuet amostrara-lhes uma prece: “ó Jesus, Senhor dos Senhores, árbitro de todos os impérios e Príncipe dos reis da terra, até quando suportareis que o vosso inimigo declarado, assentado no trono do grande Constantino, sustenha com tantos exércitos as blasfémias do seu Maomé, abata a vossa cruz sob o crescente e diminua todos os dias a cristandade com armas tão afortunadas?”. Soltem os cavalos pela Europa, “Take the Reins” (punk rock de Petaluma, Califórnia, Tsunami Bomb ▬ “Dawn on a Funeral Day” ♫ “5150”).
“Eis uma lição que deveriam ensinar na escola, / Quando uma rapariga ganha curvas e os rapazes babam-se” [5], uns povos matam e comem, outros matam e matam. John Locke cozinhava, em “Ensaio sobre o entendimento humano”, os carabídeos: “noutros sítios os pais comem os próprios filhos. Os caribes acostumaram-se a castrá-los, para os cevar e comer. E Garcilaso de la Veja conta que certos povos do Peru tinham o costume de guardar as mulheres que faziam prisioneiras para delas fazerem concubinas, e que alimentavam tão delicadamente como podiam os filhos que tinham delas, até à idade de treze anos; depois do que os comiam, e tratavam do mesmo modo as mães desde que não tinham mais filhos”. Escalando no mapa, o povo com carte blanche para matar. Os americanos embutiram um presidente com poder de vivo ou morto, de preferência morto, e o centro da sua política de segurança é o patíbulo das forças de operações especiais: “o Comando de Operações Especiais (USSOCOM) com as suas forças constituintes – Boinas Verdes, Rangers do Exército, SEAL, e que tais – predaram a presidência por décadas. Contudo, é apenas na atalaia de Obama que estes guerreiros secretos atingiram o pináculo do prestígio da hierarquia militar”. E o prémio Nobel da Paz, no remanso da sua superior ética, desempata matar mulheres e crianças na ‘Lista para Matar’ [6], sem engasgar ninguém com apple pie moral. Porque os Estados Unidos têm a maior máquina de informação e contra-informação da História, Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca: “posso dizer-lhe que, como sabe, trabalhamos muito duro, os nossos militares no Afeganistão, para fazer tudo o que pudermos para evitar vítimas civis”. Duas palavritas, “fazer tudo”, sancionam uma contabilidade de só 15 000 civis mortos no Afeganistão, seriam muitos mais sem o conceito “fazer tudo”. “The Fear” (rock inglês, Evarane).
Bons homens que arrecadam alôs [7]. Deles se talhou um povo amiguinho. Salazar nos “Princípios fundamentais”: “Portugal é um Estado que ama a paz, tem o espírito civilizador, colabora no fortalecimento da ordem universal, estigmatiza a guerra ambiciosa, perfilha a arbitragem para a liquidação das questões entre os Estados, integra o seu direito público no quadro dos fins superiores da humanidade, e pretende o desenvolvimento harmónico, pacífico, produtivo das faculdades dos cidadãos, para o aperfeiçoamento e progresso das relações internas e externas da Nação. O seu sistema educativo tem de ser dominado pelos princípios do dever moral, da liberdade civil e da fraternidade humana”. Um povo multíloquo, bafejado pelo verbo e que do advérbio fez a sua casa. Luís Figo, um dos seus maiores génios: “a importância da música na minha vida é muito importante”, “figamente”, frase sim, frase sim, patati patata, brindava com um “logicamente”. “Be My Slave” (heavy metal dos anos 80 de Los Angeles, Bitch).
Um povo em risco de ser um verbo-de-encher, transmuta-se num advérbio-de-encher. O ministro Álvaro “alvaramente” orgulhoso no Parlamento: “hoje é um dia histórico que assinala uma viragem clara nas políticas energéticas, em linha com o compromisso do Governo para com os portugueses. (…). O Governo assumiu desde o primeiro momento que a estratégia de consolidação das contas públicas portuguesas exigiria um sacrifício de todos os portugueses, sem exceção, de todos! particularmente na área da energia. (…). Importa aqui sublinhar, que não houve por parte do Governo, qualquer tipo de decisão unilateral, não se rasgaram contratos, este Governo não o faz. (…). Anualmente, prevê-se que permitam todas as medidas reduzir os custos do sistema elétrico nacional entre 180 e 190 milhões de euros. Adicionalmente podemos anunciar a decisão do Governo em consignar ao setor elétrico 80% das receitas das licenças CO2, com origem no setor elétrico, de modo a compensar os sobrecustos com as energias renováveis. (…). Com este conjunto de medidas, o Governo coloca a energia ao serviço das famílias e da economia e não o que se passou anteriormente nos últimos anos. (…). Prometemos cortar nas rendas e cumprimos! já o fizemos. Fomos o primeiro Governo a fazê-lo. Nós entendemos de forma inequívoca que os sacrifícios são para todos. E esta medida é a prova que ninguém fica de fora dos sacrifícios exigidos”. (Aplausos entusiastas da claque). Nas respostas aos deputados: “eu gostaria de referir finalmente que hoje é verdadeiramente um dia histórico para o nosso país, porque mais uma vez estamos a provar que o Governo não teme interesses instalados. O Governo está aqui totalmente determinado que todos partilhem os sacrifícios. (…). E é exatamente nesta mensagem que eu gostaria de terminar, é que nós estamos a mostrar, os parceiros, os partidos, Governo, trabalhadores e empresas, trabalhando juntos nós iremos vencer a crise atual. Porque só assim é que conseguiremos ultrapassar esta crise verdadeiramente histórica e nós em Portugal estamos a mostrar muito claramente muito claramente ao mundo que ao jogarmos todos em conjunto, ao jogarmos em equipa, ao unirmo-nos neste momento de crise, conseguiremos sem dívida nenhuma sair da situação atual”. “Quando ninguém te escuta…”, “The Air Is Thin[8].
Historicamente obviamente é o advérbio de afirmação mais querido de Portugal. Por causa da resposta de Humberto Delgado, durante a candidatura à presidência da república, numa conferência de imprensa, no café Chave D’Ouro, em novembro de 1958, sobre o destino de Salazar: “mas obviamente, demitia-o”. João Almeida, deputado do CDS, “joãoalmeidamente”: “há previsões que apontam p’a crescimento no próximo ano, todas, exceto a da OCDE. Olhamos com atenção p’a a da OCDE, obviamente, é relevante, e olhamos pra ‘quilo que são dados. Uma coisa são previsões, outra coisa são dados, nos dados concretos nós temos no ano de 2011 a o cresc a recessão foi muito menor do que qualquer previsão”. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, “josémanuelsilvamente”: “não é de forma nenhuma compatível, diria que é insustentável que a interrupção voluntária da gravidez seja suportada a 100% pelo Estado, ainda por cima nalgumas circunstâncias a legislação permitindo que seja transformada num método anticoncepcional por algumas mulheres. É obviamente necessário e urgente alterar a legislação da IVG (…) não é um cuidado básico de saúde, pode ajudar sobretudo nas pessoas mais carenciadas, mas não pode estar a desviar para a interrupção voluntária da gravidez financiamento que agora é essencial para tratar doentes e para ajudar os doentes mais carenciados”. Dinheiro é “Our Deal” (vídeo realizado por Drew Barrymore, surf pop de Los Angeles, Best Coast ▬ “When I’m With You”).
Atualmente a língua flexibiliza-se com novos advérbios. O advérbio de verdade. São advérbios justificados “verdademente” por uma pessoa e um acólito. Na salgalhada Miguel Relvas / jornalista do jornal Público pressionada, o gabinete do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares produziu dois: “… totalmente destituídas de fundamento, repudiando-as categoricamente”. Miguel Relvas “relvasmente”: “nunca fiz pressões, nem tinha conhecimento, pessoal! eu não conheço a jornalista em causa, não! falei com a jornalista em causa. Não tenho conhecimento sobre aspetos da vida pessoal, nem da sr.ª jornalista, nem doutros srs. jornalistas. Seria mau! em Portugal, se alguma vez isso acontecesse”. Luís Menezes “luísmenezesmente”: “note-se aqui uma discrepância forte de opinião, entre o conselho de redação, entre os editores e entre a redação, isto é um problema também, daquilo que eu pude ver, interno do Público. O ministro Miguel Relvas, tanto quanto sei, já veio confirmar que estas ameaças não têm fundamento, foi o, eu acabei de entrar antes de ter essa essa informação eee mas uma coisa é certa, aquilo sobre o qual a notícia se debruçava, que era a questão das secretas, foi tratado como deve ser tratado com toda a transparência”.
O advérbio de não somos gregos. São advérbios de cada macaco no seu galho ou cada devedor na sua dívida. Nuno Melo “nunomelamente”: “eu questiono o processo eleitoral que, para começar, dá representatividade particula parlamentar a um partido de extrema-direita de inspiração assumida neonazi, que agride pessoas na rua e ataca imigrantes. Bom, isto para mim não é jogo po, um partido desses em Portugal não era sequer candidato, ponto final, parágrafo, porque a cons a constituição o proíbe. E um partido, e um país que se permite levar ao Parlamento movimentos anarco-sindicalistas de rua, que vivem como, enfim, claramente percebido, mais que não seja do ponto de vista ideológico e doutrinário, não é? cujo objetivo não é o de provocar essa mesma estabilidade, e sem Governo a Grécia não sai seguramente da austeridade”.
O advérbio de investimento. São advérbios com capital associado. Paulo Portas “pauloportasmente: “os investidores que queiram fazer transferências de capital importantes para o nosso país de modo estável, os investidores que queiram fazer aquisições na área da propriedade ou do turismo no nosso país, os investidores que aqui criem postos de trabalho serão, não só bem tratados pelo Governo português, como terão acesso a vistos especialmente favoráveis, o que chamamos, na lei, abertamente: vistos de investimento”.
O advérbio kit de Sherlock Holmes. São advérbios de mistério solucionado. Álvaro Santos Pereira: “se olhar p’o memorando de entendimento, que existe entre o Estado português e e os nossos parceiros internacionais verá que muitas das medidas estão em curso, e que agora, neste momento, parecem que não estão concretizadas, mas já estão em curso. Portanto, este é um acordo de concertação social para os próximos 2, 3 anos. Nós entendemos que é importante avançar com as medidas o mais rapidamente possível, ‘tamos a fazer tudo o que podemos para esse acordo ser cu en eh cumprido integralmente o mais rapidamente possível … nós estamos em recessão então nós temos a economia a contrair de uma forma bastante significativa, quando a economia contrai as empresas naturalmente têm que se reestruturar, muitas delas vão à falência, nós sabemos disso. ‘Tamos em recessão, portanto isso não há nenhum mistério”.
O advérbio com dono. São advérbios não orçamentados. Passos Coelho “passoscoelhamente”: “a cultura não tem donos, muito menos donos políticos. Se noutra ocasião tive a oportunidade de dizer, que o valor da cultura não se mede pelo montante da sua conta no Orçamento de Estado, agora afirmo que os domínios do espírito e de a cri e da criatividade não pertencem a ninguém e certamente não ao Estado”.
