Empenha-se
o ouro
1983.
Ano de noites escuras, serões curtos - “montras às escuras a partir das 22
horas e TV encerrada às 23. Seca impõe austeridade nos consumos de energia” [1], 1983 teve boas novas: o salário mínimo subia para
13 contos [2]. Benditos “aqueles que querem
colocar o seu saber e a sua experiência ao serviço do país” [3] que, de sua pichorra tanto deram de beber ao povo,
avinhando-o. Povo inebriado assim anaça tanto quanto Marica Linn
[4], pois aqueles “pela pátria”, pátria abastada
erigiram - (Pedro
Martins, secretário de Estado do Emprego, (2011): “o salário mínimo não é
não é, em termos relativos, realmente baixo em Portugal”).
Esta
riqueza idiossincrática, signo-de-salomão de Portugal, tem salvado o país dos
maus Governos. Dois anos de Pinto Balsemão endividaram-no como um boss (alcunha de Balsemão em família). “Os
encargos anuais da dívida externa, que em 1979 equivaliam a 5 % do défice
comercial de Portugal, atingiram em 1981 um pouco mais que o quinto desse
défice, ou seja, 21,9 %. Isto significa que, se em 1979 Portugal teve de
remeter ao estrangeiro 537 milhões de dólares para liquidar juros e
amortizações da sua dívida, dois anos depois, esses encargos anuais subiram
para 1114 milhões de dólares, o dobro portanto” [5].
Em números, divididos por cabeças nacionais, “cada português deve um pouco mais
de 120 contos à banca estrangeira. A dívida portuguesa era de 13 mil milhões de
dólares em fins de 1982, o que significa 1200 milhões de contos”. Se nos cofres
do Estado não chovia, cá nevava, fazia-se cá ski. Sexta-feira, 11 de fevereiro “Portugal
mascarado de ‘país do norte’, até em Estremoz nevou… como em Bragança, Vila Real,
Viana, Porto, Coimbra, Figueira da Foz, Aveiro, Viseu, Leiria, Guarda e
Portalegre”. “Na região de Portalegre, (Estremoz teve o seu maior nevão desde
1950) onde não caiu neve houve neblina. As capitais da Europa estavam esta
manhã praticamente cobertas de neve, salvo Madrid (bruma), Bruxelas (neblina),
Roma (vento forte) e Copenhaga e Oslo: céu encoberto e nublado” [6].
Até
às eleições a 25 de abril… empenha-se o ouro para pagar as dívidas… depois
chegará o FMI [7]. “O Banco de Portugal
estabeleceu contactos discretos com o presidente do Banco de Pagamentos
Internacionais, Fritz Leutruller, no sentido de obter empréstimos a curto
prazo, garantidos pelas reservas de ouro do país, que devem situar-se nesta
altura entre 650 a
700 toneladas [8]. (…). Estes empréstimos visam
atenuar os problemas de liquidez resultantes da gigantesca dívida externa
acumulada pelo Governo em dois anos de exercícios desastrosos (Pinto Balsemão
elevou a dívida para o dobro). (…). Os empréstimos garantidos pelas reservas de
ouro darão para aguentar até às eleições e à formação do novo Governo. Depois
das eleições, o Banco de Portugal tenciona negociar um programa de fundo com o
FMI que permita obter novos recursos libertando-se então o ouro empenhado. (…).
A dívida externa portuguesa é a 22.ª do mundo em valor global, mas uma das mais
gravosas de todas em termos de endividamento per capita (cerca de 1300
dólares = 120 contos). Esta dívida ultrapassou o limiar crítico que os técnicos
fixam em 20 % das receitas de exportação. A dívida portuguesa já vai em 23 %
das exportações”.
No ano de 83, na pérola do Atlântico, as ostras
alapavam-se no génio da governação [9]. “As onze
Câmaras Municipais da Madeira têm um défice para o ano corrente calculado em 10
milhões de contos. A situação difícil assim esboçada tem por pano de fundo uma
dívida da região à banca no valor de 12 milhões. Os habitantes do arquipélago
terão estado fascinados, durante todos estes anos, pelo ritmo impressionante
que foi imprimido a numerosas realizações. O dinheiro nunca faltou para
garantir as inaugurações de tanta obra no círculo fechado das duas ilhas. A
torneira, porém, foi fechada, curiosamente pela mão de Cavaco Silva [enquanto
ministro das Finanças de Sá Carneiro]. Tal facto poderá comprometer a
popularidade de João Jardim e a concretização das promessas eleitorais”. Ou não
[10].
Numa entrevista ao jornal Correio do Minho, Zeca
Afonso acusava a administração da RTP que invocava má qualidade do filme, pela
não transmissão na sexta-feira dia 18 de fevereiro da gravação do seu espetáculo de 29 de
janeiro no Coliseu dos Recreios: “isto é uma infâmia da televisão à qual o
semanário Expresso está a dar cobertura. (…). O Luís Cília telefonou-me
desmentindo que alguma vez se tenha pronunciado contra a qualidade do filme, o
mesmo acontecendo com Luís Filipe Costa. (…). O filme está bom e só não passa
porque a administração da televisão não quer. Eles têm medo de o passar porque
digo umas coisas no meio do espetáculo que são um elogio ao período revolucionário
de 1975 e isso assusta-os” [11]. Neste ano, o
panorama musical remexia com o grupo de dança-jazz
Xokmaiô “Show na Broadway”
– são eles Cristina Chafirovitch, Sofia Chafirovitch, Zeca, Cristina Salles e Fernando
Cruz, e a música de Tó-Zé Brito, António A. Pinho, Pedro Brito. E os Heróis do
Mar lançavam o maxi single “Paixão”, o baixista Pedro
Ayres Magalhães: “embora tivéssemos sido considerados uma das dez melhores
bandas da Europa, pela The Face e pela Rock & Folk, e a Actuel nos tivesse
considerado uma das cem melhores ideias da década, o certo é que, por cá, nunca
tivemos nenhum dinheiro nem apoio, nem para a casa, nem para o carro, nem para
as contas nem para nada... Foram muitos anos de uma vida difícil” [12].
