Pratinho de Couratos

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sábado, dezembro 16, 2023

“Lembrem-se do Maine!” A história mostra como as mentiras podem espoletar guerras

"Uma mentira pode viajar meio mundo enquanto a verdade ainda está a calçar os sapatos", diz um ditado frequentemente atribuído a Mark Twain, embora Jonathan Swift possa ser a sua inspiração original.

Na semana passada, no meio de receios de que uma guerra mais vasta pudesse eclodir no Médio Oriente, o presidente dos EUA, Joe Biden, aproveitou o momento para reforçar a verdade e travar a perigosa espiral de desinformação, que muitas vezes conduziu a guerras, como já vimos antes na história.

O bombardeamento do Hospital Al-Ahli em Gaza, a 17 de outubro, que matou centenas de civis, foi uma tragédia terrível. Imediatamente a seguir à explosão, muitos meios de comunicação social reciclaram declarações dúbias do grupo militante islâmico Hamas, culpando Israel. "Ataque israelita mata centenas de pessoas no hospital, dizem os palestinianos", dizia um dos primeiros títulos do sítio Web do The New York Times. Os líderes árabes apressaram-se a condenar Israel.

Numa nota dos editores, na segunda-feira, o Times admitiu que "as primeiras versões da cobertura - e o destaque que recebeu num título, alerta de notícias e canais de redes sociais - basearam-se demasiado em afirmações do Hamas e não deixaram claro que essas afirmações não podiam ser imediatamente verificadas. O relatório deixou os leitores com uma impressão incorreta sobre o que era conhecido e o quão credível era o relato".

Biden, o Conselho de Segurança Nacional dos EUA e a comunidade de inteligência americana expressaram confiança de que o ataque ao hospital foi o resultado de um rocket errante disparado pela Jihad Islâmica Palestina, um grupo militante afiliado ao Hamas que os EUA e Israel consideram uma organização terrorista.

Esta avaliação baseou-se em provas de fonte aberta e proprietárias de áudio, vídeo, satélite, radar e infravermelhos, em comunicações intercetadas do Hamas que admitiam que um míssil perdido estava fora da rota e em vídeos que mostravam militantes palestinianos a disparar uma barragem de rockets perto do hospital, que depois não atingiram e explodiram dentro de Gaza.

As Forças de Defesa de Israel negaram categoricamente qualquer envolvimento no ataque ao hospital, atribuindo-o a um "lançamento falhado de um rocket" pela Jihad Islâmica palestiniana. O grupo negou as acusações de Israel.

Uma análise da CNN sugeriu que um rocket lançado de dentro de Gaza se partiu no ar e que a explosão no hospital resultou da aterragem de parte do rocket no complexo hospitalar. Especialistas em armas e explosivos afirmaram que as provas disponíveis de danos no local não eram consistentes com um ataque aéreo israelita.

Israel não tinha qualquer incentivo para bombardear um hospital civil, muito menos na véspera da chegada de Biden, uma vez que os Estados Unidos tinham reaberto as conversações com o Egipto, a Arábia Saudita, a Jordânia e a Autoridade Palestiniana.

As acusações do Hamas pareciam refletir a sua aparente sabotagem das extensões do Acordo de Abraão, 10 dias antes. Biden especulou, numa declaração da semana passada, que o motivo do Hamas para a invasão de Israel e o massacre de civis era fazer descarrilar um acordo de paz entre a Arábia Saudita, Israel e os EUA. "Penso que uma das razões pelas quais [o Hamas] agiu como agiu... é que sabiam que eu estava prestes a sentar-me com os sauditas", observou. "Os sauditas queriam reconhecer Israel.… e estavam prestes a reconhecer Israel. E isso iria, de facto, unir o Médio Oriente".

No entanto, apesar destes factos, o Médio Oriente está agora ainda mais inflamado por protestos maciços e por um virulento sentimento antiamericano e antissionista.

Informações falsas têm repetidamente conduzido e inflamado guerras longo da história.

A invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, com o objetivo de eliminar as armas de destruição maciça de Saddam Hussein, baseou-se numa premissa falsa e em informações erróneas.

Lembrem-se do Maine!

O navio de guerra USS Maine explodiu no porto de Havana, Cuba, em 1898, matando mais de 260 marinheiros americanos. O presidente William McKinley acreditou inicialmente que o naufrágio tinha sido um acidente, mas os média inflamaram a opinião pública.

Jornais rivais, propriedade de William Randolph Hearst e Joseph Pulitzer, atribuíram o naufrágio a espanhóis hostis. "Remember the Maine!" ["Lembrem-se do Maine!"] tornou-se um grito de guerra contra Espanha. Em 1974, a Marinha dos Estados Unidos inverteu este ponto de vista, apresentando provas significativas de que a explosão se deveu a um incêndio a bordo de carvão.

O incidente do Golfo de Tonkin em 1964

Após um primeiro confronto entre as forças navais americanas e submarinos norte-vietnamitas em 2 de agosto de 1964, relatos de um segundo confronto na noite de 4 de agosto de 1964 levaram o Congresso dos EUA a aprovar a Resolução do Golfo de Tonkin três dias depois, autorizando o presidente Lyndon Johnson a enviar forças americanas para o Vietname e dando início à Guerra do Vietname.

Tanto o antigo secretário da Defesa dos EUA Robert McNamara como os principais líderes vietnamitas confirmaram, retrospetivamente, que os relatos de um ataque eram falsos, baseados em informações erradas e em deturpações de comunicações intercetadas.

A Guerra Mexicano-Americana em 1846

Quando o Congresso dos EUA estava a considerar declarar guerra depois de o México ter supostamente invadido território americano e matado soldados americanos, um então obscuro congressista do Illinois chamado Abraham Lincoln exigiu saber "o local específico do solo em que o sangue dos nossos cidadãos foi assim derramado".