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[1] Injusto muito injusto. Um grande líder europeu, José Maria Aznar, “entachado” como presidente da Fundação para a Análise e Estudos Sociais de Espanha, em Lisboa, para parlapié com Cavaco Silva, outro líder europeu grande, despejou de sua boca soluções para os últimos dias da Europa, falou de… futebol: “são momentos complicados e difíceis para todos e expresso também os meus votos para Portugal e, se me permitem, não farei mais nenhuma declaração, mas quero sim expressar essa gratidão e esses votos que incluem também a presença e participação de Portugal no Campeonato Europeu de Futebol, tal como a Espanha, desejo o melhor para os dois”. Mariano Rajoy, outro europeu grande líder, após o resgate: “ontem, venceu a credibilidade do euro. Ontem, venceu o futuro do euro. Ontem, venceu a União Europeia e ontem, venceu a possibilidade de que, rapidamente, em Espanha, se possam recuperar os níveis de crédito que são necessários para melhorar o investimento e o emprego” e … foi ver seleção espanhola jogar contra a Itália. “Afinal de contas, vou fazer seis horas e meia de voo, vou lá estar duas horas e meia e regresso. Mas considero que a seleção espanhola merece”.
[2] Os senhores selecionam a informação na mesa dos camponeses. Aumentam os pedidos para que Deus Google retire “discurso político”, Dorothy Chou, analista sénior de política da Google: “é alarmante, não só porque a liberdade de expressão está em risco, mas porque algumas dessas solicitações vêm de países insuspeitos – as democracias ocidentais, não tipicamente associadas com a censura”.
[3] Nos séculos XX-XXI serão o motor da Europa. O ministro da Economia do Governo de Hitler, Walther Funk, em julho de 1940, numa feira comercial em Könisberg, discursava sobre a necessidade de consolidação política da Europa, como a solução final de uma “intensificação de toda a vida económica no espaço vital europeu”. Numa feira em Viena uns dias depois precisou: “a política económica alemã tem por objetivo acabar com a atomização económica da Europa, considerando uma loucura a autarcia excessiva na qual todo o país pequeno deseja fabricar tudo, desde o botão até à locomotiva pesada”.
[4] E aos italianos o rabo… “fiodentalado”. No concerto de Coimbra impôs um camarim com 100 m2, lírios e rosas brancas e cor-de-rosa cortados exatamente com 15,24 cm. Bebeu vinho Bacalhoa e levou o ADN. Álvaro Campos da produtora Ritmos & Blues: “Só podemos aceder (aos camarins) depois da equipa de esterilização deles sair. Não vai haver lá nada do ADN da senhora, qualquer cabelo, qualquer coisa, limpam tudo”.
[5]I Never Met a Wolf Who Didn’t Love to Howl”, na série “Smash”, no episódio “The Cost of Art” com Nick Jonas: “Eis uma lição que deveriam ensinar na escola, / Quando uma rapariga ganha curvas e os rapazes babam-se, / se matemática e ciências não são o teu estilo, / Dá um sorriso com um piscar de olhos àquele professor, / Não terás de esperar pela nota, / Agradece depois quando terminares, // Porque eu nunca conheci um lobo que não gostasse de uivar! / Não, eu nunca conheci um homem que não estivesse à caça / se um diploma queres, / Bem, então, faz daquele professor o animal de estimação da aluna”.
[6] “Mr. Obama é o professor liberal de direito que fez campanha contra a guerra do Iraque e a tortura, e depois insistiu em aprovar cada novo nome numa ‘Lista para Matar’ em expansão, debruçado sobre as biografias de suspeitos de terrorismo, no que um funcionário chama os macabros ‘cromos de basebol’ de uma guerra não convencional. Quando surge a rara oportunidade para um ataque com um avião não pilotado contra um terrorista de topo – mas a sua família está com ele – é o presidente que tem reservado para si o cálculo moral final”. Matar que barateia: “funcionários do Pentágono disseram que o Departamento de Defesa está em vias de poupar 259 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos e 487 mil milhões nos próximos dez. O orçamento pedido pelo Pentágono é 525 mil milhões para o ano fiscal de 2013, com 88.4 mil milhões mais para operações de contingência no ultramar, principalmente no Afeganistão. Isto é uma descida de 531 mil milhões e 115 mil milhões no ano fiscal de 2012”.
[7] Antonis Samaras, líder da Nova Democracia grega: “digam alô ao Coelho da minha parte. É um bom homem. Vivemos tempos difíceis, mas vamos conseguir juntos, pois temos de progredir, temos de abrir caminho à esperança, temos de respeitar os princípios europeus, temos de respeitar o euro e, simultaneamente, precisamos de recuperar a bem do nosso povo, é muito importante, porque o desemprego está a atingir níveis inéditos. E vamos todos lutar juntos por isso, no seio da Europa e do euro. Hoje é pois um dia grande para a Europa”.
[8] “When nobody listens to you / Does your heart remain / With the unsettled few / That are true”, de Jesse Sykes & The Sweet Hereafter, banda formada em 2002 por Phil Wandscher e Jesse: “conhecemo-nos num bar logo após o Phil se mudar para Seattle. Foi em 1998 e ele perguntou-me se eu queria uma bebida… eu disse ‘não, obrigada’ e o resto é história”.

cinema:

Foolish Wives” (1922): interpretado, escrito e realizado por Erich von Stroheim, com a ideia de um filme entre 6 a 10 horas. Quando o entregou à Universal Pictures “tinha 32 bobines e 8 longas horas, mas von Stroheim insistia que agora era ‘uma história perfeita’. Quando questionado sobre como poderia ser possível exibir 32 bobines numa noite, ele repostou: ‘isso é um detalhe que eu não tive tempo para me preocupar’ (a revista Photoplay sugeriu que o filme fosse rebatizado ‘Foolish Directors’ e lançado como um serial). A Universal tomou conta do filme e encurtou-o para 14 bobines, com 210 minutos. Von Stroheim odiou a versão mais curta, protestando que tudo o que restava da sua obra-prima eram ‘os ossos’”. Hoje sobram 130 minutos. “O drama mudo conta a história de um homem que se autodenomina conde Wladislaw Sergius Karamzin, a fim de seduzir mulheres ricas e extorquir-lhe dinheiro. Ele fixou-se em Monte Carlo e as suas parceiras no crime (e possíveis amantes) são as suas primas: a falsa princesa Vera Petchnikoff e a falsa sua alteza Olga Petchnikoff”. “Inicialmente orçamentado em 250 000 dólares, a produção do filme voou acima de um milhão, graças aos excessos de Erich von Stroheim. Ele principiou as filmagens em julho de 1920 e continuou por onze meses, até que foi retirado do filme em junho de 1921. Com medo de que o filme pudesse falir a Universal, o chefe do estúdio Carl Laemmle, despachou o seu assistente de 21 anos, Irving Thalberg, de Nova Iorque para Hollywood, para diligenciar que von Stroheim terminasse o filme. Quando Thalberg ameaçou substitui-lo por outro realizador, von Stroheim riu-se-lhe na cara, notando que ele era a vedeta do filme assim como o realizador, se ele fosse substituído, o filme nunca seria acabado. Contudo, Thalberg foi mais esperto. Atentamente, vigiou a produção do filme e, quando julgou que tinham sido filmadas sequências suficientes para construir uma história, tirou as câmaras a von Stroheim, lembrando ao realizador que elas eram propriedade do estúdio. Por ter provado a sua coragem contra von Stroheim, Laemmle promoveu Thalberg a novo chefe de produção da Universal Pictures”. “Os excessos de Erich von Stroheim no filme também incluíram pedidos de luxuosos vestidos de noite de Paris, meias de seda e roupa interior de seda, com monograma, para os seus atores vestirem, para que se pudessem ‘sentir mais como aristocratas’. Ele decorou os cenários com porcelana verdadeira, tapeçarias e lustres de cristal. Nas cenas do banquete, insistiu em usar champanhe e caviar verdadeiros. Quando um executivo do estúdio lhe perguntou, porque não podia substituir Ginger Ale e doce de amora como adereços para o champanhe e o caviar, von Stroheim replicou: ‘porque os meus atores notarão a diferença, eu notarei a diferença e a câmara notará a diferença’”. – “Bela Lugosi Meets a Brooklyn Gorilla” (1952): filmado em 9 dias com um orçamento de 50 000 dólares, realizado por William Beaudine, “que ganhou a alcunha de William ‘One Shot’ Beaudine, quer devido à sua relutância de filmar mais do que um take de qualquer coisa, ou pela sua plena confiança em intermináveis, longas cenas estáticas, para filmar a maior parte da ação”. Argumento: “na viagem para uma atuação em Guam, Duke Mitchell e Sammy Petrillo encontram-se presos numa ilha aparentemente traiçoeira, conhecida pelos nativos como Kola Kola. Os indígenas são bastante amigáveis, especialmente Nona (Charlita), a filha do chefe tribal, que tenta ajudar os dois a saírem da ilha. Embora encontrassem o paraíso, por enquanto, a dupla descobre que um cientista louco chamado dr Zabor (Bela Lugosi) vive no outro lado da ilha”. É o único filme com a dupla Mitchell e Petrillo no seu número de imitação de Dean Martin e Jerry Lewis. “Sammy Petrillo teve a sorte, ou talvez o azar, de carregar uma forte semelhança física com Jerry Lewis. Ele também foi abençoado com o talento para fazer uma mortal imitação do inicial, mais engraçado, Jerry Lewis”. “Jerry processou Sammy por, essencialmente, roubo do seu número e havia, supostamente, uma ordem de cessar e desistir, emitida. Curiosamente antes deste filme e o envolvimento do bonifrate num fato