Em
1983 é coroada a primeira (e única) Miss Universo neozelandesa,
Lorraine Downes
– foto c/ o primeiro-ministro Robert
Muldoon e a mulher Thea. Lorraine Downes 1,74 m, 56,1 kg, cabelo
loiro, olhos cor de avelã: “sou uma pessoa muito reservada e na verdade não
gosto de estar na mira do público, para ser franca. Coisas maravilhosas vieram do
título Miss Universo, mas a parte em que se vai ao supermercado e as pessoas
nos reconhecem, realmente não gosto”. A sua filha, Jasmine,
treina 15 horas por semana na Mount Eden Ballet Academy, treina também jazz e dança contemporânea. “Toda a
relação mãe / filha torna-se stressante, diz Jasmine. Mas nós damo-nos muito
bem, exceto na questão da arrumação. Sou uma adolescente, posso ser um bocado
desleixada, mas ela vai ao meu quarto e arruma”. Nesse ano, a 6 de junho, nascia
a bem arrumada atriz porno Katie Jordin. 1,70 m , 55 kg , 86-60-86, cabelo
castanho, olhos cor de avelã: “adoro
realmente o meu trabalho e desfruto. Quero representar bem, quero ser fodida
bem, quero fazer uma grande carreira, para mim e para os meus fãs. (…). A
grande coisa, toda gente acha especial, são as minhas ancas e o meu rabo. As
pessoas querem sempre ver-me fazer anal. E já fiz anal antes, só que o fiz com
dois namorados que tive na minha vida pessoal. Mas isso foi há muitos anos.
Passou taaanto tempo desde que algo esteve nessa zona. Por isso, quero esperar
até estar pronta para fazê-lo outra vez, mas é algo que quando o fizer não será
pela primeira vez, mas quero esperar até quando estiver pronta, penso que
algumas pessoas simplesmente o fazem no princípio de tudo, não, quero estar
pronta, tipo, levar com essa piça no meu rabo”: “page 1 - xvideos” ▪ “Penthouse”
▪ “Heavenly
Babe”.
___________________
[1] Terça-feira, 8 de fevereiro
o Conselho de Ministros aprovava: “a proibição de iluminação a partir das 22
horas de montras ou interiores de estabelecimentos, exceto durante o seu período
de funcionamento, incluindo nestes os prolongamentos de horários e serviços
complementares (limpeza e similares). (…). Também os anúncios luminosos deverão
ser fechados a partir das 22 horas, não estando abrangidos os de sinalização de
estabelecimentos de interesse público quando em funcionamento, como é o caso de
farmácias, postos de enfermagem, bombeiros, postos de gasolina e sinalização de
unidades hoteleiras. (…). Compete ainda à EDP controlar o cumprimento do fecho
da emissão da RTP até às 23 horas, exceto aos sábados, dias em que poderá
prolongar-se a emissão até às 23:30 horas, e a proibição da iluminação exterior
de edifícios públicos, monumentos, fontes luminosas e semelhantes”.
[2] “Corresponde a um aumento
de 17 %, em relação aos valores anteriores, o novo salário mínimo nacional
fixado pelo decreto-lei 47/83, (…), para entrar em vigor, com efeitos
retroativos no dia 1 de janeiro. O salário mínimo para os trabalhadores do
serviço doméstico passa, assim, para 8300 escudos, no setor primário (excetuando
as minas), agricultura, pecuária e silvicultura, passa para os 10 900$00 e os
restantes trabalhadores foi fixado em 13 mil escudos. Estes aumentos
enquadram-se no controverso teto salarial, ou norma salarial, como lhe chama o
Governo e que, também por legislação saída no jornal oficial, aponta para os 17
% como limite máximo dos aumentos da massa salarial anual. Segundo o
decreto-lei n.º 48/83, assinado pelos ministros das Finanças e Plano, [João Salgueiro],
Trabalho, [António Queirós Martins], Assuntos Sociais [Luís Barbosa] e
Agricultura e Comércio, [Basílio Horta], os aumentos salariais que excederem os
17 % / ano ficam sujeitos a uma contribuição extraordinária para a Segurança
Social fixada em 30 % para a entidade patronal e outro tanto para o
trabalhador”. A tabela: “o salário mínimo para os trabalhadores do serviço doméstico,
com idade igual ou superior a 20 anos é de 8300 escudos, sendo de 6225 escudos
para os de idade igual ou superior a 18 anos e inferior a 20 anos, e de 4150
escudos para os que tenham menos de 18 anos. Nos setores da agricultura,
pecuária e silvicultura, as tabelas são de 10 900, 8818 e 5450 escudos,
conforme os escalões referidos. Para os restantes trabalhadores o salário
mínimo é de 13 000, 9750 e 6500 escudos de acordo com o mesmo princípio”. Em
1983 funcionário público ainda era profissão e os velhos tinham trocos para o
porquinho mealheiro dos netos. “Pinto Balsemão entregou sexta-feira, dia 18 de
fevereiro a Ramalho Eanes o decreto-lei sobre aumentos salariais de 17 % para a
função pública, aumentos que, segundo afirmou o primeiro-ministro, após o
encontro em Belém, serão também aplicados às pensões”.
[3] Em agosto de 2013, Joaquim
Pais Jorge, secretário de Estado do Tesouro, apenas amornou o cargo, nem um mês
no gabinete novo, será pouco tempo para fazer História? Não. Quando se demitiu,
quando rebentou o seu passado de vendedor de porta a porta (ministeriais) do
Citibank, o seu comunicado de demissão é uma obra-prima: “as notícias vindas a
público nos últimos dias, em que uma apresentação com mais de oito anos foi
falseada para que incluísse o meu nome, revelam um nível de atuação política
que considero intolerável. A minha disponibilidade para servir o país sempre
foi total. Não tenho, no entanto, grande tolerância para a baixeza que
foi evidenciada … foram exploradas e destorcidas declarações que fiz sempre
de boa fé. É este lado podre da política, de que os portugueses
tantas vezes se queixam, que expulsa aqueles que querem colocar o seu saber
e a sua experiência ao serviço do país … tomei esta difícil decisão porque
nunca permitirei que controvérsias criadas sobre o meu percurso profissional,
que não escondi, possam ser usadas como arma de arremesso político contra o Governo
… saio sem qualquer arrependimento e de consciência limpa. Nenhuma
manobra de baixa política poderia mudar a minha disposição de serviço à causa
pública, nem de dedicação a Portugal”.