Os soldados norte-americanos estavam a penetrar em território que, segundo os historiadores, era mexicano. Ainda assim, a inflamada opinião pública norte-americana levou o presidente James Polk a atuar e o Congresso a declarar guerra.

O incêndio do Reichstag e o Terceiro Reich em 1933

Quatro semanas após a tomada de posse de Adolf Hitler como chanceler da Alemanha, o Reichstag, sede do parlamento alemão em Berlim, foi incendiado.

Hitler condenou rapidamente os agitadores comunistas, utilizando o episódio como pretexto para suspender as liberdades civis, os partidos políticos rivais, uma imprensa independente e o assassínio de rivais. Hitler foi catapultado de um fraco chanceler suplente para um ditador com um poder sem precedentes que estabeleceu o Terceiro Reich.

Só depois da Segunda Guerra Mundial é que surgiram provas que sugeriam que os nazis tinham planeado e ordenado o incêndio e, em 2008, a Alemanha perdoou postumamente um bode expiatório falsamente acusado do fogo posto.

Estes exemplos históricos oferecem lições claras que são relevantes para o conflito atual. O discurso de Biden sobre Israel sublinhou o facto de se ter visado deliberadamente civis inocentes que foram violados, mutilados, torturados e massacrados, tendo os seus corpos sido queimados vivos.

E abordou também o sofrimento dos palestinianos em Gaza, exacerbado pelo aparente erro de disparo de um míssil de um grupo militante palestiniano que atingiu por engano um hospital de Gaza, e insistiu no acesso à assistência humanitária aos habitantes de Gaza, incluindo mais 100 milhões de dólares dos EUA para os palestinianos.

As conclusões mais profundas do discurso de Biden são a necessidade de o mundo parar, recuperar o fôlego, atribuir a culpa com exatidão e não vilipendiar ainda mais as vítimas ou permitir que os vilões apareçam como vítimas.

Fonte: CNN Portugal, 27 de outubro de 2023

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quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Deputado trabalhista britânico quer retirar Chelsea e mansão a Roman Abramovich

Chris Bryant defendeu, esta quinta-feira, que Roman Abramovich deve abrir mão da propriedade do Chelsea, assim como da mansão que detém no Reino Unido, no seguimento das suspeitas levantadas quanto às ligações que mantém com Vladimir Putin.

Em causa está um relatório confidencial datado de 2019, que apontava para a suposta ‘mão’ do milionário no “financiamento ilícito” das forças militares russas, assim como “associação pública em atividades e práticas corruptas”.

“Certamente, deveríamos procurar apreender alguns dos seus ativos, incluindo a casa de 152 milhões de libras [181,6 milhões de euros]? E garantir que outros a quem foram atribuídos vistos como este não estão envolvidos em atividades malignas no Reino Unido”, atirou.

“Isto aconteceu há quase três anos, e, no entanto, notavelmente, pouco foi feito. Certamente, o sr. Abramovich já não deveria poder deter um clube de futebol neste país”, completou o deputado, citado pelo jornal britânico The Sun.

Fonte: Notícias ao Minuto, 24 de fevereiro de 2022

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O sexo com neandertais tornou os humanos mais vulneráveis à Covid-19, mas com menos riscos de contrair HIV

Genes herdados dos homens de Neandertal podem reduzir a probabilidade de ser infetados pelo vírus HIV pessoas que adoecerem gravemente com a Covid-19, que o mesmo gene torna mais vulneráveis.

A herança neandertal voltou a dar cartas para explicar os muitos acasos da evolução humana. As pessoas que tiveram Covid-19 têm um risco 27% menor de contrair o vírus do HIV, concluiu um estudo da autoria de Hugo Zeberg, do Instituto Karolinska (Suécia), noticia o El País. As razões para tal ainda não são claras, porém podem estar relacionadas com o facto de esses genes herdados dos homens de Neandertal também protegerem contra a varíola.

Já noutra investigação, em conjunto com o geneticista Svante Pääbo, conclui que esta herança, encontrada no cromossoma 3, pode colocar algumas pessoas em maior risco de adoecerem gravemente com a Covid-19, e que foi introduzido na linha genética humana entre 50.000 e 70.000 anos atrás por causa do sexo dos homo sapiens com os neandertais. Os cientistas repararam que se encontra em 16 por cento da população europeia e em metade das pessoas do sul da Ásia e quase não existe em África e no leste da Ásia.

“A evolução é uma questão de equilíbrio”, recorda Cristian Cañestro, líder do grupo de investigação de Evolução e Desenvolvimento da Universidade de Barcelona, ao mesmo jornal. “É possível que esta mutação tenha dado algumas desvantagens, porque a proteína [CCR5, associada aos casos de Covid-19 mais grave] não desempenha bem a sua função, mas se der mais hipóteses de sobrevivência contra um vírus mortal, há uma vantagem frente ao resto da população”, acrescenta.

Ou seja, uma mutação benéfica numa circunstância pode não o ser noutra. Um estudo publicado na revista Science, em 2016, mostrou como um gene da espécie extinta tornou o sangue mais espesso e, portanto, facilitou o aparecimento de coágulos. Para os seres humanos sem médicos para suturar feridas de acidentes, essa coagulação rápida é uma vantagem decisiva, enquanto para os que têm estilos de vida que favorecem as doenças cardíacas, essa mesma variante genética é vista como um perigo para a saúde.

Esta ambivalência deve ser tida igualmente em consideração ao avaliar a possibilidade de modificar embriões. Em 2018, na China, nasceram duas meninas gémeas cujo gene CCR5 foi editado para desativá-lo. Questionado sobre se estão em maior risco de ter uma infeção por Covid-19 grave, Zeberg não tem ainda uma resposta: “No momento, não temos motivos para pensar que seja esse o caso”.