grande de macaco, Sammy representava, ou o irmão mais novo de Jerry, ou o Jerry enquanto puto, numa rábula com o verdadeiro Jerry no programa de TV Colgate Comedy Hour”. Sobre o colega símio, explicou Sammy numa entrevista: “Ramona, a chimpanzé, era realmente Cheetah, o macaco. Era a Cheetah no momento da fama de Tarzan. Eu acho que eles tinham um monte de Cheetahs. Esta era a vulgar Cheetah e era realmente um rapaz. E chamamos-lhe Ramona, a macaca, porque queríamos uma moça macaca em ‘Bela Lugosi Meets A Brooklyn Gorilla’ para se apaixonar por mim”. – Jayne Mansfield: a “Marilyn Monroe da classe operária”, “vencedora dos concursos de beleza: miss Photoflash, miss Magnesium Lamp, miss Fire Prevention Week, Gas Station Queen, miss 100% Pure, miss Analgesin, miss Cherry Blossom Queen, miss Third Platoon, miss Blues Bonnet de Austin, miss Direct Mail, miss Electric Switch, miss Fill-er-up, miss Negligee, miss Nylon Sweater, miss One for the Road coffee, miss Freeway, miss Electric Switch, miss Geiger Counter, miss 100% Pure Maple Syrup, miss July Fourth, miss Texas Tomato, miss Standard Foods e miss United Dairies”. “No dia 28 de junho de 1967, Mansfield, o seu amador Sam Brody, o seu motorista Ronnie Harrison e os filhos da atriz (Miklós, Zoltán e Mariska), num Buick Electra 225 de 1966, dirigiam-se para Nova Orleães, onde Mansfield tinha programado aparecer numa entrevista matinal na televisão. (…). A 29 de junho, cerca das 02:25, na US Highway 90, a leste da ponte Rigolets, o carro colidiu com a traseira de um trator reboque que tinha abrandado por causa de um camião que pulverizava fumo antimosquito. O automóvel atingiu a retaguarda do reboque e ficou debaixo dele. Os três adultos que estavam no banco dianteiro morreram instantaneamente; as crianças no banco traseiro sobreviveram com ferimentos ligeiros”. A filha de Mansfield, Mariska Hargitay, a detetive Olivia Benson na série “Law & Order”, ainda tem uma cicatriz desse acidente sofrido aos 3 anos de idade. O atestado de óbito declarou como causa de morte de Mansfield “caveira esmagada com arrancamento do crânio e cérebro”. Como consequência desta cruel mutilação de um tão premiado corpo, a National Highway Traffic Safety Administration institui a obrigatoriedade da instalação da barra ICC ou barra Mansfield: “é uma proteção que é colocada por baixo na retaguarda de um reboque. Destina-se a fornecer alguma proteção para os carros que choquem contra a traseira do reboque. A parte inferior da traseira do reboque está perto do nível da cabeça de um adulto num carro, e sem o resguardo, a única proteção para a cabeça de um adulto neste tipo de acidente seria o pára-brisas”. – “Argoman” (1967): filmado em Londres e na Cinecittà. Argoman é o playboy Sir Reginald Hoover e os seus poderes são: força sobre-humana, telequinesia, capacidade de implantar mentalmente sugestões nas mentes mais fracas, audição supersensível, perde todos os poderes aproximadamente seis horas depois de praticar sexo. “Ele usa-os principalmente para fazer os seus inimigos matarem-se uns aos outros e forçar mulheres bonitas a virem à sua ilha (algures no mediterrâneo) e terem sexo com ele. E quando usa os seus poderes para o bem, cobra às pessoas (e Governos) pelos seus serviços. Exemplos de preços incluem a caixa de rapé de Pedro, o Grande (que ele reconhece à primeira vista), a Mona Lisa e outros tesouros sem preço, os quais ele utiliza para decorar a sua própria impossivelmente moderna toca”. Argumento: “Londres, a coroa de santo Eduardo foi roubada, o inspetor Laurence, responsável pela investigação, recorre a Sir Reginald, um conhecido criminologista. A imprensa afirma que Argoman é culpado do roubo. Enquanto isso, o ministro dá ao inspetor uma nota assinada por Jenabell, a Rainha do Mundo, que reclama a troca da coroa por um enorme diamante descoberto após uma explosão atómica e capaz de refratar os raios com consequências incalculáveis”. – Amanda Gifford aka country girl: “a maioria das raparigas chamam-me labrega e, honestamente, eu aprecio uma boa canção country, andar nas estradas secundárias num camião, ou pulverizar um trilho montada numa bicicleta suja, mas eu sou realmente algo mais do que isso. Raramente uso alguma maquilhagem, e sou um pouco totó, e adoro ler. Sou uma otária por piadas foleiras e adoro a praia. Um dia, adoraria viajar pelo mundo, embora eu saiba que o meu coração permanecerá sempre no campo”.

música:

Medvedev dança – numa reunião universitária em 2011, bamboava-se o dançarino ao som de um hino da era perestroika: era em que a Rússia arrimou à “economia regulada pelo mercado” açorando novas aspirações no povo: “Eu toco a balalaica / É o mais russo dos instrumentos / Eu sonho em viver na Jamaica / Na Jamaica não há balalaicas”, e o Pravda, fundado em 1912 por Lenin, sob um aumento de 500% dos custos de produção, consequência da liberalização de preços decretada por Boris Yeltsin, faliu em 1992, debutando o baile, máxime tango, entre os necessários dois Medvedev e Putin. Esse hino era “Onde está você meu príncipe estrangeiro / American Boy” das “Комбинация, Kombinaciya, é uma banda pop russa. O nome significa ‘associação’, mas a palavra russa tem um duplo sentido, também se refere ao negligée, e numa atuação do grupo em 1988, em Moscovo, elas foram forçadas a cantar sob um nome diferente porque ‘Kombinaciya’ foi considerado demasiado sugestivo para nome de banda” ► “Russian Girls” ♫ “Cereja nove / Вишнёвая девятка”.
Mayakovski na “Autobiografia”: “o nevoeiro rasga-se, a nossos pés nasce um brilho mais claro que o céu: a eletricidade. A fábrica de aduelas para tonéis, pertencente ao príncipe Nakachidzé. Depois da eletricidade, a natureza fica sem interesse para mim. Não suficientemente aperfeiçoada”. Cegueira de poeta. A. O. Avdienko: “eu escrevo livros. Sou escritor. Tudo graças a ti, Ó grande educador, Stalin. Eu amo uma jovem mulher com um amor renovado e devo perpetuar-me nos meus filhos – tudo graças a ti, grande educador, Stalin. Eu serei eternamente feliz e alegre, tudo graças a ti, grande educador, Stalin. Tudo te pertence, chefe do nosso grande país. E quando a mulher que eu amo me presentear com uma criança a primeira palavra que pronunciará será: Stalin”. Lucidez poética. A natureza russa foi aperfeiçoada, apesar de Mayakovski, nessa máquina de construção macia que enamorava A. O. Avdienko: a mulher russa. Elas acamaradarão com classe, sejam as modelos russas – como Natalia Mikhailovna Vodianova (Наталья Михайловна Водянова) 1,76 m, 87-63-89, sapato 38, olhos azuis, cabelo castanho claro: “na adolescência Vodianova ajudava a mãe a vender fruta na rua e mais tarde montou uma barraca com uma amiga para ajudar a sua família a sair da pobreza” – ou as moças de ringue das Mixed Martial Arts [1] ou as concorrentes de uma singela eleição. Causarão uma revolução nas calças masculinas, uma priápica “Giant Galactic Space Dick” [2]. “Щас хуй пойдешь сосать”, traduz Deus Google: “agora vá chupar pau”:
“Lições viris de Vladimir Putin”: os homens pescam, praticam artes marciais, guiam motas, fazem férias rústicas, nadam estilo mariposa, disparam armas, apoiam a conservação da vida animal, falam línguas estrangeiras, andam em tronco nu e arremessam bestas. A varonilidade atrai inevitavelmente as mulheres e o par de Medevdev, um herói de ação, é um hotspot, tem mel. “Se não querem Putin, Medevdev foder-vos-á. Eles são um tandem, sabem?”, aferventava, contra a canção georgiana “We Don’t Wanna Put In”, retirada pela Eurovisão 2009, a ambição loira, Maria Sergeyeva. Estudante de filosofia, em 2009, sonhava liderar a Rússia: “adoro Thatcher e Churchill porque são líderes autodidatas. Acho que Thatcher e eu temos algumas semelhanças. Eu não gosto da minha voz quando faço discursos e li que Thatcher corrigia as suas cordas vocais para que a sua voz soasse melhor – eu posso fazer o mesmo. Ela trabalhou duro. Ela é um bom exemplo para mim. (…). Estou numa conferência. Bêbeda e depois do banya (sauna). São 3:00. Um copo de plástico com champanhe numa mão e whisky de malte, 12 anos, na outra. E vestindo nada exceto meias e a bandeira de Cuba. Esta é a minha maneira de encontrar aventuras. (…). Eu era muito gorda e não tinha amigos. Nós vivíamos muito mal. Também não tinha brinquedos. Com este tipo de desespero, li e ponderei muito”. Maria, sobre o desequilíbrio populacional, na Rússia há mais 10 milhões de mulheres do que homens: “as mulheres russas são as mais bonitas e ternas do mundo. Podemos atrair os melhores especialistas do ocidente com a ajuda das nossas mulheres. É assim que se resolve o problema demográfico”. Beleza e ternura que propende, tal como Maria, para apoiar Putin. Núbeis estudantes da universidade de Moscovo: “uma dúzia de brasas criaram o ‘aVVtomoika’ – significa lavagem de carro – mas com um duplo ‘v’ em cirílico para corresponder aos dois primeiros nomes de Putin, Vladimir Vladimirovich. Patrioticamente, elas só oferecem os seus serviços aos condutores de Ladas, Volgas e outros carros russos” [3]. Alunas do curso de jornalismo da Universidade Estatal de Moscovo ofereceram a Putin, pelo seu aniversário em 2010, um calendário delas, seminuas, com frases sugestivas, Ksenya Salezneva, mês de Dezembro: “Vladimir Vladimirovich quero felicitá-lo pessoalmente. Ligue 8-925-148-17-28”.