[4] “Gosto de sentir-me
completamente dominada na cama. Qualquer posição onde não possa controlar o que
vai acontecer a seguir, excita-me (sorriso). Posso sempre aprender algo novo”,
Marica
Linn i. e. Beautiful The
Beast,
1,75 m ,
73 kg ,
86-61-112, sapato 43, olhos castanhos, pele castanha, é uma artista
multifacetada de Cleveland, Ohio, “modelo, mãe solteira,
aspirante a atriz, cantora, empresária, forte e instruída mulher de negócios
preta”. Beautiful The
Beast “sempre foi atraída pela música. Quando criança sentava-se no seu
quarto e inventava canções para manter a mente ocupada enquanto os seus irmãos
mais novos estavam na escola. Quando ela foi para a escola, ingressou no coro e
ao longo dos anos manteve-se em quase todos os espetáculos do coro que a sua
escola ofereceu”. O seu tipo de homem: “ele tem que ser temente a Deus,
ambicioso e determinado, instruído, forte, e tem que ter algum negócio (algo
que esteja a fazer, uma cena), e acima de tudo, verdadeiro. Posso lidar com
muitas coisas, mas mentir não é uma delas. Prefiro ter a honestidade brutal que
ser enganada”
{site} ▬ Beautiful The Beast
(2011) ♫ 4.º prémios anuais Rebel
Army Radio (2011) ♫ “Beautiful The Beast & The Rebel Invazion” (2013), filme documentário sobre a cena hip-hop underground de Ohio, filmado num concerto a 3 de junho de 2012 ♫ Mr.
Prophecy, Citizen Richie, B-red-E feat: Beautiful The Beast “Sexy as She Wanna B”.
[5] “Portugal está ainda
muito longe da situação de países como o México, o Brasil, a Polónia, a Roménia
ou a Argentina, que se têm visto obrigados a solicitar a renegociação da sua
dívida externa, por não conseguirem obter divisas suficientes para cumprir
pontualmente os seus compromissos. (…). Enquanto nesses países, as balanças de
pagamentos estão desequilibradas desde o primeiro choque petrolífero, em 1973,
Portugal conseguiu em 1979, pelo afluxo de remessas de emigrantes, equilibrar
transitoriamente a sua balança de pagamentos. O endividamento português é por
isso mais recente. E só depois dos défices sucessivos registados na balança de
pagamentos em 1980, 1981 e 1982, o serviço da dívida começou a ter um peso
decisivo na balança de pagamentos com encargos reais da dívida externa”.
[6] Não era a Europa lugar
para el bikiní màs sexy de la red;
Sofia 1,70 m , 59 kg , 86-58-88, 100 %
albanesa: “espero que eu no futuro seja bem sucedida no mundo da moda. Algumas
coisas que gosto de fazer são: compras, ir à praia e ouvir música. Gosto apenas
de descontrair e passar um bom momento com amigos e família. Oiço todo o tipo
de música de rap ao rock. Qualquer coisa com uma boa batida
que me faça querer levantar e dançar é perfeita para mim. A minha comida favorita
de todos os tempos teria que ser… tudo. Sou também uma boa cozinheira”.
[7] Os mercados de capitais
fechavam-se para Portugal. “Banqueiros internacionais, ouvidos pela agência
France Press em Paris, garantiram que as condições dos empréstimos a Portugal
devem necessariamente ser revistas e oneradas, o que significa que as taxas de
juro no mercado internacional para os pedidos portugueses de liquidez vão se
elevadas e a pressão dos credores internacionais começa a apertar, como um
torniquete, à volta do Banco de Portugal. [Concretamente isto significa que as
taxas de juro aos empréstimos contraídos no mercado internacional dos capitais
serão mais elevadas, com um spread da
ordem de 1 %, contra ½ ou 5/8 praticados até agora]. Para já, e que se saiba, a
tentativa de subscrição internacional de um empréstimo de 150 milhões de
dólares (14 milhões de contos) para a Caixa Geral de Depósitos não encontrou
interessados pelo que aquela instituição financeira foi forçada a desistir dele
e a procurar sucedâneos em condições mais gravosas”.
[8] “Valendo à cotação
oficial 254,92 dólares a onça um pouco mais de 5 mil milhões de dólares. Ao
preço atual de mercado (cerca de 500 dólares a onça), as reservas portuguesas
de ouro ultrapassam os 10 mil milhões de dólares”.
[9] Um comício político em Portugal.
Em 2013, o primeiro-ministro Passos Coelho ainda fabula a cigarra e a formiga:
“nós sabemos que há fases da vida económica que correm melhor e outras que
correm pior. A obrigação de gente sensata, que governa, é pôr de lado alguma
coisa nos tempos de maior abundância, para poder valer aos tempos de maior
restrição. Pois isso não foi feito durante muitos anos em Portugal. Durante
muito tempo, quando a economia crescia, o Estado em vez de ter sido prudente,
em vez de ter feito algumas reformas importantes, nessa altura, empurrou sempre
com a barriga, nunca pôs nada de lado, pra poder valer nas situações de maior
aflição. Ora, aquilo que se passa hoje é o resultado dessa inconsciência. Todas
as nações, dum modo geral, são surpreendidas uma ou outra vez na sua vida, na
sua História, por momentos de dificuldades. Nós temos sido surpreendidos vezes
de mais. É importante recordar isso. Uma vez pode acontecer, duas vezes, já nos
obriga a pensar bem, mas três vezes, chegar à situação de pedir ajuda externa
em menos de 40 anos, eu não conheço nenhum outro país na Europa”.
