Ólh’as n’tícias fresquinhas, freguês!
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Parte 7
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A candura de Manu Gavassi [1], a singeleza do Vocaloid [2], a inocência “nética” [3], a simplicidade de Gweneth Paltrow [4], a sinceridade de Sara May [5], a boa-fé dos portugueses [6], a funcionalidade de Esti Ginzburg [7], a ingenuidade das estrelas sempre descalças dos cabelos para baixo, a univocidade dos nomes de Sheila Dikshit e Luísa Corna, a mensagem directa da Playstation3 Singstar, o palpável “Back to the Future” Playboy, a objectividade do Libération, a manifesta lavadela da Yamaha R1, o voto útil na Jayne Mansfield para presidente, índex interminável de valores, esgotados nas prateleiras do jornalismo sério, bufarinheiro de ouropel oficial, mas que não rareavam, quando os jornalistas eram apenas redactores / relatores: no 4 de Julho de 1910, o dia em que a honra da América branca estremeceu.
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[1] Cantora paulista, (Twitter). Postou vídeos seus no site da revista Capricho e os leitores “justinbieberizaram”, e ela arrincoou a gravação de um CD e uma participação no último episódio da websérie “Vida de Garoto”: ▬ “Você Tá Namorando”. A “justinbieberização” da cultura juvenil – o púbere desodorizado pelo Nivea Menergy powered by YouTube – controla a visualização dos papéis sociais dos adolescentes século XXI. Os avós “donnyosmondaram” ou “cliffrichardiaram”, os netos “justinbierberizam”: no festival da revista Capricho; NoCapricho de 2009 venceu Carol Cabrino (Twitter): ▬ “One Time” ☻ “Levo Comigo” ☻ “The Climb”.
[2] Software financiado pela Yamaha, para músicos profissionais: “usa tecnologia de sintetização de voz especificamente gravada de actores ou cantores. Para criar uma canção, o utilizador deve introduzir a melodia e as letras. Uma interface de piano tipo rolo é usado para meter a melodia, e as letras podem ser inseridas em cada nota”; aplicação de mediano sucesso, até a Crypton Future Media comercializar a sua “Character Vocal Series”: uma série de personagens japoneses, em Vocaloid2, que sepultam sob 700 palmos de terra os concertos dos Gorillaz: Miku Hatsune, (Hatsu = “primeiro” + Ne = “som” + Miku = “futuro”, ou seja, “o primeiro som do futuro”), com sample da voz da actriz Saki Fujita ▬ “World Is Mine” ☻ “Romeo and Cinderella” ☻ “Po Pi Po” ☻ “Ura-Omote Lovers”; – Luka Megurine (Meguri = “circular” + Ne = “som” e Luka deriva de nagare = “fluir” e ka = “canção” ou “fragrância”, ou seja, “canções para todo o mundo enquanto a fragrância se espalha”) ▬ “Just Be Friends”; – Rin/Len Kagamine (Rin a voz feminina, Len a masculina; Kagami = "espelho" + Ne = "som"; Rin = "direita"; Len = "esquerda", ou seja, "as canções reflectidas no espelho, esquerda, direita") ▬ “Meltdown” ☻ “Butterfly on Your Right Shoulder”; Miku Hatsune e Luka Megurine ▬ “Magnet”; Miku Hatsune e Rin Kagamine ▬ “Promise”.
[3] Visualizou um telemóvel no velho filme de Charlie Chaplin “The Circus” (1928), e o jornalismo oficial americano conjecturou um viajante no tempo. Outras hipóteses menos recycle bin para o gesto da mulher: um aparelho de audição da Siemens registado em 1924 ou, para David Carr, uma corneta acústica, legendada como Magritte, por causa dos DOS (“denial of service”) cerebrais, ou simplesmente ela coça a cabeça.
[4] Arremeteu-se-lhe a maluqueira de cantar música country: “como que arranquei, no início, com Hank (Williams) Sr. e Johnny Cash e estudei efectivamente Dolly (Parton) e Loretta Lynn, e como que simplesmente começou, no princípio, e avançou todo o percurso e encontrei as pessoas que realmente amo e que me inspiraram”.