Fonte: Observador, 22 de fevereiro de 2022

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EUA alargam sanções ao Nord Stream2 e aos seus gestores

A Casa Branca decidiu impor sanções e ao Nord Stream2 e aos seus gestores. Esta decisão junta-se ao pacote de sanções contra a Rússia anunciado na terça-feira pelos Estados Unidos, perante a escala de tensões geopolíticas na Ucrânia.

“Hoje [quarta-feira, 23 de fevereiro] orientei a minha administração a impor sanções ao Nord Stream 2 AG e aos seus gestores corporativos”, anunciou o presidente dos Estados Unidos, em comunicado divulgado esta quarta-feira. Estas medidas juntar-se-ão ao pacote de sanções anunciado pelo governo norte-americano. “Como deixei claro, não hesitaremos em tomar novas medidas se a Rússia continuar a escalar”, garante a administração de Joe Biden.

Esta decisão surge depois de o chanceler alemão ter anunciado na terça-feira que a Alemanha ia suspender a certificação do gasoduto Nord Stream2, que liga a Rússia à Alemanha, através do Báltico. O objetivo é “fornecer uma resposta forte e unificada”, aponta ainda o comunicado.

Na terça-feira, os Estados Unidos decidiram fechar a torneira de financiamento à Rússia, proibindo a emissão de nova dívida soberana russa e reforçar a presença de tropas norte-americanas para os países da NATO com fronteira com a Rússia e a Ucrânia. Além disso, a Casa Branca avançou também com sanções que incidem sobre o sistema financeiro, sendo que, neste âmbito, o banco russo VEB e um banco militar ficam sem acesso ao dólar.

Fonte: Eco, 23 de fevereiro de 2022

Foto: “Assault Bots”

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Boris Johnson esclarece que afinal Roman Abramovich não está sujeito a sanções







O proprietário do clube de futebol Chelsea, que em 2021 obteve a nacionalidade portuguesa, teve até há quatro anos um visto de investidor no Reino Unido.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, corrigiu esta quarta-feira uma declaração anterior no Parlamento a propósito do conflito entre a Rússia e Ucrânia, esclarecendo que o multimilionário russo Roman Abramovich não está sujeito a sanções do Reino Unido.

Durante o anúncio de um pacote de sanções sobre cinco bancos russos e três empresários considerados próximos do Presidente, Vladimir Putin, Boris Johnson foi questionado pela oposição porque não alargava as medidas a outros chamados oligarcas. O primeiro-ministro disse, erradamente, que “Abramovich já é sujeito a sanções”, mas esta quarta esclareceu formalmente que “Roman Abramovich não foi alvo de medidas direcionadas”.

O proprietário do clube de futebol Chelsea, que em 2021 obteve a nacionalidade portuguesa através da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos no final do século XV, teve até há quatro anos um visto de investidor no Reino Unido.

Abramovich obteve, entretanto, um passaporte israelita e, embora não possa residir ou trabalhar no Reino Unido, pode atravessar a fronteira sem necessidade de visto de turista.

Em 2018 retirou o pedido de renovação de visto britânico devido ao conflito diplomático entre o Reino Unido e Rússia na sequência do envenenamento com um agente neurotóxico do antigo espião Sergei Skripal em Inglaterra. Na altura, a então primeira-ministra Theresa May ordenou uma reavaliação dos vistos atribuídos a centenas de “oligarcas russos” no país, mas o esquema dos “vistos dourados” apenas foi encerrado na semana passada.

De acordo com a organização openDemocracy, desde 2015 foram atribuídos 202 daqueles vistos a multimilionários russos que investiram pelo menos dois milhões de libras (2,4 milhões de euros) cada em empresas britânicas, beneficiando também mais de 250 familiares.

Na terça-feira, o Governo britânico anunciou sanções contra os “oligarcas” Gennady Timchenko, Boris Rotenberg e o sobrinho deste último, Igor Rotenberg, cujos bens no Reino Unido foram congelados, além de estarem proibidos de entrar no país. Determinou também o congelamento dos ativos dos bancos Bank Rossiya, Black Sea Bank, IS Bank, Genbank e Promsvyazbank e disse estar pronto a avançar com mais sanções financeiras.

Boris Johnson está sob pressão da oposição e de membros do seu partido para endurecer as sanções contra a Rússia, que reconheceu na segunda-feira como independentes os dois territórios ucranianos separatistas de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, agravando a situação militar na região.

Fonte: Eco, 23 de fevereiro de 2022

Foto: a talentosa Ilona na luxuosa produção fotográfica “Big Game”.

Foto: Ilona, tcc Agnes / Carla / Cheryl M/ Cindy / Ilona E / Isis / Leslie / Micha/ Rylee / Veronica, 1,68 m, 52 kg, 94-66-94, olhos castanhos, cabelos pretos, nascida a 6 de julho de 1983 na Eslováquia.

Tem na sua cinematografia obras marcantes na sétima arte como a pressagiosa da ação de Boris Johnson no Ocidente Livre, “Anal Intensive 13” (2004).

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Bruxelas quer criar “escudo cibernético” e dá Portugal como exemplo

A Comissão Europeia defendeu esta terça-feira a proteção das fronteiras cibernéticas da União Europeia (UE) de forma semelhante ao controlo das fronteiras terrestres, assegurado pela Frontex, dando Portugal como exemplo das consequências dos ciberataques de grande escala.

“Vimos recentemente, em Portugal, como os ciberataques podem fazer cair toda a rede e é por isso que é tão importante que tenhamos este sistema de apoio”, defendeu o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, falando em conferência de imprensa à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.

Discursando na apresentação de propostas da Comissão Europeia sobre áreas críticas para a segurança da UE para assegurar a defesa europeia, como a cibersegurança, o responsável considerou que, “da mesma forma que se assegura a proteção das fronteiras físicas ou geográficas com a Frontex […], a União deveria estar em posição de proteger as fronteiras cibernéticas”.