[10] “A situação de
abundância, por vezes ao ponto de não ser consumida toda a receita (aconteceu
em 1980), prolongou-se até ao Ministério de Cavaco Silva”, que estabeleceu um
critério novo. “O Orçamento Geral do Estado passou então a contemplar a região
da Madeira, como o faz com qualquer outra. As verbas são distribuídas per capita
a partir dessa altura. A partir de então, o OGE deixou de cobrir
indiscriminadamente as faturas que eram apresentadas por Alberto João Jardim a). Até então, a prática era ver o que fazia falta e
depois pedir quanto excedesse a capacidade de resposta do Orçamento Regional. A
alternativa surgiu e uma nova via foi encontrada: o recurso à banca, com o aval
do Estado, obtido nas repetidas viagens do líder madeirense a Lisboa”. Em fevereiro
de 1983, com o Governo de Balsemão demitido, no Conselho Nacional do PSD,
Alberto João Jardim cantava o bailinho de ó tempo volta pra trás: “o PSD à Sá
Carneiro. Há que impor-lhe um discurso populista, basista (…) se o dr. Sá
Carneiro fosse vivo já tinha dado dois coices naquela gentinha ali em baixo”.
Ele, no entanto, não se candidatava a presidente do partido: “eu sou odiado
aqui no continente. Não tenho hipóteses”.
–
a) Na festa do Chão da Lagoa em 2012, nega
Alberto nega: “porque de Lisboa durante estes anos todos não veio um investimento
que fosse. Lisboa pagou as polícias, pagou a tropa, pagou os tribunais, pagou
tudo o que nos vigia. Não pagou mais nada, não sei o que ‘teve aqui a fazer”. E
rasga consciência rasga: “o primeiro passo é consolidar as finanças, sem
finanças consolidadas, a autonomia está comprometida. Eu não arrisco a
autonomia, que foi aquilo que de mais caro e de profundo o povo madeirense
conquistou c’a democracia. Eu não arrascto
eu não vou arriscar a autonomia só para quebrar com a consolidação das finanças
públicas”.
[11] “E estala a primeira das
muitas explosões da noite: Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho, Rosa
Coutinho e Maria de Lurdes Pintassilgo entram na sala. Raros são os que ficam
indiferentes. É noite de abril, de fraternidade, ninguém esquece aqueles que fizeram
abril e outros que, de uma maneira ou doutra, alimentaram o sonho que abril
gerou. As palmas, quentes e generosas, insinuam-se na noite. Noite sem nódoa,
não fora a reação criada com a entrada de Manuela Eanes, a esposa do presidente
da República. Refugiando-se num maniqueísmo arcaico (…), uma parte da sala
esquece o essencial e resolve apupar. Logo outra, quiçá mais consciente de que
ninguém se pode apropriar de uma noite que não pertence a ninguém, a não ser ao
Zeca Afonso, decide aplaudir”, Manuel Anta, em Diário de Lisboa.
[12] Em 2012, o vocalista Rui
Pregal da Cunha: “eu engordei os Heróis do Mar” – abriu no Terreiro do Paço uma
ideia que lhe surgiu na Sicília, a casa de comes latas de conserva Can The Can:
“porque não fazermos com o melhor que a nossa indústria conserveira tem para
oferecer? Podemos empratá-lo, podemos misturar com outros sabores, podemos
tirar um produto extremamente bom duma ideia em que ele estava fechado, que era
comida de desenrasque ou de campismo. As pessoas têm-se sentado e ficam
supercontentes de ter um produto de âncora português, que é bem visto lá fora,
que exporta, que… e ‘tarmos a comer coisas deliciosas”. Can The Can, no
Terreiro do Paço, situa-se antes da The sexiest WC on earth by Renova. Uma casa
de banho pública que proporciona ao consumidor uma experiência única, Paulo
Pereira da Silva, presidente da Renova: “neste espaço nós pretendemos mostrar a
legitimidade que temos dentro do nosso setor de inovar, pretendemos que os
cidadãos tenham uma experiência da nossa marca, que seja uma experiência
diferente”.
na sala de cinema
“The Marriage of Maria Braun” (1979),
estreia quinta-feira, dia 13 de março de 1980 no cinema Londres pelas 21:30
horas. O primeiro filme da trilogia BRD (Bundesrepublik Deutschland) de Rainer
Werner Fassbinder. “O filme começa na Alemanha em 1943. Durante um
bombardeamento aliado Maria (Hanna
Schygulla) casa com o soldado Hermann Braun (Klaus Löwitsch). Depois de
‘meio dia e uma noite inteira’ juntos, Hermann volta para a frente russa. No
pós-guerra, Maria é informada que Hermann foi morto. Maria começa a trabalhar como
anfitriã num bar frequentado por soldados americanos. Ela tem um caso com um
soldado preto, Bill (George Byrd), que a sustenta e dá-lhe as meias de nylon e
cigarros. Ela engravida de Bill”. – “O
papel principal de Maria Braun era para ter sido desempenhado por Romy
Schneider, a maior estrela alemã na época. Mas no final, Fassbinder, na altura
bastante embrenhado nas drogas, aparentemente chamou-lhe ‘vaca estúpida’ e
escolheu, em alternativa, Hanna Schygulla. Ele não tinha trabalhado com
Schygulla há vários anos, e a carreira dela tinha ido rapidamente pelo cano
abaixo depois de ter sido banida do círculo de Fassbinder por ter liderado uma
revolta contra os salários baixos durante a produção de Effie Briest. Ele
dissera-lhe então: ‘não suporto mais olhar para a tua cara. Tu rebentas-me os
tomates’”.
“Die Sehnsucht der Veronika Voss / A saudade de Veronika Voss” (1982), segundo filme
da trilogia, estreia sexta-feira, dia 5 de novembro de 1982 no Quarteto sala 3.