A lendária beleza russa nos microfones: Ангел-А (Angel-A) [4]: “Anya Angel-A (antes Anna Voronina) nasceu em Moscovo a 10 de maio de 1987. Desde a infância, estudou música, representação, coreografia, participou em diversos concursos e filmes de televisão. Formou-se na escola de música, no departamento de arte pop-jazz na State Music School, em canto pop-jazz” ► “Eu não sou eu / Я не твоя” ♫ “Adeus / Proschay”. Рефлекс (Reflex): são Zhenya Malakhova, Alyona Torganova e Anastasia Studenikina, (Ирина Нельсон (Irene Nelson) abandonou o grupo), “o trio disparou para o estrelato em 1999 com o single ‘Dalni Svet’ (Luz Distante). A canção conquistou o top da rádio Europe Plus e estabeleceu o grupo como uma força da música pop europeia”. Na capa da Playboy ► “Soiti S Uma” ♫ no progama de TV “Phantom of the Soap Opera” ♫ “Meninavento / Девочка-ветер” ♫ “Enlouqueça / Сойти с ума”. Анна Седакова (Anna Sedokova): “cantora pop ucraniana-russa, atriz e apresentadora, e agora também escritora. (…). Nasceu a 16 de dezembro de 1982, em Kiev numa família russa originária de Tomsk. Em pequena cresceu com o irmão e a mãe, sem o pai, nos arredores da capital ucraniana. Quando Anna tinha cinco anos o pai abandonou a família. A mãe de Anna consegui alimentar os seus dois filhos com dificuldade. Anna empregava os seus tempos livres na dança e na música. Terminou com honra o liceu. Como consequência foi frequentar a Universidade Nacional de Cultura e Artes”. Na Maxim Rússia ► “Drama / Драма” ♫ “Acostumando / Привыкаю”. Via Сливки (Via Slivki = via creme): “a história do grupo começou quando Karina Koks queria fundar uma banda e combinar os estilos hip-hop, jazz e pop. Karina escolheu os membros Ira e Daria. Apesar da sua falta de educação musical, elas trabalharam com sucesso em clubes de St. Petersburgo com DJs e músicos de jazz sob o nome ‘Discovery’, que rapidamente ganhou popularidade nos clubes noturnos. Eventualmente encontraram um produtor e mudaram o nome para Slivki” ► “Basta / Hvatit” ♫ “Venus” ♫ “Detstvo” ♫ “Eu ainda / Я Другая”. Блестящие (Blestyashchie = as resplandecentes): “é um dos primeiros e mais duradouros grupos femininos a cantar na Rússia” ► “Palmy” ♫ “Agent 007” ♫ c/ Arash “Contos orientais / Восточные сказки” ♫ “Nuvens / Облака”. Фабрика (Fabrika): “o grupo foi formado a partir de quatro raparigas, que participaram na primeira temporada do programa de talentos russo Star Factory em 2002, chamadas Sati Kazanova, Irina Toneva, Alexandra Savelieva e Maria Alalykina. (...). Após filmar o primeiro vídeo do grupo, “Sobre o amor / Про любовь”, Maria Alalykina saiu para completar os seus estudos na universidade”. Na capa da Playboy ► “Sobre filmes de amor / Фильмы о любви” ♫ “Я тебя зацелую” ♫ “Acenda as luzes / Зажигают огоньки”. Оксана Геннадьевна Фёдорова (Oxana Gennadyevna Fedorova): 1,78 m, 88-64-93, “miss St. Petersburgo 1999, miss Rússia 2001, miss Universo 2002, (destronada), apresentadora de TV, cantora, polícia reformada, antiga professora universitária, atriz e embaixadora da boa vontade da UNICEF. (…). O seu pai era um físico nuclear e a mãe trabalhava como enfermeira num hospital psiquiátrico. Na academia de polícia, Fedorova tocava saxofone como membro da banda de metais” ► “Tudo por sua causa / Оксана Федорова” ♫ “Numa etapa / На шаг один”. Серебро (Serebro = prata): “trio formado em Moscovo pelo produtor Maxim Fadeev em 2006. Elas são conhecidas como a banda que terminou em 3º lugar no festival da Eurovisão 2007 em Helsínquia, com a canção ‘Song #1’”. “Consiste em Elena Temnikova, finalista do projeto Star Factory-2. Marina Lizorkina, pós-graduada da academia pop-jazz, voz principal do grupo Formula, (substituída por Anastasia Karpova), e Olga Seryabkina, estuda ballet desde os sete anos e cantava coros para outro cantor famoso Irakli” ► “Respirar / Дыши” ♫ “Diz-me não te cales / Скажи не молчи” ♫ “Sem tempo / Не время” ♫ “Ópio / Опиум” ♫ Mãe Luba / Мама Люба”. Юлия Ахонькова (Julia Kova): 1,71 m, 91-61-91, nascida a 5 de Fevereiro de 1985, em Tuchkovo, na região de Moscovo, cantora e modelo, aos 17 anos venceu o concurso miss Rússia 2003, encetou a carreira musical como Джульетта (Julieta) ► “Pad Dazdiom” ♫ “Candy Boy / Конфетный мальчик”. Шпильки (Shpil’ki): “o grupo Saltos Stiletto é particularmente popular entre o público jovem. Elas cantam lindamente e as suas danças são dinâmicas, emocionais e muito sexy” ► “Ah, meninas / Ой,девки” ♫ “Sam é a Natasha / Сам Ты Наташа” ♫ “Puta / Стерва”. Наташа Вараксина (Natasha Varaksina) / Кукла (Boneca) ► “Metrossexual / Метросексуал” ♫ “Boneca / Кукла” ♫ “Amorzinho / Мало любви” ♫ c/ o grupo de metal ВЕНДЕТТА (My Vendetta): “Порочный роман / Bad Romance”. 
As t. A. T.u., (um acrónimo de “Эта девочка любит ту девочку” = “esta cachopa ama aquela cachopa”), duo russo de faux lésbicas [5], Yulia Volkova e Lena Katina. Em 2003, na praia Barceloneta, à sombra do Hotel Arts, em Barcelona, vestidas num sumário uniforme liceal, blusa branca, gravata e mini-kilt, rabeavam-se na areia de gatas e nalgumas fufices para uma sessão fotográfica, elas “vendiam uma sexualidade manifestamente pedófila-amiga com um travo lésbico”. Um produto manufacturado por Ivan Shapovalov formado em 1988, em psicologia, na Saratov Medical School. Especializado em psicologia infantil identifica, com facilidade, as roldanas do cérebro do consumidor moderno. “Os padrões de beleza para as mulheres estão baseados na forma do corpo na adolescência. Se alguém como Kyle Minogue pode sacar do truque, de estar na casa dos trinta, mas tendo um rabo de adolescente, ela será objeto de fascínio, admiração e inveja”. “A editora colocou as raparigas no estúdio com o lendário produtor inglês Trevor Horn – o homem por detrás dos Frankie Goes To Hollywood – para gravar as versões em inglês das suas canções. Dezoito anos depois de usar a homossexualidade masculina para gerar fervor à volta de ‘Relax’, Trevor volve-se lésbico e atinge ouro outra vez com a sua produção de ‘All The Things She Said’ das t.A.T.u. (…). Quanto ao lesbianismo, Trevor concorda que é ‘inegavelmente erótico. Como a minha filha diz, elas beijocarão a sua senda pela Europa’”, na revista The Face janeiro 2003. Na venda da pop, como na venda de políticos, a ilusão é mestra. O site pop russo www. ntvru.com: “Lena Katina e Julia Volkova irão incorporar um casamento legal. Isto é um facto muito invulgar para a Rússia, razão pela qual o evento acontecerá na Holanda. O casamento realizar-se-á no fundo de uma piscina. Elas estão a ensaiar o processo – treinar a beber champanhe debaixo de água e a enfiar os anéis”. Num fansite: “Elton John enlouqueceu sob o encanto das moças Tatu. E ficou tão sério que ele decidiu adotar ambas as raparigas imediatamente! Ele já enviou cartas a cada uma das famílias das raparigas, nas quais disse que oferece 100 milhões de dólares para receber os direitos de cuidar das moças como filhas. De acordo com as últimas notícias, nem os pais de Lena, nem os de Julia foram capazes de rejeitar tão generosa oferta. As raparigas também não estão contra, porquanto que tendo um cantor tão famoso como seu ‘pai’, abrir-lhes-ia todas as portas do show business”. Elas próprias vendiam-se como “adolescentes difíceis”. Na promoção do produto pelos EUA em 2003, país nessa data ainda sem uma Tiazona Sam, looking for sinais lésbicos ou gays nas entranhas de veados, Jay Leno censura o chocho, Jimmy Kimmel compensa com toques na crica ► “Friend or Foe ♫ “Show me love” ♫ “Kosmos".
Julia Volkova (Юля Олеговна Волкова): “nasceu na família de um empresário de sucesso em Moscovo a 20 de fevereiro de 1985. Aos 7 anos, paralelamente à escola normal, Julia entrou numa escola de música, aula de piano. Quando tinha 9 anos, Julia tornou-se membro do famoso grupo vocal e instrumental infantil Neposedy (Crianças Travessas)”. Bissexual, em 2004, do namorado de longa data Pavel Sidorov tem uma filha, Viktoria Pavlovna Volkova. Em 2007, do empresário Parviz Yasinov repete a dose com o filho Samir e converteu-se ao Islão ► “Sacrifice” ♫ “All Because of you”. Lena Katina (Елена Сергеевна Катина): “nasceu em Moscovo a 4 de outubro de 1984 na família do famoso músico, Sergey Katin, que colaborou com os Dyuna, Marina Khlebnikova e outros representantes do espetáculo russo. A partir dos 4 anos, Lena começou, por iniciativa do pai, a frequentar vários clubes de música e desportivos, com o objetivo de fomentar as artes plásticas e talentos artísticos. Quando tinha 7 anos, Lena entrou na escola normal e um ano depois, na escola de música, aula de piano. Aos 10 anos, tornou-se solista no famoso grupo infantil Avenue, onde cantou durante três anos. Aos 13, Lena torna-se membro do grupo vocal e instrumental Neposedy, onde conheceu Julia Volkova e se tornaram amigas” ► “Lost in this Dance” ♫ “Never Forget”.
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[1] Lista das 50 raparigas de ringue mais quentes da história… americana (link foi retirado).
[2] O grupo de arte de rua Voina (Война = Guerra) venceu o prémio Inovação para as artes visuais no ano de 2011, com a “Pichota capturada pelo FSB”, desenhada na ponte de S. Petersburgo. Que erectou, na sua pujança viril, em frente do quartel-general do FSB (ex-KGB), quando o tabuleiro móvel subiu pelas 1:40, antes de ser apagada pelos bombeiros. O valor do prémio, 400 000 rublos, foi para os presos políticos. Andrei V. Yerofeyev, membro do júri: “tenho dificuldade em imaginar uma situação semelhante na Alemanha ou França ou Estados Unidos, onde dão prémios estatais por este tipo de arte. Nesse sentido, a liberdade na Rússia tem alguma espécie de terceira dimensão”.
[3] Lavagens automobilísticas americanas: Missouri Hooters Bikini Car Wash.
[4] Quiçá a irmã perdida do nosso Angel-O ► “Só quero que saibas”: “Aquilo que eu sinto por ti é demais / Prometo que não vou contar aos teus pais”. O artista no “5 para a meia-noite” c/ Nilton: “isto é uma coisa que eu trago já há bastantes anos, só agora é que me senti maduro o suficiente para mostrar ao público, essa minha vertente, percebes? (…). Isto é uma sonoridade agradável, podes chamar, podes apelidá-la como pop, se quiseres ser redutor, mas inclui vários estilos, desde o pop, o R&B, o eletro, portanto é o que eu sou”. A efemeridade da fama efémera de ter pertencido ao elenco dos “Morangos com açúcar”: “eu nunca fiquei cagão, porque tive uma boa educação, sempre tive os pés no chão, portanto nunca me deixei iludir por essas coisas”.
[5] “Os anos 70 tiveram o hustle, os 80, o moonwalk. Nós temos o faux lesbian dance”, na série “Veronica Mars” (2004-2007), c/ Kristen Bell, 1,55 m, 46 kg, 91-58-86, olhos azuis, sapatos 36, atriz #9 no top das mais desejadas, que se quer nua e é obcecada por preguiças. Veronica Mars é uma detetive adolescente: “esta é minha escola. Quem a frequenta, ou tem pais milionários, ou os pais trabalham para os milionários. Neptune, Califórnia, uma cidade sem classe média. Se se pertence ao segundo grupo, arranja-se emprego: fast food, cinemas, minimercados ou são como eu. O meu trabalho depois das aulas é seguir cônjuges infiéis ou investigar processos falsos por lesões”. “Querem saber como perdi a virgindade? Também eu. Fui a uma festa da Shelly Pomroy para mostrar a todos que segredinhos e traições não me afetavam, foi um erro. Não sei quem me deu a bebida. Oxalá soubesse. Era o básico rum, cola e drunfo”. Veronica frequenta a Neptune High, na primeira aula, a professora: “parabéns! És a minha voluntária, Pope, ‘Ensaio sobre o homem', epístola um”; Veronica: “A esperança brota eternamente no peito do homem: / Ele nunca é, mas espera sempre ser feliz: / A alma, intranquila e de casa confinada, / Descansa e divaga sobre a vida que virá”; prof: “e o que achas que Pope quis dizer?”; Veronica: “que a vida é lixada até morrermos”. Concluído o liceu, o baile de finalistas foi abrilhantado pelo conjunto feminino britânico The Faders.