Numa altura de ciberataques consecutivos a entidades portuguesas, tendência que já se registou também noutros países europeus, Thierry Breton defendeu que a proteção das fronteiras cibernéticas da UE deveria ser assegurada por “especialistas europeus que estariam lá para defender qualquer país que fosse atacado” e para “identificar potenciais ameaças”.

A ideia seria criar “um escudo cibernético” na UE que atuasse de forma semelhante à Frontex, agência europeia encarregue de controlar as fronteiras externas do Espaço Schengen em coordenação com as guardas de fronteira e costeiras dos Estados-membros.

(…).

União Europa apresenta propostas para reforçar cibersegurança

Para reforçar a cibersegurança e a ciberdefesa, a Comissão indica que irá propor “a Lei de Ciber-Resiliência e solicitará às organizações europeias de normalização que desenvolvam normas harmonizadas em matéria de cibersegurança e privacidade e, em conjunto com os Estados-membros, intensificará a preparação para os ciberataques em grande escala”.

No que toca ao reforço da resiliência europeia contra estes ciberataques, Bruxelas anuncia o lançamento futuro de uma caixa de ferramentas híbridas da UE e a identificação de peritos em áreas políticas relevantes.

Previsto está, também, que “a Comissão e o Alto Representante explorem a possibilidade de ativação de mecanismos de solidariedade, assistência mútua e resposta a crises em caso de ataques com origem no espaço ou de ameaças aos bens espaciais”.

Ao mesmo tempo, até final do ano, a Comissão pretende apresentar um plano de ação conjunto para reforçar a mobilidade militar dentro e fora da Europa.

Quanto aos investimentos, Bruxelas estima que, durante este ano, sejam mobilizados 1,9 mil milhões de euros do Fundo Europeu de Defesa para projetos de investigação e desenvolvimento de capacidades de defesa, verba à qual quer acrescentar investimentos dos Estados-membros em capacidades estratégicas de defesa.

Fonte: CNN Portugal, 15 de fevereiro de 2022

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Da independência à invasão. Ucrânia, um país há décadas entre a Rússia e o Ocidente


A independência da Ucrânia

  • A 1 de dezembro de 1991, ainda integrada à então União Soviética (dissolvida em 25 de dezembro desse ano), a Ucrânia vota, em referendo, a favor da independência. O resultado desta consulta foi imediatamente reconhecido pelo então presidente russo, Boris Yeltsin.
  • A 8 de dezembro, Rússia, Ucrânia e Bielorrússia assinam um acordo que estabelece uma Comunidade de Estados Independentes (CEI). Nos cinco anos seguintes, porém, a Ucrânia tenta libertar-se da tutela política do seu grande vizinho, iniciada há três séculos. A Ucrânia não se compromete totalmente com a CEI, percebida como uma estrutura dominada pela Rússia, que tenta agregar as ex-repúblicas soviéticas.
  • A 5 de dezembro de 1994, Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão, Estados Unidos e Reino Unido assinam o Memorando de Budapeste sobre garantias de segurança. Nele, os signatários comprometem-se a respeitar a independência, a soberania e as fronteiras da Ucrânia, em troca do abandono das armas atómicas herdadas da União Soviética.

Um tratado de amizade entre a Rússia e a Ucrânia

  • A 31 de maio de 1997, Rússia e Ucrânia assinam um tratado de amizade e cooperação, que não elimina, porém, a ambiguidade das relações de Kiev com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). O Kremlin opõe-se fortemente a que Ucrânia, ou qualquer outra ex-república soviética, ingresse na Aliança Atlântica. 
  • O tratado e os textos anexos resolvem, em particular, a espinhosa disputa sobre a distribuição da antiga frota soviética no Mar Negro, ancorada em Sebastopol, na Crimeia. A Rússia mantém a propriedade da maioria dos navios, mas pagará à Ucrânia um valor modesto pelo uso do porto de Sebastopol.
  • Sendo, na época, o principal parceiro comercial de Kiev, a Rússia manteve, contudo, a sua “arma económica” frente à Ucrânia, muito dependente do petróleo e do gás russos.
  • Em 2003, Kiev assina um acordo para a criação de um Espaço Económico Comum com a Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. A União Europeia reage, afirmando que o acordo pode dificultar a aproximação da Ucrânia com o bloco e a sua integração na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Um presidente pró-Ocidente em Kiev

  • Em novembro de 2004, o candidato pró-Rússia Viktor Yanukovych vence as eleições presidenciais na Ucrânia, denunciadas como fraudulentas pela oposição. Uma mobilização em massa, a chamada Revolução Laranja, consegue que as eleições sejam anuladas pelo Supremo Tribunal.
  • A 26 de dezembro, o líder da Revolução Laranja, o opositor pró-Ocidente Viktor Yushchenko, que sofreu um misterioso envenenamento durante a campanha, abre uma nova era política no país. Põe fim aos dez anos de Presidência de Leonid Kuchma (1994-2005), que oscilava entre a UE e Moscovo.
  • Yushchenko reitera a vontade da Ucrânia em aderir à União Europeia, apesar das objeções de Bruxelas e da NATO. Em 2008, na cimeira de Bucareste, os líderes dos países da NATO concordam que a Ucrânia tem vocação para ingressar na Aliança Atlântica, o que provoca a ira de Moscovo.
  • Rússia e Ucrânia travam várias guerras político-comerciais. Uma delas foi a do gás, de 2006 a 2009, que interrompeu o abastecimento de energia da Europa.