“O filme é vagamente baseado na carreira da atriz Sybille Schmitz [1] e é influenciado por Sunset Boulevard de Billy
Wilder. Munique, 1955. Veronika Voss (Rosel
Zech) é uma antiga popular atriz dos filmes UFA que agora luta por
conseguir papéis. Conhece um jornalista desportivo chamado Robert Krohn (Hilmar
Thate) e ficou impressionada por ele não saber que ela é. Os dois começam um
caso amoroso, apesar de Robert já viver com a sua namorada Henriette (Cornelia
Froboess [2]), que, contudo, percebe que
Veronika tem um irresistível fascínio. O comportamento de Veronika é errático e
muitas vezes desesperado, e consoante Robert mergulha na vida dela, descobre
que ela é, essencialmente, uma prisioneira de uma neurologista corrupta chamada
dra. Marianne Katz (Annemarie Düringer)”. – “Lilo Pempeit (também Liselotte
Eder) que interpreta Chehm, a gerente de uma joalharia, era a mãe de
Fassbinder. Günther Kaufmann, um dos ex-amantes de Fassbinder, entra nos três
filmes do ciclo. Neste, ele é um enigmático marine
preto. Juliane Lorentz, vista num breve papel de secretária, era colaboradora
próxima de Fassbinder e editora deste filme; ela tornou-se na diretora
executiva do espólio de Fassbinder, a Fundação Rainer Fassbinder, em 1992 [que
escreve no YouTube: “este vídeo já não está disponível devido a uma
reivindicação de direitos de autor apresentada por Rainer Werner Fassbinder
Foundation]. Lorentz viu um artigo no Die Zeit sobre o caso jurídico de Schmitz
e chamou a atenção de Fassbinder”. No filme Rosel
Zech (1940-2011) canta “Memories Are Made of this”. “Lola”
(1981), último filme da trilogia BRD. “Em 1957-1958 em Coburg, na Alemanha
Ocidental do pós-guerra, Schuckert (Mario Adorf) é um empresário da construção
civil, cujos métodos de obtenção de riqueza, incluem práticas de negócios
obscuros, tais como subornar as autoridades locais. O seu último esquema é
ameaçado pela chegada de von Bohm (Armin Mueller-Stahl), um reto inspetor de
construção. Von Bohm tenta instituir a mudança gradual do sistema a partir de
dentro, em vez de expor os participantes. Entretanto, ele apaixona-se por uma
bonita mulher chamada Lola (Barbara Sukowa). São
atraídos um pelo outro e von Bohm começa a pensar em casamento. Von
Bohm descobre que ela é uma cantora de cabaré e prostituta no
bordel da cidade, onde a maior parte dos adversários de von Bohm são clientes,
e que ela é o ‘brinquedo pessoal’ de Schuckert, e ele recolhe provas contra
Schuckert para expor a corrupção. No entanto, porque a cidade beneficia muito
com o capitalismo desonesto, estão-se todos nas tintas”.
___________________
[1] “A enigmática atriz
permanece uma das figuras mais interessantes do cinema alemão. Apesar de ter
alcançado o estrelato no início da sua carreira, a trágica Sybille Schmitz
nunca encaixou no meio. Demasiado ‘aspeto estrangeiro’ para Hollywood, Schmitz
nunca emigrou para a América
como muitas das suas glamorosas colegas, e começou também a perder papéis na
sua nativa Alemanha, devido à sua aparência vagamente semítica e os laços com a
comunidade judaica. Depois da guerra, como muitas antigas estrelas da UFA
[Universum Film Aktien Gesellschaft, estúdios de cinema durante a República de
Weimar e o III Reich], Sybille foi vista como uma dolorosa lembrança do Terceiro
Reich e foi mais uma vez preterida pelas otimísticas atrizes new look.
Com a representação sendo a sua única razão para crescer, Sybille Schmitz
começou a beber muito e a depender de drogas enquanto a sua carreira
afundava-se mais e mais. Finalmente suicidou-se em circunstâncias misteriosas,
a 13 de abril de 1955, enquanto era cuidada por uma médica lésbica corrupta com
quem vivia na época da sua morte”.
“O alcoolismo, abuso de drogas, depressão, várias tentativas de suicídio e
internamento numa clínica psiquiátrica. O seu comportamento autodestrutivo e
numerosos casos tanto com homens como mulheres afastou mais Sybille da
indústria cinematográfica e do seu próprio marido, o argumentista Harald G.
Petersson. Em 13 de abril de 1955, Schmitz suicidou-se com uma overdose de soporíferos, tinha 45 anos. Na
altura da sua morte, Sybille vivia em Munique como uma mulher chamada Ursula
Moritz, uma médica que alegadamente lhe vendeu morfina a preço inflacionado, e
mantinha Sybille drogada enquanto esbanjava os poucos fundos que ela tinha
disponíveis. A família de Schmitz alegou que, uma vez a atriz não ter utilidade
para Moritz, a ‘boa doutora’ facilitou o seu suicídio. Um ano após a morte de
Sybille Schmitz, foram apresentadas queixas contra a dra. Moritz por tratamento
inadequado”. Alguns
filmes: “Polizeibericht
Überfall” (1928), curta-metragem de Ernö Metzner; “Vampyr” (1932) de Carl
Theodor Dreyer; em “Illusion in Moll” (1952), Sybille canta “Du bist Wunderbar” com
Maurice Teynac.
[2] Cornelia Froboess era em
1951 a primeira vedeta infantil alemã com a composição de seu pai, Gerhard
Froboess, “Pack die
Badehose ein”. E foi ídolo adolescente nos anos 50 e 60. “Durante esse tempo,
Froboess apareceu em muitos filmes musicais, especialmente depois de a onda rock and
roll ter atingido a Alemanha. Nestas
comédias, ela muitas vezes representava a típica Berliner Göre (“fedelha
de Berlim”), que ambiciona independência de seus pais rigorosos”. Em 1962, representando
a Alemanha no Festival da Eurovisão termina em sexto lugar com “Zwei kleine Italiener”.
Algumas canções: “Das ist
nichts für kleine Mädchen / Robinson-Mambo” no filme “Die große
Star-Parade” (1954); “Blue
Jean Boy” no filme “Der lachende Vagabund” (1958); “Wo ist der Mann” no
filme “Der Traum des Lieschen Müller” (1961).
no aparelho de televisão
“Mickey Spillane’s Mike Hammer” (1984-85),
quintas-feiras, no final das emissões da RTP1, 31 de maio / 26 de julho de 1984.