sexta-feira, junho 01, 2012


Entrar / sair

O coração é um músculo duro de roer, trincado, por poetas nos bancos das escolas, António Gedeão: “Então, meninos! / Vamos à lição! / Em quantas partes se divide o coração?” ou por quícios propícios vitalícios: “Trago d’amargura o coração desfeito... / Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!”, Guerra Junqueiro. O coração palpitará, “vencerá um adorável concurso de comer torta” [1], mas o tubo digestivo, boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus, obra obra maior na era da exposição científica: dezembro 2010, Miguel Relvas e Paula, a esposa, ondeavam em requintado timbre, idêntico ao de Tertuliano a comer o avô [2], pelo soalho de um luxuoso apartamento na praia do Leblon para jantar com amigos, “anfitriões e convidados deliciaram-se com foie gras e arroz de codornizes. Brindaram com vinhos chilenos e champanhe francês gelado. Tudo saído da requintada mão da chef Roberta Sudbrack que já serviu reis e rainhas…”, na revista Visão nº 965 [3]. Um menu para tubos digestivos gourmet que, nas novas 900 cantinas sociais, na mente do Governo, seria por choque gástrico um “Familiar Taste of Poison” (rock de Red Lion, Pensilvânia, Halestorm: “I get off”).
O senso comum fisiológico diz que, “Do seu jantar de galinhas” [4], da sua paparoca, Miguel Relvas fará pressão para sair: “na sanita o caso é idêntico: devemos desembaraçar o espírito do que não é a operação em curso. Façamos o que fizermos, devemos abordar a sanita de espírito livre e a consciência limpa, conselho tão velho como o mundo, porém seguro”, em “Ler na retrete”; Henry Miller, desaconselhava as literalices na privada: “se é de importância vital alimentar o corpo e o espírito, não menos importante é eliminar do corpo e do espírito o que exerceu aquela função”. Miguel Relvas é ministro, ter “consciência limpa”, é um osso do ofício, uma atividade cerebral secundária não lhe prenderá os intestinos, só tem que pressionar [5]. Na evacuação coletiva, não é o apuramento da confecção por chefs, nem a inédia, por falta de dinheiro para alimentos, que coadjuva a saída, ou a não saída, por nada haver para sair. O papel higiénico que limpa a consciência geral é a economia: – o país é pobre e não sabe, tem um desemprego elevado porque o seu comportamento é típico de uma economia desenvolvida em fase de recessão, esborcinou o cozinheiro economista João César das Neves [6]. O povo, na sanita, a cabeça aloucada de preocupações, sem a economia limpando-lhe a consciência, o rilhoto doer-lhe-ia pior que o “Martyrium of the Hippolyt” (black metal, melancolia 4AD e rock de fixar o olhar nos sapatos, Ides of Gemini) [7].
Jorge Moreira da Silva, primeiro vice-presidente do PSD: “a nossa tranquilidade também se baseia na circunstância de defendermos uma total transparência nestas matérias (o Relvas, as secretas, a jornalista) e o ministro Miguel Relvas ter traduzido todos os seus atos, em relação a este tema, no âmbito de uma total transparência…”. Transparentar, o verbo, todos os tempos e modos conjugados na entrada do tubo digestivo político: a boca [8]. O artista belga Wim Delvoye, “após oito anos de consultas a especialistas em áreas que vão desde a canalização à gastrenterologia”, executou a sua obra “Cloaca”, um tubo digestivo transparente, “a questão é que a maioria das pessoas se estão a cagar para a caca, apenas se sentam na sanita…”, desentupindo uma função lucrativa: “Delvoye recolhe e vende a realisticamente mal cheirosa produção em pequenos frascos de resina no seu estúdio em Ghent”. A transparência é o maior valor atual, na política, é o valor supremo, está em todas as bocas, Cavaco Silva (em Singapura): “a mais de 15 mil quilómetros de distância, as polémicas que lá correm chegam aqui de uma forma um pouco imprecisa. Eu estou convencido que tudo acabará por ser esclarecido e com a devida transparência...” [9]. A transparência é a araruta, o centeio, o farelo de trigo, o trigo em grão, o sustento do metabolismo político, se não transparentarem “Woke Up Dead” (stoner metal grego, Planet of Zeus).
A cristalinidade transparece de uma vivência: “eis a filosofia que um pensador português pensou, na sua terra natal, diante da evocação de todos os homens e seres, na mais pura sinceridade e na mais verídica, fremente e direta curiosidade”, em “O criacionismo”, Leonardo Coimbra, se esse pensador adir experiências no estrangeiro, veraneará na sua terra natal com o seu carrão, roupas último grito, paleio de importante, como Marc Roche descreve António Borges: “o FMI disse-me que se livraram dele porque não estava à altura do trabalho e agora chego a Lisboa e descubro que está à frente do processo de privatização”. A rodagem pelo estrangeiro tem desfolhado os melhores filhos da terra nuns cisnes plumados nas teorias recém-assadas nos fornos intelectuais, além do carro, os trapos, da boca saem os Swarovski que encandeiam os íncolas locais. O ministro Álvaro, de quem é habitual impeticar, apregoar como o zoina do Governo, digita livros, e não seria anormal que apanhasse uma carrada de weltschmerz [10], não, ele, sadio como uma cereja, evidencia-se pela limpidez do seu “conceito de inadaptação” [11]. Álvaro congraça, “Baby It’s You” (rock anos 60 de Los Angeles, Smith).
Camões: “e dir-me-eis qual é mais excelente / se ser do mundo rei, se de tal gente”, é uma pergunta respondida, ser-se “berbicacho do Governo” para “tal gente” cachoar: “a auto-estima tem a grande vantagem de nos dar ânimo” [12]. Animados e avisados. Do museu dos sons em vias de extinção, como o Game Boy ou o toque do Nokia, uma rica-dona da política, Mário Soares, espavoriza: “querem comer os Estados nacionais” [13]. Esta genal personagem esgoela-se fora do tempo, quando abemolava no seu, e os seus ministros das Finanças perseguiam o Carlucci – Medina Carreira: “o embaixador Carlucci estava em Viana do Castelo e ia pra Corunha. E pediu-se-lhe para não ir… não tínhamos dinheiro”, e o embaixador americano ordena ao privilegiado refugiado do regime de Salazar que chamasse o FMI. Aborais declarações de pilharengos políticos na lista negra [14] da catástrofe contígua, se as enlatassem, arte seriam [15]. E o propasto nacional seria escorripichar uns Smirnoff Ices, como a Hailie Mathers, filha de Eminem, num show da Fabiana, stripper do Viking, no Cais do Sodré [16].
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[1] Escrita e tocada por “Noah Puckerman” para “Lauren Zizes”, na segunda temporada de “Glee”, “Big Ass Heart”: “That big ass heart can pump two tons of love through her chest / And then sit down and win a lovin’ pie-eating contest”.
[2] “Trajava a primor, de preto, com um ar de pessoa que passeava de tarde na estrada de Braga, com o intento de ir à noite a Covent Garden, ao Royal Italian Opera. Fumava sempre uns charutos que vaporavam os aromas das rêcamaras das sultanas. Na mesa, era de uma elegância frugal que desmentia a procedência. Olhava para o bife com um fastio tal e tamanha tristeza, que fazia lembrar Tertuliano, quando, meditando na metempsicose, olhava para o boi cozido, e dizia: ‘estarei eu comendo meu avô?’”, em “O comendador”, Camilo Castelo Branco.
[3] Na mesa, um conviva, um filósofo, amigo de Relvas, interrogante no Parlamento, antes de se esgueirar para o Brasil para CEOar na Ongoing, o ilustre Agostinho Branquinho: “o que é que é a Ongoing? O que é? É um grupo de média? O que é a Ongoing? É uma das questões que, que mais têm atravessado esta discussão sobre as questões da liberdade de expressão é, o que é a… on… o que é a Ongoing? Ontem dizia aqui alguém que se vai ao site e que vê uma série de coisas mas não são, não se consegue perceber o que é a Ongoing?”. Quem assim interroga não é gago.
[4] “Eu já só tenho apetite / Para comer terra e pirite. / Ao desjejum tomo ar, / Rocha, pedra, água do mar. // Ó fome, caminha, anda, fome / Pelas aldeolas. / O alegre veneno come / Das papoulas. // Monda sarrafos do rio, / Lajes de igreja poluídas; / Sobras de dilúvio frio; / Pão semeado em searas perdidas. // O lobo uivava às ervinhas / Escarrando o penado sumo / Do seu jantar de galinhas: Como ele me consumo.”, em “Fome”, Arthur Rimbaud.
[5] Ainda secretário-geral do PSD, invetivava contra o Governo de José Sócrates a 8 de abril de 2011: “aumentou-se impostos. Cortou-se salários. Baixaram-se pensões e a verdade é que estamos hoje pior do que estávamos há um ano. Nós sabemos que temos de fazer sacrifícios. Sabemos que a governação é uma governação de exigência, de rigor, de seriedade, mas também sabemos, pra poder pedir esses sacrifícios aos portugueses, os exemplos vêm de cima e depois têm que valer a pena”.
[6] O prato: “de facto está a ser uma surpresa e e e e a taxa de desemprego está muito acima de qualquer pessoa, não foi apenas o Governo ou o FMI ou a OCDE” … “se calhar estamos a reagir como país rico. Antigamente, Portugal era um país muito pobre, e quando tinha uma choque destes, as pessoas diziam ‘oh!’ agarravam o primeiro emprego que aparecia ou morria de fome, era tão simples quanto isso. Hoje as pessoas podem! estar desempregadas, porque há alguém que paga, porque o Estado ajuda, porque, e é isso que está a fazer com que as nossas taxas de desemprego, que tradicionalmente eram das mais baixas da Europa, e agora estejam a alinhar com aquilo que era habitual nas recessões dos países mais desenvolvidos, porque afinal nós somos um país mais desenvolvido”.
[7] Miguel Relvas tem solução: “estamos a atravessar um momento que nós sabemos que é difícil, eeeee vamos ter é que pôr a economia portuguesa a crescer, esta esta esta aposta nas empresas, e que nós, se pusermos a nossa economia a crescer, vamos resolver os problemas do desemprego. Não há milagres. A única forma de resolver os problemas do desemprego em Portugal é nascerem empregas, empresas, é começar a gerar mais riqueza”.