A Revolta de Maidan

  • Em 2010, Viktor Yanukovych é eleito presidente e lança uma política de aproximação com a Rússia. O presidente garante que a elaboração de um “acordo de associação” com a UE continua a ser a prioridade.
  • Em novembro de 2013, no entanto, Yanukovych nega-se a assinar, no último minuto, o acordo com a União Europeia e reativa as relações económicas com a Rússia. Esta mudança de política deflagra um movimento de protesto pró-Europa, que tem como símbolo a manifestação na Praça Maidan (Praça da Independência), em Kiev.
  • A rebelião termina em fevereiro de 2014 com a destituição e a fuga de Yanukovych para a Rússia, após a repressão do protesto de Maidan, durante o qual morreram cerca de 100 manifestantes e 20 polícias.

Anexação e guerra da Crimeia

  • Em resposta, as forças especiais russas assumem o controlo da Crimeia, território que a Rússia decide anexar em março de 2014.
  • Em abril de 2014, separatistas russos ocupam os lugares mais importantes de Dombass, a região de língua russa do leste da Ucrânia. Uma nova guerra começa em maio. Desde 2014, este conflito causou a morte de mais de 14.000 pessoas.
  • Kiev e países ocidentais afirmam que a Rússia organizou a separação das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, em represália à guinada pró-Ocidente da Ucrânia.

A ‘operação militar’ agora em curso

  • Depois de concentrar dezenas de milhares de soldados na sua fronteira com a Ucrânia, o presidente Vladimir Putin reconhece, a 21 de fevereiro de 2022, a independência de Donetsk e de Lugansk e ordena o destacamento de tropas para estes territórios. 
  • Na madrugada de 24 de fevereiro, Putin anuncia uma “operação militar” na Ucrânia, descrita pelo ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, como uma “invasão em grande escala”.

Fonte: Sapo24, 24 de fevereiro de 2022

Foto: Veronica Morre na obra cinematográfica “Army Teen In Action”.

Veronica Morre, tcc Veronika Morre / Marfa Piroshka, 1,54 m, 50 kg, 91-66-89, sapatos 36 ½, olhos azuis, cabelos castanhos, nascida a 10 de junho de 1996 em Kiev, Ucrânia.

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Twitter suspendeu perfis que partilhavam imagens da invasão russa da Ucrânia

Depois de suspender temporariamente perfis que partilhavam imagens da invasão russa da Ucrânia, o Twitter diz ter cometido erros em alguns casos. Investigadores suspeitam de uma campanha massiva de denúncias perpetrada pela Rússia.

Nos últimos dias, têm chegado às redes sociais diversos relatos sobre a invasão russa de territórios ucranianos. Imagens e vídeos dão-nos uma ideia do que se passa no país, numa altura em que o conflito armado parece iminente e inevitável.

À medida que o conflito intensifica, são cada vez mais os investigadores que se dedicam a reunir e a partilhar estes registos nas suas próprias contas. No Twitter, contudo, os conteúdos parecem estar vedados, uma vez que a resposta da rede social tem passado por suspender estes perfis.

Kyle Glen dá conta de ter tido a sua conta suspensa por 12 horas, no passado dia 22 de fevereiro, bem como Oliver Alexander - este último por duas vezes no espaço de apenas um dia. A plataforma francófona, Neurone Intelligence, a espanhola, Mundo en Conflicto, e a brasileira, Notícias e Guerras, também foram afetadas.

Uma thread compilada por Nick Waters, analista da Bellingcat, uma plataforma de inteligência baseada em conteúdos open-source (OSINT), lista mais uma dezena de outras contas suspensas.

De acordo com o que tem sido partilhado por alguns destes investigadores, o Twitter tem justificado as suspensões com alegadas “violações das suas regras de conduta”, embora não especifique quais dessas regras foram infringidas. Alguns dos envolvidos receiam que a decisão de desligar estas contas temporariamente esteja relacionada com uma campanha de denúncias para perturbar a atividade destas agências e investigadores.

Elizabeth Busby, porta-voz do Twitter, já comentou o caso. “Estamos a monitorizar, proativamente, a emergência de narrativas que violem as nossas regras de conduta e, neste caso, cometemos erros ao tomar medidas de fiscalização contra algumas contas”, explicou, acrescentando que a empresa já está a “rever estas situações”. Busby é peremptória em afirmar que as suspensões não foram o resultado de uma campanha de denúncias conduzida por bots, como foi sugerido.

Quando questionada pelo The Verge sobre que regras poderiam estar a ser violadas pela partilha deste conteúdo, Busby aludiu à política de conteúdos sintéticos e manipulados, sob a qual é proibida a partilha de imagens e vídeos “sintéticos, manipulados ou fora de contexto, que possam enganar ou confundir as pessoas e causar danos”. A diretriz visa impedir a disseminação de informação falsa, mas a porta-voz não clarificou como é que os perfis visados infringiram a mesma.

(…).

O caso levanta algumas suspeitas, uma vez que, no passado, a Rússia conduziu campanhas de desinformação junto de utilizadores ucranianos e foi por várias vezes acusada de utilizar as redes sociais como arma, provendo a disseminação de notícias falsas, especialmente durante o conflito que resultou na anexação da Crimeia, em 2014. Os apoiantes da Ucrânia estão preocupados que a suspensão de contas OSINT possa beneficiar os objetivos militares do Kremlin.

Fonte: Casa dos bits, 24 de fevereiro de 2022

Foto: Canela Skin, tcc Ivana Ramirez, 1,61 m, 49 kg, 86-58-84, sapatos 36, olhos castanhos, cabelos pretos, nascida a 6 de julho de 1991 em Cali, Colômbia.

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Guerra América - Rússia

Paulo Rangel

“Mas, enfim, sinceramente isto aqui, do meu ponto de vista, a análise militar propriamente no terreno não é uma coisa em que eu seja especialista. Do meu ponto de vista, o que interessa aqui é verificar que tudo aponta ehh ehh tudo confirma a ideia de que há aqui uma invasão ehh ehh geral e global. E isto tem a ver muito com Putin e com a forma como eu sinceramente até aqui na própria CNN já encontrei vários comentadores que continuam em estado de negação, do meu ponto de vista, não é?