O tema do genérico é o clássico do jazz
“Harlen Nocturne”, escrito
por Earle Hagen e Dick Rogers em 1939. A produção da série foi suspensa, porque
Stacy Keach, em 1984, na Inglaterra para filmar a minissérie “Mistral’s Daughter”, foi
preso no aeroporto de Heathrow com 35 gramas de cocaína, e a condenação a nove
meses na prisão de Reading interrompeu as gravações. Ele foi libertado ao fim
de seis por bom comportamento. – Mike Hammer, detetive de Nova Iorque, confiava
nos seus punhos e na fiel “Betsy”, a pistola semiautomática Colt Modelo 1911A1 .45
ACP, para o safar de todas as embrulhadas. “Embora firmemente situada na década
de 80, o tom da série também incorporava elementos do film noir, clássicos de
detetives, como o Falcão de Malta. Por exemplo, cada episódio contava com a
narração do protagonista em voz-off e, muito no arquétipo dos detetives duros de
anos idos, Hammer raramente é visto sem o seu fato amarrotado, chapéu fedora e
gabardina. Enquanto a sua vestimenta fazia uma declaração de moda
particularmente estranha para a época, a justaposição do velho e do novo era o
tema central da série [1]. “Smiley’s People” (1982), aos domingos à noite na RTP1, 5 de agosto /
9 de setembro de 1984, minissérie inglesa em seis partes, adaptação do livro
homónimo de John Le Carré publicado em 1979. “Smiley’s People segue
literalmente o enredo do romance original. Conta a história de George Smiley,
chamado da reforma, quando um dos seus ativos / contactos, um general emigrado,
é encontrado morto. Ligando as pontas soltas para o Circo [o MI6], os seus
antigos empregadores, ele constata que o general Vladimir tinha descoberto uma
operação clandestina dirigida pelo seu inimigo, Karla, para seu próprio
beneficio. Smiley consegue usar a sua não conformidade com as regras contra
Karla, forçando-o a desertar para o Oeste”. “21 Jump Street” (1987-91) c/ Johnny Depp, Holly Robinson, Peter
DeLuise, Dustin Nguyen e Steven Williams, e na 3.ª temporada c/ Richard
Grieco (que em 2013 trocará a representação pela pintura). Holly Robinson
canta a canção do genérico, Johnny Depp e Peter DeLuise, os coros. Johnny Depp
enjoava-se com o estatuto de ídolo adolescente conquistado na série,
profissionalmente, cumpriu o contrato de 45 mil dólares por episódio até à
penúltima temporada, com algumas sacanices. “À medida que Johnny Depp se
tornava cada vez mais frustrado com a série, começou a colocar sugestões
ridículas aos produtores para o seu personagem. Uma dessas sugestões incluía a
descoberta pelos outros personagens que, Tom Hanson era obcecado por manteiga
de amendoim, e seria descoberto pelos outros personagens besuntando-a sobre o
seu corpo nu”. “A série centra-se num grupo de polícias com o seu
quartel-general na morada do título. Estes agentes são todos jovens e têm, principalmente,
aparências jovens, o que lhes permite passarem por adolescentes. As suas
tarefas consistem usualmente em trabalho infiltrado em liceus ou, menos comummente,
faculdades, onde geralmente investigam tráfico de droga e abuso. O enredo da
série abrange questões como alcoolismo, crimes de ódio, abuso de drogas,
homofobia, SIDA, abuso infantil e promiscuidade sexual. Conformemente, cada
problema é muitas vezes resolvido no final da hora de episódio, dando uma moral
implícita acerca do impacto de uma específica atividade”.
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[1] “I, the Jury” (1953), originalmente
filmado em 3D, sobre do primeiro livro de Mickey Spillane, com o detetive Mike
Hammer, publicado em 1947. Estreia no cinema Éden sexta-feira, dia 27 de julho
de 1956. “Pouco antes do Natal, em Nova Iorque , o investigador de seguros maneta
Jack Williams (Robert Swanger) olha para uma foto de John Hansen no livro de
curso, quando alguém se introduz no seu apartamento e dispara matando-o. O esbraseado
detetive privado Mike Hammer (Biff Elliot), amigo de Jack da tropa, jura vingar
a morte do seu amigo apesar de um aviso de Pat Chambers (Preston Foster), capitão
da brigada de homicídios, para deixar a polícia tratar do caso”. O
segundo livro (1950) foi “My
Gun Is Quick” (1957), “num restaurante em Los Angeles , o rijo
detetive privado Mike Hammer (Robert Bray) tem pena de Red (Jan Chaney),
uma jovem que veio do Nebraska para tentar a sua sorte no cinema, mas está na
mó de baixo”.
na aparelhagem stereo
Conspirações
do Heavy Metal. ☻ Ozzy Osbourne encorajou o suicídio? “O capítulo mais
trágico é aquele do fã de 19 anos, John McCollum, que se suicidou com um tiro
em 1984, enquanto ouvia a faixa ‘Suicide Solution’. Os
pais de McCollum processaram Osbourne e a sua editora, alegando que a música de
Ozzy encorajava comportamentos autodestrutivos. A ação judicial foi rejeitada
por motivos de liberdade de expressão”. Os advogados dos queixosos alegavam que
um verso dessa canção dizia: “Why Try? Get the gun and shoot!”; para o letrista
Bob Daisley e Osbourne o verso diz: “Get the flaps out”, calão inglês para pássara.
☻ Os Judas Priest encorajaram o suicídio? “Em 23 de dezembro de 1985, Ray
Belknap deu a James Vance uma cópia de ‘Stained Class’, que
ouviram no quarto de Ray enquanto bebiam cerveja e fumavam erva. Depois de
destruírem o quarto, levaram a espingarda de Ray para o parque infantil junto
da igreja. Ray colocou a arma debaixo do queixo e disparou. Morreu
imediatamente. James pegou na espingarda que estava coberta de sangue.