[8] Miguel Relvas, numa dessas comissões parlamentares, dialoga com Gabriela Canavilhas: “quanto custa ao erário público este grupo de trabalho? Da resposta a esta pergunta (Relvas faz o gesto de zero unindo o polegar e indicador) o Partido Socialista ficará esclarecido…”; Miguel R interrompe: “zero! Não espero pelo fim. Zero! Zero! Zero!”; Gabriela C incrédula: “o economista João Duque trabalha sem qualquer tipo de remuneração?...”; Miguel R: “custa zero, todos! todos!”; Gabriela C: “é a sua palavra? muito bem, ficamos muito satisfeitos”; Miguel R: “zero! zero! custa zero, senhora deputada. Hábitos novos ‘tá a ver? na cultura, na cultura, há uns anos atrás custaria muito mais eh eh eh”, finaliza com a sua famosa rinchavelhada.
[9] Miguel Relvas a 7 700 km, no Rio de Janeiro: “nós também temos hoje uma emigração de luxo, muito bem preparada, é uma emigração na qual Portugal investiu muito, Portugal investiu muito, e portanto nós também temos que ser seletivos. Se estamos a fazer uma aposta grande na educação e na formação é para os sabermos aproveitar mais tarde, é essa a exigência, que os jovens esperam da sociedade, cabe ao Governo liderar este movimento para uma nova esperança no nosso país”.
[10] Na série “The Big Bang Theory” (2007): Sheldon: “os alemães têm um termo para o que estás a sentir: weltschmerz, significa a depressão que surge de comparar o mundo tal como é com um mundo idealizado e hipotético”; Leonard: “tens razão. Já me sinto melhor”; Sheldon: “os alemães sempre foram um povo reconfortante”.
[11] Definição na Assembleia, na discussão do Código de Trabalho: “também gostaria de referir eeee à pergunta sobre o conceito de inadaptação e gostaria de referir que exatamente graças ao acordo de concertação social, e aliás como alguns parceiros sociais assim enaltecem nalguns pareceres, referem muito claramente que foram salvaguar, o acordo, o memorando de entendimento, era bastante, ia pra, ia bastant m, um bocadinho mais além ao nível do conceito de inadaptação do que foi acordado com os conce, com com com com os acor, com os parceiros sociais, a ideia é exatamente aaaa preservar eeee a os direitos dos trabalhadores enquanto se flexibiliza a contratação”.
[12] Miguel Relvas, a seleção sub-20 foi derrotada na final, na Colômbia, pelo Brasil: “um momento muito importante, um Campeonato do Mundo, também a delegação de básquete foi apurada, o Nelson Évora que teve ontem uma uma grande vitória, com uma medalha de ouro nos Jogos Universitários. E isto é a demonstração de que nós em Portugal, com programação, com planeamento, temos capacidade para ultrapassarmos as dificuldades e para podermos ter grandes sucessos … a auto-estima tem a grande vantagem de nos dar ânimo e de nos dar força para reganharmos uma nova esperança para sermos capazes de atingir os nossos os nossos os nossos objetivos”.
[13] Mário Soares na universidade de verão do PSD: “nós não temos de estar sempre de chapéu na mão e subservientes em relação à troika, que afinal os tipos da troika são os tipos dos mercados, são os tipos que nos querem comer pura e simplesmente os Estados nacionais. É tão simples como isso. Portugal tem condições humanas e naturais para crescer, p’a crescer muito e vai consegui-lo sem alienar, como alguns querem, o seu património”. Um jovem social-democrata de polegar espetado: “Soares é fixe”, numa alusão ao enganoso slogan político, que camuflava um mau governante, bom em chamar o FMI.
[14] A Scotland Yard baniu os termos “lista negra” e “lista branca”. O chefe dos serviços de segurança Brian Douglas: “IB (Information Board) estão desconfortáveis com o uso do termo lista branca (para designar uma lista de contactos aceitáveis). Estou certo de que podemos apreciar a sensibilidade em torno de tal terminologia hoje…”, sugere ele lista verde e vermelha até, talvez, um pele-vermelha ser presidente da América.
[15] Piero Manzoni, “Merda d'artista”: conteúdo líquido 39 g; preservada de fresco; produzida e enlatada em maio 1961. “Um dos colaboradores de Mazoni, Agostino Bonalumi, agora revelou que as latas não estão cheias de fezes, mas de gesso. A namorada Nanda Vigo, que o ajudou a produzir as latas, afirmou que os conteúdos eram realmente fezes”. “Seja como for, ficou provado que, com algumas latas a vazar, o conteúdo era fezes, mas os cientistas não conseguiram dizer se era de origem humana ou animal. Há também um galerista da Galeria Blu em Milão, que trabalhou como perito para uma companhia de seguros. Ele detetou numa lata fendida um odor que, sem dúvida, era cheiro de fezes”.
[16] “Quando aparece no palco, as atenções focam-se nela. Ouve-se Leona Lewis e Toni Braxton. Fabiana dança, tira a roupa, interage com quem está mais perto. No fim do show, a música volta ao rock. Agora, a música é de Morrissey”. Fabiana Ferreira de Goiânia, no Brasil, elogia o aberto Portugal: “sempre gostei muito da noite, de dançar, do striptease. Gosto de Portugal, aqui não há discriminação na noite. Trabalhar na noite no Brasil é prostituição”. A aprendizagem das suas competências: “‘já tive chulo que me bateu e roubou, mas agora tenho um marido a sério, que cuida de mim quando chego a casa bêbeda’, conta ao DN a stripper que aprendeu a dançar num treino com um balde e uma esfregona. ‘A minha irmã me ensinou. E quando eu me despi, entrou meu cunhado na sala e eu só tive tempo de me tapar com um tapete’”. A sua estreia: “quando tirei a calcinha saí correndo e chorei bastante. Agora não, já é normal. Mas aqui dentro, claro. Não vou tirar a calcinha na rua”.

cinema:

Julia Lapina: (música “Feel What You Want” dos Phonique feat. Rebecca): Юлия Лапина: 1,75 m, 50 kg, 90-61-91, sapatos 39, olhos azuis, cabelo castanho, modelo e dançarina russa: “normalmente, as crianças tendem a fazer humanidades ou ciências exatas. Uma colecção dos meus temas favoritos era um pouco estranho, eu adorava literatura, russo e inglês, e ao mesmo tempo adorava álgebra e geometria.  Hoje, apesar do alcance do meu trabalho, uma boa metade do meu círculo de amigos são os ‘prós’. Eu amo a lógica e as pessoas com uma mente matemática”. “Estou muito grata pelo trabalho, ele ensinou-me a seguir atentamente a figura!  Eu tento comer separadamente - proteínas e hidratos de carbono, quando possível devem ser combinados numa única refeição.  Deve usar toda a substância do corpo necessária,  não substituí-los com uma pequena quantidade de junk food” ▬ Go-Go Dance Class ■ Paul van Dyk feat. Ashley Tomberlin, c/ Julia Lapina, Anna Konchakovskaya ■ “What Have I Done” de Anna Ternheim ■ “Mindful” DNS Project feat. Johanna – “Western spaghetti revela as diferenças entre os cérebros dos homens e dos macacos”: “num estudo de 2004, Uri Hasson e os seus colegas usaram ressonância magnética funcional para scanear os cérebros de cinco participantes (Macaca mulatta) que assistiam a 30 minutos de ‘O bom, o mau e o vilão”. Eles descobriram que o filme ativava regiões generalizadas do córtex cerebral, especialmente nas zonas visuais e auditivas do cérebro e que os padrões eram notavelmente semelhantes em todos eles. Este alto grau de sincronicidade levou os investigadores à conclusão de que os filmes podem fazer os cérebros dos espetadores pulsarem coletivamente, e também levou a um novo campo chamado ‘neurocinemática’, que visa avaliar as semelhanças entre as respostas do cérebro durante uma sessão de cinema”. “Em ambas as espécies, (Macaca mulatta e Homo sapiens), a informação visual é processada de forma hierárquica. Os primeiros estágios do processamento acontecem nas zonas corticais visuais primária e secundária, muitas vezes referidas simplesmente como V1 e V2, que contêm células que respondem às caraterísticas mais simples de uma cena, como o contraste entre áreas adjacentes da cena visual e a orientação das margens”. “Nos macacos, aproximadamente metade do córtex cerebral está dedicado a processar a visão. Durante o curso da evolução humana, houve uma grande expansão da superfície cortical. O córtex visual humano não se expandiu excessivamente mas, em alternativa, ganhou subregiões adicionais especializadas. Grande parte do aumento do tamanho ocorreu noutras partes do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal na parte dianteira do cérebro, que é conhecida por estar envolvida em tarefas complexas, como tomada de decisões e as ditas funções executivas”. Ou a liderança prova esta evolução: o efeito Hollande: “em todas as capitais, para lá dos chefes de Governo e de Estado, há pessoas que, graças a nós, têm esperança. E que nos estão a observar e que querem o fim da austeridade… esta é a minha mensagem, vocês são muito mais do que um povo que quer mudança, já são um movimento que se levanta para levar os nossos valores e aspirações pela Europa, e talvez, pelo mundo”, e o feito Cavaco: “o próprio presidente Obama, quando quis referir uma mudança em sentido positivo que está a ocorrer na Europa, mencionou o nome de Portugal. Fico muito satisfeito com isso, porque quando estive em Washington juntamente com o presidente Obama lhe dei algumas certezas. A certeza de que Portugal iria cumprir”. Ou este é mais um caso de ciência que não vale “Un Dollaro Bucato / Um dólar furado”.

música:

Saga of the Ponderosa” – “Antes que vocês mergulhem na noite, meus amigos, eis uma história para o caminho. É a minha história pessoal do oeste…”, cantarolava Lorne Greene, o pai Ben Cartwright, o civilizador do rancho Ponderosa, 2 400 km2 desbravados na Sierra Nevada, no condado Comstock Lode, entre, a norte, Virgínia e Carson City, a sul, o lago Tahoe. Um lugar fictício, cujo mapa foi desenhado com desorientações geográficas (Reno fica a norte de Carson City e não a oeste) por Robert Temple Ayres: “quanto à sua pintura do mapa da Ponderosa que abre o genérico de Bonanza, a série da NBC exibida de setembro 1959 a fevereiro de 1973, durante anos foi um dos mapas mais reconhecidos do mundo. O público via-o aparecer, brevemente, todas as semanas, antes de irromper em chamas e dissolver-se num plano dos membros da família Cartwright a cavalo, enquanto o vibrante tema tocava. Ela foi doada pela família de David Dortort, o produtor da série, e tem estado pendurada na galeria Autry’s Imagination desde maio de 2010”. Howdy! Yeehaw! Una Colt in pugno al diavolo! Une corde, un Colt…! Upa cavalhinho! [1] o oeste selvagem, somente aconteceu... mais de uma vez, nas telas de cinema.