[5] Nome artístico de Katarzyna Szczolek, modelo, cantora pop polaca, candidata à assembleia distrital de Varsóvia, pelo seu distrito natal Bemowo, com corpo político para submeter os adversários: “sou honesta, coerente, ambiciosa, trabalhadora e independente. Quero mudar o mundo e ajudar as pessoas a resolverem problemas” ▬ “Lulajże Jezuniu” ☻ “Nagi Taniec” ☻ versão inglesa: “All Alone” ☻ “C'est la Vie” ☻ e pela Eurovisão: “Let it Rain” (2009).
[6] Numa fase de spotting corruptos não estão mal posicionados no mapa da corrupção.
[7] Modelo israelita cumpre o serviço militar na zona da propaganda para não furar o corpo com balas de metal.
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No dia 4 de Julho Jack Johnson derrota James J. Jeffries. Na alvorada do século XX, o circuito do boxe segregava-se entre pretos e brancos. Johnson apreciava “fast cars, fast women, slow gin”, pavoneava o seu instrumento – dizia-se que o embrulhava em gaze para lhe engrossar o volume – e quebrou o tabu da mulher branca. Ele personificava o bad nigger. Nascido em 1878, em Galverston, Texas, de avantajada envergadura, alcunhado o “gigante de Galverston”, vencera o Campeonato de Pesos Pesados Preto (1903), e embateu na barreira branca. Os pugilistas brancos cortavam-se. John L. Sullivan pagava 250 dólares a quem o derrotasse: lutarei contra quem aparecer, mas não lutarei contra pretos. James J. Jeffries, o campeão branco de pesos pesados, sem oponentes, reforma-se na sua quinta de alfafa. Atribuem o título ao canadiano Tommy Burns, os promotores de Johnson insistem por um combate, que se realiza em Sydney, na Austrália (1908). Jack London resume a vitória fácil de Johnson: “combate? não houve combate”.
Um preto campeão de pesos pesados regressa aos Estados Unidos em triunfo: roupas finas, carros caros, e casa (1911) com um branca divorciada Etta Terry Duryea : ela suicidar-se-á em 1912, casada com o preto mais odiado da América, a depressão, o álcool e a porrada matrimonial, dispara um tiro na cabeça. No país, os pretos exultam o seu herói, vêem nele a desforra por séculos de humilhações, a raça branca vê a sua superioridade ameaçada. Desponta ideia da “esperança branca”. Inaugura-se a demanda do pugilista branco que restaurará a ordem do mundo. Stanley Ketchel, campeão do peso médio, arca com a responsabilidade. É derrotado.
Convencem James J. Jeffries a poisar o arado e calçar as luvas, o desígnio era elevado: “entro neste combate com o único propósito de provar que o homem branco é melhor do que o preto”. Ele não combatia desde 1904, não estava em forma, mas o ânimo era fantástico: Jack London incita a “grande esperança branca” agora é contigo o homem branco tem de ser salvo. O governador da Califórnia, James N. Gillett, proíbe o combate em S. Francisco , transferem-no para Reno, Nevada, no simbólico 4 de Julho. Não havia rádio ainda, as notícias difundiam-se pelo telégrafo impressor – inventado por David E. Hughes (1855) – as pessoas reuniram-se nos clubes, jornais, teatros, e através de megafones lia-se a troca de murros: os jornalistas na sua função original de redactores e relatores, entretanto esfumarada em propagandistas da ideologia dominante. O representante e defensor da superioridade branca resiste uma hora: atira a toalha: a raça branca afunda-se, rebentam motins em várias cidades, as cordas balançaram das árvores para linchamentos. Filmaram o “Combate do Século”, que pôs uma questão filosófica: será estético / ético ver um vexame: um preto a golpear um branco? é aprovada uma lei que proíbe a importação e exibição de filmes de combates de boxe (vigorará durante 20 anos).