Colocou-a debaixo do seu próprio queixo e disparou. Sobreviveu. Quando James
disparou, o tiro falhou o cérebro e os olhos, mas arrancou-lhe a boca e o
nariz. Enquanto esteve vivo e desfigurado, enviou uma carta à mãe de Ray
Belknap na qual culpava a música dos Judas Priest por ele e o Ray decidirem
cometer suicídio. James Vance morreu em 1988. A ação contra os Judas Priest foi a
julgamento em 1990. Enquanto Ken McKenna, o advogado das famílias, planeava a
ação contra os Judas Priest, a sua equipa de especialistas ouviu o álbum
Stained Class e examinou-o atentamente. Eles não podiam culpar as letras pelo
suicídio, porque os tribunais já tinham decidido que os músicos não podem ser
processados pelas letras, porque as letras das canções estão protegidas pela
Primeira Emenda. (…). Havia uma brecha… mensagens subliminares. Em ‘Better By You, Better Than Me’,
havia um som ouvido várias vezes durante a canção que soava como alguém a dizer
‘Do it!’. O juiz determinou que o caso podia avançar porque as mensagens
subliminares não estavam cobertas pela Primeira Emenda. (…). O caso foi arquivado
quando foi provado que os sons que causaram o ‘Do it’ vinham de duas faixas de
gravação diferentes. O ‘Do it’ foi considerado um som acidental”.
☻ Os Mötley Crüe adoravam Satanás? “O álbum ‘Shout at the Devil’, dos
Mötley Crüe, tem um aviso de que ele pode conter mensagens invertidas
encobertas. Fãs afirmam que a faixa título, reproduzida ao contrário, revela o
canto ‘Jesus é Satanás’.
Algum
satanismo do heavy metal foi acidental como o dedo indicador
e o mindinho no sinal dos cornos. Nos Black Sabbath, Ozzy Osbourne saudava o
público com o “V”, sinal da vitória na Segunda Guerra Mundial, símbolo de Paz e
Amor nos hippies, em 1979 Ronnie
James Dio substituiu-o, e precisava de um sinal para atirar ao publico e imitar
Ozzy não era opção. Optou pelo sinal dos cornos, Ronnie James Dio:
“era um símbolo que eu achava um reflexo do que a banda era suposto ser. É uma
coisa italiana que recebi da minha avó chamada mallocchio. Era para afastar o mau-olhado ou dar mau-olhado,
dependendo da forma como se faz. É apenas um símbolo, mas tinha encantamentos e
atitudes mágicas ligado a ele, e senti que funcionava bem com os Sabbath.
Então, tornei-me bastante conhecido por ele, depois toda a gente pegou-o e
espalhou-se”. Os cornos tiveram um uso civil, em 1975, durante um surto de
cólera em Nápoles, o presidente da República Giovanni
Leone apertava a mão dos doentes com uma e fazia os cornos com a outra. Na
vida metal, anos antes, no disco de
capa dupla, na foto
interior, os cornos fizeram a sua primeira aparição. Numa missa negra, rodeavam
o que era presumido ser a vocalista Jinx Dawson nua (não era ela) na laje de um
altar ao Príncipe das Trevas, no álbum “Witchcraft Destroys Minds
& Reaps
Souls” (1969) dos Coven [1]. Meses depois da
publicação, o álbum foi recolhido. Porque a revista Esquire publicara um
artigo, “O mal espreita na Califórnia”, sobre os assassinatos da família
Manson. Na campanha de promoção desse artigo, publicou uma foto de Charles
Manson a sair de uma discoteca em Los Angeles com o disco dos Coven debaixo do
braço.
☻
Jimmy Page fez um pacto com o
diabo ? “Esta é talvez a mais persistente teoria da
conspiração que tem assombrado o heavy
metal ao longo dos anos: o infame
‘pacto com o diabo ’.
Jimmy Page era bem conhecido por ter tido mais que um passageiro interesse no oculto,
retirando até os quatro caracteres do mega popular Zeppelin 4 de livros centenários, que correu o boato de conterem magia negra. Mas
foi o sucesso dos Led Zeppelin o resultado de um perverso pacto com o próprio
Lúcifer? Afinal de contas, a Atlantic Records assinou um contrato de 200,000
dólares em 1968, sem nunca os ter visto tocar”. ☻ Darrell “Dimebag” Abbott lia
a mente? Dimebag, ex-guitarrista dos Pantera, foi morto em
palco com três balas durante uma atuação da sua banda Damageplan, a 8 de dezembro
de 2004, no Alrosa Villa, Columbus, Ohio. O atirador, Nathan Gale, disparou
quinze vezes uma Beretta 92FS 9
mm , matando Jeff “Mayhem” Thompson, chefe de segurança
da banda, o empregado do clube Erik Halk, o espetador Nathan Bray, e ferindo
mais sete, sem dizer uma palavra. Gale foi morto pelo agente James Niggemeyer com um
tiro de uma espingarda Remington 870 calibre 12. Os motivos do ataque
enterraram-se com ele “mas um diário aponta para indícios de esquizofrenia
paranoide e uma suspeita de que Abbott podia ler a sua mente”. ☻ Tipper Gore,
ociosa mulher de Al Gore, censurou o heavy
metal? “Em 1985, Tipper Gore declarou
guerra contra as letras explícitas na música pop, e encabeçou audiências de alto nível no Congresso, nas quais
Dee Snider dos Twisted
Sister e Frank
Zappa foram chamados a depor. Apesar de forte oposição a tal ‘censura’, as
audiências conduziram à criação de uma etiqueta ‘Explicit Lyrics’, que seria
colocada em qualquer álbum considerado como tendo conteúdo ofensivo. Gore
afirmou que estes rótulos eram simplesmente para ajudar os pais, mas alguns
artistas afetados pela sua cruzada moralista não tinham tanta certeza”.