Putin é uma ameaça à segurança global e vai continuar a ser. E, portanto, a reação que nós tamos a ter parece-me que é uma reação um pouco tíbia. Acho que as pessoas não perceberam bem com quem estão a lidar ehh ehh ehh há aqui muitas semelhanças, têm sido feitas muitas semelhanças com Hitler. Não interessa agora, sob o ponto de vista ideológico, se é a mesma coisa ou se não é, ou se há ou não há essas identidades, mas do ponto de vista procedimental há muitas, há de facto semelhanças impressionantes com o final dos anos 30, em vários capítulos, em vários respeitos.”

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NATO refere que decisão de invasão foi erro estratégico e que “Rússia pagará um preço elevado”

Os chefes de Estado e de Governo da NATO declararam hoje que a decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a Ucrânia “é um erro estratégico pelo qual a Rússia pagará um preço elevado” económica e politicamente.

Num comunicado conjunto, divulgado após a reunião de hoje em Bruxelas destinada a debater aquela que classificaram como “a mais grave ameaça à segurança Euro-Atlântica em décadas”, os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico-Norte (NATO) condenaram “nos termos mais fortes possíveis” a “invasão em larga escala da Ucrânia, facilitada pela Bielorrússia”, que teve início na quinta-feira.

“Instamos a Rússia a cessar imediatamente a sua agressão militar, a retirar todas as suas forças da Ucrânia e a recuar em relação ao caminho de violência que escolheu”, lê-se no documento.

“Este ataque longamente planeado à Ucrânia, um país independente, pacífico e democrático, é brutal e totalmente não-provocado e injustificado. Lamentamos a trágica perda de vidas, o enorme sofrimento humano e a destruição causados pelas ações da Rússia”, prosseguiram os dirigentes dos Estados-membros da Aliança Atlântica, para quem “a paz no continente europeu foi essencialmente destruída”.

Defendendo que “o mundo considerará a Rússia responsável, bem como a Bielorrússia, pelas suas ações”, os chefes de Estado e de Governo da NATO apelaram “a todos os Estados para condenarem sem reservas este ataque inconcebível” e sublinharam que “ninguém deve deixar-se enganar pelo chorrilho de mentiras do Governo russo”.

“A Rússia é a única responsável por este conflito: rejeitou a via da diplomacia e do diálogo repetidamente proposta pela NATO e seus aliados; violou os fundamentos do direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas” e “as suas ações são também uma flagrante rejeição dos princípios consagrados na Ata Fundadora NATO-Rússia”, porque “foi a Rússia que se afastou do compromisso assumido na Ata”.

A decisão do Presidente Putin de atacar a Ucrânia é um terrível erro estratégico, pelo qual a Rússia pagará um preço elevado, tanto económica como politicamente, nos próximos anos”, lê-se no texto, que precisa que “já foram impostas sanções em massa e sem precedentes à Rússia” e que a NATO “continuará a coordenar-se estreitamente com os atores relevantes e outras organizações internacionais, incluindo a União Europeia”, indicando que, a convite do secretário-geral, participaram na reunião de hoje representantes da Finlândia, da Suécia e da União Europeia.

Fonte: Sapo24, 25 de fevereiro de 2022

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Guerra América - Rússia







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Mira Amaral sobre os decisores europeus: “São completamente nabos, uns patos em termos de estratégia”

Outra certeza é a de que a transição energética vai ser atrasada. A dependência da Rússia nesta matéria deixa a União Europeia em maus lençóis, e Mira Amaral aponta o dedo à “decisão precipitada e irresponsável de acabar de um momento para o outro com algumas fontes clássicas de energia, tendo a ilusão de que as renováveis intermitentes as poderiam substituir”.

Fonte: Sapo24, 25 de fevereiro de 2022

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O batalhão Azov

Com a vitória dos bolcheviques na Revolução Russa de 1917, a Ucrânia acabou sendo integrada à União Soviética (URSS), chefiada pela Rússia. O líder russo Josef Stalin promoveu a coletivização forçada de terras, o que matou milhares e milhares de ucranianos de fome na década de 1930, abrindo feridas históricas. Na II Guerra Mundial, houve ucranianos que apoiaram a invasão pela Alemanha nazi, porque viam como chance de se livrarem de Stalin, mas, com o curso do conflito, a situação mudou. Com a dissolução da URSS em 1991, a Ucrânia passou a ser um país independente.

A independência política não significou o fim da dependência económica: a Ucrânia é um dos maiores importadores do gás natural produzido na Rússia. Em novembro de 2013, o então presidente Viktor Yanukovich não assinou o acordo de cooperação conduzido com a União Europeia, levando o país a um pacto de última hora com a Rússia de Vladimir Putin, que acenava com desconto de 2 mil milhões de dólares anuais na compra do gás. O país entrou em convulsão social, colocando em trincheiras opostas os defensores da União Europeia e da Rússia. Milhares de pessoas protestavam diariamente contra Yanukovich na praça Maidan, na capital Kiev, que, aos poucos, virou um campo de guerra entre população e forças oficiais do governo. Em 22 de fevereiro de 2014, o presidente renunciou e fugiu para Moscovo.

Nesse contexto, nasceram a Misanthropic Division e o Batalhão Azov, nacionalistas e defensores de uma Ucrânia livre da intervenção russa. Ao mesmo tempo, sobretudo no Leste, cresceram movimentos separatistas, apoiados veladamente por Putin. A Crimeia, de maioria separatista, foi anexada à Rússia, que enviou tropas não identificadas à região. Em abril, as cidades de Donetsk e Lugansk, pró-Rússia, declararam independência. O Protocolo de Minsk, assinado em setembro de 2014, previa o cessar-fogo e uma série de medidas para a paz, mas não está sendo respeitado.