Johnson abre (1912) em Chicago o Café de Champion: putas e jazz no menu. Namora com Lucille Cameron uma funcionária do café de 19 anos. Invencível no ringue, tramam-no no tribunal. O governador da Carolina do Sul sintetiza o sentimento: “só há um castigo quando um preto põe as mãos numa branca”: o linchamento. A lei Mann protegia as brancas, raptadas para prostituição, proibindo o tráfico de pessoas através das fronteiras estaduais. Aliciam Lucille, profissional da cama, mas ela casa com Johnson, e recusa testemunhar. Recorrem a Belle Schreiber, puta no Everleigh Club, um bordel de luxo de Chicago, que confirma fornicação em Nova Iorque , Chicago, Atlanta etc. nas viagens de comboio de Johnson. Um julgamento rápido, um júri de 12 brancos condena-o, por “escravatura branca”, a um ano de cadeia. Sai com uma fiança de 15 mil dólares, ele diz que fugiu para o Canadá disfarçado num equipa de basebol. Em 1913, deixa Montreal, com Lucille, para a Inglaterra e a França. Em 1914 combate em Paris para o Campeonato Mundial de Pesos Pesados com Frank Moran: na assistência Maurice Chevalier, Rothschild e a flor fina parisiense, no dia seguinte, o estudante bósnio Gavrilo Princip dispara sobre o arquiduque Franz Ferdinand, em Sarajevo. Johnson com 37 anos será derrotado, em 1915, por Jess Willard, que já matara um adversário no ringue, em Havana: o combate do século, no 26º assalto, Johnson cai. Ele diz que de propósito, por estar em negociações com as autoridades para regressar aos Estados Unidos. Willard é coroado “A Grande Esperança Branca”.
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[Azarados músicos do rock – ou nem tanto: Dave Mustaine, aos 15 anos alugava um apartamento e sobrevivia na contingente profissão de dealer. Um dos seus clientes, curto de massas, trabalhava numa discoteca, e pagava-lhe em discos de heavy metal: Judas Priest, Iron Maiden, AC/DC, e no final da década de 70, Dave reproduzia-lhes os ritmos numa B.C. Rich. Cerca de dois anos (1981-1983), guitarrista dos Metallica; a droga, o álcool e os maus fígados motivam a sua expulsão, na subsequente pancadaria, quando o seu cão riscou a pintura do carro do baixista Ron McGovney. No dia seguinte suplica a sua reintegração, aprovada, mas as desavenças com James Hetfield e Lars Ulrich entornam o consommé no dia 11 de Abril de 1983: metem-lhe a viola num saco e ele num autocarro para Los Angeles. Ressuscita como guitarrista / vocalista dos Megadeth; no Rock in Rio Lisboa 2010, descreve esta agremiação: “nós, Dave (Ellefson) e eu, somos ambos cristãos e somos capazes de mostrar, a muita gente no mundo, que o heavy metal não é sobre escuridão e sobre, sabes? pessoas que são apenas más pessoas, sabes? Considero-me ser um tipo normal sem importância, e preocupo-me bastante com as pessoas, e para nós ser capazes de dizer: ei, Megadeth não é sobre, sabes? sexo, drogas, rock and roll, o diabo , toda essa tralha, é sobre coisas que importam para nós, sobre tópicos que nos afectam como pessoas”.
– Burk Parsons desempata o dilema vocacional de um adolescente: que rende mais dinheiro, religião? ou indústria discográfica? As duas igualadas: no eixo material, ambas rogam o copioso cofre-forte, no espiritual, conciliam almas de legiões. Ele abdica de uma carreira de bandboy: harmonias vocais e bacanais, nos The Backstreet Boys (130 milhões de discos vendidos) ou nos ‘N Sync (56 milhões), pela de pastor: “Deus continuava a melgar-me. Eu percebi que Deus tinha outros planos para mim. Então, uma semana antes de assinarmos os contratos, entrei no escritório de Lou Pearlman e disse-lhe que isto não era o que Deus reservara para a minha vida”. (Twitter). Não perdeu dinheiro.
Outros perderam-no:
– Tracii Guns forma os L.A. Guns, em 1983, com Axel Rose no microfone. Este abala para os Hollywood Rose; em 1985, resolvem fundir as duas bandas, aglutinando-lhes os nomes: Guns N’ Roses. Tracii será substituído por Slash, falhando os milhões deste banquete da melómana indústria. Contentou-se com as migalhas sacudidas da toalha; em 1991 no supergrupo Contraband e em 2002 nos Brides of Destruction, com Nikki Sixx numa pausa dos Mötley Crüe.