Nas vastas pradarias nunca galoparam esbeltos cowboys de coldre cintados, rápidos no gatilho, esporas luzentes, chapéus estilados, nem Stella Stevens ("The Ballad of Cable Hogue" numa selha, nem Senta Berger ("Major Dundee") não engelha, só havia vaqueiros de traseiros colados às selas, poros entupidos de pó, ossos moídos do chão duro e doenças venéreas e chatos do bordel da Gilda (em “Règlements de femmes OQ Corral”). Mais achegado ao verdadeiro faroeste está Mean Mary – “nascida na Florida, residindo agora em Nashville, enxeriu-se na vida como um prodígio musical, ela conseguia ler música antes de poder ler palavras e co-escreveu canções aos 5 anos. Aos 7 era proficiente na guitarra, banjo e violino e entretinha o público através de todos os EUA com as suas aptidões vocais e instrumentais” – no seu “Big Red Barn”: “Sentada sozinha no meu grande celeiro vermelho / Bichos entretendo que se estão nas tintas / Cantado para patos e gansos e galinhas / Latindo como um cão e tocando como o diabo”. E a música dos vaqueiros do oeste (western cowboy) e dos labregos das montanhas (música folk do sudeste), raízes da música country, preencheria outras paisagens fictícias em países sem índios nem bandoleros, cujo único perigo era a mulher do agricultor [2].
Música country na língua alemã: género aculturado das tropas americanas ocupantes do país após a derrota na Segunda Guerra Mundial; um dos primeiros cantores de country alemão era… belga. Bobbejaan com “Ich steh an der Bar und ich habe kein Geld”, escrita por Peter Kreuder, permaneceu 30 semanas nos tops boches nos anos 60. – “Bobbejaan Schoepen é o pseudónimo de Modest Schoepen (16 de maio, 1925 / 17 de maio, 2010) foi um flamengo pioneiro na música pop belga, vaudeville e música country europeia. Schoepen poderia ter sido caraterizado como um ‘artista total’ e empresário: ele era cantor, compositor, guitarrista, comediante, ator e assobiador profissional, bem como fundador e antigo diretor do parque de diversões, Bobbejaanland” ▬ “The Yodelling Whistler” ■ “The Cannonball Yodel”. – Outros alemães na garupa de cavalos imaginários: Ronny ▬ “Es hängt ein Pferdehalfter an der Wand”, versão tudesca de “There’s a Bridle Hangin’ on The Wall” de Carson Robison. Bruce Low: “passou a sua infância com três irmãs e um irmão na América do Sul, onde o seu pai era missionário calvinista. A partir de 1920 frequentou a escola na Holanda. Após a formatura muda-se para Berlim para estudar desporto. Mas uma lesão grave (rutura de ligamentos no trampolim) impediu-o de estudar para professor de desporto, em vez estudou canto no conservatório de música” ▬ “Noah”. Nos anos 70, laçaram êxitos campestres: Gunter Gabriel: “foi casado quarto vezes e tem três filhas e um filho e agora vive num barco em Harburg, Hamburgo. Através do seu primeiro casamento com Gabriele retirou o nome artístico ‘Gabriel’” ▬ “Willy Klein, Der Fernsehmann” ■ “Papa trinkt Bier” ■ “Hey Boss, ich brauch mehr Geld” ■ “Komm unter meine Decke” ■ “Ich geb den Rest für Dich”; Tom Astor: “fez a sua primeira aparição no palco em 1963. Inicialmente, cantava canções populares, no final de 1970 dedica-se ao country alemão” ▬ “Hallo guten Morgen Deutschland” ■ “Junger Adler” ■ “Ring of Fire” c/ Johnny Cash; Truck Stop: “fundados em Hamburgo em 1973. Começaram por tocar country em inglês e editaram três álbuns cada um com piores vendas. Então, em 1976, decidiram tentar novamente com algo diferente. No ano seguinte lançaram ‘Die Frau mit dem Gurt’, uma versão de ‘Girl on the Billboard’, a primeira vez que um título alemão tinha grande sucesso” ▬ “Ich möcht' so gern Dave Dudley hör'n” ■ “Wenn es Nacht wird in Old Tucson”; Tex Haper: “Knut Zietsch, o seu nome verdadeiro e empreiteiro de profissão, esteve ativo vários anos no show business” ▬ “New Wave Country” ■ “Auch ein Trucker hat ein Herz”. Linda Feller: “fez um estágio em atendimento ao cliente na escola de negócios em Erfurt. Foi descoberta em 1985 pelo cantor popular Hartmut Schulze-Gerlach no seu programa de televisão ‘Sprungbrett’, promovendo-a nos primeiros anos da sua carreira” ▬ “Lebenslänglich Liebe pur” ■ “Tränen verraten dich”. Slow Horses: “desde 2002 a banda tem a sua casa na Baixa Saxónia” ▬ “I Can't Look At That” ■ “It's Not Raining Every Day” ■ “Time Drippin Like Honey”. Markus Rill: “nasceu a 20 de Março de 1970, em Frankfurt. Cresceu em Goldbach perto de Aschaffenburg, e ganhou vários títulos de campeão alemão de wrestling e múltiplos campeonatos de equipa entre 1987 e 1993, com a Bavaria AC Goldbach” ▬ “Straighter Road” ■ “Sarah Stein” ■ “The Things That Count”. Texas Lightning: quinteto de Hamburgo “os membros são Olli Dittrich como ‘Ringofire’ (bateria e voz), Jon Flemming Olsen como ‘The Flame’ (voz e guitarra), Markus Schmidt como ‘Fastfinger’ (guitarra elétrica e banjo), Uwe Frenzel como ‘Friendly’ (contrabaixo e voz) e a australiana Jane Comerford (voz e ukulele)” ▬ “Like a Virgin” ■ “Man of Constant Sorrow” ■ venceram o festival da Eurovisão de 2006 com “No No Never”. The BossHoss: “banda de Berlim que começou em 2004 com versões, estilo country & western, de canções pop, rock e hip-hop famosas” ▬ “Hey Ya” ■ “Hot in Herre” ■ “Word Up” ■ “Hey Joe” ■ “Go! Go! Go!” ■ “Sabotage”. The Watsons: country punk ▬ “Blitzkrieg Bop” ■ “Goin' Rodeo”. Silverwood: Miruna, a vocalista, “na tenra idade de seis anos, já estava com a viola à volta do pescoço no palco. (…). Em 1998 torna-se membro fundador dos Silverwood” ▬ “My Side of Town” ■ “(If You're Not In It for Love) I'm Outta Here!”. Wüste Wüstensöhne ▬ “Der Cowboy Jim aus Texas”.
Johnny Cash, de 1951 a 54 foi operador de interceção de código Morse para as transmissões do exército soviético, em Landsberg, na Alemanha. (“Enquanto na Alemanha, a sua audição foi permanentemente danificada por uma moça alemã que, por brincadeira, lhe enfiou um lápis no ouvido esquerdo. Mas foi também na Alemanha que Cash comprou a sua primeira guitarra e formou a sua primeira banda, os Landsberg Barbarians”). Em 1959 ele gravou “I Got Stripes” e “Five Feet High and Rising” para um single em alemão: “Viel zu spat” / “Wo ist zuhause, Mama?”. Em 1965 a CBS / Columbia editou mais dois 45 rotações “In Virginia / Wer kennt den Weg” e “Kleine Rosemarie / Besser So”. Ele não aprendeu a língua, isto foi uma finta babélica, miraculada através da fonética: “nos últimos anos, a produtora Jennifer Sharpe acumulou uma pequena coleção de o que ela gosta de chamar ‘gravações de língua estrangeira’. Elas são versões de sucessos dos tops americanos, cantados pelos artistas originais, geralmente em alemão, italiano ou francês. Os cantores aprendem as letras foneticamente, verso a verso, treinados por um técnico do idioma. Sharpe diz que as canções foram gravadas num tempo em que canções em inglês tinham dificuldade em vencer na Europa”. – Sobre “Ragazzo Solo, Ragazza Sola”, a versão italiana de “Space Oddity”: “a companhia discográfica julgou que flutuar pelo espaço sideral em estado de alienação era demasiado profundo para os italianos, então alterou-a. Na sua versão, um rapaz solitário vagueava pelas ruas da sua cidade, dizendo coisas como: ‘se precisares da minha mão para nadar, obrigado, mas esta noite quero morrer”.
Havai: country paniolo “o cowboy havaiano, o paniolo, é também um descendente direto do vaqueiro da Califórnia e México. Especialistas em etimologia havaiana acreditam que ‘paniolo’ é a pronúncia havaiana de ‘español’. (A língua havaiana não tem o som ‘esse’ e todas as sílabas e palavras devem terminar numa vogal). O paniolo, como os cowboys no continente da América do Norte, aprendeu as suas habilidades com os vaqueiros mexicanos”; a rainha do country paniolo Melveen Leed.
Indonésia: “dangdut é um género de música popular da Indonésia, que é parcialmente derivada da música malaia, árabe e hindu. Desenvolveu-se nos anos 1960 e 1970 entre os jovens muçulmanos da classe operária em Java, mas renascendo no final da década de 90, alcançou amplos partidários nas classes mais baixas indonésias, Malásia e sul das Filipinas”; nos anos 70, o autoproclamado rei do dangdut Rhoma Irama: “depois da sua peregrinação a Meca em 1975, tomou o nome de Rhoma Irama, que é uma abreviatura de ‘Raden Haji Oma Irama’ (Raden é um título de nobreza na cultura javanesa e sundanesa). Na sequência desta peregrinação, ele assumiu um tom moral islâmico mais explícito, adotando vestes islâmicas, penteados mais curtos e expulsando membros da banda que consumissem álcool e tivessem sexo fora do casamento”; e a rainha do dangdut Elvy Sukaesih: “nasceu em Sumedang e canta desde os bancos da terceira classe”. Evie Tamala: “ a mais nova de seis irmãos, estreou-se em 1983 como cantora de palco na banda Marantika com o pseudónimo Uce Arifina, em 84 muda-se para o grupo Sinar Remaja”. Dangdut Cowboys: de Pittsburgh. Ikke Nurjanah e os Dangdut Cowboys: “a aparência de Ikke doce e educada (para o tamanho da cantora dangdut) não prejudicou a sua ‘venda’. Tornou-se na sua própria marca registada. Ikke evita o uso de roupas espalhafatosas, olhares sensuais, assim como suspiros excitantes”.