Inicialmente, o Azov era um batalhão de voluntários. Entre 2014 e 2015, homens de várias partes do mundo juntaram-se à tropa por acreditar nos ideais ultranacionalistas e no antissovietismo. Foi o caso do italiano Francesco Fontana e também de um jovem de Canoas. Em 12 de novembro de 2014, o batalhão foi incorporado pelo governo que sucedeu Yanukovich. Tornou-se um regimento da guarda nacional da Ucrânia, vinculado ao Ministério dos Assuntos Interiores, na batalha contra a “invasão russa”. O seu líder era Andriy Biletski, hoje deputado pelo partido de extrema-direita Corpo Nacional.

As polémicas do Azov não tardaram: muitos dos seus soldados não escondiam orientações neonazis. A própria bandeira tem um símbolo que remete ao nazismo. Biletski chegou a declarar que o batalhão tinha a missão de “liderar a raça branca do mundo numa cruzada final pela sobrevivência”.

Fontes ucranianas com posições importantes no Brasil, ouvidas sob anonimato por ZH, negam que o regimento seja nazi. Dizem que um dos seus mantenedores iniciais era judeu e que o símbolo da bandeira é uma representação das iniciais I, de ideia, e N, de nação. Também atribuem à “propaganda russa” as vinculações com o nazismo, para desgastar as forças de defesa ucranianas junto à comunidade internacional. Argumentam que tropas pró-russas foram as que mais cooptaram lutadores latinos. Citam como exemplo o paulista Rafael Lusvarghi, preso recentemente na Ucrânia sob acusação de terrorismo por ter lutado ao lado dos separatistas.

Em 2015, os estrangeiros passaram a não ser mais aceites no Azov. Em junho de 2016, o presidente Petro Poroshenko publicou um decreto em que regulamentou a possibilidade de estrangeiros serem admitidos “no serviço militar contratual nas Forças Armadas da Ucrânia”. Os guerreiros podem, inclusive, receber salários. Por isso, alguns dos críticos costumam classificá-los como “mercenários”.

Na página do Azov na internet, é fácil preencher o formulário de alistamento, com perguntas sobre vida, ideologia e habilidades dos interessados. Também são listados os treinos militares necessários. A reportagem de ZH preencheu o documento, mas, como resposta, recebeu a informação de que somente ucranianos estão sendo aceites nas fileiras.

O conflito na Ucrânia arrefeceu, mas não completamente. Em 18 de dezembro de 2016, cinco soldados do país morreram em combate com tropas pró-russas na cidade de Debaltseve. Foram duas horas de ataques com artilharia pesada.

Fonte: GD!

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O eixo fascista Estados Unidos – Ucrânia (1)

Uma acusação do FBI proferida em outubro deste ano revela que quatro supremacistas brancos do Rise Above Movement (RAM) receberam treino do Batalhão Azov da Ucrânia, uma tropa de choque nazi integrada na Guarda Nacional deste país. As ações de treino decorreram depois de membros do RAM terem participado nos violentos tumultos em Huntington Beach e Berkeley, na Califórnia, e em Charlottesville, na Virgínia, em 2017.

A acusação sublinha que o Batalhão Azov “teria proporcionado ações de treino e radicalização das organizações de supremacia branca dos Estados Unidos”.

No quadro de uma onda de violência racista através dos Estados Unidos, que culminou com o massacre de 12 crentes judeus numa sinagoga em Pittsburgh, a revelação de que supremacistas brancos se têm deslocado ao estrangeiro para receberem treino e doutrinação ideológica de um grupo de choque neonazi deveria provocar extremo alarme.

Não só os supremacistas brancos de todo o Ocidente viajam até à Ucrânia para aprenderem com a experiência dos seus irmãos fascistas em armas, como o fazem abertamente – relatando as suas impressões nas redes sociais, antes de virem aplicar os seus novos conhecimentos em casa. Mas as entidades dos Estados Unidos da América que fazem aplicar as leis nada fizeram até agora para restringir o fluxo de extremistas norte-americanos de direita em direção às bases do Batalhão Azov.

Existe uma provável explicação para a atitude do governo dos Estados Unidos em relação a este problema: é que o Batalhão Azov luta na linha da frente contra as comunidades russófonas da Ucrânia, como se fosse um destacamento militar de Washington. De facto, os Estados Unidos armaram diretamente o Batalhão Azov, por exemplo com engenhos antitanque, e enviaram mesmo grupos de oficiais do exército ao encontro de comandantes desta milícia, em 2017.

Embora exista legislação promulgada pelo Congresso norte-americano proibindo o auxílio militar a grupos como o Azov, devido à ideologia de supremacia branca que professam, parte do armamento ofensivo no valor de 200 milhões de dólares enviado pela administração Trump para os militares ucranianos é provável que acabe nas mãos dos extremistas.

Questionados por jornalistas sobre as evidentes provas de que o Batalhão Azov está a treinar cidadãos norte-americanos, vários porta-vozes do Pentágono admitiram que não existe qualquer mecanismo que possa evitar que tal aconteça.

Fonte: CDU Soure, 28 de novembro de 2018

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O eixo fascista Estados Unidos – Ucrânia (2)

Controlo sobre o governo

Atualmente o Azov tem experiência de combate, acesso ilimitado a armas ligeiras e apoiantes em todos os níveis dos corpos militares e do governo da Ucrânia. Não se trata simplesmente de uma milícia; transformou-se numa organização político-militar capaz de controlar o governo de Kiev. O grupo reforçou-se há dois anos quando pôs nas ruas da capital mais de dez mil milicianos exigindo que o governo respeitasse as suas orientações, caso contrário sujeitar-se-ia a um golpe de Estado.