– Chuck Mosley segundo vocalista dos Faith No More. O primeiro foi Courtney Love dos Hole: viúva de Kurt Cobain, heurística nua no Twitter ou no Facebook, assustosa do farmacêutico Sebastian Karnaby, quando este numa festa, na sala Boom Boom do Hotel Standard, em Nova Iorque , abriu a porta da casa de banho: “não foi uma visão bonita”. Mosley garganteia nos CDs “We Care a Lot” (1985) e “Introduce Yourself” (1987) e, em 1990 parte, por “divergências criativas”, ou abuso de drogas, para dois anos na banda punk Bad Brains. Em 1992, forma os Cement: durante a tournée do segundo CD, “Man with the Action Hair” (1994), o motorista adormece ao volante e Mosley demora dois anos a recuperar de uma lesão nas costas. Os Faith No More amealharão muchos dólares com Mike Patton.
– Dave Evans primeiro vocalista dos AC/DC nos singles: “Can I Sit Next to You, Girl” e “Rockin' in the Parlour” (1974), em Outubro de 74 o falecido Bon Scott encaminhará o grupo na direcção do pote de dólares, e Evans empobrecerá nos Rabbit, Dave Evans & The Hot Cockerels, Thunder Down Under.
– Antes de, em 1990, Chris Novoselic exclamar sobre Dave Grohl: “soubemos em dois minutos que era ele o baterista certo”, o jackpot do grunge “hype!” de Seattle, os Nirvana, de Aberdeen, Washington, testaram 73 bateristas: Aaron Burckhard, Chad Channing, Dan Peters, Dale Crover, Dave Foster…
– Ian Stewart foi o primeiro a responder a um anúncio, de Brian Jones, no Jazz News de 2 de Maio de 1962, requerendo músicos para formar um grupo de rhythm & blues. Mick Jagger e Keith Richards simpatizaram no mês de Junho e as pedras rolaram toneladas de açúcar verde. Andrew Loog Oldham, empresário do grupo, despede Stewart em Maio de 63, por ser pouco apelativo como ídolo de adolescentes, a sua queixola quadrada desafinava no “é só dinheiro mas eu gosto”. Ele desaparece das fotografias, todavia “pôde obter satisfação” do salário de pianista, no palco e nos discos, e de road manager.
– Glen Matlock, baixista dos Sex Pistols, foi despedido (segundo a lenda) com justa causa: numa banda punk, ele era fã do categorizado conjunto musical The Beatles. Matlock nega: a sua maior influência foi The Faces; na autobiografia “I Was a Teenage Sex Pistol”, escrita com Pete Silverton, esclarece que “apenas estava farto de estar no mesmo lugar que o John (Lyndon)”, e arma-se em bonzinho para com o seu substituto: “quando Malcolm (McLaren) regressou dos Estados Unidos, telefonou-me, e disse-me que eles estavam a ensaiar com o Sid. Eu disse, olha, realmente não me chateia. Se eles quiserem dou algumas lições de baixo ao Sid”. Integrará os The Rich Kids com Migde Ure, The Spectres, Hot Club e os Vicious White Kids: formados para um único concerto no Electric Ballroom, Londres, no dia 15 de Agosto de 1978. Sid Vicious, de partida para Nova Iorque e sem cheta, esbarra em Matlock e combinam organizar um concerto de angariação de fundos. Matlock recruta Steve New, dos Rich Kids, e Rat Scabies, dos Damned e desligou o microfone de Nancy Spungen, nos coros, após ouvi-la cantar.
– Syd Barrett não piou, em público, desde meados da década de 70 e perdeu um pires cheio de money, enquanto a sua banda, os Pink Floyd, planavam para o lado iluminado da lua. O teclista Richard Wright dissipou as nuvens: “o cérebro deste tipo é bastante diferente do nosso”, avariado pelo LSD. E os porcos em voo da indústria discográfica não depositaram dinheiro para o tabaco, ou uma “Interstellar Overdrive”, na conta de Barrett.
– Pete Best desacertou a hipótese de ser Ringo Starr, casar com Barbara Bach e “Baby, You’re a Rich Man”. Ob-la-di, ob-la-da foi funcionário público. Baterista original dos Beatles, o empresário Brian Epstein demiti-o, sem campos de morangos, em 16 de Agosto de 1962: “os rapazes já não te querem no grupo”, na sua biografia acrescentou que os cachopos de Liverpool averbaram-no “demasiado convencional para ser um Beatle, embora ele fosse amigo de John, George e Paul não gostavam dele”. Nas semanas imediatas, nas ruas e nos palcos, os fãs chirriavam-lhes: “Pete forever, Ringo never!”].