Na branda magia nacional:
Roxigénio, “formados
em 1980, têm no líder António Garcez (ex-Psico, ex-Pentágono, ex-Arte &
Ofício) um dos seus maiores trunfos. Filipe Mendes (guitarra, ex-Psico,
ex-Heavy Band), José Aguiar (baixo, baixista dos Tarântula há mais de 20 anos)
e Betto Palumbo (bateria) completam a formação original, que sofre várias
alterações. Para a história do Heavy Metal nacional ficaram variadíssimos
concertos, com destaque para aquele dado na edição de 1982 de Vilar de Mouros;
e os álbuns Roxigénio, Roxigénio 2 (que inclui o êxito ‘Stiff Nicked
Obstinated’) e Rock ‘n’
Roll Men (um fracasso comercial), além do single Song
at Middle Voice”. “O LP ‘Roxigénio’, com uma bela capa, mas cujo conteúdo
musical deixava algo a desejar. Cantando em inglês, o grupo tem muitas
limitações a nível da pronúncia do idioma, apesar de Garcez ter cantado em
inglês nos Arte & Ofício. O disco consegue algum sucesso no programa
radiofónico Rock em Stock e o grupo alcança alguns dos seus objetivos. Apesar
disso, o seu sonho de internacionalização esfuma-se com este disco pobre
musicalmente e sem hipóteses de passar além de Portugal”. “Uma noite, em pleno Festival Só
Rock, 1981, em Coimbra, Garcez lembra-se de ter ‘aviado umas canecas’ em
companhia de Luís Filipe Barros e de entrar em palco a ‘100 por cento’. Num
momento ‘high’ do show resolveu atirar-se de cima das colunas de som e caiu
mal. O pior ainda estava para vir. O público, em pleno boom do rock português,
não gostou de o ouvir cantar em inglês e gritou: ‘vai cantar para a América !’ António resolveu
responder à letra: ‘ai é? uuuuuuuhhh’. Despiu as calças, tirou tudo para fora e
gritou: ‘a América
está aqui!’ No estádio encontrava-se o presidente da Câmara. Vários fotógrafos
eternizaram a cena. ‘Até me fotografaram o rabo’.
Foi investigado pela Polícia Judiciária: ‘tudo a rir e a dizer, 'ouve lá, a
gente diz que só viu as cuecas...’. A exibição custar-lhe-ia o casamento. Os
Roxigénio terminaram em 1983, depois de passagens agitadas por Aveiro e por
Vilar de Mouros, em 1982, no ano em que lá foram os U2. Em Aveiro, numa festa
de finalistas, Garcez foi presenteado com vários copos de cerveja. ‘Avisei que
podia ser eletrocutado mas havia um gajo à frente do palco rodeado de miúdas e
sempre a provocar. Como estávamos todos a tripar em ácido, de repente saí em
voo e aterrei em cima dele e das miúdas. Só me lembro dele a chorar debaixo de
mim e a dizer que só estava a brincar comigo. Levantei-me, o pessoal pegou em
mim, colocou-me de novo no palco e o show continuou’. Mais tarde, um dos
seguranças resolveu bater em alguém que tinha subido para o palco. ‘Foi o fim
do mundo. O palco foi invadido, o segurança levou uma tareia e por fim
apedrejaram-nos o camião da aparelhagem. Tivemos de ser escoltados pela
polícia’. Em Vilar de Mouros, os Roxigénio pouco conseguiram tocar. ‘O pessoal
que estava no festival tinha dificuldade em conseguir tabaco, comprei uns maços
e resolvi distribuir, atirar para a plateia’. Ao fim de música e meia, a assistência
invadiu o palco. Garcez bazou”.
Luís Firmino “começou a tocar aos 17 anos em
vários grupos. Foi membro fundador dos Aranha e Ananga-Ranga tendo
chegado igualmente a tocar com Rão Kyao. Em 1980, com 28 anos, lançou-se a solo
com o single ‘Guitarra
do Rock’, disco que foi editado pela Metro-Som, a mesma editora dos
Ananga-Ranga. Curiosamente ou talvez não, Branco de Oliveira, o dono da
editora, é o responsável pelas letras dos temas editados no single, sendo Firmino o compositor das
faixas. No disco participam Vasco Alves (baixo), Emanuel Ramalho (bateria,
ex-Corpo Diplomático e Rádio Macau), Quintella de Mendonça (teclas, colaborador
e músico assíduo dos Fleetwood Mac) e Joaquim Barros (percussão). Apesar do
sucesso comercial ter sido nulo, o músico terá ainda a oportunidade de editar
um segundo sete polegadas onde inclui os temas ‘Presidente dos Pastéis de
Nata’ e ‘Rockenstein’. Face ao não reconhecido sucesso, Luís Firmino
abandona o país, emigrando para os EUA”. Joker, “ex-Bar Califórnia de Cascais, formados no
verão de 1990 pelo vocalista Tiago Gardner e o teclista José Tavares. Juntam-se
a eles, Eduardo Pereira, baterista, Hugo Granger, baixo e Paulo Pereira,
guitarra. Em setembro desse ano a banda toca o seu primeiro concerto no burgo
natal de Cascais. Em dezembro, depois de vários concertos, a banda entra no
estúdio Tcha Tcha Tcha para gravar a sua primeira demo, intitulada ‘Demo 90’ ,
que incluía três faixas: ‘Little
Susie’, ‘Bitten by the Snake’ e ‘Burning with Desire’. No início de 1991, o
baterista Eduardo abandona a banda e Bruno Granger, irmão de Hugo, substitui-o.
Entre abril e julho o grupo tocou oito vezes, entre Lisboa e Cascais. (…). Em
novembro de 1992 o seu primeiro longa-duração, ‘Ecstasy’, é
publicado. A 6 de novembro de 1992, os Joker abrem para os americanos Extreme e
os ingleses Thunder, no Dramático de Cascais”, bilhete, venda antecipada:
3000$00, no dia: 3500$00, 5% IVA incluído → “Easy Come and Go”.
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[1] Jinx
Dawson: “cheguei ao nome Coven, porque tinha feito uma extensa leitura
sobre ocultismo e adorava filmes de terror clássicos. Estava muito interessada
no paranormal, sociedades secretas, magia negra, e sabia que o nome Coven
significava um grupo de 13 bruxas. Lembre-se, eu estava a fazer isto na reta
final da paz, amor, dos anos hippies,
e o clima do país na época estava a ficar negro e caótico com muitos
assassinatos, motins contra a guerra do Vietname e tal. Então pensei que as
pessoas se interessariam pelas ideias em que eu estava metida. E com a minha
educação em ópera, queria pôr estas ideias em música para fazer uma espécie de
teatro ópera rock gótica, algo que
ninguém nunca tinha feito antes”. “Conheci o John Wayne na estreia do filme Cowboys. Ele ficou tão
bêbedo que perdeu o capachinho… eu nem sabia que ele usava um”.