Peles-vermelhas: “Navajo Country Bands”: 10DAYband Sapphire Sky The Dina Preston Band. Japão: Charlie Nagatani: “aos 20 anos, juntou-se a uma banda chamada ‘Speedy Kido & Hillbilly Jamboree’ como cantor. Cinco anos depois, formou o seu próprio grupo chamado ‘Charlie and the Cannonballs’ e começou a percorrer as bases americanas localizadas no Japão. Daí, foram para as bases em Okinawa, Taiwan, Filipinas, Tailândia e ilha de Guam, especialmente durante os anos da guerra do Vietname” ▬ “Whisky River” ■ “Rose of San Antone”. Wildwood Roses, Mizuho Yokochi, vocalista, hobbies: visitar museus, passear com uma câmara digital ▬ “29 Nights” ■ “Cleopatra, Queen of Denial”. Austrália: Roger Knox: “conhecido como o Elvis preto e o rei koori do country. É um gamilaroi (grupo aborígene australiano), nasceu em Moree e cresceu na missão aborígene Toomelah perto de Boggabilla, na fronteira entre New South Wales e Queensland. Em 1980 Knox sofreu um acidente de aviação que matou o seu baterista Ken Ramsay. Knox ficou gravemente queimado e obteve alívio de um óleo de banho natural feito do arbusto eura. Esse arbusto e a colónia na qual o seu pai nasceu foram as inspirações para o nome da sua banda, a Euraba”. Slim Dusty: “era conhecido por gravar canções do legado dos poetas australianos Henry Lawson e Banjo Patterson que representam o estilo de vida australiano no mato e também pelas suas muitas canções de camiões”. Zimbabué: Don Williams - Into Africa: “começa com uma versão de ‘You’re My Best Friend’ por Masaisai, os dois músicos de rua cegos da First Street em Harare”. África do Sul: Ladysmith Black Mambazo c/ Dolly Parton. Holanda: Kilima Hawaiians: “fundada por Bill Buysman em 1934 como ‘Kilima Hawaiian trio. Em 1936, a sua mulher Mary Buysman, juntou-se-lhe ▬ “Es hängt ein Pferdehalfter an der Wand”. Suiça: Peter Hinnen: “nos anos 50, começou a sua carreira como o yodeler Peterli Hinnen no restaurante Kindli de Zurique, onde foi descoberto e incentivado pelos Geschwistern Schmid” ▬ “Eine Rose Bluht Im Colorado” ■ “Siebentausend Rinder”.
Tailândia: “Luk Thung (ลูกทุ่ง = “criança / crianças dos campos) refere-se à forma mais popular de um estilo de música encontrado na Tailândia. A expressão é abreviatura de ‘pleng luk thung’ (เพลงลูกทุ่ง = ‘canção de uma criança do campo’). As canções luk thung normalmente refletem as dificuldades da vida quotidiana entre camponeses pobres. Os ritmos tendem a ser lentos e os cantores usam um estilo de interpretar com muito vibrato. Comparações são feitas, às vezes, com a música country dos Estados Unidos”; Pumpuang Duangchan (1961-1992): “filha de agricultores pobres, ela sobressaiu como adolescente no final dos anos 70. Embora fosse analfabeta, as suas letras eram histórias poderosas e irresistíveis da Tailândia rural pobre. Ela adaptou o pleng luk thung num formato eletrónico dançável, conhecido como luk thung eletrónico”. Ponsri Woranut: “torna-se estrela na década de 50 (…). Woranut misturava o estilo de música folclórica tradicional tailandesa com música de fora da região, incluindo vários géneros musicais do leste asiático, música latino-americana, música country americana e música de filmes”. Suraphon Sombatjalern: “apelidado o rei do luk thung foi uma das primeiras vedeta do género country próprio da Tailândia. Foi morto a tiro depois de um concerto em Nakhon Pathom”.
Brasil: peões e boieiros tangiam dores na guitarra e sanfona, do Rio Grande do Sul, Teixeirinha: “cantor e compositor brasileiro, também conhecido como o ‘Rei do Disco’, pelos recordes de vendas de discos que consegue até hoje, mesmo já falecido” ▬ “Tordilho negro”. Nos anos 70, os seres cultos portugueses fingiam Chico Buarque, ouviam Teixeirinha, no século XXI, ainda fingem Chico Buarque, ouvem Michel Teló, o country brasileiro: a música sertaneja. “O folclorista Cornélio Pires conheceu a música caipira, no seu estado original, nas fazendas do interior do Estado de São Paulo e assim a descreveu no seu livro ‘Conversas ao pé do fogo’: ‘a sua música carateriza-se pelas suas letras românticas, por um canto triste que comove e lembra a senzala e a terra de pousio, mas a sua dança é alegre’”. Muito alegre. Euclides da Cunha: “Ali estavam, gafadas de pecados velhos, / serodiamente penitenciados, as beatas — / émulas das bruxas das igrejas — / revestidas da capona preta / lembrando a holandilha fúnebre da Inquisição; / as solteiras, termo que nos sertões / tem o pior dos significados, desenvoltas e despejadas, / soltas na gandaíce sem freios; / as moças donzelas ou moças damas, recatadas e tímidas; / em honestas mães de famílias; / nivelando-se pelas mesmas rezas”. Rezam no concurso Miss Bumbum 2011, do Ceará, a vencedora Rosana Ferreira: “acho que faço bem um pouco de tudo. Nunca recebi reclamações. Mas o mais elogiado é o sexo oral”, elucida a Miss Bumbum não ser muito adepta ao sexo anal: “não é que eu não goste. Quando a mulher se sente segura, quando tem carinho, pode rolar. Só assim eu consigo me entregar”. De Paraíba, outra concorrente, Jéssica Lopes: “o que faz o ‘sexy appeal’ é o conjunto de pequenas coisas na imagem e na postura da mulher. Como cabelos, olhos, boca, marquinha de biquíni, unhas, lingerie e além de tudo ser articulada, saber se impor e valorizar-se”.
Alegravam beatas, donzelas e moças: Tonico & Tinoco: os irmãos Salvador Pérez, “no fim do ano agrícola de 1937, os Pérez decidiram, com outras famílias, tentar a vida na cidade de Sorocaba (SP). As irmãs Antónia, Rosalina e Aparecida foram trabalhar na fábrica de tecidos Santa Maria. Tonico foi ser servente na pedreira Santa Helena, fábrica de cimento Votorantim. Tinoco torna-se engraxador na Estação Sorocabana…” ▬ “Tristeza do Jeca”. Chitãozinho e Xororó: “irmãos de Astorga, no Paraná, foram os primeiros sertanejos a tocar em rádios FM no Brasil e a incluir banjos e guitarras elétricas neste estilo musical. Isso sem jamais perder a essência da música de raiz sertaneja. Também foram os primeiros deste estilo musical a colocar o país no topo dos tops da Billboard” ▬ “Pura emoção”, versão de “Achey Breaky Heart”, de Billy Ray Cyrus. Paula Fernandes: “cantora e compositora, nasceu a 28 de agosto de 1984, em Sete Lagoas, em Minas Gerais. Começou a cantar ainda criança, aos oito anos e, aos 10, lançou o primeiro disco independente, “Paula Fernandes”. “Numa inquérito promovido entre os leitores da revista VIP em 2011, ela foi considerada a 16ª mulher mais sexy do mundo” ▬ “Quando a Chuva Passar”. Luan Santana: “nascido a 13 de março de 1991, já aos três anos de idade na sua cidade natal, Campo Grande – MS, ele chamava a atenção de toda a família com os acordes afinados das músicas sertanejas que não parava de cantar”. “Em fevereiro de 2011 Luan Santana adquiriu uma mansão avaliada em cerca de 10 milhões de reais em Londrina, no estado do Paraná. Estima-se que a fortuna de Luan Santana seja de 40 milhões de reais, nos últimos dois anos o cantor movimentou mais de 70 milhões de reais com seus shows, venda de discos, publicidade e produtos licenciados no seu nome” ▬ “Aqui é seu lugar / Digitais” ■ “Meteoro”. Gusttavo Lima: “numa entrevista a um jornal local, Lima disse que durante sua infância namorava com uma garota diferente a cada mês, terminando de propósito para compor. Também disse que não era bonito então tinha que fazer músicas para conquistar miúdas” ▬ “Inventor dos amores” ■ “Balada boa”.
Portugal: um único cowboy cavalga as vastas pradarias, os infindos horizontes, os espaços sem fronteiras, os quilómetros de vastidão, o Leandro, porque ele o diz: “ontem disseram-me que eu era um cowboy romântico”. O artista entusiasmava-se com o seu concerto no pavilhão Atlântico em novembro de 2011: “espero que seja uma noite romântica também, que o público que está habituado a ver o Leandro nos coliseus, que veja um Leandro completamente diferente no Atlântico, como dá p’a ver, numa onda diferente agora de vestir e tudo. Por isso espero que realmente seja um espetáculo que fique novamente na memória do meu público”. “Aliás, mudamos a imagem por completo. O Leandro era uma imagem muito, muito mais, dava a entender, muito mais velha etc. aparecia de fato, de camisa, então decidimos mudar um pouco mais a imagem para, mais para jovem”. (Camisa aos quadrados fora das calças, a loucura juvenil!). “Vamos ter um cenário completamente diferente, uma forma de vestir do Leandro completamente diferente da que estavam habituados a ver” ▬ “Desesperado”.
República Checa: Country Sisters: “Europa (100 km de Praga, na cidade de Jablonec nad Nisou, berço das Country Sisters), havia um festival de country feminino. Reunir uma banda feminina numa cidade pequena, movê-la para a cena europeia, e mantê-la num nível profissional durante 30 anos, apesar de uma série de mudanças radicais, é em si mesmo uma grande obra de arte, vontade, profissionalismo e paciência” ▬ “Cotton Eyed Joe” ■ “Every Little Thing” ■ “Johnny B. Goode” ■ “Let's Twist Again” ■ “Thanks God I'm a Country Girl” ■ “The Devil Went Down To Georgia” ■ “Tiger By The Tail”.
França: de Estrasburgo, o primo em primeiro grau da country, o rockabilly: The Wolfgangs: Cha von Wolfgang, vocalista, Lothar von Wolfgang, guitarrista, Dean Blondin, contrabaixo e Jim Bullit, bateria ▬ “Cannibal Family”.
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[1] Nem todos se abatem, há cavalos com sorte, cavalgados pela jockey canadiana Chantal Sutherland, nua para a Vanity Fair, fotografada por Bo Derek: “ela dirá que a parte mais forte do seu escultural corpo é o dedo grande do pé. Sim, esse é o primeiro ponto de contacto que cria a vantagem que controla um cavalo de corrida a 64 km por hora. As rédeas são uma mera sugestão”.  
[2] O perigo de papar a mulher do lavrador no palheiro: “Farmer John” (1965) dos Hep Stars: grupo rock sueco, formado em 1963 em Estocolmo, nos teclados Benny Andersson futuro ABBA. As imagens do vídeo são do filme “Supervixens” (1975), de Russ Meyer, com Stuart Lancaster, o lavrador e Charles Pitts, o jovem assediado, pela glandulífera atriz sueca Uschi Digard: 1,70 m, 62 kg, 111-66-88, sapato 38, olhos verdes, cabelo loiro: “nasci em Saltsjö-Duvnäs, uma pequena cidade nos arredores de Estocolmo, Suécia, e sou de descendência sueca / suíça. Fui despachada para um colégio interno de freiras muito nova, porque eram as melhores escolas no país e porque eu era muito promíscua em pequena – não com homens, mas com livros. Adorava ler e aos seis anos decidi que queria aprender línguas porque não suportava ler livros que tinham sido traduzidos – eles perdiam a essência. Aos sete anos tinha lido todos os livros na biblioteca da minha pequena aldeia”.