“Com a sua experiência militar e as suas armas, o Batalhão Azov tem capacidade para chantagear o governo e enfrentar qualquer oposição; os seus membros dizem abertamente que se o governo não seguir uma orientação compatível com a sua será derrubado”, afirma Ivan Katchanovski, professor de ciência política da Universidade de Otava (Canadá) e especializado na extrema-direita ucraniana. “Atualmente”, acrescentou, “os grupos fascistas são mais fortes na Ucrânia do que em qualquer outro país do mundo; mas tal realidade não surge na comunicação social do Ocidente, porque essas organizações são encaradas como parte da execução da agenda política contra a Rússia”.

As revelações sobre a colaboração entre os supremacistas brancos norte-americanos e milícias nazis armadas pelo Pentágono acrescentam novo e escandaloso capítulo à história que remonta aos anos cinquenta do século passado, quando a CIA reabilitou vários colaboradores nazis ucranianos como ativos agentes anticomunistas, em plena Guerra Fria.

É uma história quase inacreditável, mas que expõe um eixo do fascismo estendendo-se através do Atlântico e que liga Kiev aos subúrbios da Califórnia banhados pelo sol, onde nasceram alguns dos mais violentos gangs da moderna supremacia branca.

Em outubro o FBI deteve cinco membros do RAM: Robert Dundo, Benjamin Drake, Daley Michael, Paul Lirelis e Aaron Eason. Foram acusados de “usar a internet para incentivar, promover, participar e organizar tumultos” de Huntington Beach a Berkeley, na Califórnia. Quatro outros membros foram presos por alegada participação no motim de Charlottesville, na Virgínia, no qual uma contramanifestante, Heather Heyer, foi assassinada por um supremacista branco.

Fonte: CDU Soure, 28 de novembro de 2018

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O eixo fascista Estados Unidos – Ucrânia (3)

Aprender com quem sabe

O RAM surgiu pela primeira vez sob os holofotes durante as celebrações da vitória eleitoral de Donald Trump em Huntington Beach, em março de 2017. Cerca de cem ativistas da extrema-direita marcharam ao longo da praia ostentando bonés vermelhos onde se lia “Make America Great Again” e agitando bandeiras alusivas ao novo presidente.

Um pequeno grupo de manifestantes antirracistas mascarados apareceu no local e, durante a confusão que se gerou, os membros do RAM agrediram os contramanifestantes, em menor número, e um jornalista local. Em seguida, a polícia do condado de Orange prendeu vários antirracistas, mas o gang supremacista ficou à solta.

O RAM define-se como uma organização de autodefesa que protege a liberdade de expressão dos norte-americanos brancos contra as investidas do “marxismo cultural”, expressão muito usada por grupos antissemitas. Um dos seus cofundadores, Robert Dundo é proprietário de uma empresa que comercializa roupas online promovendo a “fraternidade europeia” e outras consignas fascistas e nacionalistas. O visual fashion que comercializam contrasta com a imagem estereotipada dos skinheads.

Durante o motim de Huntigton Beach, um dos participantes foi visto com uma alusão à tese supremacista da existência de uma conspiração judaica para dominar o mundo. Rundo costuma proclamar a sua crença no lema das 14 palavras difundido pelo terrorista da “causa branca” David Lane e que se transformou num grito de guerra para os fascistas em todo o mundo: “Queremos garantir a existência do nosso povo e um futuro para as crianças brancas”.

Em outubro de 2017, o jornal online de investigação Propublica divulgou um vídeo expondo as identidades dos principais membros do RAM e chamando a atenção para o facto de, até então, ainda nenhum ter sido investigado pela polícia em relação aos seus comportamentos violentos.

Fonte: CDU Soure, 28 de novembro de 2018

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O eixo fascista Estados Unidos – Ucrânia (4)

Olena Semanyaka, chefe das relações internacionais do Batalhão Azov

“Até de Portugal e da Suíça”

Entretanto, na Primavera de 2018 a chefia do RAM passou pela Alemanha e a Itália em direção a leste para participar numa grande reunião de grupos fascistas de todo o Ocidente em Kiev, na Ucrânia – a chamada Conferênci Paneuropa. Aí avistaram-se com uma das figuras-chave da milícia fascista Batalhão Azov, Olena Semanyaka, chefe de relações internacionais do Corpo Nacional Ucraniano, braço civil desta organização. As informações constam da acusação formalizada pelo FBI no mês passado.

O grupo norte-americano orgulha-se de ter participado na conferência e de se ter avistado com “nacionalistas que vieram até de Portugal e da Suíça”. Por seu turno, Semanyaka declarou à Rádio Europa Livre que os membros do RAM “vieram aprender os nossos caminhos.

A conferência em Kiev e as iniciativas que se realizaram à margem revelou o papel central que a Ucrânia atual desempenha no movimento internacional fascista e demonstrou que o Batalhão Azov é muito mais do que uma milícia nazi lutando pelo controlo de territórios disputados no Leste da Ucrânia.

Hoje, os dirigentes do Batalhão Azov reconhecem abertamente que se não fosse o golpe desencadeado em 2014, com apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, a partir da Praça Maidan, em Kiev, a sua organização não se teria transformado na potência que é. Como declarou Olena Semanyaka, “o movimento nacionalista ucraniano nunca teria atingido tal nível de desenvolvimento, a menos que se tivesse iniciado uma guerra com a Rússia; pela primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, as formações nacionalistas conseguiram ter as suas próprias asas militares, de que é exemplo o Batalhão Azov da Guarda Nacional da Ucrânia”.

Fonte: CDU Soure, 28 de novembro de 2018

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Batalhão Azov, milícia ucraniana de extrema direita, treina civis para lutar contra a Rússia






Em floresta nos arredores de Kiev, grupo de civis ucranianos aprende a cavar abrigos na neve por medo de uma invasão da Rússia, que concentrou cerca de 100 mil soldados na fronteira

Fonte: O Globo, 25 de fevereiro de 2022

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